quinta-feira, 27 de junho de 2013

O anti-prefeito

O prefeito Marcio Lacerda, de Belo Horizonte, vai se revelando um personagem folclórico. Já se dizia que basta dar o poder a alguém para que ele se revele por inteiro. Nos dias de hoje, poderia acrescentar que basta colocar um governante em contato com as ruas para que ele revele até seu inconsciente.
Quando as mobilizações juvenis estouraram, o prefeito da capital mineira se calou. Muitos dias depois, questionado pelos jornalistas, afirmou que não havia sido procurado pela imprensa e até estranhou. Disse, para surpresa de todos jornalistas, que todos conheciam seus telefones e que não sabia o que sua assessoria teria feito.
Dias depois, anunciou a redução da passagem de ônibus em 5 centavos. Foi a menor redução anunciada em todo o país. A Câmara Municipal, apressadamente, veio à público afirmar que daria para reduzir um pouco mais.
Dias atrás, ainda revelando desconhecimento do que ocorria no país, afirmou que a PM deveria prender mais gente durante as manifestações.
Finalmente, questionado sobre o que poderia avançar nas ações da Prefeitura, simplesmente listou o que já faz. Afirmou:
Nós aprofundamos esta história de participação da população no processo de governança. Nós temos mais de cem colegiados, temos um planejamento participativo regionalizado, muitos fóruns, muitos conselhos. Nós estamos, neste momento, com uma auditoria externa contratada, de alto nível, checando todos os aspectos do transporte coletivo de BH. Começou a trabalhar em abril, não em função desse momento. Vai nos permitir apresentar à população - em novembro, dezembro - um diagnóstico técnico altamente confiável e debater as mudanças necessárias nos contratos de concessão. (Hoje em Dia, 27/6/2013, p. 05)

Então, tá! A população na rua é mero detalhe, já que a PBH aprofundou "esta história de participação da população no processo de governança". Esta história?
Lacerda paira sobre o mundo concreto. Parece alheio ao que ocorre em Belo Horizonte, o que alguns filósofos denominaram de alienação. Mas é possível que os filósofos estejam errados.


2 comentários:

thiago moraes disse...

É importante ressaltar, Rudá, como o prefeito vem tratando esses colegiados e espaços de participação popular:
- Educação: Ainda não convocou coferência preparatória para a Conferência Nacional. Se recusa a discutir um Plano Municipal de Educação;
- Cultura: promove o esvaziamento do Conselho desde a proibição de conselheiros em atividades e organizações que pleiteiam recursos da cultura e das leis de incentivo;
- Cidades: por flagrante incompetência política, não conseguiu manter a realização da Conferência das Cidades, preparatória para a conferência nacional. Até agora não definiu nova data;
- Juventude: após organizar de forma pouco republicana as conferências regionais de juventude, entregou 8 de 9 vagas de conselheiros regionais para a Igreja Universa.
Tenho certeza de que esqueci de alguma coisa...

Daniel Caria disse...

Rudá, o senhor prefeito seria administrador impecável, não fosse a existência "dessa história de povo". Talvez ele não tenha conhecimento da etimologia do verbete "Res Publica". Não seria o caso de nós, o povo, pedirmos públicas desculpas a esse senhor pelas nossas demandas "nessa história de participação"?
Abraços