No Porandubas desta semana, destaco suas análises sobre queda da popularidade de Dilma, o papel de Lula como tercius permanente e as projeções sobre eleição de Alckmin.
Sinal amarelo
A pesquisa Datafolha que mostra a queda de 8 pontos percentuais na popularidade da presidente Dilma (de 65% para 57%) pode ser, até, uma "oscilação normal" como querem enxergar alguns, entre eles, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e até o eventual candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos. Mas dá para distinguir o sinal amarelo que a pesquisa exibe. Quem abre sinal de perigo ? Medo do desemprego e ameaça de aumento da inflação. Há motivos para tanto ? Sim. O tomate, há dias, estourou o bolso do consumidor. Muitos se queixam dos preços dos alimentos em supermercados. Aumento na área alimentar bate direto no bolso. Que fica mais vazio.
Equação BO+BA+CO+CA
E se fica mais vazio, a equação acima começa a gerar efeitos. Bolso+Barriga+Coração+Cabeça. Menos dinheiro no bolso significa geladeira mais vazia, barriga menos satisfeita, coração indignado/revoltado e cabeça disposta a punir os responsáveis por essa cadeia de sacrifícios e sofrimentos. É claro que estamos distantes de horizontes fechados, cinzentos. O PIBinho não chegou, ainda, às margens. Mas o perigo ronda. Tudo indica que o governo manterá a economia sob rédeas curtas, de forma a garantir o equilíbrio da equação eleitoral. Todo cuidado é pouco.
Lula no lugar de Dilma ?
Interessante é observar que, a qualquer sinal de perigo, o nome de Luiz Inácio Lula Papão de Votos da Silva vem à tona. É o perfil que representa a salvação do PT em ciclo de crise. É o nome a ser chamado, caso a economia saia dos trilhos. Mas Lula tem dito e repetido que não frequentará a arena. Pois já cumpriu a meta maior de vida. E tem a saúde para cuidar. Mesmo livre do câncer na laringe, que extirpou, permanece o medo do amanhã. Além disso, Lula cumpre uma agenda cheia : viaja pelo mundo, faz palestras a preço de ouro, dá as cartas no PT, tem influência no governo Dilma, é admirado nas margens e nos centros sociais, tornou-se um ícone, o maior político da atualidade brasileira. Por que deixar essa zona de conforto para ser foco de pressões e contrapressões ?
Segundo turno
A hipótese de um segundo turno para as eleições presidenciais ganha força diante de um cenário de problemas na frente econômica e da entrada no páreo desses quatro pré-candidatos : Dilma Rousseff, Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos. A vitória da presidente Dilma em primeiro turno, é oportuno frisar, dependeria de um céu de brigadeiro, da economia bombando e de eleitores de bolso cheio. Cenário cada vez menos provável.
Quadro paulista
Geraldo Alckmin é um governador bem avaliado, principalmente pelo eleitorado do Interior do Estado. Ostenta, hoje, 52% de intenções de voto, descendo para o patamar de 42% quando tem pela frente o perfil de Lula. Mas até este perderia para ele no segundo turno. É evidente que essa é uma fotografia de hoje. Porque a campanha terá seu clima, suas circunstâncias, seu modus operandi. E tudo isso funcionará como pano de fundo para influenciar o sistema cognitivo do eleitorado. Este consultor tende a acreditar que a polarização entre o PSDB e o PT está desgastada. Fechou um ciclo. O eleitorado quer ver novas caras, experimentar novos nomes. Por isso mesmo, será muito difícil (não impossível, claro) que Alckmin consiga manter seu alto índice.
O busílis
Alckmin tem entre 37% a 44% de intenção de votos na grande SP. E de 48% a 59% no interior. O que isso reflete ? Uma avaliação menos positiva nas regiões mais violentas.
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