quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Jack "Hobo" London


Recebi um email indicando o livro "A Estrada", de Jack London (na foto) que relata suas viagens na última década do século XIX, nos EUA, em plena crise econômica (que tal?). Foi o relato precursor da literatura beatnik. Procurei em muitas livrarias e quase sempre não tinham ou já tinham esgotado o estoque. Achei agora na livraria Cultura, da Paulista (em SP), em meio ao tumulto do início da São Silvestre. E era o último exemplar! Comecei a ler e é realmente interessante. O termo "hobo" não tem origem certa. Alguns afirmam que pode ser abreviação de "homeward bound" ou que derivava de uma linha de trem específica (London vagava o território norte-americano utilizando várias linhas de trem). A tradução é algo mais para viajante romântico que para vagabundo. Vale a pena.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Explicando a nota abaixo


Vou explicar a nota abaixo, já que recebi alguns emails reclamando que não entenderam nada ou que esqueci de colocar um texto junto à foto.
Por partes:
a) o título vem de um filme de 1976: "Jonas que terá 25 anos no ano 2000" (na foto). Esqueço que tenho 46 anos;
b) em janeiro de 2009, a revolução cubana fará 50 anos. O Estadão produziu no último "Aliás" um balanço da revolução;
c) a foto da nota abaixo, que tirei do blog Generacion Y, é da primeira impressora industrial vendida livremente em Cuba, em pleno século XXI (embora a máquina seja do século passado, mas já é alguma coisa);
d) No Generación Y, aparece a seguinte nota, sobre a aproximação de Cuba com Venezuela (mais uma dica de como é o dia-a-dia cubano):
"Una fecha imprecisa de terminación y la interrogante de si traerá información para todos, rodean al cable submarino que enlazará a Cuba y Venezuela. A todos los que nos quejamos de la poca conectividad que encontramos en la Isla, ya existe un argumento para hacernos callar: “Hay que esperar a que esté listo el cable”. Con tanta expectación, voy a ir enumerando lo que debería traernos ese proyectado cordón umbilical:
- Acceso a Internet para todos y no basado en privilegios, con la posibilidad para cualquier persona de contratar conexiones domésticas.
- En las escuelas primarias, de enseñanza media y universitaria, banda ancha para los estudiantes y tiempos de acceso a la red menos limitados que los actuales.
- La disminución de los costos en ciber-café y en los ordenadores con conexión de los hoteles, que hoy se llevan en una hora el tercio de un salario mensual.
- La posibilidad de usar redes sociales como Faceboock, Twitter, Hi5 y otras más
- Finalmente podríamos echar manos de servicios como Skype, videoconferencias, envío de grandes paquetes de información y hasta ver la televisión a través de Internet.
Si el dichoso cable no va a traernos todo eso, por favor qué me expliquen cuáles son las razones para aguardar por él hasta el 2011. Espero que al menos una pequeña fibra de su contenido llegue hasta mis manos de blogger freelance, o es que los kilobytes que circularán en su interior tendrán como marca de agua: “sólo para confiables”.

sábado, 27 de dezembro de 2008

A classe média emergente no Brasil


Desde agosto deste ano, quando o Centro de Políticas Sociais (CPS/IBRE/FGV) lançou o estudo "A Nova Classe Média" (vide www.fgv.br/cps/classemedia) este tema ganhou relevância na análise sociológica brasileira. A renda da parcela da classe C subiu 22,8% de abril de 2004 a abril de 2008. Neste mesmo período, a renda de nossas classes A e B subiu 33,6%. O estudo partiu de duas perspectivas na classificação das classes. Uma primeira épela análise das atitudes e expectativas das pessoas, baseada em George Katona, psicólogo behaviorista. O combustível seria o anseio de subir na vida; o lubrificante seriao ambiente de trabalho e negócios. Neste sentido, o Índice de Felicidade Futura (IFF) é alto no Brasil. A segunda forma de definir as classes econômicas E, D, C, B e A é pelo potencial deconsumo. O Critério Brasil usa acesso e número de bens duráveis (TV, rádio, lava-roupa,geladeira e freezer, vídeo-cassete ou DVD), banheiros, empregada doméstica e nível deinstrução do chefe de família. Desde 2002, a probabilidade de ascender da classe C para a classe A nunca foi tão alta, e a de cair para a classe E nunca foi tão baixa como agora. A classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. A nossa classe C sobe de 42% para 52% agora. Segundo o Pew Institute, 53% dos norte-americanos se consideram classe média. O novo Critério Brasil classificava em 2005 cerca de 43% dos brasileiros de classe C, próximos dos 42% de 2004. A faixa C central está compreendida entre os R$ 1.064 e osR$ 4.561, a preços de hoje na Grande São Paulo. Os estudos internacionais variam o limite superior mensal de classe média de US$ 6 mil (Banco Mundial) a US$ 300 (Barnajee & Duflodo MIT), passando por US$ 500 (Goldman Sachs). O nosso está dentro dos limites deles, que variam muito entre si.
O que importa é compreender que grande parte desses "emergentes" são oriundos de famílias tradicionalmente pobres. Não possuem, portanto, a mesma lógida, representação e imaginário dos tradicionais "formadores de opinião" tão empregados pela grande imprensa tupiniquim. Lêem pouco, desconfiam dos jornais e revistas e são muito pragmáticos (pouco filosóficos ou ideologizados). É muito importante compreender este fenômeno sociológico brasileiro. Acredito ser o tema mais importante deste início de século para nós, sociólogos.

Sociologia da Sociologia


A idéia está num livro antigo de Octávio Ianni. Recentemente, Zander Navarro vem sugerindo a necessidade de uma sociologia da sociologia brasileira. Mas valeria uma aventura maior e refletir sobre a sociologia mundial. Depois de Alain Touraine, qual o grande sociólogo que tivemos? Anthony Giddens? Richard Sennett? Como afirma Héctor Ricardo Leis (UFSC) no artigo "A tristeza de ser sociólogo no século XXI", parece existir "dificuldades epistemológicas existentes nas raízes teóricas da sociologia para enfrentar as tarefas derivadas da revolução biotecnológica em curso e seus impactos eugênicos sobre a sociedade futura." Há uma evidente pobreza nesta área. Os norte-americanos me parecem excessivamente racionalistas e institucionalistas. Tudo que tocam parece mecânico e matemático, muito previsível e simplificado.

Trabalho infantil doméstico


Recebo artigo de Sandra Kiefer, JACA (Jornalista Amiga da Criança), do jornal Estado de Minas ("Trabalho Infantil Doméstico: bom para quem?") que revela as contradições de nosso mundo Macunaíma. Embora desde 12 de setembro deste ano esteja em vigor o Decreto 6.481, que proíbe que adolescentes menores de 18 anos trabalhem como domésticos, 410 mil crianças e adolescentes trabalham como domésticas em nosso país. Segundo o artigo:
"As piores formas de trabalho infantil foram proibidas pelo Decreto Legislativo 178, de 14 de dezembro de 1999 e promulgadas pelo Decreto 3.597, de 12 de setembro de 2000. Apenas no Decreto 6.481, desse ano, foram descritas e listadas as piores formas definidas para o Brasil. Para que o empregador doméstico possa melhor entender a gravidade do texto legal, basta citar o fato de que o decreto, por exemplo, coloca
o trabalho doméstico na mesma categoria da extração de madeira, da produção de carvão vegetal, da fabricação de fogos de artifício e do trabalho nas ruas. Entre os riscos ocupacionais citados no decreto para jovens que realizam trabalhos domésticos estão "esforços físicos intensos, isolamento, abuso físico, psicológico e sexual, longas jornadas de trabalho, sobrecarga muscular", entre outros. (...) Com o decreto, a expectativa é de que haja uma retirada do mercado de 245 mil pessoas com idade entre 16 e 17 anos, sem contar o fato de que os menores de 16 já estavam proibidos de trabalhar pela antiga legislação."

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Onde estão os editores da imprensa brasileira?


É difícil ler jornais e assistir telejornais brasileiros neste período. A criatividade tira férias antes dos jornalistas. Ninguém imagina nenhuma pauta razoável, sobre tendências do Mercosul em 2009, ou Natal no nordeste e sul do país, as expectativas e hábitos da nova classe média tupiniquim. As edições são confusas, contraditórias, excessivamente opinativas, apressadas e sem acabamento.

Keynesianos e Neoclássicos frente à crise


Reproduzo, abaixo, passagem de interessante comentário de Tony Volpon analisando artigo de Flávio Basilio, economista doutorando da UnB:

"Quais seriam as soluções para a atual crise vindo desses paradigmas opostos?
No caso dos neoclássicos:
Os economistas neoclássicos, se forem coerentes com o referencial teórico que defendem, não terão o que falar sobre a crise financeira. Isso porque a crise não tem espaço no referencial neoclássico, uma vez que os mercados financeiros são sempre eficientes e garantem a perfeita alocação dos recursos. De novo, quem são esses crentes puro na eficiência dos mercados? O que aconteceu com toda a literatura nova-keynesiana sobre assimetria de informação nos mercados de trabalho, ou sobre estrutura de mercados não perfeitamente competitivos? De novo, é meio difícil dizer quem é esses neoclássicos...(...) De qualquer sorte, dado que a crise financeira requer proposições de política econômica, a corrente neoclássica, obviamente, defenderá a necessidade de um forte ajuste fiscal por parte do governo com o objetivo de aumentar a poupança doméstica, liberando, dessa forma, recursos
adicionais aos empresários. Acrescenta-se que a autoridade monetária deverá manter um austero controle da inflação. Para isso, é imperativo que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros em 13,75%. Em primeiro lugar porque dessa forma, as expectativas de inflação convergem para a meta. Em segundo lugar, porque quanto maior a taxa de juros, maior será a poupança e, conseqüentemente, maior será o investimento.
Aqui Flavio confunde duas coisas. Uma é a, ao meu ver correto, reconhecimento que nessa crise temos uma queda do produto potencial pela imposição exógena de restrições a renda e financiamento externo. Sendo assim, uma recomposição da demanda interna para privilegiar investimentos seria benéfico, o que implica cortar o consumo do setor publico onde possível. Isso tudo não tem nada a ver diretamente com a questão das metas de inflação, e absolutamente nada com a idéia que maior os juros, maior a poupança e então os investimentos.

Qual seria a proposta keynesiana?
A corrente keynesiana, por sua vez, advogará que o governo, em um cenário de crise, deverá elevar os gastos de investimento com o objetivo de estimular a demanda agregada. Em especial, o governo deverá efetuar aportes significativos de capital, por intermédio do Tesouro Nacional, ao BNDES com o objetivo de restabelecer e fortalecer as linhas de crédito às empresas, em especial ao setor exportador, sob pena de no futuro próximo estarmos sujeitos a uma nova crise do balanço de pagamentos.
Como de praxe, parece que a resposta a tudo é maiores gastos públicos.
(queria ver uma vez alguém dessa escola defender corte de gastos públicos em alguma situação!...) De novo, devemos perguntar: A economia brasileira esta em depressão? Com as expectativas do governo sendo um crescimento de 4% ao ano, precisamos adotar políticas feitas para economias em forte recessão? O que fica totalmente fora de qualquer articulação aqui é a questão externa, ou quase. (...) Verifica-se que os preços das commodities e, em especial o preço do petróleo, estão despencando no mercado internacional....Além disso, o governo deve se preparar para a anunciada crise do balanço de pagamentos. Para isso, deve desenhar um plano B que incorpore controle de capitais com vistas a evitar a escalada do dólar, tal como já foi
defendido neste espaço por outros economistas keynesianos."

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sames, a nova secretária de educação de Governador Valadares


Tive a sorte e honra de conhecer e trabalhar com Sames Madureira (na foto), que acaba de reassumir a Secretaria de Educação de Governador Valadares, em Minas Gerais. Sames é uma das pessoas mais solidárias, discretas e competentes que conheci. Aprendi, tempos atrás, que o trabalho pastoral é marcado pela tríade presença, denúncia e anúncio. Sames é daquelas raras pessoas que conseguem traduzir em práticas diárias esta tal ação pastoral. Ela está sempre presente, sem alarde. Nunca espera alguém pedir ajuda. Ela está sempre lá e quem a conhece tem certeza disso. Eu espero que Governador Valadares esteja à altura de sua nova Secretária de Educação. Poucas cidades têm privilégios como este.

O livro negro, de Pamuk


Estou lendo o livro do Nobel de Literatura de 2006, Orhan Pamuk. Ele lembra a lógica das Mil e uma Noites. Pamuk é turco (a literatura do leste do mundo retoma sua pujança). O Observer afirma que este livro se compara ao "melhor de Umberto Eco, Ítalo Calvino, Borges e Gabriel Garcia Márquez". Comentarei o livro mais adiante.

O significado contemporâneo do Natal


Penso que o Natal é o momento mais triste do ano. Por um lado, as famílias de classe média e acima transformam a festa (sic 1) numa demonstração infantil de opulência. Se na minha infância o presente significava que tinha feito algo por merecer, agora significa que quem deu o presente fez tudo para crescer economicamente no ano. Quantos compram o presente na última hora, o que revela que não se programou, não pensou no presenteado? Então, qual o motivo para comprar?
É realmente raro uma família demonstrar solidariedade e confraternização. Transformar esta festa em real comunhão, de fraternidade, até mesmo de reflexão sobre o quanto estamos longe de atingir o ideal de humanidade. Não que deva ser uma espécie de mea culpa. Mas deveria ser um momento reflexivo. Ao menos para quem se diz cristão. O pior é que a opulência leva ao olhar (meio enviesado) para a pobreza, quase como sentimento de culpa. Muitas vezes não dá em nada, mas outras, leva a algum gesto de solidariedade. Eu realmente sinto uma forte tristeza neste período. Não consigo entrar no clima "carnaval de inverno (sic 2)". Acho a festa mais triste e melancólica do ano.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A disputa petista em MG ou... 2009: o ano que não vai querer acabar


Mais um palpite: a disputa interna (Patrus X Pimentel) no PT mineiro deve perpassar todo 2009. Pimentel já acertou o pé no PSB. Portanto, tem como ameaçar. Lula já acusou o golpe e ofereceu o Ministério do Turismo. Alimentará a briga, portanto, como gosta. Mas a certeza que aecistas revelaram em conversas que tive no final de ano me diz que Pimentel tem grandes chances de sair do PT. O que lhe restaria, afinal? Aguardar uma derrota eleitoral de Patrus ou, na possibilidade de seu maior adversário no PT vencer as eleições em MG, amargar a comparação com sua gestão tucana? Candidato a senador? Candidato a deputado federal? Resta 2009, esticando a corda até onde der. Resta aparecer ao máximo em MG com o bastão de general do Turismo. Será um ano interessante para Minas Gerais, com quatro ministros correndo para ver quem vence a disputa pelo título de maior benemérito do Estado.

O que será 2009?


Fim de ano, início do exercício Nostradamus.
1) ECONOMIA
O que podemos esperar da economia? Crise, obviamente. O problema é saber o tamanho da crise, principalmente a que afetará o Brasil. O Brasil tem reserva cambial para aguentar o tranco do primeiro trimestre. Também tem juros SELIC para baixar, com sobra. Mas qual será o ritmo da especulação e do estouro da manada? Corte de 20 bilhões do orçamento federal previsto. Mas, sejamos mais honestos: o primeiro semestre não é período de gasto público, muito menos social. Ele só ocorre no segundo semestre. Basta conferir a execução orçamentária. Acredito que o tranco maior será no orçamento municipal, o que aumentará ainda mais o peso do governo federal em todo território nacional, seguido pelo peso dos governos estaduais. O municipalismo vai continuar ladeira abaixo, como ocorre desde os governos FHC. Já sabemos da queda de 25% dos royalties para municípios que sediam bases de prospecção de petróleo; já sabemos do corte de mais de 4,5 bilhões de transferência de recursos federais para os municípios; já sabemos da queda de arrecadação nas regiões afetadas pelo dilúvio deste final de ano.
2) POLÍTICA: o que esperar da política nacional? Um jogo de cena cada vez mais apertado. Aécio, hoje, é candidatíssimo ao Senado. Mas tentará ficar no páreo da sucessão de Lula até o final. Pelo estilo racional de Serra, possivelmente vai jogar no seu próprio Estado (ainda mais com 5 bilhões extras da venda da Nossa Caixa, que quase dobra o recurso para investimento em época de crise). Mas não acredito que fará qualquer enfrentamento com Aécio ou Lula. O tempo corre, possivelmente, a seu favor. Dilma fará marola, como gosta o chefe Lula. E Lula continuará jogando balão de ensaio, aparecendo o mais possível na grande imprensa e fazendo charme com seu índice de popularidade que o transforma em grande cabo eleitoral de 2010 (não necessariamente de um petista). Vai continuar cercando o PT e o PSDB e desconstruindo o DEM. De resto, deverá fazer pequenas aproximações junto aos movimentos sociais e entidades populares, apenas para se certificar da amarração política que construiu no país. Minas Gerais reproduzirá a disputa interna dos tucanos no campo petista: Patrus e Pimentel continuam travando uma guerra surda nos bastidores da política. A última plenária do deputado André Quintão (ligado a Patrus) foi o início de campanha eleitoral estadual.
Volto mais tarde, após recarregar a bola de cristal.

Fórum Social Mundial em Belém


Há certa expectativa no ar entre os movimentos sociais e ongs brasileiras em relação ao Fórum Social Mundial que será realizado em Belém, entre os dias 22 e 26 de janeiro. Em 2001, o FSM reuniu 20 mil pessoas em Porto Alegre. A capital gaúcha sediou os encontros de 2002 e 2003. Em 2004 foi realizado em Munbai, na Índia, retornando para Porto Alegre no ano seguinte. Depois, ocorreu em Caracas e em Nairóbi. 2008 foi diferente e o FSM ocorreu em várias partes do mundo. Chico Whitaker, um dos organizadores, conta que as marchas e eventos mundiais foram um sucesso. Mas em 2009 o Brasil voltará a sediar o evento. Houve, recentemente, uma reunião preparatório em Belém envolvendo 60 entidades do Pará, junto ao governo estadual daquele Estado. Os dois temas que devem se tornar eixo do evento de janeiro são: crise econômica mundial e mudança climática no planeta.
Sendo o mais sincero possível, acho que este evento é importantíssimo do ponto de vista simbólico, mas é por demais confuso, com dezenas (talvez centenas) de eventos simultâneos. Uma espécie de festa ou confraternização.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A acidez do "Tigre Branco"


Já citei este livro (O Tigre Branco, de Aravind Adiga, na foto, vencedor do Man Booker Prize 2008) neste blog. O texto é ácido e revela não apenas a desgraça, mas todo o ressentimento do mundo das castas inferiores da Índia. Lembrei de um filme em que Marlon Brando faz um asiático que se faz de humilde e vai conduzindo o comandante branco para onde quer (o filme é "Casa de Chá do Luar de Agosto", de 1956). Uma passagem revela toda esta acidez do livro, quando o autor revela a possibilidade da oposição vencer o primeiro-ministro da Índia:
"Será que tinham conseguido juntar dinheiro suficiente para subornar bastantes policiais e comprar a sua própria cota de impressões digitais para conseguir vencer? Como eunucos conversando sobre Kama Sutra, os eleitores ficavam falando das eleições".

Domingo no Parque


Já em plenas (merecidas) férias, faço um breve comentário sobre Gilberto Gil. José Álvaro Moisés me disse, quando eu era pesquisador do CEDEC, que ele era próximo ao PCB, sempre mais politizado que Caetano Veloso. A história recente dos dois confirma esta intuição. Mas o que me intriga é como a fonte poética de Gilberto Gil foi secando. Para dar um exemplo, reproduzo a letra de Domingo no Parque. A letra é fantástica, num ritmo frenético, crescendo, em harmonia com a melodia. A velocidade é tal que as imagens são mais poderosas que a leitura e compreensão da letra musicada. Acho genial esta música:

Domingo no Parque
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil

O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!...

A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogar
Capoeira!
Não foi prá lá
Pra Ribeira, foi namorar...

O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio...

Foi no parque
Que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João...

O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Foi dançando no peito
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Oi girando na mente
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

Juliana girando
Oi girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
O amigo João (João)...

O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando...

Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!...

Amanhã não tem feira
Ê, José!
Não tem mais construção
Ê, João!
Não tem mais brincadeira
Ê, José!
Não tem mais confusão
Ê, João!...

Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sapatos voadores


Recebo dois poemas sobre os sapatos que voaram em Bagdá, no estertor do governo Bush. Chega a ser divertido (embora os poetas não revelem tanto humor):

VUELAN LOS ZAPATOS EN BAGDAD
Vuelan los zapatos
como misiles sobre George W.Bush.
Se vuelven los zapatos contra él
y los pasadores aprovechan su ajuste de cuentas.
En lengua milenaria que da flor al idioma
le gritan los zapatos al oído: "¡pedazo de perro!"
Desde el patíbulo el ahorcado
le tira, agusanados y fríos, sus zapatos de muerto.
Vuelan los zapatos descalzos de los asesinados,
de los escarnecidos en Guantánamo,
de las viudas sin ojos de tanta lágrima,
de los niños sin brazos pintándole
la cara desteñida a George W. Bush
con cagarruta de soldado invasor.
No quiero calzado Pierre Cardin,
menos calzado Bertulli Boston (de diseño italiano)
ni calzado Klass (de las estrellas de cine),
quiero zapatos de la resistencia
marca MOUNTAZER AL ZAUDI, madre.

Arturo Corcuera,Perú


ESE ZAPATO
Ningún misil ha llevado tanto desprecio.
En ese Zapato,
en ese par de Zapatos
donde entraba el hombre:
la tierra arrasada
el polvo de la muerte,
lágrima viva todavía,
el rastro del dolor
como una estela.
La rabia con su huella indeleble,
el corazón en la mano
la mano en el Zapato
bandera tan alta
como misil alguno
como nunca un misil
como jamás todas las cadenas.

Gabriel Impaglione, Argentina

Plano Nacional pela Primeira Infância


De Rosimar Prado, da direção do Sindute-MG:
"Até o dia 15 de fevereiro de 2009, qualquer pessoa ou instituição pode contribuir para a elaboração do Plano Nacional pela Primeira Infância. Com uma população de mais de 19 milhões de crianças até seis anos de idade, o Brasil ainda não possui um plano que conjugue as diversas ações do poder público que se relacionam à primeira infância. O Plano Nacional está dividido em três partes. A primeira é
constituída pelos princípios e as diretrizes que norteiam todo o plano. Na segunda, estão elencados os objetivos e metas para casa uma das nove áreas abrangidas. Na última parte, são expressas as estratégias para alcançar os objetivos e as metas. Não só os adultos vão participar da consulta, as crianças também serão ouvidas. A organização Ato Cidadão, de São Paulo, prepara uma metodologia específica para consultar as crianças. Depois da consulta pública, a Rede irá acolher, analisar e
incorporar, dentro do possível, o que for proposto ao plano. A terceira etapa do processo será entregar a proposta ao Governo Federal para que o documento seja analisado e levado à apreciação do Congresso Nacional para que se torne Lei. A previsão é que em março o documento seja entregue.O Plano Nacional está disponível www.primeirainfancia.org.br Basta acessar, analisar o plano, individualmente ou em entidades ou conselhos e enviar as sugestões para o e-mail
contato@primeirainfancia.org.br.

Conceição Tavares e o Banco Central


Duas passagens da entrevista que Conceição Tavares (na foto) concedeu à Carta Maior:

"A partir de agora, o Banco Central tornou-se uma peça menor no xadrez econômico", resume e prossegue calmamente. "Reduziu-se a um estorvo apenas; uma irrelevância diante dos fatos, das urgências e das possibilidades que se colocam para a economia e o governo. Essa gente já não consegue mais sequer me provocar indignação, apenas cansaço".

"Fortalecer o emprego e o poder aquisitivo do povo; em torno disso acontecerá a batalha decisiva para vencermos ou não a travessia de 2009. Portanto, meu Deus, os que falam em cortar gasto de custeio que me perdoem, não sabem do que estão falando. Política social também é custeio. E se não é tudo, talvez seja o único grande trunfo que o governo controla, a partir do qual poderá agir com eficácia e rapidez diante da crise".

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Brasil tem bala na agulha


Os economistas com quem conversei afirmam que o governo brasileiro tem fôlego para enfrentar a crise. O cálculo é o seguinte: queimamos 65 bilhões das reservas cambiais que estavam, antes do estouro da manada, em 200 bilhões. Acontece que ao redor de 45 a 60 bilhões têm retorno rápido porque foram empréstimos ou swap. Neste caso, o Brasil teria queimado realmente apenas 15 a 20 bilhões das reservas.

Cepal elogiou BC brasileiro


Apesar da crise e dos prognósticos catastróficos, a CEPAL elogiou, nesta semana, o Banco Central brasileiro. No relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe o elogio se pauta pelo Brasil ter sido um dos países da região com menor inflação a partir de 2007, mantendo o ritmo de redução de pobres e indigentes. De acordo com estimativas registradas no relatório demos continuidade aos resultados verificados entre 2006 e 2007, quando a pobreza caiu 3 pontos percentuais no País. Contudo, em toda América Latina e Caribe, cerca de 4 milhões de pessoas não conseguiram deixar o estado de pobreza em 2008 devido à alta inflação dos alimentos. O indicador de pobreza utilizado pelo órgão se refere à capacidade de compra das pessoas comparada a uma cesta mínima de calorias. A consistência da política implementada pelo Banco Central brasileiro teria ajudado a dar estabilidade à formação dos preços na economia do País.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Morgan Stanley: Brasil não crescerá em 2009


Depois da ONU é a vez do Morgan Stanley prever crescimento zero da economia brasileira em 2009. Continuo torcendo para que estejam errados. A nota que divulgaram é:
"Brazil's growth downturn will prove sharper than most observers are ready for. We have recently cut our 2009 Brazil growth forecast to zero, Sharp as it may seem, the coming growth downturn is not unprecedented in Brazil's recent history. In fact, the global backdrop suggests that Brazil's growth downturn might prove worse than ever seen in Brazil's quarterly data."

Chuva e isolamento de municípios do norte fluminense


Depois de Santa Catarina, é a vez de Minas Gerais. Ao menos é isto que saiu na grande imprensa de hoje, revelando a calamidade que atinge cidades da zona da mata mineira. O que esqueceram de avisar é que a Zona da Mata faz divisa com o RJ. E o interior do Rio de Janeiro também está em situação muito difícil com a chuva forte e constante. Segundo o comandante do 5º Grupamento de Incêndio de Campos, coronel Jacovisk, que está em Pádua (na foto), já são dois mil desabrigados e milhares de desalojados que foram para casas de parentes. O Centro da cidade foi totalmente tomado pelas águas e o comércio está fechado. O prefeito Nando Padilha deverá decretar estado de emergência ou de calamidade a qualquer momento. Apenas a Clínica Santa Mônica está funcionando, com a capacidade de atendimento esgotada. Os cidadãos que necessitam de atendimento médico estão chegando até lá em barcos a motor.
O município de Cardoso Moreira, também está isolado. A cidade foi invadida pelas águas do Muriaé. Não há como chegar em Cardoso Moreira através da BR-356 que liga Campos a Itaperuna. Além de Pádua e Cardoso Moreira estão afetados pelas cheias os municípios de Laje do Muriaé, Bom Jesus do Itabapoana, Itaocara, Cambuci, Aperibé, São Fidélis, Italva e Campos.
Para saber mais, acesse http://www.logradourosdemiracemarj.blogspot.com/

Orçamento Federal 2009 aprovado


O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira o Orçamento 2009, com cortes da ordem de R$ 10,3 bilhões, em custeio, pessoal, despesas com juros e inversão financeira. No entanto, o volume destinado a investimentos aumentou R$ 9,3 bilhões. O texto será encaminhado a sanção presidencial. No texto final foram incluídos mais R$ 2,5 bilhões, oriundos da venda de ativos da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal). Os recursos devem ser direcionados para um Fundo de Estabilização Fiscal, para ser usado pelo governo ao longo do ano. A expectativa de crescimento do PIB ficou em 3,5%, mas o relator-geral, senador Delcídio Amaral (PT-MS), admite que a taxa pode ficar abaixo disso no ano que vem, o que exigiria ajustes do governo. O deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), presidente da Comissão Mista de Orçamento, afirmou que novo corte ocorrerá em março. O corte na previsão de arrecadação ficou em R$ 6 bilhões e a perda bruta chegou a R$ 15 bilhões. Deste total, mais de R$ 3 bilhões deverão ser cortados por Estados e municípios. Os cortes em despesas de custeio da máquina pública foram priorizados e superaram os R$ 8 bilhões. Sobre despesas de pessoal e encargos, o corte foi superior a R$ 400 milhões. Ao contrário da expectativa inicial do relator, também foram feitos cortes em investimentos, da ordem de R$ 1,2 bilhão. Entretanto, por meio de emendas individuais e coletivas, foi possível realocar R$ 9,3 bilhões. Com isso, a estimativa total de investimentos chegou a R$ 47,2 bilhões, ficando acima da previsão inicial do governo.

CEDECA Interlagos e Juventude


Fiquei muito bem impressionado com o CEDECA Intelagos. Primeiro, porque realizam um trabalho de arte-educação dos mais sofisticados que vi até hoje. As intervenções urbanas são de altíssima qualidade, contando a história de bairros em muros. Em segundo, pela quantidade de jovens envolvidos diretamente nas atividades e na própria organização. Já havia percebido esta nova militância jovem (seria a tal geração Y?) no CIBAPAR de Betim, outra ong que trabalho com organização social e luta pela qualidade da água do rio Paraopebas (este, em MG).
O CEDECA Interlagos, de SP, é formado por educadores populares que atuam diretamente nas comunidades da região sul da capital paulista, em favelas e loteamentos clandestinos de Interlagos. Foi fundado em 1998.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mais uma dica gastronômica


Já no espírito natalino, mais uma dica gastronômica. Estou em São Paulo, onde faço uma análise de conjuntura para o CEDECA Interlagos (direitos da criança e adolescente). Aproveitei e fui jantar num dos restaurantes mais criativos e badalados da cidade: o japonês Kinoshita (ver www.restaurantekinoshita.com.br), pilotado pelo super chef Tsuyoshi Murakami (na foto). É muito difícil descrever os pratos, mas cito dois: a) água viva com ameixa umeboshi e; b) sorbet de banchá com bolinho recheado com calda de chocolate (bolinho idêntico ao tradicional japonês que é recheado com pasta de feijão). Para arrematar, provei um saquê fantástico, meio frutado: Nanbu Bijin Junmai Guinjo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lula: o popular


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve novo recorde de popularidade, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada hoje. De acordo com o levantamento, 73% avaliaram o governo como ótimo ou bom em dezembro, contra 20% como regular. Outros 6% como ruim ou péssimo. A avaliação pessoal do presidente Lula também obteve novo recorde e chegou a 84% em dezembro contra 14% de desaprovação. Outros 2% não responderam ou não opinaram.
A oposição DEM/PSDB fica perplexa e não sabe explicar os motivos, muitas vezes descambando para o elitismo, desconsiderando a opinião popular. A explicação é simples: poucos Presidentes da República procuraram efetivamente ampliar a classe média como o governo Lula fez. O DATAFOLHA indica que mais de 50% da população já é classe média (C, ou baixa, mas é classe média). Para quem sempre viveu à margem da sociedade de consumo (com um mínimo de qualidade), isto não é pouco. A dublagem de filmes estrangeiros por TV a Cabo é um sintoma de como o mercado vem percebendo esta mudança fundamental da sociedade brasileira: os emergentes de classe média.
Mas a elite e a oposição não conseguem entender tais sinais. O governo Lula não é um sonho, nem de longe. Mas é inegável seu apelo popular. Por comparação com outros governantes. Poderia ter sido mais. Mas já "deu pro gasto" popular.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Doutor e Doutorado


Outro dia li um texto onde afirmava que médico e advogado tinham construído a deferência de doutor ao longo de sua história. Achei bem estranho. Até onde tinha informação, doutor é apenas quem possui doutorado. Médicos e advogados "contrabandearam" a deferência. Pois bem, minhas desconfianças se confirmaram com uma sentença de juiz de Niterói que reproduzo, abaixo. Cultura inútil, é verdade, mas que serve para atormentar a elite para-acadêmica:

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - COMARCA DE NITERÓI - NONA VARA CÍVEL - Processo n° 2005.002.003424- 4

S E N T E N Ç A:

Cuidam-se os autos de ação de obrigação de fazer manejada por ANTONIO MARREIROS DA SILVA MELO NETO contra o CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LUÍZA VILLAGE e JEANETTE GRANATO, alegando o autor fatos recendentes ocorridos no interior do prédio que o levaram a pedir que fosse tratado formalmente de 'senhor'. Disse o requerente que sofreu danos, e que esperava a procedência do pedido inicial para dar a ele autor e suas visitas o tratamento de 'Doutor', 'senhor' Doutora', 'senhora', sob pena de multa diária a ser fixada judicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários-mínimos. (...)

DECIDO:
(...) Trata-se o autor de Juiz digno, merecendo todo o respeito deste sentenciante e de todas as demais pessoas da sociedade, não se justificando tamanha publicidade que tomou este processo. Agiu o requerente como jurisdicionado, na crença de seu direito.
Plausível sua conduta, na medida em que atribuiu ao Estado a solução do conflito. Não deseja o ilustre Juiz tola bajulice, nem esta ação pode ter conotação de incompreensível futilidade. O cerne do inconformismo é de cunho eminentemente subjetivo, e ninguém, a não ser o próprio autor, sente tal dor e este sentenciante bem compreende o que tanto incomoda o probo Requerente.(...) Entretanto, entendo que não lhe assiste razão jurídica na pretensão deduzida. 'Doutor' não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julga merecedora de um doutoramento. Emprega-se apenas às pessoas
que tenham tal grau, e mesmo assim no meio universitário. (...)
P.R.I. ALEXANDRE EDUARDO SCISINIO - Juiz de Direito-

Moqueca de Camarão


Almocei uma fantástica moqueca de camarão no Mistura Fina, aqui em Itapuã. O restaurante é excelente. Não é tão criativo quanto o Assucar, de Recife, mas vale muito a pena. Uma sobremesa de espuma de mascarpone com creme de goiabada e um café expresso acompanhado de pedaços de côco, torrados e glaciados, arremata o pedido.

Dilma?


Nada me convence que Dilma Rousseff é realmente a candidata do PT à sucessão de Lula. Até agora, a única opinião da grande imprensa que parece mais lúcida é a de Eliane Cantanhêde, na Folha de SPaulo de hoje (página A2). Lula criou a "candidatura tampão", brecando a fila de candidatos petistas. E só. Faz marola e a grande imprensa cai de joelhos. Parece não conhecer o "Estilo Lula de Governar", já iniciando a metade do seu segundo mandato.

Em Salvador


Estou em Salvador, na última consultoria que presto no ano. Dois assuntos, logo de cara: a) a reunião de cúpula da América Latina que ocorre no norte da Bahia (Lula já está em Salvador); b) o início das operações da Azul. Vi, no pátio de Viracopos, na semana passada, uma de suas aeronaves (da Embraer). Deve começa a operar em Porto Alegre e Campinas. Ouvi dizer que começa amanhã, dia 15, mas ninguém assegurou. A Jet Blue, de onde surgiu a Azul, trabalhava com os menores valores de passagem nos EUA.

Lula alimenta a briga em MG


O "Estilo Lula de Governar" está em campo novamente. Anunciou ontem, em BH, que vai dar o Ministério do Turismo para o petista-tucano Fernando Pimentel. Alimenta a briga deste com Patrus pela vaga à candidatura do PT ao governo mineiro. Pimentel já estava com um pé no PSB. Mas acredito que este não seja o grande motivo de Lula: ele adora estimular disputas internas que, no fundo, fortalecem a sua própria liderança. Presenciei este expediente, com todas cores, na disputa pela vaga de Ministro do desenvolvimento agrário.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Mais um relato sobre Cuba


Do blog Generación Y:
"La policía cubana ha detenido a un centenar de opositores esta semana en Cuba para evitar su participación en las marchas que conmemoraron el miércoles el 60º aniversario de la Declaración de los Derechos Humanos, según denunció la organización Comisión Cubana de Derechos Humanos (CCDH). La mayoría de los detenidos ya han sido puestos en libertad, anunció ayer el presidente de la CCDH, Elizardo Sánchez, quien denunció que la actuación del Gobierno había reventado la marcha convocada frente a la sede de la Unesco en La Habana. Elizardo Sánchez afirmó que el Gobierno cubano ha lanzado “una nueva oleada de represión política” con “entre 60 y 100 detenidos”. “Estamos todavía identificando los nombres, eso es normal, y hay que esperar a que eso se confirme”, indicó Sánchez, tras explicar que el próximo lunes contará con un balance definitivo del número de arrestos. El presidente de la CCDH aseguró que las detenciones se produjeron en todas las provincias del país. La disidencia cubana convocó el miércoles distintos actos que incluyeron una marcha de las Damas de Blanco, organización de mujeres familiares de los 75 opositores condenados en 2003; la manifestación en un parque ante la sede de la Unesco en La Habana y un acto de la organización Agenda para la Transición. La manifestación ante la Unesco fue abortada por la oleada de detenciones. Damas de Blanco Unos 30 miembros de Damas de Blanco desfilaron sin incidentes por La Habana con flores y camisetas impresas con el rostro de sus parientes detenidos. Laura Pollán, miembro del grupo, aseguró: “El Gobierno cubano es como una moneda: una cara es la que presenta al mundo y otra es la que presenta dentro del país”. El régimen cubano también llevó a cabo su acto conmemorativo del 60º aniversario de la Declaración de los Derechos Humanos, durante el que el ministro de Exteriores, Felipe Pérez Roque, aseguró que sigue “en proceso” la aplicación de los pactos -el de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales y el de Derechos Civiles y Políticos de la ONU- firmados por Cuba el pasado mes de febrero. Pérez Roque aseguró que el régimen comunista ha construido una “sociedad imperfecta” pero con “avances innegables”. "

FHC e Protógenes: a bomba!


O delegado Protógenes Queiroz deu uma longa entrevista à revista Caros Amigos que está nas bancas agora. A entrevista é bombástica. Faz uma séria acusação contra Fernando Henrique Cardoso, que estaria envolvido em um caso escabroso de corrupção. É fato que Protógenes está sendo trabalhado para ser candidato pelo PSOL. Mesmo assim, a entrevista é corajosa. Reproduzo a passagem mais apimenada:

MYLTON SEVERIANO Empresa de quê?
PROTÓGENES - De participações. Chamava-se Al­berto Participações, com capital so­cial de 10 mil reais. Já tem coisa erra­da. Como uma empresa com capital de 10 mil reais pode receber um investi­mento estrangeiro da ordem de 20 mi­lhões? Cadê o patrimônio da empresa? Como é que o Banco Central aprova? Mando pegar o processo. (...) Vejo que no Banco Central houve uma briga interna pela conversão. Os técnicos se indignaram, e inde­feriram. Aí houve uma gestão forte para que houvesse a conversão. De quem? Do ministro da fazenda. Que era quem?

MYLTON SEVERIANO - Fernando.
MARCOS ZIBORDI - Henrique.
MYLTON SEVERIANO - Cardoso.
PROTÓGENES - Sobrou uma para contar a his­tória. A Célia da Avenida São Luís. A mulher de verdade. Era companheira do Alberto, ex-embai­xador do Brasil no Líbano. Quando estourou a guerra ele fugiu e viveu na França, estudando na Sorbonne. Quem ele conhece lá?

MYLTON SEVERIANO - Fernandinho.
PROTÓGENES - Colegas de faculdade. A Célia, marquei de­poimento numa quinta, véspera de feriado, às seis da tarde na superintendência da Polícia Federal. Uma morena bonita, quase 60 anos (...) Percebi que não sabia a verdade, ela disse "ele morreu pobre, ficou esperando a conversão dessa dívida que nunca houve". De­talhe: na quebra de sigilo bancário encontrei um cheque do Alberto que ele recebeu, 64 mi­lhões, na boca do caixa do banco Safra. E ele transfere as cotas para uma empresa criada pelo
Paribas em nome dos diretores.

MYLTON SEVERIANO - No Brasil?
PROTÓGENES - Já é um Paribas do Brasil. Transfere para a subsidiária, e os diretores começam a sa­car. O primeiro quem recebe é ele, valor equi­valente a 5%. E ela disse "ele não recebeu a comissão dele que era de 5%". Bateu! Tran­quei o gabinete, falei "vou mostrar um do­cumento, mas se disser que mostrei, pren­do a senhora", era a cópia do cheque, com assinatura e data. A mulher começou a cho­rar. "Desgraçado. Que o inferno o acolha!" Ela disse "tenho muito documento na minha casa". Se fizesse pedido de busca e apreensão chamaria atenção da Justiça, teria um inde­ferimento. Essa investigação estava sendo arrastada. Fiz uma busca e apreensão ao in­verso, "a senhora permite que selecione o que quero?", ela disse "perfeito". Naquela véspera de feriado, peguei dois agentes, con­trariando colegas que queriam ir embora...

MYLTON SEVERIANO - Qual o ano?
PROTÓGENES - 2002. Saímos de lá de madrugada, era um apartamento antigo, magnífico. Ela cho­rando, "desgraçado, até comida na boca eu dei". Ela me dá uma agenda, "aqui parecia o Banco Central, eu atendia o doutor Alberto, da área internacional". Encontrei documen­tos, agendas que vinculavam ele ao Armínio Fraga, ao Fernando Henrique, inclusive uma carta manuscrita, não vou falar de quem, de­pois confirmada, ela falou "levei esse presen­te, pessoalmente, até a casa do Fernando". Mandei documentos para perícia.

RENATO POMPEU - Ele recebeu dinheiro então?
PROTÓGENES - Vamos pegar a linha do tempo. Ele sai de ministro da Fazenda e vira presidente. O ge­rente da área internacional que dá o parecer no processo, quem era? Armínio Fraga. Que presidiu o Banco Central. Essa investigação não sei que fim deu. Pedi ao Banco Central o bloqueio de todos os títulos da dívida externa brasileira que foramconvertidos. E pedi cópia de todos os processos de conversão junto ao
Banco Central para investigação.

2009 Fenomenal

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Concurso Público no Ministério do Desenvolvimento Agrário: a contradição


Recebo mensagem de um grande amigo (não citarei o nome embora não tenha me solicitado anonimato) que informa sobre as contradições do concurso público aberto no MDA:
"Estamos vivendo um momento, dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário,
bastante complicado. O Ministério tem uma Política Nacional para Assistência Técnica e Extensão Rural, e ao elaborar o concurso esta Política foi inteiramente ignorada.
a) os conteúdos apresentados não tratam de Agroecologia, Desenvolvimento Sustentável, e das políticas do MDA.
b) o concurso não privilegia a multidisciplinariedade, só agrônomos e economistas. Faltam os pedagogos, sociólogos, psicólogos, comunicólogos entre outros ólogos...
c) A estrutura da seleção não privilegia os técnicos com experiência, só os recém-formados...
d) Os salários são aviltantes... considerando a situação de Brasília, quero ver quem consegue morar, comer e viver em Brasilia com este salário...
O Ministério, através da Secretaria da Agricultura Familiar, solicita a todas as Ematers e organizações de ATER que façam concursos considerando estes fatores.... Mas não da o exemplo..."

Agência metropolitana e Fernando Pimentel


Nos bastidores houve boataria sobre a possibilidade da Agência Metropolitana de BH ser dirigida por Fernando Pimentel, assim que se afastar do cargo de prefeito. Segundo parlamentares, a Agência ficará subordinada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento, que poderá ter como titular o atual prefeito de Belo Horizonte, caso ele não seja convocado pelo presidente Lula para participar do seu ministério. Esta possibilidade gerou grande negociação nos últimos dias para se incluir um artigo que crie impedimento da Agência ser dirigida por Pimentel.

Agência da região metropolitana de BH


O governo mineiro encaminhou à Assembléia Legislativa projeto de lei para criação da Agência Metropolitana. A Assembléia e o Conselho serão os órgãos responsáveis pela gestão da RMBH. Cabe ao Conselho Deliberativo planejar, coordenar e controlar a execução das funções públicas de interesse comum. A Agência Metropolitana será o órgão técnico e executivo, e a ela caberá a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Metropolitano, envolvendo os 34 municípios que compõem a RMBH. O governo diz que o projeto é inusitado porque envolve Estado, prefeituras e legislativos estadual e municipais, entidades públicas e privadas, organizações não-governamentais, instituições acadêmicas e movimentos populares. Seria, segundo o governo Aécio, a terceira etapa do planejamento da RMBH. A primeira surgiu com a criação da Superintendência de Planejamento Metropolitano de Belo Horizonte (Plambel), que chegou a ter o segundo maior orçamento do Estado, mas sob a influência do Regime Militar e sem nenhuma participação popular. Por ele, foram implantadas algumas obras estruturantes, como vias expressas, parques industriais e a descentralização comercial. A segunda etapa foi marcada pelo total esvaziamento, com a predominância do municipalismo.
Tal projeto,contudo, vem gerando grande controvérsia. Em reunião com prefeitos eleitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte realizada no dia 3, o vice-governador Antonio Anastasia se comprometeu a propor mudanças no texto do projeto, que é de autoria do governador Aécio Neves. As mudanças visariam tranqüilizar os prefeitos, afastando a possibilidade de a Agência RMBH reduzir a autonomia dos municípios. Vários deputados afirmam que o projeto esvaziaria a política, ou seja, o fluxo tradicional de demandas das prefeituras, passando pelo parlamento. Vários parlamentares afirmam estranhar o fato de não terem sido convidados para a reunião com o vice-governador. Desde o início de sua tramitação, o PLC 28/07 já recebeu a emenda nº 1, da CCJ, e o substitutivo nº 1, da Comissão de Assuntos Municipais. Em Plenário, foram apresentadas as emendas de nºs 2 a 22. Por esse motivo, a proposta retornou à comissão de mérito para emissão de parecer sobre as emendas.

Direitos Humanos


Recebo transcrição de palestra do professor Virgílio Mattos (da Comissão Jurídica do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade) em que trata de violência e direitos humanos. Estive com ele recentemente num programa de televisão em que fazíamos balanço de 2008. O texto divulga alguns dados interessantes:
a) os EUA gastam, hoje, 200 bilhões de dólares por ano no controle do crime;
b) Na região metropolitana de Belo Horizonte, morreram, no último ano, 50 presos comuns queimados e sufocados;
c) ainda nesta região metropolitana, 67% das presas são primárias, 82% têm filhos, 23% nasceram na prisão, 11% não recebem visitas;
d) o custo de um preso comum é de 1.740/mês. Mas pelo projeto APAC, este custo cai para 600 reais.

Ao ler este pequeno texto lembrei da luta de Foucault pelos direitos humanos dos presos comuns da França. Ele criou uma "sede" no seu apartamento e publicava balanços e relatos das condições de vida da população carcerária. A pena de morte na França foi abolida a partir desta mobilização e acompanhamento.

Pobreza e Indigência na América Latina


A CEPAL acaba de divulgar o panorama social da América Latina: 33,2% da população da América Latina e Caribe, ou 182 milhões de pessoas, vive na pobreza, ante 34,1% (184 milhões de pessoas) em 2007. Por sua vez, a indigência aumentou, ao passar de 12,6% no ano passado para 12,9% este ano, ou seja, de 68 milhões de pessoas para 71 milhões. A Cepal prevê que a desaceleração econômica mundial se refletirá na região em uma menor demanda de bens de exportação e menor investimento no setor produtivo, junto com uma diminuição das remessas dos imigrantes. O emprego também estará estancado em 2009, alerta a Cepal, embora as remunerações reais se manterão, em média, sem variações ou sofrerão reduções leves. Neste contexto, é provável que a pobreza e a indigência cresçam levemente.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Generación Y


Acessando http://www.desdecuba.com/generaciony/ você ingressa num dos blogs mais visitados do mundo. Organizado pela cubana Yoani Sánchez, licenciada en filología e residente em La Habana, segundo ela mesmo escreve "y combina su pasión por la informática con su trabajo en el Portal Desde Cuba". Há muita informação interessantíssima sobre a lenta transição por que passa Cuba, como a que reproduzo a seguir:
"Ayer me fui a una conferencia sobre sexualidad que se dio en el Museo de Bellas Artes. Desde hace dos semanas, ha estado ocurriendo un ciclo de arte erótico, acompañado de películas y conversatorios. Justo este martes era el momento para escuchar sobre el tema de la incorporación de los transexuales a la sociedad y los prejuicios que aún subsisten contra ellos. Así que de camino a Alamar –donde está por estos días el Festival de Poesía sin Fin- me colé en el hemiciclo del antiguo Centro Asturiano."

O nome do blog é assim explicado:
"Geração Y é um Blog inspirado por pessoas como eu, com nomes que começam ou contém um ípsilon. Nascidos em Cuba, nos anos 70s e 80s, marcados pelas escolas da paisagem rural, bonequinhos russos, emigração ilegal e frustração. Por isso, convidamos especialmente Yanisleidi, Yoandri, Yusimí, Yuniesky e outros que arrastam os seus ípsilons, para ler e escrever para mim."

Uma brincadeira Yoani. A geração Y é formada por jovens ousados e independentes. Usam chinelo no escritório ou ouvem iPods em suas mesas. Eles querem trabalhar, mas não querem que o trabalho seja sua vida. Uma geração que ainda não atingiu 30 anos. O professor Jordan Kaplan, de Lond Island, Brooklin, Nova York, afirma que cresceram questionando seus pais e agora estão questionando seus empregadores. Eles não sabem se calar.

Avaliação da Educação no México


Aqui no Brasil custa algum governo compreender que os modelos de avaliação sistêmicas da educação são equivocados. Incluindo o IDEB. Não seria nem necessário ser muito radical e solicitar o óbvio, ou seja, a inclusão de dados e instrumentos qualitativos de investigação, além da superação da avaliação individual de desempenho do professor (já que a educação é um ato consorciado). Um exemplo de meio-termo é a Avaliação da Educação mexicana (INEE). Além da tradicional aplicação de provas junto aos alunos, incluem análise das condições materiais e recursos humanos das escolas e, o mais interessante, gestão escolar, processos pedagógicos desenvolvidos (sempre coletivos, diga-se de passagem) e indicadores do entorno escolar. O entorno escolar apareceu, finalmente, numa avaliação sistêmica do ensino público! A noção de qualidade educativa se amplia. Sobre o entorno escolar, procura-se analisar a sua influência sobre os fluxos escolares e níveis de aprendizagem. Muito melhor que as propostas do Todos pela Educação. Muito melhor.

Pausa para Refresco


Dica de Nelson Motta:
A cantora paulista Cibelle, radicada em Londres há muitos anos e desenvolvendo ótima carreira internacional, é uma das queridinhas do Sintonia Fina. Longas turnês, muitos aplausos e críticas entusiasmadas marcaram seu segundo disco, "The Shine of Dried Electric Leaves". E, enquanto prepara o terceiro, fez uma participação especial na compilação que o pessoal do Nouvelle Vague fez com versões modernas de músicas de cinema. A da Cibelle é a melhor do disco. Ver http://www.sintoniafina.com.br/index.php?pilindex=1

Ocupação de Fábrica em Chicago


Recebo mensagem do professor Lúcio Flávio (PUC-SP) informando a ocupação de uma fábrica em Chicago. Algo pouco divulgado no Brasil. Reproduzo a notícia abaixo:

Workers Occupy Republic Factory in Chicago
Hundreds of people gathered Saturday afternoon at the Republic Windows factory on Chicago's Goose Island to lend their solidarity to Republic workers, who occupied the plant on Friday. The workers have vowed to continue the occupation until they are paid back pay and benefits, or until the plant is re-opened -- by the owners or by the workers themselves.

Subgoverno de São Paulo (2)


O Decreto (53.771) publicado ontem no Diário Oficial do Estado de São Paulo que cria as subgovernadorias institui o programa "Integra São Paulo". O tema da integração é recorrente nos debates de administração pública estadual. Ocorre aqui em Minas Gerais e na semana passada ouvi dos dirigentes do governo da Bahia que é tema prioritário para eles. No Maranhão, a descentralização administrativa do governo estadual já está de vento em popa. O Decreto cria:
a) No artigo 1, inciso I: os centros integrados regionais de governo, "que abrigarão em um só local um conjunto de órgãos públicos, com o objetivo de representar o governo do Estado na região administrativa";
b) inciso II: "a constituição do conselho de integração de ação regional - CIAR";
c) os CIAR terão como finalidades: sediar órgãos regionais numa única sede e integrar ações regionai;
c) A Secretaria de Economia e Planejamento coordenará os CIAR e será seu provedor;
d) Os CIAR também promoverão o intercâmbio de informações sobre ações setoriais do governo; compatibilização dos planejamentos setoriais; opinar sobre projetos de interesse regional; incentivar formas de participação da sociedade no diagnóstico de necessidades e potencialidades.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Subgoverno em São Paulo


José Serra acaba de anunciar que criará subgovernadorias no Estado de São Paulo. O Decreto será publicado hoje no Diário Oficial. Também serão criados Conselhos de Integração de Ação Regional (CIAR), coordenados pela Secretaria de Economia e Planejamento. Grande idéia. Sugerimos isto ao governo Aécio, desde sua primeira campanha, mas até hoje só está registrado no seu programa de governo. A unificação regional, estima-se em SP, deve economizar 30 milhões de reais por ano. Também será criado unidades de serviços compartilhados (USC). Em Montes Claros, nossa equipe do Instituto Cultiva ajudou a criar as Unidades Administrativas Intersetoriais (UAIs).

Henrique Meirelles na frigideira

A campanha pela queda de Henrique Meirelles nos bastidores de Brasília parece corrida de cavalo: todos disputam quem será o pai da criança. Meirelles vive dias de muito ataque.

Ainda Zé Dirceu

A Folha de SPaulo publica rápida entrevista com Zé Dirceu, onde ele afirma que fará campanha, em 2009, para reconquista de seus direitos políticos. Pergunta 1: isto é notícia? Pergunta 2: isto é tema de campanha, em época de crise?

domingo, 7 de dezembro de 2008

Demissões na Vale e na CEMIG


Mais demissões:
1) A Companhia Vale do Rio Doce vai demitir, aproximadamente 1250 trabalhadores por conta da crise internacional, sendo 250 em Minas Gerais e 200 no exterior.

2) A CEMIG, por seu turno, inicia demissão de 1.000 funcionários.

Grande Imprensa e Rancor


Li os jornais da grande imprensa de hoje, domingo, e fico admirado com o rancor das opiniões e análises a respeito do governo Lula. Falta equilíbrio. O texto de Elio Gaspari de hoje é infeliz. A palavra de ordem é criticar o triunfalismo de Lula e desmerecer a opinião de mais de 70% da população que avalia positivamente o governo federal. Aprendi que jornalista não briga com fatos. Mas, no jornalismo pós-moderno do século XXI, onde a estética vale mais que a informação e o dado, esta máxima não tem valor algum. Seria mais importante gerar uma matéria de fundo para entendermos o imaginário do brasileiro que avalia positivamente o governo Lula. Seria mais jornalismo. Mas a grande imprensa brasileira se partidarizou. Não necessariamente a favor de um partido. Mas sempre a favor de uma curta visão de mercado. Perdem os eleitores. E lembro que não sou triunfalista em relação ao governo Lula. Basta uma rápida lida nos drops que posto neste blog.

sábado, 6 de dezembro de 2008

A crise bate na nossa porta


A indústria já acusa o golpe. Em MG, sofreu uma retração de quase 2% em outubro (a terceira queda consecutiva no ano). Os Estados com maior retração industrial foram Rio Grande do Sul (5,5%), Bahia (3,9%), Amazonas (3,5%) e Minas (1,9%). Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) as vendas de automóveis registraram em novembro queda de 25% em comparação com o mês anterior. A produção de carros também foi afetada e caiu 34% de outubro para cá. Os empréstimos anunciados no mês passado pelo governo federal e estadual, que somaram praticamente R$ 8 bilhões, para injetar recursos e garantir crédito para o consumidor final foram absorvidos apenas no fim do mês. De acordo com Schneider, a queda poderia ter sido maior sem esse dinheiro: “aos poucos, ele começa a ser absorvido pelo mercado: o dinheiro da Nossa Caixa ainda não foi liberado e o Banco do Brasil disponibilizou R$ 2 bilhões". Pela primeira vez em seis anos, período em que a indústria cresceu cerca de 10% ao ano, a Anfavea notou demissões no período: 0,4% (480 funcionários).

O OP Digital de Fernando Pimentel


Chego de Salvador e vejo pelas ruas faixas destacando onde estariam as "obras do OP Digital". Cinco grandes obras viárias que a "população" vota pela internet. Continuo achando mais um absurdo do petista-tucano Fernando Pimentel. O OP não existe apenas para se escolher diretamente as obras, mas é uma experiência pedagógica, onde se ouve moradores de outros bairros apresentarem seus problemas. Assim, estimulamos a solidariedade porque deixamos de pensar apenas na nossa rua ou bairro. Aprendemos a pensar a cidade como um todo. No OP Digital o ato é individual, solitário. Não há interação. E a Prefeitura de BH divulga como uma inovação à metodologia do OP. É um atraso. No site Leitura para Amadores encontramos um breve relato sobre o OP deste ano:
"Com uma semana de votação pouco mais de 12 mil votos, numa cidade com 1 milhão e 700 mil eleitores. A obra que tem 5.700 votos é a obra do “populoso e popular”, BELVEDERE, isso mesmo, Belvedere. Se você se assustou com isso, só para piorar a obra menos votada com pouco mais de mil votos está localizada no “pequeno bairro rico” do BARREIRO. "

Belvere é o bairro dos "novos ricos" de BH e Barreiro é um importante bairro operário. Precisa dizer mais?