tag:blogger.com,1999:blog-42085757734995045882024-03-14T11:11:29.127-03:00RUDÁ RICCI DE ESQUERDA EM ESQUERDARudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.comBlogger6941125tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-34158007233164852382014-06-07T16:00:00.001-03:002014-06-09T22:02:15.147-03:00ESTE BLOG MUDOU DE ENDEREÇO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.rudaricci.com.br/"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKPwdkf0lvjQCwCbtF2gNWQGQaXQCAUDZfMSzwh9lrzchTNxVAqY-pH7wy_KxfiLwrQRysfqSzddmPLceyTTRe5U0uxSljwn_anAPVoodCjp0A141G6BQHTHng4pO19oql7_yrUchoJTDb/s1600/Novo+Site+Ruda+Ricci.png" height="300" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Análise de imprensa, notícias, comentários, vídeos inéditos do novíssimo Canal 15 Minutos #SQN, imagens e os textos com a profundidade a visão que você já está acostumado.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><a href="http://www.rudaricci.com.br/">www.rudaricci.com.br</a></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Aguardamos sua visita!</span></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-69123938796018961302014-05-13T12:59:00.001-03:002014-05-13T12:59:29.014-03:00Minha entrevista para a Revista Fórum (sobre a política das novas gerações)<header class="entry-header" style="color: #363636; font-family: 'Open Sans', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 24px;"><h1 class="entry-title" itemprop="name" style="font-family: 'Carrois Gothic', Arial, sans-serif; font-size: 24px; font-weight: normal; line-height: 30px; margin: 0px; padding: 20px 70px 20px 20px; text-rendering: optimizelegibility; text-transform: uppercase; word-wrap: break-word;">
A OUTRA POLÍTICA QUE EMERGIU DAS RUAS</h1>
<div class="entry-format border" style="background-image: url(http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/themes/wp-pravda/img/sprites.png); background-position: 0px 0px; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-bottom-left-radius: 70px; border-bottom-right-radius: 70px; border-top-left-radius: 70px; border-top-right-radius: 70px; border: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.2); color: #929292; font-size: 18px; height: 46px; position: absolute; right: 10px; text-align: center; top: 10px; width: 46px;" title="standard">
<span class="icon-file-alt" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; background-image: none; background-position: 0px 0px; background-repeat: repeat repeat; display: inline; font-family: FontAwesome; height: auto; line-height: 47px; margin-top: 0px; position: relative; text-decoration: inherit; vertical-align: baseline; width: auto;"></span></div>
</header><div class="entry-thumb" style="color: #363636; font-family: 'Open Sans', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 0; position: relative;">
<img alt="A outra política que emergiu das ruas" src="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/nas-ruas-2.jpg" style="border: 0px; display: block; height: auto; max-width: 100%; vertical-align: middle; width: 770px;" title="A outra política que emergiu das ruas" /></div>
<div class="entry-content" itemprop="articleBody" style="background-color: white; color: #363636; font-family: 'Open Sans', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 24px; padding: 20px;">
<div class="flare-horizontal flare-position-top-left flare-backgroundcolor-none enablecounters enabletotal countloaded countloadfinished" data-humbleflarecount="5" style="clear: both; min-height: 60px; padding-bottom: 10px; position: relative; width: 730px;">
<span class="loading"></span><span class="flare-button-count" style="-webkit-transition: opacity 0.5s; bottom: 15px; color: #222222; display: block; font-family: sans-serif; font-size: 10px; left: 30px; line-height: 1px; opacity: 1; position: absolute; text-align: center; text-shadow: rgb(255, 255, 255) 0px 0px 1px; transition: opacity 0.5s; width: 24px;"><br /></span><span class="flare-flyout flare-flyout-facebook" style="bottom: 40px; height: 0px; left: 30px; margin-bottom: 0px; margin-left: -6px; margin-top: -15px; min-width: 0px; overflow: hidden; padding: 6px 0px 0px 6px; position: absolute; width: 145px; z-index: 10;"><span class="flare-iframe-wrapper" data-code-snippet="<iframe src="//www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fwww.revistaforum.com.br%2Fdigital%2F146%2Foutra-politica-que-emergiu-das-ruas%2F&send=false&layout=button_count&width=120&show_faces=false&action=like&colorscheme=light&font&height=21" scrolling="no" frameborder="0" style="border:none; overflow:hidden; width:120px; height:21px;" allowTransparency="true"></iframe>" style="bottom: 10px; left: 16px; line-height: 15px; min-height: 15px; position: absolute; top: 12px; width: 105px;"><iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="http://www.facebook.com/plugins/like.php?href=http%3A%2F%2Fwww.revistaforum.com.br%2Fdigital%2F146%2Foutra-politica-que-emergiu-das-ruas%2F&send=false&layout=button_count&width=120&show_faces=false&action=like&colorscheme=light&font&height=21" style="border-style: none; height: 21px; max-width: 100%; overflow: hidden; width: 120px;"></iframe></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Há quase um ano das jornadas de junho, que reuniu milhares de manifestantes pelo Brasil, o sociólogo Rudá Ricci lança livro sobre o que significou a onda de protestos que o País não via desde o impeachment de Collor</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<em>Por Adriana Delorenzo (Fotos: Reprodução/Patrick Arley)</em></div>
<div class="wp-caption alignright" id="attachment_2569" style="border: 1px solid rgb(240, 240, 240); float: right; margin: 5px 0px 20px 20px; max-width: 96%; padding: 5px 3px 10px; text-align: center; width: 230px;">
<a href="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/ruda-ricci.jpg" rel="prettyphoto[2563]" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; color: #c2374c; outline: none !important; text-decoration: none; transition: all 0.2s linear;"><img alt="ruda ricci" class="size-full wp-image-2569" height="165" src="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/ruda-ricci.jpg" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; height: auto; line-height: 0; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px; transition: all 0.2s linear; vertical-align: middle; width: auto;" width="220" /></a><div class="wp-caption-text" style="color: #757575; font-size: 11px; font-style: italic; line-height: 17px; padding: 0px 4px 5px;">
Rudá Ricci: nas ruas, jovens foram ao encontro da política (Divulgação)</div>
</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Os protestos de junho de 2013 trouxeram ao Brasil a experiência de manifestações já experimentadas na Primavera Árabe, na Espanha e nos Estados Unidos, com o Occupy Wall Street, entre outras mobilizações organizadas pelas redes sociais. Quem são esses jovens que foram às ruas questionar as instituições atuais e os limites da democracia representativa?</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Das ruas nasceu a ideia do livro recém-lançado pelo sociólogo Rudá Ricci, com imagens de Patrick Arley, que busca explicar as manifestações e o seu legado. <em>Nas ruas – a outra política que emergiu em junho de 2013</em> (Editora Letramento) traz reflexões sobre as novas formas de organização de uma juventude plural quanto às pautas levadas aos protestos.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Leia a seguir a entrevista com o autor, que dá pistas para entender o que mudou.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – Em seu livro, o senhor fala de uma outra política que emergiu em junho de 2013. Como é essa nova política?</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Rudá Ricci –</strong> É principalmente a forma e o método, não o conteúdo. As manifestações de junho revelaram essa nova juventude, que surpreendentemente parte da imprensa e dos sociólogos tentou classificar a partir do que aconteceu em São Paulo, que foi absolutamente distinto do que aconteceu nas outras cidades onde ocorreram manifestações em junho. Uma parte identificou como sendo de direita e, na verdade, o que a gente viu foi uma juventude que é expressão do que vários estudos, principalmente da Europa, mas também do Brasil, vêm identificando como geração Y. É uma geração de jovens, entre 20 e 30 anos, que teve um tempo de convívio com a sua família muito pequeno, inclusive em função das exigências do mercado de trabalho. Temos teses defendidas em diversas universidades que vêm revelando que, nos grandes centros urbanos brasileiros, o tempo de convívio familiar de jovens acima de 15 anos que ainda moram com os pais é de uma hora e meia por dia. Isso soma a manhã, quando eles acordam, depois os pais vão trabalhar e os filhos vão para a escola, e depois à noite, quando eles retornam. E a rotina é cada um em seu computador ou vendo televisão. Isso significa que aquele papel das famílias – do século XVII para cá – de socialização primária, de aprendizagem da convivência, valores e assim por diante, está completamente interditado ou comprometido desde os anos 1980, principalmente a partir dos anos 1990.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
O que os estudos vêm revelando? Que esses pré-adolescentes, adolescentes e jovens estão aprendendo a linguagem, os valores, a forma de se vestir e de se comportar com tribos urbanas, grupos, comunidades muito fechadas, que se autoprotegem e têm uma fortíssima afinidade pessoal. A marca da relação é a afetividade. Esse tipo de criação, de núcleos de solidariedade comunitárias dos jovens, que alguns chamam de subcultura juvenil, se expressa de maneira totalmente ajustada nas redes sociais.</div>
<div style="margin-bottom: 10px;">
<a href="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/IMG_3293.jpg" rel="prettyphoto[2563]" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; color: #c2374c; outline: none !important; text-decoration: none; transition: all 0.2s linear;"><img alt="IMG_3293" class="aligncenter wp-image-2595" height="274" src="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/IMG_3293.jpg" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px; display: block; height: auto; line-height: 0; margin: 5px auto; max-width: 100%; transition: all 0.2s linear; vertical-align: middle;" width="410" /></a><br />A forma como os jovens interpretam o seu envolvimento nas redes sociais é que eles estão fechados em comunidades. É como se eles estivessem no palco e só vissem alguns atores, e não toda a plateia. É uma sensação que também adultos experimentam quando assistem a um filme no cinema; de repente ele entra na tela e esquece que está sentado junto com mais pessoas. É uma transferência, meio fantasiosa, para uma outra realidade. Isso explica porque muitos jovens acordam de manhã e põem no Facebook: ‘Hoje não acordei bem’. Para uma pessoa da minha idade, tenho 51 anos, parece que é uma loucura, que devassa a privacidade, a intimidade. Mas não é exatamente assim que funciona para os jovens. Eles não estão postando para um cara do Japão ver. Eles estão postando para dali a pouco os seus amigos de sua comunidade começarem a vir ao seu encontro. E vão. É muito interessante quando uma pessoa posta alguma coisa desse tipo, em pouquíssimos segundos começam a aparecer 10, 15 amigos, e falam “o que você tem”, “por que você não toma um chá?”.</div>
<div style="margin-bottom: 10px;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – É uma conversa entre a comunidade desse jovem…</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Ricci –</strong> É a família. O conceito que a gente tinha de família no mundo moderno. Esse conceito de educação das famílias do século XVII para cá se transportou agora para essas comunidades juvenis. E as manifestações de junho expressaram social e publicamente essa soma de inúmeras comunidades. É uma bobagem gente da minha idade, ou nós de esquerda, exigirmos que eles exponham uma pauta fechada, porque a história de vida deles é uma pauta aberta e, mais do que isso, quando eles se encontram em comunidade não é público. Eles se organizam em pequenas comunidades. Às vezes são milhares, mas mesmo assim são pequenas, três mil – vale lembrar que o pessoal do rolezinho chegou a 60 mil –, mas não é algo tão grandioso como uma ágora pública. Eles vivem as comunidades como uma expressão das intenções pessoais. A individualidade é muito forte para eles. O sentimento, a angústia, a solidão, as músicas, o desejo, a frustração, tudo isso é tema central nas redes sociais. Eles não têm valores muito claros da política. São muito revoltados, têm um ressentimento muito grande em relação ao espaço público. Seria pedir demais que essa juventude, abandonada pelos adultos, tivesse a capacidade de elaborar uma pauta. O que eles tinham eram desejos individuais ou grupais expressos em cartolinas que eles iam preenchendo na hora. Essa é a nova política.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
O que a gente tem que entender é que o espaço público para os pré-adolescentes, adolescentes e jovens até 30 anos, hoje, em função de toda essa característica sociológica onde eles estão mergulhados, não é do espaço público. E eles se somam a partir de identidades individuais e grupais. Nesse sentido, junho foi um carnaval político. Como todo carnaval, cada um vestido do seu jeito, indo além do limite, transgredindo, dentro da ordem. Muitos deles tinham expressões, inclusive, de comportamento de roqueiro. As ruas foram uma expressão de afetividade e dessa característica grupal dos jovens.</div>
<div style="margin-bottom: 10px;">
<a href="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/IMG_3294.jpg" rel="prettyphoto[2563]" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; color: #c2374c; outline: none !important; text-decoration: none; transition: all 0.2s linear;"><img alt="IMG_3294" class="aligncenter wp-image-2596" height="308" src="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/IMG_3294.jpg" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px; display: block; height: auto; line-height: 0; margin: 5px auto; max-width: 100%; transition: all 0.2s linear; vertical-align: middle;" width="461" /></a><br />Não podemos falar que eles são contra partidos porque eles não se expressam em partidos. Eles não se expressam em associações, em pastorais. Eles são dessa geração abandonada e grupal, tribal. O que estou querendo dizer é que, primeiro, nós não tivemos cuidado e paciência para enxergar o que eles são. A gente quis enquadrá-los e rotulá-los dentro das certezas, inclusive teóricas, que nós construímos na nossa vida adulta.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
O segundo ponto é que foi a primeira vez em que pré-adolescentes, adolescentes e jovens experimentaram a ocupação do espaço público nos últimos 12 anos com o advento do Lulismo e a mobilidade social fantástica no Brasil. Nesse sentido, junho foi uma escola de formação política, e nós, adultos, não cumprimos o nosso papel. Nós aplacamos esse pessoal.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Tinha gente fascista, tinha. Mas era a minoria. A direita não existe como expressão política no Brasil. Eles só vivem por golpe.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Essa é a primeira expressão mais importante, expressão da juventude, do afeto, da fragmentação. Da ausência de uma pauta unificada, de uma organização central. É uma somatória de comunidades que se expressam nas redes sociais, mas não só, já se expressavam antes. De jovens que hoje não têm convívio com a sua família. Então a sua família é um grupo.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – Mas podemos dizer que a pauta do transporte unificou o início das manifestações?</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Ricci –</strong> Por vários fatores. Em primeiro lugar porque envolve jovens. Era uma pauta específica de jovens, principalmente universitários e secundaristas, que já estavam em luta há pelo menos cinco anos. Que fizeram a “Revolta do Buzu” e “Revolta da Catraca”. Estavam no Sul e no Nordeste. Já estavam nas ruas. A diferença é que houve o estopim por conta da violência. Mas havia um ressentimento que estava latente no Brasil. Isso porque, no mês anterior, em maio, houve o boato do fim do Bolsa Família, que levou 920 mil beneficiários à Caixa Econômica Federal em três dias. Isso já revelava o sentimento da população que tem uma melhor avaliação sobre o Lulismo, que já sentia insegurança em relação à economia. Para algo ser verossímil, um boato, precisa ter um certo pé na realidade. Essa boataria e a reação de quase 1 milhão de beneficiários já revelava que tinha uma percepção popular de que a economia não estava indo bem. Ou seja, aquela euforia de 2010, no último ano de Lula, já tinha se dispersado no ano passado. Tanto que, com as manifestações de junho, o impacto sobre grande parte da população que não estava na rua foi enorme. Ou seja, houve uma comoção nacional. Caíram os índices de popularidade da Dilma e de todos os outros políticos. A interpretação que eu faço é que a gente já tinha, no final de 2012, e em 2013, uma sensação grande no Brasil de que a política não estava mais representada. Junho mostrou que grande parte dos jovens, – que tem uma postura histórica cínica em relação à política, ou seja, “eu só voto porque é obrigatório, porque tudo é um nojo” – na rua, em protesto, estavam indo ao encontro da política. Por isso, a proposta da Dilma do plebiscito era fantástica. Porque o que eles estavam dizendo é o seguinte “vocês são ruins”, “não gosto de vocês”, mas “nós estamos falando com vocês, e a gente quer mudanças”.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
O que havia antes era um cinismo fortíssimo no Brasil e isso ficou evidente num livro que saiu no final do ano passado, <em>Vozes do Bolsa Família</em> <em>[de Alessandro Pinzani, Walquiria Domingues Leão Rego/Editora Unesp].</em>Foram cinco anos de entrevistas com as mulheres beneficiárias do programa em vários estados do país. O livro revela exatamente isso que eu estou falando. Ao invés de aparecer um curral eleitoral, o que aparece são mulheres muito pragmáticas, sofridas, que acham que elas têm direito ao Bolsa Família porque os “políticos roubam”. Elas identificam que Lula e o PT fazem parte dessa corja, e elas dizem que se não fossem obrigadas, não votariam. Daí perguntam a elas em quem votaram nas últimas eleições para presidente: para o Lula. “Mas acabaram de falar que todo mundo é igual”, e as mulheres respondem: “ele hoje é igual, mas um dia ele foi pobre como a gente”. Aí tem um traço de identidade. Ou seja, quando eu voto, faço uma comparação, e aí o diferencial é que elas acham que o Lula sente porque sabe o que é pobreza e fome.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Tento traçar uma linha com esses dados que a gente tem hoje de um dos segmentos que não saíram às ruas, de coerência ou de convergência entre essa postura cínica e pragmática de grande parte da população brasileira. Ou seja, já que eu tenho que votar porque tudo é a mesma coisa, voto sem compromisso nenhum naquele que eu acho que pelo menos pode fazer uma coisa por mim. É a postura ativa, não passiva, que foi a dos meninos em junho, essa é a nova política. Além de ela ser muito estranha, com valores totalmente diferentes do mundo moderno do século 20, nós também estamos vendo um jeito de dialogar com a política pela agressão, pelo confronto, que os velhos que comandam a política institucional no Brasil não souberam captar e dialogar. Talvez a única que tenha feito isso foi a Dilma. E mesmo assim alguns parlamentares do PT ficaram desesperados com a proposta dela, porque perderiam poder se tivesse plebiscito. Ficaram contra porque são conservadores e esses jovens são absolutamente progressistas.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
As manifestações de junho tinham um <em>ethos</em> de esquerda, não tinha nada de direita, embora tivesse gente de direita. Eles ocuparam o espaço público, confrontaram os valores conservadores, queriam a participação na política, falavam de uma pauta de questões públicas, falavam de política para todos, não eram racistas, a maioria defendia a agenda de ampliação de direitos civis. A pauta do transporte foi estopim nas cidades onde o MPL [<em>Movimento Passe Livre</em>] já estava presente, mas em Belo Horizonte não foi. Em Recife não foi. Em Brasília não foi. Nas cidades do interior não foi. Foi basicamente em São Paulo e no Sul. E daí, como a imprensa paulista é muito forte, ela meio que impôs uma interpretação, que na verdade não fazia parte do resto do país.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – O livro traz um capítulo sobre Belo Horizonte. Quais foram as principais características dos protestos na capital mineira?</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Ricci –</strong> Não dava para publicarmos sobre muitas cidades, escolhemos fazer um estudo de caso sobre BH. Os comitês populares da Copa também identificaram Belo Horizonte como a mobilização mais organizada do país. O que BH tinha? Já havia reuniões discutindo as manifestações na Copa num sindicato de esquerda, o Sindrede, que estava cedendo o local para reunir o Comitê de Atingidos pela Copa de BH (Copac). O comitê organizava todos aqueles que foram impactados negativamente pelas obras de preparação da Copa, inclusive da Copa das Confederações. Eram as prostitutas, que têm como ponto as imediações do Mineirão e também das vias que ligam o centro ao Mineirão; os vendedores barraqueiros. São mais de 150 famílias. Aqueles que foram despejados de suas moradias no entorno das obras. Esse pessoal do comitê participou, no início de 2013, de um seminário na FAU/USP, coordenado pela Raquel Rolnik, que é a principal intelectual referência de todos os comitês populares da Copa no Brasil inteiro. Eles despertaram, nesse seminário, para a questão dos impactos negativos das obras. Estavam fazendo as reuniões para discutir. Esse pessoal começa a convocar uma série de ações nas ruas, que eles chamam de “copelada”, era para jogar futebol e discutir. Resolveram fazer uma “copelada” maior no primeiro jogo da copa das confederações na Savassi. Quando eles postaram o evento no Facebook já tinha acontecido a manifestação em São Paulo, do dia 13. Quando postaram, levaram um susto, tinha mais de 30 mil pessoas confirmadas. Perceberam que ia ser muito forte. Ali já tinha uma pauta absolutamente fragmentada. O Copac convocou as manifestações contra os gastos da Copa: “Queremos um país padrão Fifa”. Mas tinham as feministas, a população de rua. Ali já se percebia que não tinha essa pauta de São Paulo, do transporte.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Era uma festa, nunca tinha visto isso nem na campanha pelas Diretas. Na Diretas, quem deu o tom foram os partidos de esquerda. Em 1992, no <em>impeachment</em>, eram os jovens com a UNE. Parece que a cada dez anos, temos essa explosão de um país que é desigual. Essas manifestações têm cada vez menos instituições comandando. Uma era partido, depois os estudantes, daí o Lula ganha e nós temos junho com cultura anarquista e autonomista.</div>
<div style="margin-bottom: 10px;">
<br />Vemos que essas saídas da esquerda tradicional goraram nos últimos dez anos. A gente tem que ser humilde para saber que existe um outro jovem. Quando a gente era jovem, assustamos o pessoal do partidão. Agora, esses meninos estão assustando a gente, que fundou o PT, a CUT. Em vez de ficar assustados, temos que lembrar do nosso passado e não ir pra cima. Acho que a Marilena Chauí fez um desserviço ao país ao falar que os protestos lembravam a origem do fascismo.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – E o que podemos esperar das manifestações durante a Copa do Mundo?</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Ricci –</strong> Não podemos esperar desse tipo de protestos – vale lembrar que tivemos também os rolezinhos, e acho que estamos a um ponto de ter manifestação dos beneficiários do Bolsa Família – que haja mudança institucional, porque os meninos não querem saber do campo institucional. São movimentos provisórios, iguais à Primavera Árabe, ao M-15, na Espanha, ao Occupy, à Revolução das Panelas, na Islândia, e também na Argentina, nas assembleias populares que derrubaram o [<em>Fernando</em>] De La Rua. Em nenhuma dessas grandes manifestações populares de protesto se constituiu um movimento social. Foram só mobilizações e nenhuma mudou, de fato, o campo institucional, pelo contrário. O De La Rua caiu, logo depois vem o Kirchnerismo. Na Islândia, veio a socialdemocracia. E no ano passado voltaram de novo todos os partidos que haviam derrubado com a Revolução das Panelas. Eles não têm a lógica do século 20, não olham para o campo institucional, fazem uma mobilização que é uma expressão emocional.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Vai ter manifestação em junho porque estão se preparando, estão fazendo reuniões periódicas, já fizeram com o MST, MAB, feministas, quilombolas, indígenas. Vai ter e sabem que vai ter violência. Os comitês não são violentos, não têm nada a ver com Black Block, mas perceberam que os governos não chamam para dialogar. Acho que as manifestações vão ser bem menores, porque estamos falando de Copa do Mundo, é o Brasil de chuteira. O impacto vai ser pequeno, porém, se o Brasil for mal na Copa, e a economia continuar andando mal, uma manifestação na rua pode ser um canal da expressão dessa insatisfação. Aí é o imponderável e eu não saberia dizer. Temos um ambiente que pode ser explosivo. Duvido nesse momento, mas se a seleção brasileira for mal, talvez canalize.</div>
<div class="wp-caption alignright" id="attachment_2589" style="border: 1px solid rgb(240, 240, 240); float: right; margin: 5px 0px 20px 20px; max-width: 96%; padding: 5px 3px 10px; text-align: center; width: 215px;">
<a href="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/nas-ruas.jpg" rel="prettyphoto[2563]" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; color: #c2374c; outline: none !important; text-decoration: none; transition: all 0.2s linear;"><img alt="nas ruas" class="size-medium wp-image-2589" height="300" src="http://www.revistaforum.com.br/digital/wp-content/uploads/2014/05/nas-ruas-205x300.jpg" style="-webkit-transition: all 0.2s linear; border: 0px none; height: auto; line-height: 0; margin: 0px; max-width: 100%; padding: 0px; transition: all 0.2s linear; vertical-align: middle; width: auto;" width="205" /></a><div class="wp-caption-text" style="color: #757575; font-size: 11px; font-style: italic; line-height: 17px; padding: 0px 4px 5px;">
Obra também traz imagens de junho de 2013</div>
</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Fórum – Outro debate reacendido após junho de 2013 é sobre a lei antiterror. Como o senhor vê essas propostas?</strong></div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
<strong style="margin-bottom: 15px;">Ricci –</strong> Sobre a lei antiterror, estou abismado com a reação do Governo Federal, principalmente do Ministério da Justiça. Se pegarmos a escalada do discurso da reação, depois da proposta da Dilma de diálogo pelo plebiscito, você vai ver que é uma postura fascista contra as manifestações de jovens. O que o governo fez em outubro: chamou uma reunião dos secretários de segurança pública e o ministro da Justiça [<em>José Eduardo Cardozo</em>], que falou em separar o joio do trigo – e aqueles que são violentos seriam presos e criminalizados – , só não explicou como ia fazer isso, já que Black Bloc não é um grupo, é uma tática. Existem vários grupos Black Bloc nas manifestações, não um só.</div>
<div style="margin-bottom: 10px; text-align: justify;">
Depois dessa reunião, temos o Manual da Garantia da Lei e da Ordem. E no final, o manual diz explicitamente que é preciso conter os movimentos sociais no Brasil. Não fala em protesto, fala em movimento social. Temos, com a morte do jornalista no Rio [<em>Santiago Andrade</em>], algo que nunca imaginei que iria ver, uma liderança sindical do PT, como Paulo Paim, se desesperar e falar que tinha que votar com urgência a lei antiterror. Essa sim é uma postura fascista do Governo Federal. É intolerância, criminalização. Isso é um absurdo no Brasil, e muda totalmente o tom do Lulismo. A questão central é: como a Dilma, que, na época do AI-5, pegou em armas, imagina que os jovens vão reagir, criminalizando todos indistintamente como potenciais terroristas? O que ela poderia ter feito? Chamado publicamente todos os comitês populares da Copa. Essa é a cultura que foi criada originalmente no PT, do diálogo. De tentar criar uma pauta comum. Era essa noção de política pública do PT. É tentar expressar as demandas sociais numa política de Estado. E não uma política ultraconservadora e reacionária, de usar o aparelho de Estado contra o cidadão. Nós já temos leis suficientes para prender quem cometeu um crime.</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-54279177751956535922014-05-07T18:40:00.002-03:002014-05-07T18:40:52.495-03:00Carta do I Encontro dos/das Atingidos/as pela Copa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKVLvk9C-duLhUuW5zsDDftS5JdxL5xs0Vaez17yXeBsq0YX1UUHbiXvS0XgMWqvEFbd8AOcDfajtRZiZeraXezmDBJLeHumyQXX3ADMA4sEoqslk5HpTLun20TrmPS7Azsxc_17_cgcXf/s1600/atingidos+pela+copa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKVLvk9C-duLhUuW5zsDDftS5JdxL5xs0Vaez17yXeBsq0YX1UUHbiXvS0XgMWqvEFbd8AOcDfajtRZiZeraXezmDBJLeHumyQXX3ADMA4sEoqslk5HpTLun20TrmPS7Azsxc_17_cgcXf/s1600/atingidos+pela+copa.jpg" height="206" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: center;">
<strong><span style="color: #222222; font-size: 18pt;"><br /></span></strong></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: center;">
<strong><span style="color: #222222; font-size: 18pt;">“Que um grito de gol não abafe a nossa história.”</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: center;">
<strong><span style="color: #222222; font-size: 14pt;">Carta do I Encontro dos/das Atingidos/as –</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: center;">
<strong><span style="color: #222222; font-size: 14pt;">Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Reunidos em Belo Horizonte no “I Encontro dos(as) Atingidos(as) – Quem perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos”, de 1 a 3 de maio de 2014, constatamos que as violações geradas a partir dos megaprojetos e da saga privatista é comum em todas as cidades-sede da Copa 2014. Afirmamos que a Copa e as Olimpíadas estão a serviço de um modelo de país e de mundo que não atende aos interesses gerais do povo trabalhador e dos setores oprimidos pelo sistema capitalista. A Lei Geral da Copa, INCONSTITUCIONAL e autoritária, escancara que o Estado funciona a serviço das corporações e das empreiteiras. Abaixo expressamos algumas dimensões do sofrimento do nosso povo, potencializados pelos megaeventos como a Copa e as Olimpíadas.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Moradia</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">A Copa intensificou aumento dos despejos e remoções violentas nas cidades brasileiras. Duzentos e cinquenta mil pessoas com suas famílias estão sendo desestruturadas, levadas para longe de seus lugares de origem, causando impactos na saúde, na educação, no transporte público, além da violência física e psicológica. Tem gente com depressão, se endividando, esperando por soluções que nunca chegam. São vítimas da especulação imobiliária que expulsa os pobres das áreas do seu interesse.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Histórias semelhantes de violências contra populações ocorrem em todo o território brasileiro. Não pedimos essa Copa da Fifa. Mais do que barrar a Copa, queremos barrar os despejos e remoções no Brasil. Nossa luta é antes, durante e depois da Copa, para que nenhuma família brasileira sofra a violência e humilhação de um despejo ou remoção forçada. Decidimos sair deste encontro com uma grande união para barrar os despejos e remoções no Brasil. Sairemos juntos daqui numa articulação permanente, e assim estaremos mais fortes. Por um Brasil sem despejos! Brasil sem remoção! Respeito ao cidadão!</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Trabalhadores e trabalhadoras ambulantes, catadores e da construção civil</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Defendemos e valorizamos os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras ambulantes vítimas das arbitrariedades da Fifa e do governo, como a imposição da Lei Geral da Copa que proíbe o comércio de produtos nas proximidades dos estádios. Enfrentamos a repressão por parte das prefeituras municipais que estão “higienizando” as cidades licitando para que grandes empresas controlem as ruas. A Lei Geral da Copa estabelece zonas de exclusão de 2 quilômetros no entorno das áreas da Fifa, estádios e áreas oficiais de torcedores com telões, onde apenas os patrocinadores oficiais poderão comercializar. É necessário fortalecer canais de comunicação para denunciar os casos de impedimento de trabalho e violações ao direito dos ambulantes. Também propomos um boicote aos patrocinadores da Copa, em solidariedade aos ambulantes.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Denunciamos também que as prefeituras tem dificultado o trabalho de catadores e catadoras de resíduos sólidos nas cidades-sede da Copa. Na construção civil a velocidade da execução das obras produziu 8 mortes nas arenas da Copa e mais 3 em outros estádios, e uma infinidade de acidentes graves. Exigimos que se intensifique o controle sobre a segurança dos operários nos canteiros de obra e a garantia plena de seus direitos trabalhistas, como o direito à greve.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Comunicação e Cultura</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">A comunicação é um direito humano, desrespeitado pela mídia hegemônica e pelo Estado. O oligopólio dos meios de comunicação invisibiliza e tenta calar as lutas populares. Os mesmos que detêm o poder político e econômico, utilizam a mídia para fomentar uma sociedade mercantilizada, excludente, cheia de preconceitos e opressões. Reforçando o extermínio da população negra com a criminalização da pobreza e a esteriotipação da mesma. Enquanto as reais consequências da Copa da Fifa no Brasil são ocultadas.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Reivindicamos a democratização dos meios de comunicação, a partir da revisão do marco regulatório da mídia, incluindo uma revisão da atual regulação das rádios comunitárias para que de fato a comunicação seja um direito humano, que vocalize a realidade do povo brasileiro e que seja diversa, popular e emancipadora. Defendemos o respeito aos midiativistas e à imprensa popular e independente.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Mulheres</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">As violações históricas sofridas pelas mulheres são acirradas com a Copa. Denunciamos o aumento da exploração sexual e do tráfico de mulheres, o acirramento da mercantilização do corpo feminino - exposto como disponível em diversas campanhas publicitárias, como a da Adidas, tornando-as mais vulneráveis a estupros e assédios de diversas ordens. Atingindo majoritariamente à mulher negra, através da precarização do trabalho e estereótipos mantidos pela mídia e todos os aparatos institucionais.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Pessoas em situação de prostituição também são alvo da violência do Estado, que se intensifica no período da Copa do Mundo com a higienização forçada das ruas, principalmente nas cidades-sede. Ademais, as experiências das Copas da África do Sul e da Alemanha demonstram que os megaeventos mercantilizam as vidas e os corpos das mulheres. O Brasil não pode fazer parte da rota! As mulheres trabalhadoras continuam a ser exploradas e mesmo nas falas críticas às péssimas condições de trabalho, as companheiras são invisibilizadas. Continuaremos na luta por melhores serviços públicos e equipamentos urbanos de qualidade – políticas universais de mobilidade, saúde, moradia e educação são pautas feministas e merecem total atenção.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Diversidade Sexual</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Pretendemos também estreitar os laços com os movimentos LGBTT, para somar espaços na luta pelo respeito à diversidade sexual antes, durante e depois da Copa.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Desmilitarização</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">A repressão do Estado às manifestações populares que questionaram a Copa intensificou o caráter de militarização da segurança pública pautada na identificação dos movimentos sociais como “inimigos internos”. Isto contribuiu também para dar mais força ao processo histórico de extermínio da juventude negra e da periferia pela polícia. A juventude deve ser respeitados em seu direito a se manifestar. O Brasil está vivendo uma escalada autoritária, onde governo e Congresso buscam criminalizar movimentos sociais. Devemos promover lutas contra as leis antiterrorista e antimanifestações. Defender a anistia dos processados e uma Campanha Nacional pela desmilitarização da Polícia Militar e desarmamento das Guardas Municipais.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">O povo palestino foi atingido diretamente pela Copa do Mundo no Brasil, uma vez que há um fluxo importante de financiamento saídos dos cofres públicos para o complexo industrial-militar israelense, sustentando a política do genocídio e o apartheid contra os palestinos.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Comunidades Tradicionais</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Entendemos que as injustiças aplicadas aos povos originários e tradicionais se agravam com os megaeventos. O projeto de desenvolvimento trazido com esses eventos impede a demarcação e titulação de nossas terras. O número de lideranças das comunidades tradicionais que estão sendo exterminadas e a intensificação dos conflitos entre indígenas e ruralistas são exemplos disso. A mesma situação enfrenta os/as pescadores/as de áreas extrativistas de pesca que perdem seus territórios de vida ameaçados pela especulação imobiliárias, hotéis, construção de portos, etc.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Vivemos hoje um contexto urbano, onde as lutas das cidades ganham muito mais pauta, mas entendemos que a mesma força que tira o direito à moradia é a que não deixa demarcar os territórios. Repudiamos a PEC 215/00 e outros mecanismos que visam impedir novas demarcações e titulações e abrem precedente para a revisão dos territórios já legalizados. Para enfrentar esta violência, os povos se organizam em mobilização nacional como forma de resistência, numa agenda de luta conjunta que culminará no Encontro Nacional Indígena e Quilombola, entre 25 e 29 de maio, em Brasília. Pela soberania dos povos aos territórios!</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Megaeventos e a financeirização da Natureza</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">A Copa de 2014 está sendo apresentada como copa sustentável, gol verde, parques da copa, copa orgânica, carbono zero, enfim, uma maquiagem verde que busca invisibilizar as violações de direitos, colocando a compensação como fato consumado e validando a economia verde e a mercantilização da natureza como mais uma falsa solução. Haja visto a quantidade de árvores que estão cortadas nas cidades da Copa, defendemos a campanha “Quantas copas por uma Copa? Nem mais uma árvore cortada!”</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Crianças e adolescentes</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Crianças e adolescentes estarão em situação de extrema vulnerabilidade durante a Copa em virtude das férias escolares, associadas à ausência de políticas públicas. Destaca-se a desvirtuação do papel do esporte, que passa por um duplo processo de elitização. Primeiro, como mercadoria pouco acessível, com ingressos e produtos caros. Segundo, como prática restrita a espaços privados e a setores privilegiados da sociedade. Neste contexto, as grandes máfias da exploração e do tráfico de pessoas poderão atuar com muita facilidade. É necessário e urgente criar campanhas de combate à exploração sexual e ao tráfico de pessoas nas escolas da rede pública, rede hoteleira, proximidades dos estádios e nas regiões turísticas. Deve ser incluída a capacitação dos profissionais do turismo e da rede hoteleira, o fortalecimento e ampliação das políticas de promoção dos direitos das mulheres e crianças e adolescentes. Não à redução da idade penal.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Mobilidade Urbana</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Diante do cenário de modelo mercadológico de gestão da cidade, é fundamental reconhecer a bandeira da Tarifa Zero e da PEC 90 (transporte como direito social) como passos para se criar condições para efetivação do direito à cidade e da participação popular na gestão das cidades. Combatemos o modelo de mobilidade urbana que privilegia o transporte rodoviário em detrimento do transporte de massa, ciclovias, etc. Combatemos também a privatização das cidades e de seus espações públicos como praças, ruas, etc.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">População de Rua</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">A organização da Copa do Mundo tem uma política social para a população de rua: abandono das políticas integradas, fechamento de equipamentos de assistência social (albergues e abrigos) e o aumento da violência e repressão das forças da segurança pública (Guarda Civil, Polícia Militar, etc.). O intuito é expulsar e coibir a população de rua das regiões centrais das cidades-sede da Copa do Mundo, gerando clima de insegurança e medo do que pode ocorrer antes, durante e depois dos jogos. Pelo fim do recolhimento e internação compulsórios.</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">Copa das Mobilizações</span></strong><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Diante de todo este cenário de violações e demandas concretas das comunidades e populações atingidas, é necessário fazer desta a Copa das Mobilizações. Não queremos a violência do Estado, mas a garantia e o fortalecimento dos direitos. Estar nas ruas durante a Copa do Mundo é um ato de fortalecimento da democracia e de avanço de um novo modelo de país que avance na participação direta do povo e na construção de políticas públicas efetivas em favor da justiça e igualdade social. Conclamamos a população a fazer desta a Copa das Mobilizações, mostrando ao mundo a força e a alegria do povo brasileiro em luta!</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">“Copa sem povo! Tô na rua de novo!”</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; padding: 0cm;">Só a luta transforma!! #copapraquem</span><span style="color: #222222; font-size: 9.5pt;"><span style="text-decoration: underline;"></span><span style="text-decoration: underline;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: whitesmoke; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; text-align: justify;">
<strong><span style="color: #222222;">ANCOP – Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa</span></strong></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-24554495768666920162014-05-06T12:21:00.000-03:002014-05-06T12:21:31.248-03:00Vai ter Copa ou não vai? (artigo para a revista Em Debate, da UFMG)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4w8YlfgypK_fL0TRaiqQ_5VVeOuzvFS9LOp98GerM5NAnAAafIaVe2vvqD9QXGj-JbQ8q3SllPTk7DDbKRjCSIgSXZ3hiQOx_My4g-0Tc9ZIom2wSJLy4Jo-IPn7L7FV82rsVbQdaNbQX/s1600/Datafolha+copa+abr+2014.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4w8YlfgypK_fL0TRaiqQ_5VVeOuzvFS9LOp98GerM5NAnAAafIaVe2vvqD9QXGj-JbQ8q3SllPTk7DDbKRjCSIgSXZ3hiQOx_My4g-0Tc9ZIom2wSJLy4Jo-IPn7L7FV82rsVbQdaNbQX/s1600/Datafolha+copa+abr+2014.jpg" height="320" width="261" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Vai ter Copa ou não vai?</span></strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Rudá Ricci</span></strong><a href="file:///C:/Users/Ruda/Desktop/Vai%20ter%20Copa.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Há momentos em que
aparentemente um país se desencontra. Poucos se entendem e tudo parece
estranho. Normalmente, esta sensação ocorre em momentos de mudanças sociais
significativas. Aliás, foi num momento desses que foi citada, pela primeira
vez, a palavra sociologia, num seminário realizado em Paris, no apartamento de
Auguste Comte. O pai da sociologia sugeria a criação de uma nova ciência que
pudesse analisar friamente (o autor, na verdade, sugeriu com neutralidade) o
que ocorria com a urbanização acelerada e a destruição de instituições
tradicionais e mudanças contínuas na paisagem social que, segundo ele, tiveram
início com a Revolução Francesa e o advento do que denominou de “filosofia
negativista” (de negação do passado).<o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Exageros teóricos à parte,
o Brasil parecia imerso num manto de prosperidade e mesmice até que, durante os
preparativos das festas juninas, as ruas rugiram, tal como se projetavam nas
janelas das classes mais abastadas das grandes cidades europeias do século XIX.
Assim como Comte, Baudelaire, Poe e Engels, estamos nós aqui buscando entender
o que faz as ruas serem tomadas por multidões e descobrir onde elas estavam,
até então. Começamos a pesquisar e sair com nossas mochilas nas costas, nossos
laptops e celulares, entrevistando, fotografando, investigando o novo.
Começávamos a formar o quebra-cabeça quando explodem os rolezinhos. E o país
mergulha outra vez na montanha russa. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O slogan “Não vai ter Copa”
só tem impacto porque é verossímil. E só emerge como ameaça porque o país não é
o mesmo de abril de 2013. Porque em maio do ano passado já havia algum sinal de
tempestade nos céus do país. Um simples boato sobre o fim do Programa Bolsa
Família provocou, em três dias, 920 mil beneficiários a enfrentar filas enormes
e sacar o resto de dinheiro que tinham em suas contas. Novamente, a boataria
para dar certo tem que ser verossímil. O que nos faz crer que os Comitês
Populares da Copa (os doze enfeixados na Articulação Nacional dos Comitês, a
ANCOP), que criaram o slogan no final de 2013, estão com ouvidos e olhos
atentos. Com efeito, em abril deste ano, o Datafolha verificou que 55% dos
brasileiros acreditavam que a Copa da FIFA trará prejuízos ao país. Algo inusitado
no país do futebol. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O que teria ocorrido? A
explicação está na profunda mobilidade social – num país que tradicionalmente
não tem mobilidade entre classes – que acometeu o país nos últimos dez anos. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype
id="_x0000_t75" coordsize="21600,21600" o:spt="75" o:preferrelative="t"
path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" filled="f" stroked="f">
<v:stroke joinstyle="miter"/>
<v:formulas>
<v:f eqn="if lineDrawn pixelLineWidth 0"/>
<v:f eqn="sum @0 1 0"/>
<v:f eqn="sum 0 0 @1"/>
<v:f eqn="prod @2 1 2"/>
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelWidth"/>
<v:f eqn="prod @3 21600 pixelHeight"/>
<v:f eqn="sum @0 0 1"/>
<v:f eqn="prod @6 1 2"/>
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelWidth"/>
<v:f eqn="sum @8 21600 0"/>
<v:f eqn="prod @7 21600 pixelHeight"/>
<v:f eqn="sum @10 21600 0"/>
</v:formulas>
<v:path o:extrusionok="f" gradientshapeok="t" o:connecttype="rect"/>
<o:lock v:ext="edit" aspectratio="t"/>
</v:shapetype><v:shape id="Imagem_x0020_1" o:spid="_x0000_i1025" type="#_x0000_t75"
style='width:293.25pt;height:325.5pt;visibility:visible;mso-wrap-style:square'>
<v:imagedata src="file:///C:\Users\Ruda\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image001.png"
o:title=""/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><!--[endif]--></span><strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Muito se alardeou nos
últimos anos sobre os 40 milhões de brasileiros que deixaram a margem da
sociedade – viviam abaixo da linha da pobreza – para serem incluídos pelo
consumo. Não foram incluídos pelos direitos ou pela política, o que geraria um
efeito político e social distinto do que efetivamente ocorreu. Motivado pelo
discurso otimista de Marcelo Neri, da FGV-RJ, projetou-se um país de classe
média. O Brasil estaria vivenciando algo similar ao que teria ocorrido nos EUA
na década de 1950. A leitura otimista dava conta da consolidação acelerada de
um imenso mercado consumidor interno que sustentaria um círculo virtuoso social
e economicamente. 2010 teria sido o ápice desta trajetória. O que não se disse
é que vivíamos lastreados nos investimentos chineses. Segundo estudo da China
Global Investment Tracker, o Brasil foi o principal beneficiário de
investimentos chineses em 2010: US$ 13,7 bilhões, excluindo-se os títulos
públicos e investimentos de menos de U$ 100 milhões. Para efeitos comparativos,
Nigéria e Argentina receberam em torno de US$ 8 bilhões cada um da China em
2010; e EUA e Canadá, por volta de US$ 6 bilhões cada, de acordo com os números
do levantamento. Em 2013, este volume se reduziu a 20%. E, pior, a China
decidiu competir com o Brasil na venda de produtos à Argentina, o terceiro
maior importador de produtos brasileiros (atrás de China e EUA). <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O fato é que a inclusão
pelo consumo logo revelaria as várias faces do Brasil. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A primeira, dos próprios
beneficiários. A inclusão pelo direito, como a luta social organizada numa
estrutura sindical ou num movimento social, fortalece o espírito coletivo e a
noção de cidadania ativa. A inclusão pela política, derivada da conquista pelo
voto ou pela militância partidária, também fortalece o espírito coletivo e as
instituições de representação. Mas a inclusão pelo consumo deriva em dois
comportamentos muito distintos. O primeiro, lastreado na noção de prestígio
pelos bens adquiridos. Antes das manifestações de junho era senso comum
análises de mercado que definiam os novos ícones do prestígio social dos
emergentes: smartphones, televisões de tela plana, viagens aéreas, aquisição de
casa própria e reformas das cozinhas de seus domicílios. A inclusão pelo
consumo aumenta o esforço familiar para não retornar ao estágio anterior e
tentar progredir. No máximo, forma-se uma subcultura comunitária que reforça o
interesse, mas se distancia da solidariedade da qual se alimenta o direito.
Porque o direito é universal, mas o interesse é grupal. O segundo comportamento
derivado é a dependência da ação estatal. Porque o Brasil não gerou mudança na
qualidade do emprego e, portanto, continua empregando pessoas de baixa
qualificação e praticando baixos salários. Para alimentar a euforia consumista,
o Estado necessita manter as políticas sociais de promoção social. Ocorre que
com a redução dos investimentos externos, em especial, chineses, o governo
federal preferiu ampliar a base de beneficiados a criar nova geração de
política de transferência de renda ou acompanhar as famílias já inseridas no
amplo mercado consumidor. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os rolezinhos foram, no
início deste ano, a maior expressão deste segmento emergente pelo consumo. Formados
por pré-adolescentes e adolescentes residentes nas periferias das capitais
brasileiras (em especial, do eixo centro-sul), os rolezinhos projetaram a voraz
ideologia consumista dos filhos daqueles que, anos atrás, saíram da pobreza
absoluta para se sentirem dignos pela compra de produtos top de linha. O
ambiente social desse grupo infanto-juvenil é, e sempre foi, o shopping center
da periferia onde vivem. A segurança do ambiente lhes proporciona a condição
básica para adquirir seus ícones de consumo, se alimentar e se divertir pelos
corredores iluminados e cercados por um clima de excitação permanente, onde
sempre é dia. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A reação das classes mais
abastadas que se acostumaram à ausência de mobilidade social brasileira foi
agressiva e imediata. Expuseram a cultura estamental que tolera o diferente
desde que permaneça nos seus locais de origem. Os espaços demarcados pela
diferença social foram revelados em poucos dias, em que a histeria dos adolescentes
era condenada cruelmente pela histeria que tomou conta dos frequentadores dos
centros comerciais de alto luxo, distantes dos centros da periferia que
sediavam os encontros em massa dos jovens da periferia. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Enfim, o Estado Provedor,
tal como se esboçou nos últimos dez anos, criou um país desencontrado, ou
melhor, um país que foi obrigado a encarar seu reflexo no espelho. Um Estado
que se legitima na medida em que mantém o sentimento de ascensão social, mas
que se enreda na crise da economia internacional. Na outra ponta, uma sociedade
historicamente engessada socialmente que estranha qualquer mudança social
acelerada. Mudanças, afinal, que conspurcam os espaços determinados para o
convívio de classes sociais distintas. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A situação parece ainda
mais complexa quando se percebe que a rede de entidades de mediação social
(ONGs, sindicatos e entidades confessionais) deixou de cumprir seu papel de
colher demandas e frustrações difusas na base da sociedade e se caminharam para
o envolvimento com arenas e convênios estatais. As ruas ficaram órfãs em meio à
agitação social que se espraiou pelo país nos últimos anos. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os protestos de junho,
embora motivados e liderados por outro segmento da juventude brasileira (jovens
de 20 a 30 anos, universitários, forjados nas comunidades fechadas das redes
sociais), abriram as comportas para os “novos brasileiros” (os brasileiros da
inclusão pelo consumo) se expressarem. Algo se quebrou na velha lógica do
cinismo político das classes menos favorecidas. Algo os motivou a expressar
mais claramente seus medos e ressentimentos e a desconfiar da tutela estatal.
Um grito contido que anunciava que talvez fosse possível outra forma de
relacionamento com o mundo político. Nada muito desenhado com precisão, mais
uma queixa raivosa que uma solução. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Este é o cenário dos
protestos que se avizinham. Um Estado acuado em país desencontrado. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O que é certo é que a Copa
da FIFA já não será aquela planejada pelas elites desportivas e políticas. A
seleção brasileira de futebol não será exatamente o Brasil de chuteiras. Os
brasileiros parecem mais desconfiados, mais exigentes. Parecem relacionar os
gastos com as obras de preparação do campeonato com o fim do clima de euforia
consumista que tomou o Brasil em 2010. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 16.2pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-line-height-alt: 9.5pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ocorrerão os jogos do
campeonato da FIFA. Mas não será mais a Copa que um dia colocou 90 milhões de
brasileiros em ação. <o:p></o:p></span></strong></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ruda/Desktop/Vai%20ter%20Copa.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Sociólogo, mestre em ciências políticas e doutor em ciências sociais. Diretor
geral do Instituto Cultiva, membro do Fórum Brasil do Orçamento e do
Observatório Internacional da Democracia Participativa. Autor, entre outros, de
“Lulismo” (Fundação Astrojildo Pereira/Contraponto) e “Nas Ruas” (Letramento),
este último dedicado à análise das manifestações de junho de 2013. E-mail: <a href="mailto:ruda@inet.com.br">ruda@inet.com.br</a> . <o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-89398149008180743612014-05-04T11:47:00.001-03:002014-05-04T12:38:57.354-03:00Entrevista sobre impacto das possíveis manifestações durante a Copa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-m0JaPCXvvnXYWi4dv9XdxLEUsusmKmFISmWrdS934Vv6ZvP2O340mH-nG61t6ej55QzEfe0vJbIVxnzxBo7wylhzXviy0tzc-ji40g8UR5ag-rej8R1csFmgMVm9GGys6jrwtDkxYoeg/s1600/go+home.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-m0JaPCXvvnXYWi4dv9XdxLEUsusmKmFISmWrdS934Vv6ZvP2O340mH-nG61t6ej55QzEfe0vJbIVxnzxBo7wylhzXviy0tzc-ji40g8UR5ag-rej8R1csFmgMVm9GGys6jrwtDkxYoeg/s1600/go+home.jpg" height="225" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px;">
Entrevista sobre impacto das manifestações de junho sobre a Copa e eleições (para Melina Christian, do jornalismo da UNI-BH):</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<b>1- Você acredita que as manifestações só alcançaram grande escala devido ao uso das redes sociais?</b><br />
R: Sim, mas não foi o único fator. Houve uma conjunção. As redes sociais foram o veículo de comunicação que tinha mais identidade com a juventude. Por que? Porque estamos lidando com uma juventude (e adolescência) contemporânea que a literatura especializada identifica como a que menos tempo de convivência familiar teve, desde o século XVII, quando as famílias passaram a acolher e educar seus filhos. A formação de valores e até comportamento foram definidos em tribos urbanas ou o que os ingleses denominam de "pares de idade". São comunidades fechadas, de autoproteção. Ora, o modo como a juventude posta nas redes sociais fortalece o contato afetivo, comunitário. Cria-se uma rede de proteção e confiança e é por este motivo que alguém posta tristezas e os tais "self": não para o mundo saber, mas para receber algum comentário de sua "família virtual", sua comunidade fechada. Daí que os protestos de junho terem sido um mosaico, um quebra cabeças de demandas, porque somavam inúmeras demandas individuais, grupais e comunitárias. Mas também é preciso destacar outro fator: o lulismo retirou entidades populares e de apoio (ONGs, sindicatos e pastorais) das ruas (para terceirizar ações e programas estatais ou para participarem de fóruns de elaboração de políticas públicas) que mediavam as demandas difusas espalhadas pelos bairros, locais de trabalho e grotões. Foi se formando um vazio entre as frustrações cotidianas e a ação estatal. Sem este vazio, os protestos de junho não teriam como atingir corações e mentes de gente que não havia saído às ruas.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<b>2- Quais os reflexos das manifestações que já podem ser percebidos em relação à Copa do Mundo?</b>R: Será uma ameaça ou promessa permanente. Dependerá do desempenho da seleção brasileira. Se vencer, os protestos serão localizados, violentos e relativamente pequenos, como ocorreram depois de junho. Se o Brasil perder, em especial, antes da final da Copa, as manifestações que estão programadas poderão servir de canal de expressão da frustração e humilhação. E com uma economia morna como a atual, o cenário estaria montado.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<b>3- Há algum reflexo das manifestações de junho de 2013 nas eleições desse ano? A pesquisa de intenção de voto publicada pelo Estado de Minas no dia 20/04/2014, apontou que votos brancos e nulos totalizam 24% e ainda segundo a matéria, existe uma expectativa de que esse número aumente. Isso poderia ser considerado um reflexo das manifestações?</b>R: O reflexo que me parece mais visível é o aumento de votos brancos, nulos e abstenções (que já atingiram 30% do total, em várias pesquisas recém divulgadas, acima do índice histórico de 20%). O cinismo eleitoral tradicional (eleitor que vota, mas não se compromete, cumprindo uma mera obrigação) parece ter evoluído para um julgamento ou posicionamento mais ácido sobre o sistema partidário e político. Uma espécie de transição de uma postura apática e inercial para algo mais agressivo, não necessariamente ativo, mas muito crítico.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-top: 6px;">
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
<b>4- De que forma as manifestações abalaram a visão internacional em relação ao Brasil?</b>R: As manifestações são efeito, não causa, para o olhar externo sobre nosso país. Chamaram a atenção da imprensa internacional que não entendia o motivo de protestos num país em franca prosperidade. A partir daí, perceberam que havia algo que se movia por debaixo das mudanças aparentes. Em seguida, vieram os rolezinhos, que confirmaram que a mobilidade social verificada no Brasil nos últimos dez anos gerava novos agrupamentos sociais, novas expressões culturais que se formavam na penumbra. E ainda não tivemos nenhuma ação coletiva dos beneficiários do Bolsa Família, outra lógica social não tradicional que ser formou no último período. Surpreendentemente, imaginava-se que um país desigual poderia sofrer forte ascensão social (pelo consumo) sem nenhuma repercussão no comportamento social e político. Engano que as ruas deixaram claroRudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-13082439865027915882014-04-24T19:27:00.001-03:002014-04-24T19:27:30.728-03:00BALANÇO DA ARTICULAÇÃO NACIONAL PELA REFORMA POLÍTICA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyZp0705EawRD-U8qqSY1lGJdn9REjjjtJYnXMZctclRF2RknuTI8loboMsXnDzR014jlrtLZy8lU4vJSwiJJZuh7_ihj-lZD6D4lwybKlMIHdNDvqUndH0Yx_mV7Bsn7xslKzDHcm4v98/s1600/plebisicito+reforma+pol%C3%ADtica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyZp0705EawRD-U8qqSY1lGJdn9REjjjtJYnXMZctclRF2RknuTI8loboMsXnDzR014jlrtLZy8lU4vJSwiJJZuh7_ihj-lZD6D4lwybKlMIHdNDvqUndH0Yx_mV7Bsn7xslKzDHcm4v98/s1600/plebisicito+reforma+pol%C3%ADtica.jpg" height="216" width="640" /></a></div>
<b><br /></b>
<b>BALANÇO DA ARTICULAÇÃO NACIONAL PELA REFORMA POLÍTICA</b><br />
<br />
POR Rudá Ricci<br />
<br />
Percebo certa confusão nas redes sociais sobre a articulação nacional de movimentos sociais e organizações populares (além de ongs, pastorais etc) a respeito da reforma política. Como Dilma, em junho, acatou esta agenda (que ela não criou) possivelmente por sugestão de Gilberto Carvalho (que tem fortes ligações com várias dessas entidades... a entidade que dirijo também faz parte desta rede), há certa confusão se a campanha que começa a dar o ar da graça nas ruas (como em São Paulo, no dia de hoje). Então, vou tentar fazer um breve balanço.<br />
A primeira grande divergência com o campo institucional (e parece que Dilma quase foi crucificada por se alinhar com esta crítica, em junho) é a distinção entre reforma eleitoral (a efetiva pauta do PT - não da Dilma) com reforma política. A agenda da articulação nacional (que aqui passo a denominar de "popular" apenas para diferenciar da parlamentar/partidária) foca a atenção no sistema político. Sistema político envolve todos os processos decisórios, portanto é uma discussão sobre o poder, sobre mecanismos disponíveis para o exercício do poder e instrumentos existentes para controlar o poder e quais os sujeitos políticos reconhecidos para o exercício do poder. Aqui, vale o destaque que o jurista Fábio Konder Comparato vem fazendo para esta articulação que se resume no diagnóstico de que temos uma democracia sem povo. Isso é, os nossos processos democráticos não são alicerçados na soberania popular. Então, onde estão alicerçados? No poder econômico e na reprodução das desigualdades. Temos um poder masculino, branco e proprietário. A partir daí, foram formuladas duas grandes estratégias do campo popular a respeito do tema. Uma é a Iniciativa Popular pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas e a outra é o Plebiscito Popular pela Convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Esta agenda não é do governo federal e de nenhum partido.<br />
A iniciativa popular é organizada pela Coalizão pela Reforma Política, que promoveu um processo de dialogo e unificou a proposta da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político e a do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE). A iniciativa popular é um instrumento da democracia direta previsto na Constituição e tem uma serie de exigências, como por exemplo: obter perto de 1.500.000 assinaturas; não pode apresentar propostas de mudança constitucional e precisa identificar o número do titulo eleitoral de cada signatário.<br />
A iniciativa popular é uma estratégia que se propõe atuar em um tempo político mais curto, isso é, mobilizar a sociedade para forçar que este Congresso aprove uma reforma política que responda aos anseios de amplos segmentos da sociedade.<br />
Na questão do financiamento propõe mecanismos democráticos proibindo o aporte de recursos por parte das empresas. As eleições passariam a ser financiadas com recursos do orçamento público, de contribuições de pessoas físicas. Tudo isso com limites e como estratégia de democratizar o processo, combater a corrupção, limitar e baratear os custos das campanhas. Propõe um sistema de escolha dos/as representantes em dois turnos. Os partidos elaboram de forma democrática listas partidárias com alternância de sexo e critérios de inclusão dos demais segmentos sub-representados. O primeiro turno visa definir quantas cadeiras no parlamento o partido vai ter. No segundo turno participa o dobro de candidatos e o/a eleitor/a vota no nome de seu representante. Para fortalecer a democracia direta propõe que determinados temas só possam ser decididos por plebiscitos e referendos, como por exemplo: grandes projetos com grandes impactos socioambientais, privatizações, concessões de bens públicos, megaeventos com recursos públicos, entre outros. Para conhecer na integra a proposta da Iniciativa Popular, clique <b><a href="http://www.reformapoliticademocratica.com.br/">AQUI</a></b> .<br />
Já o plebiscito popular abarca três estratégias: trabalho de base, formação política e discussão ampla com a sociedade. Busca-se debater a institucionalidade que temos e a que queremos (sistema político) e o lócus político para se fazer esse debate é a convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana. Neste sentido o horizonte político do plebiscito popular é mais longo prazo, é de acumular forças na sociedade para poder provocar as rupturas que precisamos. Neste sentido é importante o processo de conquista de uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana. Esta mesma demanda por uma Constituinte Exclusiva e Soberana esteve presente em 1985. Mas, não tivemos força política suficiente para torná-la realidade na ocasião e tivemos uma Constituinte Congressual (o Congresso que fez), sem soberania (pois estava subordinada a vontade do executivo, dos militares e do poder judiciário). Em outras palavras, para provocar as rupturas que precisamos, urge criar novas institucionalidades onde o alicerce do poder é a soberania popular, onde o poder constituinte seja a próprio poder popular.Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-82692826134241796542014-04-16T19:19:00.002-03:002014-04-16T19:19:47.687-03:00Debate "Afinal, vai ter Copa?" (com Pablo Ortellado e Fidélis Alcântara/Copac)<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/cmyWhncsZ_o" width="460"></iframe>Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-40787728552247366822014-04-13T22:20:00.001-03:002014-04-13T22:20:45.263-03:00"Occupy tinha razão: o capitalismo não tem como funcionar" (Thomas Piketty)<div id="article-header" style="background-color: white; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border-color: rgb(209, 0, 139); clear: left; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px; margin: 0px; min-height: 68px; padding: 0px; position: relative;">
<div id="main-article-info" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; float: left; margin: 0px; padding: 0px;">
<h1 itemprop="name headline " style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-bottom-color: rgb(209, 0, 139); border-collapse: collapse; border-left-color: rgb(209, 0, 139); border-right-color: rgb(209, 0, 139); border-top-width: 0px; font-family: georgia, serif; font-size: 2.166em; font-weight: normal; line-height: 1.154; margin: 0px 0px 2px; padding: 0px; width: 460px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ocuppy estava certo: o capitalismo está falhando</span></h1>
<div class="stand-first-alone" data-component="Article:standfirst_cta" id="stand-first" itemprop="description" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #666666; font-size: 1.333em; line-height: 1.25; margin: 0px; padding: 0px 0px 34px; width: 460px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Um dos slogans da ocupação protestos 2011 era "o capitalismo não está funcionando". </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Agora, em um inovador livro, o economista francês Thomas Piketty explica porque eles estavam certos</span></span></div>
</div>
<ul class="share-links trackable-component" data-component="Article:top share tools" id="content-actions" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; float: right; list-style: none; margin: 5px 0px 0px; overflow: hidden; padding: 0px; width: 140px;">
<li class="full-line linked-in" data-link-name="LinkedIn" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 5px !important; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding: 0px;"><span class="IN-widget" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; display: inline-block; line-height: 1; margin: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; display: inline-block !important; font-size: 1px !important; margin: 0px !important; padding: 0px !important; vertical-align: baseline !important;"><br /></span></span></li>
<li class="full-line email" data-link-name="email this story" style="background-image: url(http://static.guim.co.uk/static/1cf40815e7520ea4c8426e9965e030f28bf851c5/common/styles/images/bg-email.png); background-repeat: repeat no-repeat; border-bottom-left-radius: 3px; border-bottom-right-radius: 3px; border-collapse: collapse; border-top-left-radius: 3px; border-top-right-radius: 3px; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); height: 18px; margin-bottom: 5px !important; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding: 0px; width: 60px;"><br /></li>
</ul>
</div>
<div id="content" style="background-color: white; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #333333; float: left; font-family: arial, sans-serif; font-size: 1.166em; line-height: 1.357; margin: 0px 0px 10px; padding: 0px; width: 460px; z-index: 2;">
<ul class="article-attributes trackable-component b4" data-component="Article:byline" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 1px; border-collapse: collapse; border-color: rgb(209, 0, 139); border-top-style: solid; border-top-width: 1px; font-size: 12px; line-height: 1.25; list-style-type: none; margin: 0px 0px 10px; min-height: 70px; overflow: hidden; padding: 2px 0px 12px; position: relative;">
<li style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px;"><a href="http://www.theguardian.com/profile/andrewhussey" itemscope="" itemtype="http://schema.org/Person" rel="author" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;"><img alt="Andrew Hussey" class="contributor-pic-small" height="60" src="http://static.guim.co.uk/sys-images/Observer/Columnist/Columnists/2011/2/5/1296932949852/Andrew-Hussey-003.jpg" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border: none; margin: 2px 0px 0px; padding: 0px;" title="Imagem Colaborador" width="60" /></a></li>
<li id="contrib-shift" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; left: 70px; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px; position: absolute; top: 5px;"><ul style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; list-style-type: none; margin: 0px; padding: 0px;">
<li class="byline" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; display: block; margin: 0px; overflow: visible; padding: 0px;"><div class="contributor-full" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">
<span itemprop="author" itemscope="" itemtype="http://schema.org/Person" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; font-weight: bold; margin: 0px; padding: 0px;"><span itemprop="name" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><a class="contributor" href="http://www.theguardian.com/profile/andrewhussey" itemprop="url" rel="author" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;">Andrew Hussey</a></span></span></div>
</li>
<li class="article-attributes-social-buttons" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px;"></li>
<li class="publication" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px;"><a href="http://observer.guardian.co.uk/" itemprop="publisher" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;">The Observer</a><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> , </span><time datetime="2014-04-13" itemprop="datePublished" pubdate="" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Domingo 13 de abril de 2014</time></li>
<li class="comment-count" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 3px 0px 0px; overflow: hidden; padding: 0px;"><a class="content-comment-count" data-link-name="comment-count" href="http://www.theguardian.com/books/2014/apr/13/occupy-right-capitalism-failed-world-french-economist-thomas-piketty#start-of-comments" short-url="-p-3zbfg" style="background-image: url(http://resource.guim.co.uk/global/static/file/discussion/comment-icon16x16.gif); background-position: 0% 0%; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; clear: both; color: #005689; display: inline; line-height: 1.5; margin: 0px; min-height: 15px; padding: 0px 0px 2px 20px; text-decoration: none;"><span class="comment-count-text" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ir para comentários</span></span></span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> ( </span></span><span class="comment-count-val" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">223</span></span></span></a></li>
</ul>
</li>
</ul>
<div class="trackable-component " data-component="Article:in body link" id="article-wrapper" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px; position: static !important;">
<div id="main-content-picture" itemprop="image" itemscope="" itemtype="http://schema.org/ImageObject" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px 0px 14px; padding: 0px;">
<img alt="Piketty" data-pin-description="French economist Thomas Piketty, author of Capital in the Twenty-First Century. 'I am not political.' Photograph: Ed Alcock for the Observer" height="276" itemprop="contentUrl representativeOfPage" src="http://static.guim.co.uk/sys-images/Guardian/Pix/pictures/2014/4/11/1397237481276/piketty-008.jpg" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;" width="460" /><div class="caption" itemprop="caption" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #666666; font-size: 12px; margin: 0px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Economista francês Thomas Piketty, autor de Capital no Século XXI. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Eu não sou político." </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Foto: Ed Alcock para o Observer</span></span></div>
</div>
<div id="article-body-blocks" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">A Escola de Economia de Paris é, na verdade, situada na parte mais não-parisiense da cidade. N</span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">a avenida Jourdan na extremidade inferior do 14 º arrondissement, limitado de um lado pelo Parque Montsouris. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Diferentemente da maioria dos parques franceses, há uma clara falta de ordem gaulês aqui; </span><span class="" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">de fato, os lagos, espaços abertos, e os seus patos poderiam estar em um parque em qualquer cidade britânica. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O campus da Escola de Economia de Paris, no entanto, parece inequivocamente uma universidade francesa. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ou seja, ele é cinza, sem graça e os corredores cheiram repolho. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Este é o lugar onde entrevistei o Professor Thomas Piketty, um jovem francês modesto (ele está em seus primeiros 40 anos), que passou a maior parte de sua carreira em arquivos e coleta de dados, mas está prestes a emergir como o pensador mais importante de sua geração - como o Hacker Yale acadêmico Jacob colocou, um pensador livre e democrata que é nada menos que uma "Alexis de Tocqueville para o século 21".</span></span></div>
<div class="factbox-container" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; clear: both; float: left; margin: 0px 20px 0px 0px; padding: 0px; position: relative; width: 140px;">
<div class="factbox trackable-component book" data-component="comp: r2: factbox trackable-component book" style="background-color: #ededed; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border-color: rgb(209, 0, 139); border-top-style: solid; border-top-width: 1px; font-size: 12px; margin: 0px 0px 20px; overflow: hidden; padding: 0px 0px 6px; position: relative; width: 140px; z-index: 1;">
<ol class="fact-list" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; line-height: 1.25em; list-style-type: none; margin: 0px; padding: 4px 5px 5px; width: 130px;">
<li class="inline major-heading" style="background-image: none; background-position: 0px 3px; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-bottom-color: rgb(209, 0, 139); border-collapse: collapse; border-left-color: rgb(209, 0, 139); border-right-color: rgb(209, 0, 139); border-top-width: 0px; clear: both; display: inline; float: none; font-weight: bold; line-height: 1.25; margin: 0px; padding: 3px 0px 0px; width: auto;"><b style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Capital do Século XXI</span></span></b></li>
<li style="background-image: none; background-position: 0px 3px; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border-top-width: 0px; margin: 0px; padding: 0px; width: 130px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">por Thomas Piketty, Arthur Goldhammer</span></li>
<li class="picture" style="background-image: none; background-position: 0px 3px; background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border-top-width: 0px; left: -5px; margin: -2px 0px 1px; padding: 10px 0px 0px; position: relative; width: 140px;"><a class="bookstore-widget-picture-link" href="http://www.guardianbookshop.co.uk/BerteShopWeb/viewProduct.do?ISBN=9780674430006" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;"><img alt="" class="bookstore-widget-picture" height="215" src="http://static.guim.co.uk/sys-images/Books/Pix/covers/2014/4/11/1397212892613/Capital-in-the-Twenty-First-.jpg" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; border: none; margin: 0px; padding: 0px;" width="140" /></a></li>
</ol>
</div>
</div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Tudo em função de seu mais recente livro: </span><a href="http://www.guardianbookshop.co.uk/BerteShopWeb/viewProduct.do?ISBN=9780674430006" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title=""><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Capital no século XXI</em></a><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> .</span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Um livro enorme, mais de 700 páginas, denso com notas de rodapé, gráficos e fórmulas matemáticas. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">À primeira vista, é descaradamente um tomo acadêmico e parece tanto assustador como incompreensível. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Nas últimas semanas e meses, o livro tem, no entanto desencadeou debates ferozes nos Estados Unidos sobre a dinâmica do capitalismo. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Em blogs não-especializadas e sites em toda a América, ele despertou discussões sobre o poder e o dinheiro, questionando o mito central da vida americana - que o capitalismo melhora a qualidade de vida para todos. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Isto simplesmente não é assim, diz Piketty.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O pioneirismo do livro foi reconhecido por </span><a href="http://www.newyorker.com/arts/critics/books/2014/03/31/140331crbo_books_cassidy?currentPage=all" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title=""><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">um longo ensaio recente no </span></span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">New Yorker</span></span></em></a><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> em que Branko Milanovic, ex-economista sênior do Banco Mundial, que destacou o livro de Piketty como um divisor de águas no pensamento econômico. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Na mesma linha, um escritor na </span></span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Economist</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> informou que o trabalho de Piketty fundamentalmente reescreveram 200 anos de pensamento econômico sobre a desigualdade. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Em suma, os argumentos têm-se centrado em dois pólos: o primeiro é uma tradição que começa com Karl Marx, que acreditava que o capitalismo se auto-destruiria. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">No extremo oposto do espectro é o trabalho de Simon Kuznets, que ganhou um prêmio Nobel em 1971 e que sustentou que a desigualdade decresceria inevitavelmente na medida em que as economias se desenvolvem e se tornam sofisticados.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Piketty diz que nenhum desses argumentos se comprovaram. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O significado singular de seu livro é que ele prova "cientificamente" que a intuição dos manifestantes do Occupy estava correta. </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Eu fiz deliberadamente um livro para o leitor em geral", diz Piketty quando começamos nossa conversa ", e, embora seja, obviamente, um livro que pode ser lido por especialistas também, eu queria deixar isto claro para todos aqueles que desejam lê-lo." </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">E de fato </span></span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Capital no Século XXI</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> é surpreendentemente legível. Ele está repleto de histórias e referências literárias que iluminam a narrativa. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Então eu perguntei-lhe a pergunta mais óbvia que pude: o que é a grande ideia por trás deste livro?</span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Comecei com uma pesquisa a partir de um problema simples", diz ele no elegante Inglês com sotaque francês. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Comecei a me perguntar a alguns anos atrás, onde estavam os dados que poderiam comprovar todas as teorias sobre a desigualdade, a partir de Marx para David Ricardo (o economista Inglês do século 19 e defensor do livre comércio) e pensadores mais contemporâneos. Comecei com a Grã-Bretanha e na América e eu descobri que não havia muito a todos. E então eu descobri que os dados contradiziam quase todas as teorias, incluindo Marx e Ricardo. Comecei a olhar para outros países e vi um padrão que começa a emergir: o capital, e o dinheiro que ele produz, se acumula mais rapidamente do que o crescimento das sociedades. E este padrão tornou-se ainda mais predominante desde os anos 1980 quando os controles sobre o capital foram suspensos em muitos países ricos. "</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Assim, a tese de Piketty, apoiado por sua extensa pesquisa, é que a desigualdade financeira no século 21 está em ascensão, e acelerando em um ritmo muito perigoso. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Por um lado, isso muda a nossa forma de olhar para o passado. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Nós já sabíamos que o fim do capitalismo previsto por Marx nunca aconteceu - e que mesmo na época da Revolução Russa de 1917, os salários de todo o resto da Europa já estavam em ascensão. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Sabíamos também que a Rússia era assim mesmo o país mais subdesenvolvido na Europa e foi por esta razão que o comunismo criou raízes lá. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Piketty passa a salientar, no entanto, que somente as crises do século 20 - principalmente duas guerras mundiais - impediu o crescimento constante de riqueza, temporariamente e artificialmente nivelamento desigualdade. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ao contrário do que nossa percepção percebido do século 20 como uma época em que a desigualdade foi erodido, em termos reais, foi sempre em ascensão.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">No século 21, este não é apenas o caso dos chamados países "ricos" - Estados Unidos, Reino Unido e Europa ocidental -, mas também na Rússia, China e outros países que estão emergindo de uma fase de desenvolvimento. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O perigo real é que, se este processo não for contido, a pobreza vai aumentar no mesmo ritmo e, Piketty argumenta, pode transformar o século 21 num século de maior desigualdade e, portanto, maior discórdia social, que a do século 19 .</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele explica suas idéias com fórmulas e teoremas que soam um pouco técnicas demais (eu sou alguém que lutou com a matemática). </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas, ouvindo atentamente Piketty (ele é claramente um bom e paciente professor) tudo começou a fazer sentido. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Para este novato, ele explica que a renda é um fluxo - ele se move e pode crescer e mudar. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O capital é um estoque - a sua riqueza vem do que foi acumulado "em todos os anos anteriores combinados". </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">É um pouco como a hipoteca de uma casa: se você nunca se torna dono de sua casa, você nunca vai ter todo o estoque e sempre será pobre.</span></span></div>
<span class="inline wide" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; display: block; float: none; margin: 0px; padding: 0px; width: auto;"><img alt="Protestos estudantis contra aumentos da taxa de matrícula em 2010." data-pin-description="Student protests against tuition fee increases in 2010. Piketty says: 'It is a perfect example of how to inflict debt on the public sector.' Photograph: Dominic Lipinski/PA" height="276" src="http://static.guim.co.uk/sys-images/Guardian/Pix/pictures/2014/4/11/1397222355879/Student-protests-against--008.jpg" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 5px 0px 0px;" width="460" /><span class="caption" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #666666; display: block; font-size: 0.858em; line-height: 1.25; margin: 0px 0px 13px; padding: 0px; width: 460px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">. Protestos estudantis em 2010 Piketty diz: "É um exemplo perfeito de como a infligir dívida no setor público." </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Foto: Dominic Lipinski / PA</span></span></span></span><div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Em outras palavras, em termos globais, o que ele está dizendo é que aqueles que têm o capital e os ativos que geram riqueza (como um príncipe saudita) serão sempre mais ricos do que os empresários que estão tentando fazer capital. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">A tendência do capitalismo neste modelo é concentrar mais e mais riqueza nas mãos de cada vez menos pessoas. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas já não sabemos disso? </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Os ricos ficam ricos e os mais pobres ficam mais pobres? </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Clash e outros não cantaram isso na década de 1970?</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Bem, na verdade, não sabiamos disso, apesar de que poderíamos ter imaginado", diz Piketty, aquecendo a seu tema. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Por um lado esta é a primeira vez que temos acumulado dados que provam que este é o caso. Em segundo lugar, embora eu não seja um político, é óbvio que este movimento, que está se acelerando, terá implicações políticas. Vamos ser mais pobres no futuro em todos os sentidos e isso criará crises. Tenho provado que nas atuais circunstâncias o capitalismo simplesmente não pode funcionar. "</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Curiosamente, Piketty diz que ele é um anglófilo e de fato começou a sua carreira de investigação com um estudo do sistema de Inglês do imposto de renda ("um dos dispositivos políticos mais importantes da história"). </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas ele também diz que o Inglês tem muita fé cega nos mercados que eles nem sempre entendem. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Discutimos a atual crise nas universidades britânicas. Muitos afirmam que estão sem dinheiro porque o governo calculou mal o que os alunos teriam que pagar e é agora incapaz de garantir que os empréstimos distribuídos serão reembolsados. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Em outras palavras, o governo </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">não podia controlar todas as variáveis do mercado e parece pronto para perder espetacularmente. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele ri: "Este é um exemplo perfeito de como a infligir a dívida para o setor público extraordinário e completamente impossível de imaginar, na França.".</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Capital do Século XXI</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> é construído a partir de uma infinidade de referências francesas (o historiador François Furet é fundamental), e Piketty declara que ele entende o cenário político francês melhor de todos. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele foi criado em Clichy, em um bairro de classe operária e, principalmente, seus pais eram ambos membros militantes da Lutte Ouvrière (Luta Operária) - um partido trotskista incondicional que tem ainda um significativo número de seguidores na França. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Como muitos de sua geração, desapontado com o fracasso de quase-revolução de maio de 68, eles decidiram criar cabras na Aude (isso foi uma trajetória clássica para muitos </span></span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">babacools</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> - hippies de esquerda - desta geração). </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O jovem Piketty trabalhou duro na escola, no entanto, estudou em Paris e terminou seu PhD na Escola de Economia de Londres, aos 22 anos. Ele, então, mudou-se para Massachusetts Institute of Technology, onde era um prodígio notável, antes de se mudar de volta a Paris, para finalmente tornar-se diretor da escola onde agora estamos sentados.</span></span></div>
<span class="inline wide" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; display: block; float: none; margin: 0px; padding: 0px; width: auto;"><img alt="François Hollande" data-pin-description="Piketty advocates a wealth tax, but admits that making the rich pay more will be difficult, as François Hollande has found. Photograph: Philippe Wojazer/Reuters" height="276" src="http://static.guim.co.uk/sys-images/Guardian/Pix/pictures/2014/4/3/1396536446779/Francois-Hollande-011.jpg" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 5px 0px 0px;" width="460" /><span class="caption" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #666666; display: block; font-size: 0.858em; line-height: 1.25; margin: 0px 0px 13px; padding: 0px; width: 460px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Piketty defende um imposto sobre a fortuna, mas admite que fazer os ricos pagarem mais vai ser difícil, como François Hollande percebeu. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Fotografia: Philippe Wojazer / Reuters</span></span></span></span><div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Seu próprio itinerário político começou, ele me diz, com a queda do Muro de Berlim, em 1989. Ele partiu para viajar por toda a Europa de Leste e ficou fascinado com os destroços do comunismo. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Foi este fascínio inicial que o levou para uma carreira como economista. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">A Guerra do Golfo, de 1991, também o influenciou. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Eu podia ver, então, que tantas más decisões foram tomadas por políticos, porque não entendem de economia. Eu não sou político. Mas eu ficaria feliz se os políticos pudessem ler meu trabalho e tirar algumas conclusões a partir dele . "</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Afirmação um pouco hipócrita. Piketty chegou a trabalhar como assessor de </span><a href="http://www.theguardian.com/world/2014/apr/02/segolene-royal-french-cabinet-reshuffle-manuel-valls" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title="">Ségolène Royal</a><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> em 2007, quando ela era candidato socialista nas eleições presidenciais. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Este não foi um período feliz. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">É justo, depois de toda situação obscura que envolveu a trajetória pessoal de Ségolène, que Piketty queira se distanciar do cotidiano ásperoda política real.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas não importa. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O que aprendemos? </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O capitalismo é ruim. E q</span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">ual seria a resposta? </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Socialismo? </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Não é tão simples assim", diz ele, desapontando este ex-marxista adolescente.</span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> "O que eu defendo é um imposto progressivo, um imposto global, baseado na tributação da propriedade privada. Esta é a única solução civilizada. As outras soluções são, penso eu, mais bárbaras </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">-.Com isso quero dizer o sistema oligarca da Rússia , que eu não acredito, e inflação, que é realmente apenas um imposto sobre os pobres." </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele explica que a oligarquia, particularmente no atual modelo russo, é simplesmente a regra dos muito ricos sobre a maioria. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Isto é tão tirânico quanto uma forma de banditismo. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele acrescenta que os muito ricos não costumam ser feridos pela inflação - com seus acréscimos patrimoniais que ocorrem de qualquer maneira - mas os pobres sofrem o pior de tudo, com um aumento do custo de vida. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Um imposto progressivo sobre a riqueza é a única solução sensata.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas sustentei que nenhum partido político na Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos, de esquerda ou direita, se atreveria a ir às urnas com tais idéias idealistas. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">O atual governo de François Hollande não é desprezado por causa de seus pecadilhos sexuais do presidente (ao contrário, estes são praticamente amplamente admirado), mas por causa do regime de tributação punitiva ele tem procurado impor.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Isso é verdade", diz ele. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"É claro que é verdade. Mas também é verdade, como eu e os meus colegas têm demonstrado neste livro, que a situação atual não pode ser sustentada por muito tempo. Isso não é necessariamente uma visão apocalíptica. Fiz um diagnóstico da situações passadas e presentes e eu acho que há soluções. Mas, antes de chegar a eles, devemos entender a situação. Quando comecei a coleta de dados fiquei realmente surpreso com o que encontrei, que revelava que a desigualdade está crescendo tão rápido e que o capitalismo não pode, aparentemente, resolvê-la. Eu queria entender como a riqueza, ou super-riqueza, está trabalhando para aumentar a desigualdade. E o que eu encontrei, como eu disse antes, é que a velocidade com que a desigualdade está crescendo está ficando cada vez mais rápida. Você tem que perguntar o que isso significa para as pessoas comuns, que não são bilionárias e que nunca serão bilionárias. Bem, eu acho que isso significa uma deterioração do bem-estar econômico coletivo, ou seja, a degradação do setor público. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Você só tem que olhar para o que a administração de Obama quer fazer - que é a corroer as desigualdades na área da saúde e assim por diante - e o quão difícil é conseguir. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Existe uma crença fundamentalista dos capitalistas que o capital vai salvar o mundo, e ele simplesmente não vai. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Não por causa do que disse Marx sobre as contradições do capitalismo, porque, como eu descobri, o capital é um fim em si ".</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Piketty oferece este discurso, erudito e poderoso, com uma paixão silenciosa. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ele possui, pode-se imaginar, um caráter relativamente modesto e discreto, mas ele ama o seu assunto e é de fato um prazer encontrar-se no meio de um seminário privado sobre dinheiro e como ele funciona. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Seu livro é, de fato, longo e complicado, mas quem vive no mundo capitalista pode entender os seus argumentos sobre a forma como ele funciona. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Um dos mais penetrantes destes é o que ele tem a dizer sobre a ascensão de gestores, ou "super-gestores", que não produzem riqueza, mas que derivam de um salário dele. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Isso, argumenta ele, é efetivamente uma forma de roubo - mas isso não é o pior crime dos super-gestores. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mais prejudicial é a maneira que eles se fixaram em concorrência com os bilionários cuja riqueza, acelerando para além da economia, sempre estarão fora do alcance.</span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Isso cria um jogo permanente de catch-up, cujas vítimas são os "perdedores", que é dizer que as pessoas comuns que não aspiram a esse status ou riquezas. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Neste capítulo, Piketty efetivamente destrói uma das grandes mentiras do século 21 - que super-gestores merecem o seu dinheiro, porque, como jogadores de futebol, eles têm habilidades especializadas que pertencem a uma elite quase sobre-humana.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">"Uma das grandes forças divisionistas no trabalho hoje", diz ele, "é o que eu chamo o extremismo meritocrática. Este é o conflito entre bilionários, cuja renda vem de bens móveis e imóveis, como um príncipe da Arábia Saudita, e os super-gestores. Nenhuma dessas categorias faz ou produz nada além de sua riqueza, que é realmente uma super-riqueza que rompeu com a realidade cotidiana do mercado, e que determina como a maioria das pessoas comuns vivem. Pior ainda, eles estão competindo entre si para aumentar a sua riqueza, e o pior de todos os cenários é como super-gestores, cuja renda é baseado efetivamente na ganância, continua dirigindo os seus salários, independentemente da realidade do mercado. Isto é o que aconteceu com os bancos em 2008, por exemplo. "</span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">É esse tipo de pensamento que faz o trabalho de Piketty tão atraente e tão convincente. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Ao contrário de muitos economistas ele insiste que o pensamento econômico não pode ser separado da história ou da política; </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">isso é o que dá o seu livro a gama o laureado Nobel americano </span></span><a href="http://www.theguardian.com/profile/paul-krugman" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title="">Paul Krugman</a><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> descreveu como "épica" e uma "visão abrangente". </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">A influência de Piketty de fato está crescendo muito além do pequeno micro-sociedade fechada de economistas acadêmicos. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Na França, ele está se tornando amplamente conhecido como um comentarista de assuntos públicos, escrevendo principalmente para </span></span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Le Monde</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> e </span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Libération</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> , e suas idéias são freqüentemente discutidas por políticos de todos os matizes em programas de assuntos atuais, como</span><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Soir 3</em><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> . </span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Talvez o mais importante, e excepcionalmente, a sua influência é crescente no mundo da política anglo-americanas (seu livro é, aparentemente, um dos favoritos no círculo interno Miliband) - um lugar tradicionalmente indiferente a professores franceses da economia. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Com o aumento da pobreza em todo o mundo, todo mundo está sendo obrigado a ouvir Piketty com grande atenção. </span><span style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Mas, embora o seu diagnóstico seja preciso e convincente, é difícil, quase impossível, imaginar que a cura que ele propõe - imposto e mais imposto - seja implementado em um mundo onde, de Pequim a Moscou ou Washington, o dinheiro e aqueles que querem ter mais que qualquer outra pessoa ainda mandam.</span></span></div>
<div style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin-bottom: 13px; padding: 0px;">
<em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">Thomas Piketty estará falando sobre Capital no </em><a href="http://www.ippr.org/events/54/11992/capital-in-the-twenty-first-century-with-thomas-piketty" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title=""><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">IPPR, Londres WC2</em></a><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> , em 30 de abril, e no </em><a href="http://www.lse.ac.uk/publicEvents/events/2014/06/20140616t1830vOT.aspx" style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; color: #005689; margin: 0px; padding: 0px; text-decoration: none;" title=""><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;">LSE, Londres WC2</em></a><em style="background-repeat: no-repeat no-repeat; border-collapse: collapse; margin: 0px; padding: 0px;"> , em 16 de Junho</em></div>
</div>
</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-70841658120850942962014-04-13T17:38:00.001-03:002014-04-13T17:38:49.266-03:00Inflexão no cenário político<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3eqnmxYBRYv2F3WPhTdiXocyiKjWWsiGZ_zkp95G8H_JrhHlcKwLTJ_TtomhRNK2hF76fdmhzckhOJMuYXhjHsRmg7lw9ilwvNEheRstchPMvpKF_IItGoER1MJUieWk47DrlqIIsJveb/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3eqnmxYBRYv2F3WPhTdiXocyiKjWWsiGZ_zkp95G8H_JrhHlcKwLTJ_TtomhRNK2hF76fdmhzckhOJMuYXhjHsRmg7lw9ilwvNEheRstchPMvpKF_IItGoER1MJUieWk47DrlqIIsJveb/s1600/download.jpg" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">Entramos num cenário dos mais estranhos na política nacional. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">De um lado, uma economia que faz água. De outro, a grande maioria dos petistas militantes virtuais perdidos, atirando para os lados e não percebendo que revelam destempero e desespero (o que denuncia que o momento é mesmo grave do ponto de vista da projeção eleitoral). </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">Finalmente, um confronto aberto na cidade do Rio de Janeiro, seguida por conflitos urbanos em um ou outro centro urbano do país. A OAB-RJ, no meu lançamento do livro Nas Ruas, na última sexta-feira, afirmava que o Rio de Janeiro vive uma situação de Estado de Sítio. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">O clima de Copa do Mundo até agora não deslanchou e a vida do consumidor popular vai abandonando os últimos traços da euforia da gestão Lula. </span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">Vale citar a propaganda eleitoral da oposição. Continuam no clima intimista de conversa tête-à-tête: Campos conversando com Marina sem aparecer um único eleitor para dar seu pitaco nesta conversa de fim de tarde (ou seriam dois oráculos?) e Aécio implorando para alguém conversar com ele. Aliás, tenho a impressão que Aécio conquistou o "posicionamento negativo" nesta campanha, ou seja, está cristalizando perigosamente um perfil, em relação aos outros, de perdedor. Qualquer coisa que diga ou faça, cai numa vala comum, como se seu lugar fosse menor nesta eleição. Algo que não cola. O contrário do fenômeno "teflon" que se alardeava sobre Lula (nenhuma acusação colava na sua imagem). Como se Aécio entrasse na sala e ninguém desse a mínima para o que ele fala. A situação de Pimenta da Veiga, indiciado pela Polícia Federal, torna-se mais um lastro que joga a campanha tucana para baixo.</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px;">Um cenário estranho, desencontrado, sem foco.</span>Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-72514677524948979782014-04-04T09:09:00.003-03:002014-04-04T09:09:55.992-03:00A crítica à Copa no BrasilJá sabemos que brasileiro faz do humor uma arma mordaz, até mesmo de si.<br />
Mas a juventude de hoje amplia, pouco a pouco, esta linguagem com paródias e pequenos filmetes postados no youtube. Este aí abaixo é um bom exemplo:<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/rKKrvLGc554" width="460"></iframe>Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-18370280170174382182014-04-03T22:30:00.001-03:002014-04-03T22:30:22.692-03:00Resenha de Bruno Cava do livro Nas Ruas<div class="title" style="background-color: white; border: 0px; color: #c8242b; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 36px; font-weight: bold; line-height: 36px; margin: 0px 0px 8px; padding: 10px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
Entre estilos de vida e mobilização de base, o livro de Rudá Ricci e Patrick Arley</div>
<div class="entry" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin: 10px 0px 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Resenha de <strong>Nas ruas; a outra política que emergiu em junho de 2013</strong>, de Rudá Ricci e Patrick Arley. Belo Horizonte: Letramento, 2014.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
–</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<a href="http://www.quadradodosloucos.com.br/wp-content/uploads/2014/04/previa_1a_capa_nasruas_15x22cm_aprovacao1.jpg" style="border: 0px; color: #c8242b; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="previa_1a_capa_nasruas_15x22cm_aprovacao" class="aligncenter wp-image-4159" height="516" src="http://www.quadradodosloucos.com.br/wp-content/uploads/2014/04/previa_1a_capa_nasruas_15x22cm_aprovacao1.jpg" style="border: 1px solid rgb(221, 221, 221); display: block; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px auto; max-width: 600px; padding: 3px; vertical-align: baseline;" width="355" /></a></div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
–</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O PT envelheceu, mas Rudá se manteve suficientemente jovem para abrir-se ao evento do levante de 2013. Seu <a href="http://rudaricci.blogspot.com.br/" style="border: 0px; color: #c8242b; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" target="_blank">blogue</a> tem sido uma referência de reflexão política, diferenciado em relação às neuroses que piolham na cabeça da esquerda brasileira, quando o assunto é manifestação. Se boa parte dos comentadores, sentindo-se ameaçada em sua identidade, não perde uma chance de escandalizar-se com o risco de fascismo (retrocesso, caos, golpe etc), engrossando o coro de desqualificação e eventualmente criminalização das lutas; Rudá tomou o sentido oposto. Como tem de ser um pensamento que se coloque na margem esquerda e, por isso, se veja impelido a radicar-se no tempo histórico, naquele em que se vive intensamente, suas transformações, oportunidades e linhas de fuga.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Nas ruas</em>, com fotos de Patrick Arley, resulta de uma pesquisa com as redes de organização do ciclo de protestos disparado em junho, concentrado em Belo Horizonte (“estudo de caso”). Parte do livro se dedica a mapear dinâmicas de encontro, debate, conjunção e formulação em BH, sob o rugido alucinante de passeatas, ocupações e eventos político-culturais daqueles dias. Rudá e Arley saíram de casa para pesquisar os germes de um movimento de novo tipo, que as forças eleitorais não conseguiram capitalizar. O que eles descobriram não está em nenhum manual de juventude partidária.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O livro não exalta os protestos. A delícia da manifestação, não poder ser dirigida, é também uma limitação. Se, por um lado, a horizontalidade reivindicada confere grande liberdade de participação, por outro, corre o risco de devorar a própria pauta ao fechar-se sobre si mesma, autofágica. Se, por um lado, a rejeição do campo institucional frustra as tentativas de captura por aparelhos partidários ou empresariais, por outro, corre o risco de ignorar chances de afetar e regenerar as instituições existentes. Rudá está preocupado seja com o fechamento institucional diante das manifestações, operado por uma esquerda antiprotesto cada vez mais terrorista, seja com o desprezo ou a incapacidade de provocar e aproveitar respostas institucionais, por parte dos ativistas.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Mas se o livro reconhece a capacidade de reorganização dos movimentos diante dos impasses, graças à vitalidade e aprendizado contínuo, essa avaliação não vale em relação à esquerda plantada no governo Dilma e no PT. Aí, Rudá é bem realista: os ativistas deveriam mesmo se precaver para o pior. Foram anos demais dando as costas às redes de militância, maceteado por um modelo operado desde cima, mediante pesquisas quantitativas, índices macroeconômicos e publicitários. O militante petista cedeu lugar ao gestor público; o desejo de libertação substituído pela reponsabilidade gerencial. Os congressos, núcleos e conferências se tornaram rituais rigorosamente burocráticos, sem qualidade criativa. É a indigência de uma esquerda de empreendedores estatais, que incorporou à estrutura de estado o que deveria exprimir forças vivas de antagonismo e reinvenção.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O resultado disso é um déficit de representação cada vez maior, entre os poderes instituídos e a potência social. Enquanto as instâncias representativas seguem fundadas sobre um esquema verticalizado, o “padrão societal” mudou, organizado mais horizontalmente, por meio de redes de liderança distribuída, onde todos passam a desfrutar seu espaço próprio de autonomia e expressividade. Uma transformação, na verdade, que é global, porque repercute formas gerenciais do capitalismo no mundo todo. Mas que, aqui no Brasil, também está associada ao esgotamento de um modelo de inclusão social. Rudá está falando do “lulismo”, um pacto de governabilidade que, aliado ao capital, promove um aumento de renda e acesso ao consumo, mas vem desacompanhado de redistribuição do poder político, outros direitos, terras.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Desde 2003, o pacto lulista, embora tenha massificado alguma renda e consumo, não enfrentou as estruturas classistas e racistas que historicamente reproduzem a tremenda desigualdade no Brasil. Isto significa que, apesar da inclusão social, o governo se distanciou das transformações do “padrão societal”. E como não há vazio de poder, a lacuna é gradualmente preenchida por modos mais diretos de organizar e agir políticos, “por fora” dos esquemas da representação. Até explodir em junho de 2013, “fora e contra”, contagiado pela peste global de movimentos antirrepresentativos.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Em contrapartida, Rudá enxerga elementos negativos da transformação do “padrão societal” nos grupos e sujeitos que também estão nas ruas. Atualizando uma crítica antiga aos movimentos sesseitoitistas, o problema estaria no caráter excessivamente “intimista”. Em vez do trabalho racional de construção política, ganham prioridade um culto à expressividade como fim em si mesmo, à estética, ao hedonismo, ao cultivo de “estilos de vida” — práticas apenas aparentemente subversivas, porém facilmente acomodáveis na cultura consumista que, para o autor, marca a condição pós-moderna. Disseminada em larga escala, a tendência intimista conduz a manifestações em que tudo é expresso, onde todos têm voz e podem desaguar imediatamente suas indignações e particularidades. Porém, nada acaba sendo verdadeiramente construído, como legado duradouro e sólido, legado coletivo e coletivamente trabalhado. Nessa tendência intimista, o protesto se resolve num “surto catártico”, numa imagem macbethiana: cheia de barulho e de fúria, mas sem significar nada.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Some-se a isso, segundo Rudá, o ressentimento da velha classe média brasileira diante da invasão de seus lugares de status (universidade, aeroportos, shoppings), bem como o aumento do “conservadorismo popular”, por culpa do próprio lulismo. Tudo computado, está comprometida a construção racional de uma força política alternativa ao esquemão dominante das instituições.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O que talvez possa ser virado do avesso, nessa reconstrução das razões sociais do levante de 2013, seja o ponto de vista. Rudá parece tomar alguns processos históricos e políticos com uma primazia pelo lado da negatividade, vendo primeiro de tudo a captura das potencialidades, conforme novos esquemas de controle e desmobilização política.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Os movimentos de 1968, é verdade, foram parcialmente recuperados pelo capitalismo global, ao longo das décadas de 1970 e 1980. Veja-se, por exemplo, o misto de análise cultural e narrativa socio-histórica de Luc Boltanski e Ève Chiapello, no clássico <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O novo espírito do capitalismo</em>. Não é novidade que o marketing de empresas “2.0″ esteja capitalizando a energia de lutas e desejos políticos, as chamadas “externalidades positivas”: o que a empresa não gera, mas sabe parasitar, agregando valor simbólico às próprias marcas. Além disso, não há dúvida, o lulismo serve à expansão da franja capitalista no Brasil, tendo conseguido subsumir enorme fração da população aos circuitos de trabalho e consumo, dinamizando a economia, e produzindo ainda maiores extratos de valor para o capital.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Contudo, embora tudo isso esteja correto, os mesmos processos com efeito de escala estão atravessados por contradições e múltiplas valências. Habemus resistência, “dentro e contra” o avanço do capital. Se, com efeito, os movimentos sessentoitistas (que o livro, pensando BH, chama do tipo “estilo de vida”) foram recuperados e tornados <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">brands</em>, a mudança no padrão societal também exprime uma vitória dessas lutas. A substituição do modelo verticalizado de cúpulas e patrões, pela gestão em redes horizontais de liderança distribuída foi, do ponto de vista do trabalhador, uma vitória. Uma vitória cujo sentido, obviamente, é reposto à disputa no momento seguinte às transformações. No entanto, uma vitória ainda. A classe capitalista não precisava mudar a forma de governança não tivesse sido forçada a adaptar-se aos novos tempos, pelos movimentos e lutas daquela época. Não se pode jogar fora o bebê com a água, como se as transformações, inclusive comportamentais, criadas pelas lutas ao redor de 1968 não tivessem seu lado positivo — o movimento negro ou LGBT, a descolonização, o feminismo, a revolução sexual, a cultura como trincheira da luta de classe.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
De maneira similar, a inclusão social do lulismo não pode ser entendida apenas como absorção pela “sociedade de consumo”, que tudo despolitiza. O consumo não se reduz a consumismo, porque ao fim e ao cabo <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">alguém</em> consome sem ser consumido. Quem consome é agente. O âmbito do consumo pode ser reapropriado como ferramenta de luta. No âmbito do consumo, também está embutida na relação de produção que cada um estabelece com o mundo.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Por exemplo: a massificação do acesso à internet e telefonia, bem como a popularização de celulares, wi fi e hardware, nos últimos 15 anos, também explicam a velocidade e a difusão dos protestos de 2013. As redes sociais, celulares e <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">streamings</em> estão tão incorporados ao cotidiano de relacionamentos, amizades, trabalhos e autoprodução como pessoa que, — uma vez iniciado um processo político de indignação e mobilização, — passam imediatamente a servir como armas de resistência. Inclusive, se for o caso, contra aquele modelo de inclusão social, consumo ou trabalho que viabilizaram a posse das ferramentas em primeiro lugar.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O novo “padrão societal” não pode ser limitado a novas técnicas de gestão, ao estado da arte da dominação do capitalismo contemporâneo. Trata-se, na realidade, de uma mutação do modo como as pessoas se organizam e cooperam na vida, o que tem uma dimensão positiva, uma vitória parcial. Por isso, não é correto, politicamente, enxergar como antagonismo a diferença entre movimentos sessentoitistas (“estilo de vida”) e “mobilização de base”. A resistência de Parque Gezi, na Turquia, une desde a cultura ecumênica antiautoritária dos anarquistas até grupos ecologistas, passando por uma vasta cartografia de cores militantes. A Praça Tahrir, no Egito, propiciou uma coalizão improvável de lutas campesinas, feministas, ativistas digitais, sindicatos e islamistas como os da Fraternidade Muçulmana. Nas ocupas brasileiras, em 2011, se misturaram moradores de rua e arte-ativistas, anarquistas mais tradicionais e coletivos ligados à “pedagogia do oprimido”, e assim por diante. É claro que as muitas clivagens e diferenciações internas — inclusive entre artista e política, entre amor e disputa, entre classe e raça etc — se tornam um problema de organização, de construção de novos platôs de linguagem e ação comum, na medida em que as diferenças dobram e se redobram entre si. Mas o maior antagonismo, e isso fica claro no momento da repressão, continua sendo entre o movimento e o estado. Ou seja, entre a teia complexa de alternativas e um organismo fechado e engessado de gestão, acesso e propriedade, verticalizado, e no que as pessoas cada vez mais não se sentem representadas.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O ponto que eu questiono reside na concepção demasiado moderna esposada por Rudá, para sua leitura dos protestos. O que incide sobre o problema da auto-organização do movimento. Para ele, a política ainda é o espaço do universal. Existe ainda aí um modelo vertical que aparece nos próprios conceitos e métodos. A política almeja pelo público e precisa integrar os interesses privados, o múltiplo das expressões particulares ou individuais. A razão pública se forma pela elevação da esfera do privado. E quando vivenciamos épocas em que o público está ocupado pelo interesse privado, o problema passa a ser que o público ainda não é “público” o suficiente. Nessa lógica, sempre haverá alguma instância superior que deva ser desinteressada o bastante para enunciar o Uno, diante das contradições irresolúveis do Múltiplo. O ideal regulador continua sendo uma visão de política como resultado da sucessiva integração dos interesses particulares em interesse geral, o seguro patamar de crítica da maturidade de uma luta. Noutras palavras, as lutas sociais precisam perseguir a estratégia para fazer a luta política. Daí que Rudá pode acusar de conservadorismo as classes médias, porque defendem sempre seu próprio umbigo, mas também o “conservadorismo popular”, porque com o lulismo os pobres estariam mais debruçados em sucesso no capitalismo, cultivar laços familiares e consumir, do que em ocupar e disputar a esfera pública.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Com isso, Rudá vai questionar a cultura intimista, a autoexpressividade imediatista e o culto ao estético como despolitizadores, uma vez que não contribuem para a formulação integrada de pautas e sujeitos políticos. Por isso também vai criticar o conceito de <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">comum</em>, manejado pelo autonomismo marxista, para explicar o caráter constituinte do atual ciclo de lutas. O comum ainda cairia no vício da “cultura intimista”, agora com viés comunitário, autorreferencial, e insuficiente para forçar mudanças institucionais. Ocorre que o <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">comum</em>, em sua vertente neoliberal (geralmente declinado no plural, como “commons” ou bens comuns), <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">já é</em> uma aposta séria de institucionalidade, pelo menos do lado do capitalismo. O comum já está sendo institucionalizado pela <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">policymaking</em> de vários governos. Basta ver o trabalho extensivo e muito influente de Elinor Ostrom, a nobel da economia de 2009, apenas um numa sequência infindável de teorias e propostas, que aos poucos vão se tornando políticas públicas. O conceito de <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">comum</em>, na vertente de luta, admite que o capitalismo hoje <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">já reconhece</em> os bens comuns e a produção do comum, a sua enorme riqueza, exatamente para conseguir explorá-los melhor, para mantê-los sob controle. O comum é o terreno do conflito e não alguma panaceia redentora.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O problema, e aí eu concordo com Rudá, continua ser como derivar institucionalidades dos novos movimentos e lutas políticas. Para mim, é o problema de como derivar <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">instituições do comum</em>, que frustrem as formas de exploração, velhas ou modernas, horizontais ou verticais. E não simplesmente como obter respostas institucionais do estado, ascendendo à esfera pública. É preciso transformar a esfera pública e destituir o estado de seu monopólio. Me parece que todo o ciclo de lutas globais disparado em 2011 está mais voltado a recusar a representação como forma política, em vez de simplesmente criticar os conteúdos que estão preenchendo essa forma. Isto é, trata-se de ir além da modernidade e seus polos público x privado, elevação x bases, para não acabar dependendo de ainda outra figura do patrão, do pai, de Deus. É bem mais ousado.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Portanto, a meu ver, o que está em jogo é uma proposta construtiva de imanência onde os movimentos e lutas de novo tipo gerem, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">por si mesmos</em>, as alternativas. Isso que está sendo tentado, num enorme esforço, por movimentos desde o norte da África, as acampadas espanholas, o Occupy norte-americano, Egito, Turquia, Brasil 2013. As lutas sociais aí são imediatamente políticas, porque não aspiram pela elevação a algum outro patamar, mas a construir elas próprias outros níveis, outros platôs, não necessariamente reduzidos ao que hoje entendemos por “esfera pública”. Como organizar essa imanência, sem perder de vista o antagonismo diante das explorações e opressões, me parece ser o problema real indicado por este ciclo. Obviamente, estou me apoiando em vários outros autores que vivem esses protestos; para citar um, Michael Hardt.</div>
<div style="border: 0px; font-family: inherit; font-size: 1.4em !important; font-style: inherit; line-height: 1.4em; margin-bottom: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Em síntese, a crítica conceitual de Rudá é contra um pós-modernismo fraco, incapaz de se sustentar diante do modernismo forte que é o estado. Desse jeito, os manifestantes vão acabar esmagados e todo o seu esforço amargamente dissipado. O movimento corre o risco de comer a sua própria cauda, se não fizer<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">alguma coisa</em> para disputar de forma mais eficaz a esfera pública. E esse <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">alguma coisa </em>passa pela necessidade de lidar com o problema institucional. Apesar disso, Rudá sente que existe um excedente pouco visível, uma latência em tudo isso que escapa de sua visão aquilina, e que ele não consegue enquadrar na visão moderna. No meio da mata, ou talvez debaixo da terra, tem alguma coisa se mexendo. Alguma coisa grande.</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-18005714210032870202014-04-01T09:32:00.001-03:002014-04-01T09:32:34.448-03:00Almino Afonso, ontem, no Roda Viva<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/VbGcj_Hy_-0" width="460"></iframe>Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-36335688832032978322014-03-30T11:10:00.001-03:002014-03-30T11:10:59.155-03:00O direito à vida pública<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUWsQOMrc9x-bwJKozTmn6opk3QB7SE-RD8OKwE6iYFKm0L4Aj3ZTt_88b9-0DaouXEyuhCgMrdvVaB0qHQTU2_Xa9C5IYEAOUiqKjmdphMhA29qNyGEzUMEvab7LLz_GTdVa9j05HzEa8/s1600/vida+p%C3%BAblica.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUWsQOMrc9x-bwJKozTmn6opk3QB7SE-RD8OKwE6iYFKm0L4Aj3ZTt_88b9-0DaouXEyuhCgMrdvVaB0qHQTU2_Xa9C5IYEAOUiqKjmdphMhA29qNyGEzUMEvab7LLz_GTdVa9j05HzEa8/s1600/vida+p%C3%BAblica.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
DIREITO À VIDA PÚBLICA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Rudá
Ricci, para o CRESS/MG<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um dos autores
liberais mais festejados nos últimos anos foi o economista indiano Amartya Sen.
Sua tese fundamental é que o desenvolvimento de um país está vinculado às
oportunidades que ele oferece à população de fazer escolhas e exercer a sua
cidadania, o que inclui a garantia dos direitos sociais básicos, como saúde e
educação, como também segurança, liberdades básicas, habitação e cultura. Sen
vincula de maneira original a noção de liberdade ao conceito de desenvolvimento
como sendo, simultaneamente, um processo e uma oportunidade. Introduz a noção
de cidadão como “agente” e define a pobreza e o desemprego como “privação de
capacidades básicas”<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O autor indiano é, até
hoje, referência para organismos internacionais. Sua definição cabe como uma
luva para compreendermos como, mesmo para aqueles que se apoiam no liberalismo
e, portanto, na defesa da propriedade privada e da liberdade de mercado, o que
se passa nas cidades brasileiras é amplamente reprovável, como privação das
capacidades básicas da vida humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O modelo de
desenvolvimento em curso, de forte inspiração rooseveltiana promoveu nos
últimos anos a nacionalização de políticas de infraestrutura repetindo os erros
do passado. Crescemos sem planejamento, ao bel prazer dos gestores locais que
acessavam convênios para demonstrar influência e capacidade gestora. Com 65% do
orçamento público concentrado na União, é fato que os municípios deixaram de
ter capacidade de investimento autônomo e se transformaram em gerentes de
programas federais. Contudo, a lógica de implantação dos programas de
desenvolvimento urbano foram, desde o início, excludentes e promoveram uma
ciranda que movimentou grandes empreiteiras e especuladores imobiliários. Segundo
Ermínia Maricato<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
em 2009, a partir do lançamento do PAC II e do programa habitacional Minha
Casa, Minha Vida, teve início um <i>boom</i>
imobiliário de fortes impactos na dinâmica das cidades brasileiras. Em 2010, o
PIB brasileiro atingiu o impressionante patamar de crescimento de 7,5%. Ocorre
que o PIB do setor imobiliário foi de 11,7%. O investimento de capitais
privados no mercado residencial cresceu 45 vezes, passando de 1,8 bilhão de
reais em 2002 para 79,9 bilhões de reais em 2011. Os subsídios governamentais
foram generosos, atingindo 5,3 bilhões de reais em 2011. Com tal pujança e
bonança, todo esboço da reforma urbana que se expressava no Estatuto da Cidade
foi engavetado. O preço do imóvel disparou nos grandes centros urbanos: 153% em
São Paulo (entre 2009 e 2012) e 184% no Rio de Janeiro (no mesmo período). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Praças da Juventude e
tantos outros equipamentos urbanos e sociais foram se multiplicando ao longo
das cidades brasileiras sem observar qualquer preocupação com a reorganização
da ocupação do solo ou alteração dos custos de locomoção ou mesmo necessidade
de reestruturar a oferta de serviços públicos. Os prefeitos não pensaram no
futuro muito distante da próxima eleição. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A alegria contagiante
que envolveu empreiteiras e todo setor da construção civil motivou o que muitos
autores denominaram de “gentrificação” dos centros urbanos<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>. O termo, oriundo do
inglês (<i>gentrification</i>), traduziria a
intervenção em bairros, em especial centrais, modernizando velhas construções
urbanas para ocupação de empresas e população de alta renda. Tal modernização
arquitetônica e funcional desses territórios expulsou rapidamente a população
de baixa renda, de maneira direta ou mesmo em função da disparada dos custos
dos imóveis ou dos bens e serviços oferecidos naquelas localidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A nova dinâmica
desenvolvimentista foi potencializada com os megaeventos esportivos programados
para ocorrerem no Brasil a partir de 2013. Estudo do arquiteto Lucas Faulhaber,
da Universidade Federal Fluminense (UFF), estima que 64 mil famílias foram alvo
de remoções por obras de infraestrutura somente no Rio de Janeiro somente como
preparação da Copa das Confederações. Os doze Comitês Populares da Copa estimam
que 170 mil pessoas serão desalojadas em todo o país para a realização de
grandes projetos urbanos no contexto dos megaeventos esportivos.</span> <span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">De acordo com Raquel Rolnik, relatora especial
da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Moradia Adequada e urbanista da
Universidade de São Paulo (USP), a primeira violação está no direito à
informação já que entidades de representação social têm dificuldade no acesso aos
planos de ações governamentais. As indenizações e realojamentos propostos
também podem ser vistos como violações já que o reassentamento em locais com
menor disponibilidade de serviços e emprego viola o direito de moradia
adequada, que inclui o acesso aos demais direitos humanos educação, saúde,
trabalho. Roknik também atenta para a falta de reconhecimento ao direito de
posse, assegurado pela legislação brasileira e por acordos internacionais
firmados pelo Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Na esteira desta
lógica desenvolvimentista desordenada, a opção pelos veículos individuais
agravou a vida urbana. Em 2011, o número de automóveis em doze metrópoles
brasileiras era de 11,5 milhões. Em 2011 quase dobrou, atingindo 20,5 milhões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Maricato denuncia, por
seu turno, a acomodação de entidades e lideranças que até então lideravam o
movimento de reforma urbana em nosso país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">E é aqui que foco
minha atenção neste artigo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Nas últimas duas
décadas, vivemos a implantação de um programa rooseveltiano, apoiado num pacto
desenvolvimentista que tem num vértice o Estado orientador e concentrador de
recursos públicos para investimento e que se desmembra em outros dois vértices:
a formação de um potente mercado consumidor (via aumento real de salário
mínimo, crédito subsidiado e programas de transferência de renda) e regulação e
orientação para investimentos privados (através da “carta de investimentos”
inscritos no PAC e empréstimos do BNDES). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Mas o programa
roosveltiano brasileiro acrescenta duas novidades em relação ao modelo original:
o financiamento de organizações populares e de representação de massas, como
organizações não governamentais, articulações por direitos civis e sociais e
centrais sindicais. Aqui está a origem para o que Maricato indica como
acomodação de lideranças sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O programa
rooseveltiano também consolida uma antiga pretensão de governantes anteriores:
a coalizão presidencialista, que cria uma forte intimidade governista e
governamental entre Executivo e Legislativo. Mas, neste artigo, me concentro na
análise da absorção das entidades de representação social no interior do
aparelho de Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No mundo sindical, o
movimento foi o mesmo que o observado na Europa e que recebeu a denominação de
neocorporativismo. O conceito sugere o ingresso das estruturas sindicais em
arenas e fóruns estatais que definem a agenda e prioridades governamentais. Na
prática, onde este fenômeno se instalou, ao invés de gerar real controle social
– ou participação – da base sindical, acabou por gerar distanciamento da cúpula
sindical em relação às suas bases. No Brasil, este fenômeno segue a passos
largos. Em 2012, as centrais sindicais receberam repasses federais da ordem de
160 milhões de reais referentes ao imposto sindical, o dobro das transferências
ocorridas em 2008, quando iniciaram os repasses. A maior parte dos recursos
fica com as duas maiores centrais do País, a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e a Força Sindical. Neste ano, a CUT recebeu R$ 44,5 milhões até outubro,
e a Força ficou com R$ 40 milhões. Os recursos representam entre 60% e 80% do
orçamento total das centrais. Destaca-se, ainda, a regulamentação, no mesmo
período, da participação de dirigentes sindicais nos conselhos de empresas
estatais federais. O jeton pago a cada conselheiro chega a 8 mil reais, caso da
Petrobrás. Há registros de jetons que variam de 3 mil reais (suplente do
conselho da Breasilprev) a 15 mil reais (conselho da Funpresp). Há, ainda, a
inversão do ideário sindical observado na gestão dos fundos de pensão que
passaram a adquirir ações de bancos privados e até mesmo indústria bélica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">No campo da ONGs, a
crise de financiamento externo aberto na segunda metade dos anos 1990 também
gerou uma inflexão política. No século XXI espraiou-se como solução à
sobrevivência dessas entidades da sociedade civil a assinatura de convênios com
órgãos estatais. Na prática, os convênios terceirizaram para muitas organizações
não-governamentais os serviços assistenciais antes executados pelo Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Tal inversão foi
programada pelo governo federal. No início da primeira gestão Lula, o
participacionismo teve lugar certo. O programa Fome Zero foi entregue a
lideranças católicas, expoentes da Teologia da Libertação nos anos 1980. A
estrutura de gerenciamento do programa adotou a lógica da cogestão e foi
compreendida como escola de formação de cidadãos para o controle de políticas
públicas. O conceito de empoderamento foi fartamente utilizado neste período,
que significaria ação coletiva ou participação coletiva em espaços
privilegiados de decisões, ampliando o conceito de direito político. Assim, se
orientaria pela superação de qualquer dependência social e dominação política.
Era, obviamente, um discurso que confrontava o Estado patrimonialista. Contudo,
já no final do primeiro ano de gestão já era visível a mudança de foco do
núcleo dirigente. O programa foi entregue à gestão dos prefeitos, o que
provocou profundo descontentamento em Frei Betto e Ivo Poletto que logo pediram
afastamento das funções que assumiram no gerenciamento deste programa. As
razões do afastamento não deixam dúvidas nos livros que os dois protagonistas
publicaram meses depois de se afastarem do governo federal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Outra iniciativa governamental
foi a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), um
amplo conselho consultivo, composto por empresários e representação da
sociedade civil para análise e proposição da agenda nacional. As entidades da
sociedade civil foram unânimes em criticar a pouca efetividade de suas
sugestões e a escuta privilegiada que o governo fazia das proposições
empresariais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Finalmente, esboçou-se
um frágil mecanismo de participação no controle do orçamento federal e
políticas sociais com a criação de Comitês Estaduais de elaboração do Plano
Plurianual (PPA) federal e apoio para realização de conferências nacionais
envolvendo uma ampla agenda temática. Foi a primeira e única tentativa,
abortada no segundo ano de gestão, do governo federal criar mecanismos de
controle social sobre a execução do seu orçamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Finalmente, o lugar
dos conselhos de gestão pública (setoriais ou de direitos) e as conferências
nacionais de direitos. Foram mais de 70 realizadas nos elaborado por Ana Claudia
Chaves Teixeira, Clóvis Henrique Leite de Souza e Paula Pompeu Fiuza de Lima
revelou o movimento errático desta novidade na gestão pública que tinha por
objetivo introduzir elementos de cogestão na tomada de decisão das</span> <span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">políticas sociais brasileiras<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>. Os autores realizaram um
balanço das 74 conferências nacionais realizadas entre 2003 e 201052. Na
maioria dos casos, este evidente esforço de mobilização social não recebeu
nenhuma informação devolutiva pelo Estado, não se sabendo se suas resoluções
foram incorporadas efetivamente nas ações ou estratégias de governo. Poucas
conferências estão instituídas em lei, sendo sua vinculação com conselhos de
gestão pública ou com processos de planejamento como o Plano Plurianual (PPA) é
quase inexistente. O que se observa é a realização de eventos desconectados dos
calendários de formulação governamental, dificultando a possibilidade de
influência das propostas nos planos de ação estatal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em suma, vivemos no
último período, no que tange à participação da cidadania no controle ou gestão
de políticas públicas federais um duplo fenômeno desagregador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">De um lado, os canais
institucionais de participação perderam lugar no processo de tomada de decisão
e foram reduzidos à condição de meras formalidades burocráticas ou
administrativas da lógica de Estado. De outro, a absorção das entidades de
mediação social (estrutura sindical, organizações não-governamentais e
entidades confessionais) pelo aparelho de Estado interditou a mediação de
conflitos locais. Este era o papel fundamental desempenhado por tais entidades
desde a década de 1980. Dada sua capilaridade e multiplicidade de territórios e
segmentos sociais por elas atendidos, era possível criar um arranjo de demandas
das populações mais marginalizadas ou tomadas pelo sentimento de injustiça
social. Numa sociedade desigual como a brasileira, a coleta de demandas e
frustrações e transformação em pauta unificada é essencial para os órgãos
públicos orientarem sua agenda. Sem isto, as frustrações se multiplicam e se
fragmentam numa miríade de lamentações e tensões cotidianos (até mesmo
conflitos latentes). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Foi exatamente isto
que se percebe a partir de 2013. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O primeiro alerta
apareceu entre 18 e 19 de maio. Um boato dava conta da extinção do Programa
Bolsa Família. Em três dias, 920 mil beneficiários sacaram o saldo em suas
contas. A confiança nas pretensões do governo federal pareciam pouco sólidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em seguida, em junho,
explodem os protestos de rua que em três semanas levaram milhões de brasileiros
a apresentarem um mosaico de demandas, pulverizadas e fragmentadas em cartazes
que expressavam desejos pessoais, no máximo grupais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Os governantes se
assustaram. Não compreendiam o que se passava nas ruas. Compreensível.
Justamente porque as ruas expressaram, em síntese, o confronto entre o projeto
de Governo e os projetos de parte da sociedade que não possui canal de
expressão há pelo menos uma década. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As cidades tornam-se o
<i>locus </i> central deste descompasso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Vivemos um projeto
desenvolvimentista executado à revelia das populações menos abastadas. Um
projeto conduzido por elites políticas e econômicas. Algo que remonta à
tradição política e conformação das políticas públicas de nosso país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Os governantes se
assustaram – e ainda se assustam – com o grito polifônico das ruas. Não
entendem o que ocorreu após seus esforços para mudar o país e coloca-lo na
posição de potência econômica mundial. Não entendem porque, em última
instância, não estiveram nas ruas. Não dialogaram. E interditaram as
possibilidades de vida e projetos de família. Tutelaram sonhos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin-bottom: 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Se ao menos tivessem
lido Amartya Sen...... <u><o:p></o:p></u></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> Cf.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade, São Paulo: Companhia das Letras,
2012. Páginas 34 e 36. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cf. MARICATO, Ermínia. É a questão urbana, estúpido!, In MARICATO, Ermínia et
al. Cidades Rebeldes. São Paulo: Boitempo/Carta Maior, 2013, p. 23 e seguintes.
<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
O termo gentrification deriva de "gentry" e do francês arcaico
"genterise" que significa "de origem gentil, nobre". A
expressão da língua inglesa gentrification foi usada pela primeira vez pela
socióloga britânica Ruth Glass, em 1964, ao analisar as transformações
imobiliárias em determinados distritos londrinos. Outro autor que se tornou
referência nos estudos do fenômeno foi o geógrafo britânico Neil Smith, que
identificou os vários processos de gentrificação em curso nas décadas de 1980 e
1990.<o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Ruda/Documents/O%20DIREITO%20%C3%80%20VIDA%20P%C3%9ABLICA.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Cf. TEIXEIRA, Ana Cláudia; SOUZA, Clóvis Henrique Leite & LIMA, Paula
Pompeu Fiuza. “Arquitetura da<o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText">
Participação no Brasil: uma leitura das representações
políticas em espaços participativos nacionais”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
Texto para Discussão 1735,
Rio de Janeiro: IPEA, 2012. Originalmente apresentado no 35º Encontro Anual da
Associação Nacional de Pós‐graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs),
em Caxambu, em outubro de 2011, no Grupo de Trabalho (GT) Controles
Democráticos e Legitimidade.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-41040256093850477332014-03-30T10:18:00.000-03:002014-03-30T10:18:09.266-03:00Entrevista para imprensa portuguesa sobre o Brasil dos rolezinhos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuQluqv6n_mbQB3CRI94Vj2NdRAgKpVXDKi9YHkT_Ir3BQxlfjVNBE3NVjn86UxVPB4GvHK41nQbtQhPYfWJJ0ibKrtTpfgB7Rsq3Puo-gEeiqjzTPtNN5SxQS08AYnRahdYRo9mg9BR0q/s1600/pnn+portugal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuQluqv6n_mbQB3CRI94Vj2NdRAgKpVXDKi9YHkT_Ir3BQxlfjVNBE3NVjn86UxVPB4GvHK41nQbtQhPYfWJJ0ibKrtTpfgB7Rsq3Puo-gEeiqjzTPtNN5SxQS08AYnRahdYRo9mg9BR0q/s1600/pnn+portugal.jpg" height="157" width="400" /></a></div>
Minha entrevista para a jornalista Magda Pimentel, do Portuguese News Network (<a href="http://www.interpnn.com/" style="color: #0186ba; font-size: 12px; white-space: pre-wrap;" target="_blank">http://www.interpnn.com</a> <span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 12px; white-space: pre-wrap;">):</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-size: 12px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<pre style="background-color: white; color: #333333; font-size: 12px; padding: 0px; white-space: pre-wrap !important;"><b>1 – Como define “rolezinho”? Um movimento social, um acto de reivindicação, protesto, convívio sem intenção de violência…?</b>
R: Apenas convívio e consumismo desenfreado de pré-adolescentes e adolescentes. Não absolutamente nenhum sinal de protesto. São filhos dos 40 milhões de brasileiros que saíram da pobreza nos últimos dez anos, fruto do aumento real do salário mínimo e políticas federais de transferência de renda. Eles sempre viveram em shopping centers e sentem ser o lugar deles. Os encontros são convocados pelas redes sociais, através de fanpages que possuem entre 2 mil e até 100 mil seguidores. São comunidades virtuais de auto-promoção, divulgando vídeos, pensamentos, fotos. O aumento de envolvidos se deu em virtude de certa "disputa" entre donos de fanpages (chamados por eles de ídolos), que começaram a promover agrados e receber presentes de seus fãs. Participar de fanpages muito festejadas passou a significar prestígio entre adolescentes de baixa renda das periferias dos grandes centros urbanos.
<b>2 – Existe alguma relação entre os “rolezinhos” e a onda de protestos que está a atingir o país desde o ano passado?</b>
R: Nenhuma. As manifestações de junho envolviam jovens de 20 a 30 anos, universitários de classe média e com forte ideário anarquista ou autonomista. Os participantes dos rolezinhos são pré-adolescentes e adolescentes de 11 a 17 anos, profundamente despolitizados e que querem apenas se divertir e consumir (por este motivo marcam encontros nos centros de compra).
<b>3 – O que leva os jovens a marcar estes encontros nos shoppings e parques públicos?</b>
R: Sempre frequentaram estes locais de compra porque vivemos, nos últimos dez anos, a "inclusão pelo consumo". Seus pais foram os primeiros de suas famílias a viajar de avião, a comprar imóvel, a comprar televisão de tela plana, celulares. O discurso de várias igrejas neopentecostais reforçou a crença no consumo como demonstração de sucesso e prestígio. Mergulhados nesta cultura familiar consumista, os membros dos rolezinhos começaram a formar comunidades virtuais no Facebook. É preciso destacar o imenso acesso às redes sociais das classes menos favorecidas no Brasil nos últimos cinco anos, via smartphones. A Associação Brasileira de Internet revela que este é o motivo para fechamento de lan houses no Brasil, já que o acesso começou a ser realizado pelos celulares. Este é o caso do norte e nordeste do Brasil e também dos bairros periféricos e menos abastados dos grandes centros urbanos da região sudeste.
<b>4 – Em Janeiro, alguns shoppings da periferia de São Paulo proibiram estes encontros e impuseram uma multa de até 10 mil reais a quem participasse. Considera que se trata de uma medida de segurança ou um acto de discriminação?</b>
R: Evidentemente. Base da cultura estamental brasileira. O Brasil é um país intolerante. Aceita a existência do diferente desde que fique em seu lugar e não "invada" o espaço dos mais abastados. Num país que historicamente há baixa mobilidade social, uma mudança tão drástica nos últimos dez anos mexeu com os brios dos mais abastados e revelou uma faceta discriminatória não prevista pelos governos que promoveram as políticas de transferência de renda. Os "meninos de junho" (das manifestações) e os meninos dos rolezinhos são as novas faces dos brasileiros. Vale destacar que os beneficiários do programa Bolsa Família ainda não se expressaram.
<b>5 – Em ano de Copa e eleições, que perigos os “rolezinhos” poderão representar?</b>
R: Nenhum. Na Copa teremos manifestações organizadas pelos Comitês Populares da Copa que constituíram uma articulação nacional, a ANCOP. São os mesmos que estavam nas ruas em junho do ano passado. No final do ano passado, lançaram a palavra de ordem: "Não vai ter Copa!". Criticam duramente os gastos públicos e o modelo de imposição da FIFA que afeta as populações mais pobres (em função das remoções de moradores e trabalhadores das regiões que estão sendo modernizadas - ou gentrificadas - pelas obras de preparação da Copa). Não é possível prever o impacto das manifestações programadas. A seleção nacional de futebol é um Brasil de chuteiras, como já afirmou o dramaturgo Nelson Rodrigues. Mas, por outra lado, pesquisa Datafolha revelou que 75% dos brasileiros consideram que a Copa não trará nenhum benefício ao país. Vivemos um momento inusitado e pouco previsível.</pre>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-47884111740814976132014-03-30T09:33:00.002-03:002014-03-30T09:33:44.610-03:00Lançamento oficial do livro Nas Ruas, em Belo Horizonte<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfq-F3B14WSS3ekbI94driw_1F06WovDyfFlh6I8jyhtJIgbnuDDlvWVuWqAq1kmm5-81P4V-zv3hyrChSoJV0zoHicGbKCVkB2uy-3lBy7aWO_qTZE4sW_MN6gWZn3wvZiI7KT0JXYKRY/s1600/image001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfq-F3B14WSS3ekbI94driw_1F06WovDyfFlh6I8jyhtJIgbnuDDlvWVuWqAq1kmm5-81P4V-zv3hyrChSoJV0zoHicGbKCVkB2uy-3lBy7aWO_qTZE4sW_MN6gWZn3wvZiI7KT0JXYKRY/s1600/image001.jpg" height="640" width="450" /></a></div>
<br />Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-6957820452768916252014-03-23T19:37:00.001-03:002014-03-23T19:37:12.632-03:00Programação do Espaço Luiz Estrela (BH), no dia 29 de março<div style="background-color: white; border-top-width: 0px; color: #333333; font-family: 'Lucida Grande', Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px; padding-top: 0px;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4zcEpA0kzD6-Tam4GZ8d-c-q1qBeueC0prEht66aN4LWepnQKGlHLNIF84B-7bq7RkN_JvGxKCagnCX22ZdfLuIxoJ1VR1cVgQ0BAEja-azmu-HWM1BU3Ed41U7xVwc4-zbuf-TyHHbNt/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4zcEpA0kzD6-Tam4GZ8d-c-q1qBeueC0prEht66aN4LWepnQKGlHLNIF84B-7bq7RkN_JvGxKCagnCX22ZdfLuIxoJ1VR1cVgQ0BAEja-azmu-HWM1BU3Ed41U7xVwc4-zbuf-TyHHbNt/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><u><b>PROGRAMAÇÃO 29 de março:</b></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">Estrela em Catarse #3</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<b style="font-family: Arial;">* 10h - Lançamento de Livros e Roda de Conversa sobre as Jornadas de Junho </b><span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="border-top-width: 0px; padding-top: 0px;">
<span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;"><br /></span></div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">Rudá Ricci e Patrick Arley - Nas Ruas</span><br />
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Bruno Cava - A Multidão foi ao Deserto </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
Louise Ganz - <span style="font-size: 12.800000190734863px;"> </span><span style="font-size: 12.800000190734863px;">Bicicletas ambientes:economias de quintal e Cozinhas Temporárias: pelos quintais do Jardim Canadá </span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<span style="font-size: 12.800000190734863px;">(convidado) Joviano Mayer - falará sobre as Jornadas de Junho</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>* 11h - Oficina de Jogos - Origem, jogos e objetos </b>(acontece junto com a mesa sem prejuízo à atividade)<b></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><a href="http://www.origem.com.br/para-voce/" style="color: #0186ba;" target="_blank"><span style="color: windowtext;">http://www.origem.com.br/para-voce/</span></a></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><span style="color: windowtext;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=fjBevUu-9rk" style="color: #0186ba;" target="_blank">http://www.youtube.com/watch?v=fjBevUu-9rk</a></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>* 12h - Almoço Vegano no Georgette Zona Muda </b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="font-family: Arial;"><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="font-family: Arial;">* 14h - Feira de Comidas Vegetarianas e Veganas </b><span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>* 14h - Oficina de Peteleco </b><b></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">* 17h - Vacamarela:</b><span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"> o silêncio da resistência. Improvisação em dança com Dorothé Depeauw</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>* 18h -</b></span><b style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"> </b><b style="font-family: Arial;">Mostra "Os Brutos" </b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>* 19h às 21h - Quarteirão do Soul </b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><b>Ao longo do dia:</b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">* venda dos livros lançados</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">* venda de camisetas do Projeto MAPA</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">* TV instalação com a final da Copa do Mundo que o Brasil perdeu</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">* DJ Ritinha e Sosti (entre as programações)</span></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Lucida Grande', Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 11px;">
<div dir="ltr" style="border-top-width: 0px; padding-top: 0px;">
<div style="border-top-width: 0px; padding-top: 0px;">
<i><span style="color: #0b5394;">______________________</span></i></div>
</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-11041364704365367692014-03-23T18:41:00.000-03:002014-03-23T18:41:53.336-03:00A diferença entre direita e conservadorismo brasileiros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE040xMiwrAfzL8yaeIXGxdCxV49UKV1TNgq3LbV0vOrmSZWnku5twdVAod_7otbtmoCC-qj2B35ZM6nfMsXe5KACoo8ovGliIA7FQxVDcpCqro_5FWqy0VUVIoilG32bWR5M_8LZu4NJP/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE040xMiwrAfzL8yaeIXGxdCxV49UKV1TNgq3LbV0vOrmSZWnku5twdVAod_7otbtmoCC-qj2B35ZM6nfMsXe5KACoo8ovGliIA7FQxVDcpCqro_5FWqy0VUVIoilG32bWR5M_8LZu4NJP/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Emanuel Marra me pergunta, no Facebook, se eu poderia detalhar mais o que
seria a direita brasileira. Achei que esta seria uma questão que interessaria
outros que me seguem nas redes sociais. Interesse evidentemente lastreado no imenso fracasso da reedição da Marcha com Deus convocado pela direita tupiniquim nesses dias de março. </div>
<div class="MsoNormal">
Então, lá vai. A questão central é
distinguirmos direita de pensamento ou valores conservadores. A direita é
programática, possui uma leitura sobre a sociedade e ideologia. Já o pensamento
conservador se atém ao comportamento social, quase sempre focada no campo dos
direitos civis e não necessariamente no Estado ou na estrutura de poder. A maioria
dos brasileiros é conservadora, mas não de direita. O que possuem de comum é a
defesa da família nuclear e rejeição à ampliação de direitos civis. Confundem o
conceito de família com a nuclear (composta por pai, mãe e filhos). Mas esta
composição familiar é a que mais decai proporcionalmente no Brasil, desde os
anos 1980 (hoje, bem próximo de 50% do total). A família que mais cresce é a
monoparental (hoje, bem próximo de 25% do total), em especial, aquela que
apenas a mãe vive com os filhos (90% das famílias monoparentais brasileiras). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A partir daí começam as diferenças. Vejamos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
a) o conservadorismo brasileiro é composto por negros e
pobres. Contudo, a direita brasileira os rejeita por ser profundamente elitista
e acreditar que a lógica estamental tem relação com meritocracia (quando, na
verdade, tem relação com a intolerância e a cristalização de hierarquia baseada
em privilégios históricos e tradicionais);<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
b) a população pobre quer a tutela do Estado. A direita
brasileira, ao contrário, quer o liberalismo econômico. Esta distinção é
fundamental porque coloca em lados opostos a direita e o conservadorismo
popular brasileiro. Liberalismo, num país com forte desigualdade social, é
interpretado pela grande massa da população pobre brasileira (há inúmeras
pesquisas a respeito) como privilégio aos ricos e empresários e ausência de
proteção e promoção social estatal;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
c) Os pobres brasileiros (cuja maioria é conservadora)
defendem a ordem e a paz. A direita brasileira é beligerante, agressiva e
frequentemente fulaniza os ataques políticos, tornando-os ataques grosseiros e
rudes, pregando corretivos violentos e discriminadores. Tal discurso vincula-se
rapidamente aos desmandos e abusos históricos que as classes menos
privilegiadas no Brasil (grande parte oriunda da dominação escravagista, negra
ou indígena) sofreram;<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
d) A religiosidade popular é sincrética, alicerçada numa
bricolagem muito ampla, envolvendo catolicismo e protestantismo; espiritismo e
candomblé, além de crendices e provérbios populares e até mesmo diálogos com
conhecimentos vinculados à socialização de almanaques europeus via cordel, num
amálgama extremamente rico e sofisticado que chega a alterar os cânones das
principais igrejas ocidentais (como a inclusão de Cosme e Damião, entre outros).
Já a direita brasileira é dogmática e fundamentalista, hierarquizando valores e
conhecimentos e excluindo toda identidade sincrética como um erro fundado na
ignorância. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
A direita, enfim, não prospera no Brasil em tempos
democráticos. Daí seu eterno apelo às armas. Como um corretivo. Como um
mergulho no obscurantismo medieval. <o:p></o:p></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-50518208716057804602014-03-15T09:36:00.001-03:002014-03-15T09:36:12.873-03:00Apontamentos sobre o Anteprojeto da DS para sua XI Conferência Nacional.<div style="border-bottom: solid #4F81BD 1.0pt; border: none; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 4.0pt 0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRS6RFyFav3xAJHN04tA5ZqctgsYJhLRijkzI27TVjhobkXTGvkBnispytkoorQ7T3YQtKXj2guN0jR5osJiZHhcNEf6RcCFMMRQBuZfZjk8lveUW9COn1sBZhnd2nElQ1cD-yIIfsRtb9/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRS6RFyFav3xAJHN04tA5ZqctgsYJhLRijkzI27TVjhobkXTGvkBnispytkoorQ7T3YQtKXj2guN0jR5osJiZHhcNEf6RcCFMMRQBuZfZjk8lveUW9COn1sBZhnd2nElQ1cD-yIIfsRtb9/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoTitleCxSpFirst">
<span style="font-size: 12.0pt;"><b>O foco eleitoreiro
cria um mundo dicotômico</b></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
POR Rudá Ricci<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Recebo o anteprojeto de resolução da Conferência Nacional da
Democracia Socialista, possivelmente a tendência interna do PT com maior
capacidade de formulação política. Por este motivo, este documento orienta uma
leitura mais complexa dos cenários e estratégias (e até mesmo o ideário) do
partido que governo o Brasil há doze anos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O que surpreende no texto é o fim da dialética como
orientação metodológica para análise da realidade para uma corrente fundada na
tradição marxista, mais precisamente, trotskista. A hipótese que parece mais
plausível para esta mudança interpretativa é o foco nas eleições e manutenção
do governo federal, o que subordina todas outras dimensões da vida social,
cultural e política a esta singela meta política. Para dar um tom épico a esta
disputa pelo voto, o documento procura valorizar um conceito frágil de “revolução
democrática”, algo que estaria em curso em nosso país desde a primeira vitória
de Lula.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O interessante é que ao longo do referido documento, toda
agenda sugerida como eixo central desta revolução em curso foi absolutamente
abandonada pelo governo Lula desde seu primeiro ano, em 2003. O documento se
revela, assim, um exercício de contorcionismo programático e interpretativo da
maior relevância porque sugere as dificuldades para militantes históricos e
sinceros do PT em se encontrar em meio à terceira via que se instalou no
governo federal. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O documento começa pela análise da conjuntura internacional.
Sustenta que o neoliberalismo ingressou, desde 2008, numa profunda crise,
embora a expressão concreta desta crise seja relativa em algumas regiões,
diferenciando-se ao longo do planeta. O significativo da análise feita nesta
primeira parte do documento é a constatação que tanto o movimento sindical como
os partidos de esquerda não conseguiram levantar resistências significativas ao
projeto conservador. Fica, contudo, a lacuna sobre os motivos para esta
ausência ou incapacidade das estruturas de representação clássicas. A lacuna é
extremamente relevante porque joga na penumbra o que poderia ser uma importante
crítica sobre a agenda ou até mesmo estrutura organizacional destas
instituições políticas. Não aprofundando, o documento abre espaço para a
proposição que fará mais adiante sobre o cenário nacional. Mas, ainda na
análise do cenário internacional, o documento da DS sugere que a América
Latina, “especialmente a do Sul”, continua sendo o território de avanços
alternativos ao neoliberalismo. Aqui começa a redução do mundo político às duas
possibilidades, transformando análise e disputa política numa expressão
raquítica da vida social. Não há uma linha sequer para diferenciar o campo
geopolítico do chavismo daquele que Lula tentou construir e que Dilma Rousseff
abandonou. Indiretamente o documento sugere uma linha de continuidade que
efetivamente não existiu. O lulismo disputou, efetivamente, a América Latina
com Chavez. Foram dois projetos distintos que traduziam trajetórias pessoais
antagônicas das duas lideranças: a militar e a sindical. Dilma, por seu turno,
optou pela orientação administrativista (ou gerencial), de natureza mais
técnica, nas ações diplomáticas o que, por sinal, se expressou na troca do
perfil do chanceler brasileiro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Esta primeira parte do documento da DS termina sugerindo que
não há alternativa capitalista de superação da crise econômica. Porém, a
esquerda mundial encontra-se sob pressão do capital internacional. O que
poderia explicar a emergência de movimentos de contestação popular, de
inspiração neonazista ou anarquista, em grande parte da Europa. Mas o
documento, mais uma vez, se omite em relação às dificuldades da esquerda
clássica (tanto sindical, quanto partidária) em se apresentar como alternativa
ou mesmo como polo de reflexão sobre uma agenda de mudanças econômicas,
políticas e sociais. Daí, no item 14, o documento da DS tatear uma explicação
que começa assim: “talvez possa se falar em um cenário instável e polarizado
pela direita da crise do neoliberalismo”. Uma redação evidentemente insegura ou
excessivamente cautelosa que, nas entrelinhas, se apoia na inexistência do
protagonismo da esquerda clássica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No item 16 do documento da DS, contudo, é apresentado um
esboço de estratégia ao sugerir os partidos institucionalizados aferrados às
regras do jogo, o que aponta para a alternativa da adoção de formas de
democracia direta e participativa e maior capilaridade dos partidos nos
movimentos sociais. Também sugere, no item seguinte, a “profunda erosão dos
valores e tradições socialistas e do mundo do trabalho”. Ora, esta poderia ser
a agenda para a esquerda brasileira, mas, como se verá adiante, é exatamente o
inverso do que o documento aponta efetivamente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As dificuldades interpretativas, contudo, emergem quando o
documento se debruça sobre o cenário nacional. O primeiro erro grosseiro é
denominar o momento atual pelo que o Brasil passa de “revolução democrática”. O
conceito é impressionista e carece de qualquer profundidade analítica. Revolução,
tal como sustentou em inúmeros estudos por Florestan Fernandes, é processo de
transformação da ordem social. Ora, os governos lulistas criaram um potente
mercado consumidor interno e redefiniram o papel orientador do Estado nacional.
Mas, nem de longe, apontou uma mudança
na ordem social e política. Ao contrário, trata-se da adoção da agenda
rooseveltiana, tal como sugere André Singer num dos capítulos de seu “Os
Sentidos do Lulismo” e também desenvolvido em meu livro “Lulismo”. A melhor
tradução da agenda lulista é a formatação de um pacto desenvolvimentista, anos
luz de qualquer processo revolucionário. Um exagero semântico que a DS terá
dificuldades para justificar e emprega-lo na luta política concreta. Porque se
houve abortos nítidos que geraram defecções importantes nos dois governos de
Lula tiveram como motivação a política econômica focada no apoio ao grande
capital, na marginalização da agenda do desenvolvimento sustentável e reforma
agrária e, principalmente, na rejeição a qualquer mecanismo concreto de
controle social sobre o Estado. A agenda rooseveltiana é conservadora do ponto
de vista político, mas progressista em termos de ganhos sociais, além de
orientada para a hipertrofia do Estado. Não há nada, contudo, que quebre a lógica
sistêmica da ordem vigente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tal conceito, afoito ou desprovido de fundamento real,
traveste a polarização eleitoral em polarização ideológica. O que faz de toda
manifestação de contestação uma reação conservadora ou irresponsável. Na melhor
das hipóteses, um infantilismo esquerdista ou autoreferenciado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Há dois momentos em que o documento aponta para uma agenda
do que seria tal revolução democrática. No item 21, indica:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt;">
Esta dinâmica de revolução
democrática abre um novo período de mudanças estruturais no país, centralizadas
por uma democratização qualitativa dos centros de poder. A democratização dos
centros de poder do Estado – conjugando um novo quadro institucional das formas
de representação e democracia participativa, de democratização do processo de
formação da opinião pública, de fim da corrupção sistêmica, de avanços na
Justiça de Transição e de superação das dimensões conservadoras das políticas
de segurança pública – se associaria a um novo patamar de planejamento público
e de políticas macroeconômicas, abrindo um período de universalização das
políticas sociais e de desmercantilização dos bens necessários à reprodução da
vida social formando um Estado alicerçado nos valores da solidariedade, do
feminismo e da multi-etnicidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mais adiante, no item 40, sugere:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt;">
É preciso pois disputar
abertamente a legitimidade democrática do sentido e do aprofundamento das
políticas econômicas anti-neoliberais que se afirmaram mais claramente a partir
do fim do primeiro mandato do presidente Lula. A afirmação do planejamento
democrático, da função decisiva do setor público como financiador, produtor e
regulador, das medidas de combate aos poderes financeiros, das iniciativas de
defesa dos direitos do trabalho e a ampliação das políticas sociais, da defesa
da soberania nacional diante da pressão rentista internacional, da agricultura
familiar e da reforma agrária são fundamentais para inverter um panorama
político e comunicativo defensivo. Em terceiro lugar, há uma nítida diferença
entre o sentido programático da reeleição de Dilma e a opção preferencial pela
aliança com o PMDB, que no Congresso Nacional tem evidenciado e até aprofundado
o seu atrelamento a posturas e interesses conservadores. Neste quadro, será decisivo
a nitidez programática imprimida pelo PT e pelo PC do B e pelos setores mais
progressistas da coalizão à candidatura Dilma Roussef, preparando inclusive um
esforço de uma nova convergência política e social nos próximos anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ora, uma leitura mais rigorosa daria conta para compreender
que esta agenda é antagônica à entabulada pelo lulismo. Os dados são oficiais e
demonstram nitidamente que a reforma agrária foi debelada como política pública
estratégica em função da implantação do bolsa família. Já havia, anteriormente,
a intenção de substituir esta agenda clássica da esquerda brasileira por territórios
da cidadania. O fato é que as teses de José Graziano da Silva, ex-dirigente do
programa Fome Zero e hoje comandante da FAO, tão disseminadas em meados dos
anos 1980 sobre o anacronismo da reforma agrária como reforma econômica, deitaram
raízes no programa lulista. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O planejamento democrático simplesmente não existiu nos últimos
dez anos. Ao contrário, a participação de entidades de representação social em
arenas oficiais desmantelaram as mediações destas organizações com as ruas.
Convênios que terceirizaram serviços sociais públicos para ONGs, administração
de fundos de pensão com o nítido foco em ganhos de dividendos (como aquisição
de ações de indústria bélica e grandes bancos), participação de sindicalistas
(com pagamentos de jetons pessoais) em conselhos de empresas estatais sem
consulta às bases sindicais sobre pautas e prioridades, baixo impacto das
dezenas de conferências nacionais de direitos, aborto do sistema de controle
social sobre o Bolsa Família elaborado por Frei Betto e Ivo Poletto, assim como
aborto do controle popular sobre a implantação do PPA federal (que foi
timidamente esboçado em audiências públicas nas capitais durante 2003) são
algumas situações que indicam os rumos concretos do processo de decisão
governamental. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por confundir intenção com gesto, o documento da DS incorre
em passagens ufanistas, como se estivéssemos vivenciando no Brasil uma mudança
de proporções regionais ou até mundiais. Um exagero que reforça a noção da
disputa eleitoral ser mais importante que as demandas sociais expostas em
conflitos de rua. A hipérbole literária pode ser verificada no item 20 do
referido documento:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 70.8pt;">
2002 marcou o início de um novo
ciclo político do país, com a vitória de Lula em um quadro de forte chantagem
dos capitais financeiros internacionais e das forças políticas neoliberais;
2006 foi fundamental para marcar a conquista de um segundo mandato Lula, após a
grave crise de 2005, consolidando e legitimando uma inflexão à esquerda
importante da legitimidade da luta contra os fundamentos neoliberais (nova
orientação da política econômica desde o final de 2005, nova política do
salário-mínimo, denúncia das privatizações no segundo turno, consolidação da
legitimidade das novas políticas de inclusão social); 2010 foi uma clara
manifestação do apoio à continuidade e aprofundamento das mudanças conquistadas
nos governos Lula, a partir das respostas à esquerda diante dos novos desafios
da crise econômica internacional de 2008, com a construção da liderança
política de Dilma Roussef em meio a um quadro de forte acirramento da luta de
classes a partir de uma contra-ofensiva político-midiático neoliberal e
conservadora promovida pela candidatura Serra, principalmente a partir do final
do primeiro turno.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Uma passagem do excerto destacado acima já possibilita
desmontar a tese ufanista. Afinal, o que teria gerado “a grave crise de 2005”?
Foi a ofensiva anti-lulista que procurava surfar na reação popular aos casos de
corrupção instalados na Casa Civil. Lembremos que o caso cunhado como “mensalão”
é posterior à crise iniciada com as movimentações de um assessor do ministro da
Casa Civil. O fato é que Lula decidiu, a partir dali, reorientar suas políticas,
até então desarticuladas, num formato clássico rooseveltiano. O eleitorado
petista se altera desde então, como demonstram diversos estudos de análise
eleitoral. Passou a se confundir com o eleitorado do PMDB, com menor renda e
instrução. A ruptura com o Fome Zero, segundo o que Frei Betto registrou em
livros, revelou um movimento do lulismo para acordos com a Ordem institucionalizada.
Do controle social do programa através dos Talheres (denominação dada pelo Fome
Zero às estruturas de gestão participativa), Lula optou pelo controle pelas
prefeituras, o que foi duramente criticado por várias pastorais sociais envolvidas
na criação da rede social de gestão participativa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A política econômica também se radicalizou e a orientação
para focalização das políticas sociais, tal como preconizava a Secretaria
Nacional de Política Econômica do Ministério da Fazenda, passou a ser discurso único.
A partir daí, a aliança com o PMDB e a formação de um amplo arco de acordos que
forjou de vez a coalizão presidencialista feriu de morte o programa petista. Este
que o documento da DS procura recuperar em parte. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Daí a necessidade de redigir frases de efeito como a que
abre o item 19 do referido documento: “as eleições de 2014 devem ser analisadas
como parte do longo ciclo de luta contra o neoliberalismo, que teve início em 1989”.
O próprio documento já havia indicado que o neoliberalismo já não é mais hegemônico.
Mas que a esquerda não consegue apresentar uma alternativa popular. E, ainda,
que emergem daí, mobilizações de massa que trilham caminhos alternativos, do
neofascismo europeu ao anarquismo ou autonomismo encontrados no Occupy
norte-americano, nos Indignados espanhóis, na Revolução das Panelas da Islândia
e até mesmo nas Assembleias Populares argentinas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As eleições, enfim, se tornaram o último campo de batalha
para uma esquerda acuada, sem musculatura, que vive às sombras de um governo de
coalizão onde seu peso é quase imperceptível. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como bem demonstra o final do documento, as alternativas
eleitorais à Dilma Rousseff são insignificantes. Até o momento, a reeleição
pode ocorrer no primeiro turno. Mas não é aí que está o risco ao lulismo. Está
nas ruas. Algo que o documento da DS não consegue analisar profundamente.
Porque seu foco é o campo institucional, a eleição e a tentativa de influência
de um governo que se pauta pela reação, pela ausência de projeto estratégico nítido.
O Mais Médicos surgiu como reação às ruas. A aliança com o PMDB como reação à
ofensiva oposicionista em 2005. A proposta de plebiscito da reforma política
como reação às manifestações de junho. Assim como a esdrúxula proposta de lei
antiterror e leis que procuram coibir protestos de rua sob o pretexto de ameaça
à ordem nacional. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O documento da DS peca porque não sabe como fazer ponte
entre o governo que participa e as ruas, órfãs nos últimos dez anos. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O lugar da esquerda sempre foi as ruas. Mas a DS parece
procurar uma outra via. <o:p></o:p></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-7015662593795700442014-03-14T14:30:00.002-03:002014-03-14T14:30:11.167-03:00Datas de lançamento do "Nas Ruas"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17yA5j01qc7YdbQpWi18oeb0Es0H1iyP-3Ma1tVT4wfUvX9Ef_1bwkIDsNOxF9YN8M-mS0-2nVMGC6X_UdnxRGcz6_ek-grAXLpLyUroM1Q4j6gjVZL4t3J6UkYn0Tij7qKBM4utIdKx-/s1600/1622611_535076766605873_980217530_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17yA5j01qc7YdbQpWi18oeb0Es0H1iyP-3Ma1tVT4wfUvX9Ef_1bwkIDsNOxF9YN8M-mS0-2nVMGC6X_UdnxRGcz6_ek-grAXLpLyUroM1Q4j6gjVZL4t3J6UkYn0Tij7qKBM4utIdKx-/s1600/1622611_535076766605873_980217530_n.jpg" height="320" width="219" /></a></div>
Pessoal,<br />
Até agora temos as seguintes datas de lançamento do nosso livro "Nas Ruas":<br />
<br />
<b>Dia 24/03</b>: Escola do Legislativa da Assembleia Estadual de Minas Gerais. 14h00. Debate com Carlos Ranulfo (UFMG)<br />
<br />
<b>Dia 26/03</b>: Pirajuí/SP, durante Jornada de Educação<br />
<br />
<b>Dia 28/03</b>: Escola da Cidadania da Zona Leste, em São Paulo. Salão da Igreja São Francisco. Rua Miguel Rachid, 997, Ermelino Matarazzo, São Paulo, 19h00.<br />
<br />
<b>29/03 </b>- Espaço Luiz Estrela, Belo Horizonte. 10h00. Com a presença de Bruno Cava. Rua Manaus, 348, bairro Santa Efigênia.<br />
<br />
<b>02/04</b> - Contagem.<br />
<br />
<b>08/04</b> - Lançamento oficial do livro em Belo Horizonte. Bar Pimenta com Cachaça. 19h00. Com presença de Pablo Ortellado (USP) e COPAC (Comitê dos Atingidos pela Copa). Avenida do Contorno, 8699. Teremos violeiros, performances e banda de Maracatu.<br />
<br />
<b>09/04</b> - Curvelo. Durante Semana Jurídica.<br />
<br />
<b>11/04</b> - Rio de Janeiro. Auditória da OAB-RJ. Avenida Marechal Câmara, 150.Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-88943002032266081642014-03-07T19:43:00.002-03:002014-03-07T19:43:49.350-03:00Aumento de votos brancos e nulos podem dar vitória à Dilma no primeiro turno<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2G9qAQF87r_78S43BQjnBc8eA7dlaz5dZe4YyXRq6F_EWzLbY1md7FdRPNIgOcj5ZVvMyGhpyrhg5n7StVIWcXpPLJsJtmIMbVeyy8cZ9DMmtRU5F51cPNq39RWVNZqq9pU-5L7OJPOKM/s1600/As+urnas+e+a+ruas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2G9qAQF87r_78S43BQjnBc8eA7dlaz5dZe4YyXRq6F_EWzLbY1md7FdRPNIgOcj5ZVvMyGhpyrhg5n7StVIWcXpPLJsJtmIMbVeyy8cZ9DMmtRU5F51cPNq39RWVNZqq9pU-5L7OJPOKM/s1600/As+urnas+e+a+ruas.jpg" /></a></div>
A coluna de hoje de Maria Cristina Fernandes, editora de Política do Valor Econômico, traduz minha principal hipótese para as eleições de outubro. O possível aumento de votos brancos e nulos pode dar vitória no primeiro turno à Dilma Rousseff. Em meio ao ataque de nervos que envolve oposição e palacianos, esta parece ser a tendência a ser olhada com respeito.<br />
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, sans-serif; margin: 20px 0px 0px; position: relative;">
O rojão que aumenta as chances de 1º turno - MARIA CRISTINA FERNANDES</h3>
<div class="post-header" style="background-color: white; color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.6; margin: 0px 0px 1em;">
<div class="post-header-line-1">
</div>
</div>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-153717132924380411" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; color: #666666; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18.200000762939453px; position: relative; width: 760px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Valor Econômico - 07/03</b></span><div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desde que inventaram eleição em dois turnos no Brasil dela só escapou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tanto em 1994 quanto em 1998. Em nenhuma das três eleições posteriores o PT foi capaz de chegar à maioria absoluta dos votos para liquidar a fatura de uma só vez.<br /><br />Num momento em que pemedebistas e petistas deixados ao relento, além de empresários e banqueiros queixosos, só se ocupam do "volta Lula", a aposta de que a reeleição da presidente Dilma Rousseff pode repetir a façanha de FHC parece uma alucinação.<br /><br />A aposta tem nome e endereço e está a léguas, em distância e propósito, do quartel-general da campanha presidencial. Chama-se Alexandre Marinis, foi analista do banco Garantia e hoje tem uma consultoria que se dedica a esquadrinhar a política em números para seus clientes.<br /><br />Todos se surpreendem até serem apresentados ao caminho percorrido pelo economista da Mosaico até as previsões que, só à primeira vista, parecem uma ressaca mal curada de carnaval. O ponto de partida são as manifestações de junho do ano passado. Duas pesquisas Datafolha feitas antes e depois de as ruas se encherem mostram que o percentual de eleitores dispostos a dar um voto em branco ou anulá-lo havia mais do que duplicado.<br /><br />Até o início de junho o patamar se mantinha no limite padrão de 7%. A partir das manifestações, esse percentual cresceria a ponto de chegar a 18% na última rodada de fevereiro.<br /><br />Se um maior número de eleitores se diz disposto a anular sua opção para presidente ou votar em branco, diminui a cesta de votos válidos a partir da qual se conta a maioria necessária para que se liquide a fatura no primeiro turno. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A remissão às duas eleições de FHC é obrigatória. De cada dez eleitores que compareceram para votar em 1994 e 1998, oito validaram seus votos. O ex-presidente elegeu-se com metade desses votos.<br /><br />Na era petista o sarrafo aumentou. Caiu o percentual de nulos, muito provavelmente por causa da universalização da urna eletrônica. Os votos nulos sempre foram maiores em cidades com maior número de analfabetos. A urna eletrônica facilitou o voto dessas pessoas.<br /><br />Com isso, de cada dez eleitores que compareceram aos locais de votação nas três últimas disputas presidenciais nove validaram seus votos. Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma precisavam fazer uma metade mais robusta de votos que a de FHC. Falharam e acabaram enfrentando um segundo turno.<br /><br />A julgar por todas as pesquisas desde as manifestações, o patamar de nulos estará mais próximo daquele observado nas eleições de FHC do que na dos petistas, o que embasa as convicções de Marinis sobre as chances de um único turno em outubro.<br /><br />Além das evidências aritméticas, as pesquisas revelam que o alheamento prejudica a oposição porque tira do mercado os eleitores mais oposicionistas do pedaço. É duas vezes mais fácil encontrar um eleitor que aprova governo Dilma entre aqueles que pretendem escolher o senador Aécio Neves ou o governador Eduardo Campos do que entre aqueles que pretendem votar em branco ou nulo.<br /><br />A entrada da ex-senadora Marina Silva como vice de Campos ou mesmo como candidata melhora as chances do PSB, mas não reduz o alheamento eleitoral. Tanto Campos quanto Aécio devem torcer por candidaturas que ajudem a captar esse voto nulo. Se o pré-candidato do PSOL, o senador Randolfe Rodrigues (AP), começar a ser ouvido pelos desencantados pode ajudar a oposição. O mesmo talvez não possa ser dito se o ministro Joaquim Barbosa resolver disputar e, além dos alheios, roubar os votos da oposição.<br /><br />O alheamento acendeu o sinal amarelo no Tribunal Superior Eleitoral, que prepara campanha institucional sobre a importância do voto. Ao contrário de outras, de teor mais educativo e voltada para grotões analfabetos, esta, com um apelo mais cívico, buscará o eleitor das grandes cidades. Desde as massivas demonstrações de junho, os protestos reduziram-se em escopo, mas não é só quem solta rojão que se afasta da urna. A violência gerada por ambos os lados e seu noticiário inflam a descrença na política institucional.<br /><br />A despeito do empenho do governo em aprovar lei contra os rojões, as manifestações, pelo que mostram as contas de Marinis, podem acabar ajudando a reeleição. À dura tarefa de conquistar quem quer votar, soma-se aos percalços da oposição a façanha de arrebanhar os alheios.</span></div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-79815737524751620832014-03-01T15:04:00.001-03:002014-03-01T15:04:52.034-03:00Minha fala na UNIBH sobre a pior geração de gestores públicos do país<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/7l2TDRfoIxE?list=PLLdrEJZnj8hLBmuiAu75O5tmU-fxuQIP5" width="460"></iframe>Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-49336921674708097672014-02-27T07:41:00.000-03:002014-02-27T07:41:03.502-03:00Minhas postagens no blog e no Facebook<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMBcxyBik42uRlY_uV7kmf43CH9IwSWhvqU0D5wUybR1uL5EJ5ylWC80g8-2CxHXX6W5ocSjr1AgnjwJZl6qxLoyheRCZnU4sw_gtYl05_p0Q7_-V8q-saHWZALpRFlhmkhgqrDVEqT-u2/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMBcxyBik42uRlY_uV7kmf43CH9IwSWhvqU0D5wUybR1uL5EJ5ylWC80g8-2CxHXX6W5ocSjr1AgnjwJZl6qxLoyheRCZnU4sw_gtYl05_p0Q7_-V8q-saHWZALpRFlhmkhgqrDVEqT-u2/s1600/download.jpg" /></a></div>
Decidi alterar as postagens neste blog. A partir de agora, posto comentários sem grande profundidade no Facebook, diariamente. Mais fácil, porque posso fazer através do celular. Estou dedicando a este blog textos mais analíticos ou informações mais complexas (artigos ou reportagens mais extensas). Assim, consigo manter regularidade e administrar as duas redes a partir de suas características.<br />
Encontro vocês aqui e lá no Facebook.Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-33423904725437984432014-02-26T08:39:00.000-03:002014-02-26T08:39:03.145-03:00UMA LIÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiALac2JyTk03drs__9Z0Xv2ZOj311h0QHcubzAujGzYC7RZ0_IYyOFt8_bq3_rvx7jZ8L4P1wQajTDGMWZaA_yI55VOepKv9w9hAjZ9Jw2EYsedN5r_u7IwSpxbdaPnTKt3HUA3BU83gjT/s1600/a+quest%C3%A3o+pol%C3%ADitca+da+educa%C3%A7%C3%A3o+popular.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiALac2JyTk03drs__9Z0Xv2ZOj311h0QHcubzAujGzYC7RZ0_IYyOFt8_bq3_rvx7jZ8L4P1wQajTDGMWZaA_yI55VOepKv9w9hAjZ9Jw2EYsedN5r_u7IwSpxbdaPnTKt3HUA3BU83gjT/s1600/a+quest%C3%A3o+pol%C3%ADitca+da+educa%C3%A7%C3%A3o+popular.jpg" /></a><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Em 1982, Carlos Rodrigues Brandão publicou o livro A questão política da Educação Popular. Inovou logo no prefácio. Ao invés de um texto empolado, reproduziu uma longa entrevista que havia feito com Antônio Cícero de Sousa, conhecido como Ciço, lavrador de sítio na estrada entre Andradas e Caldas, no sul de Minas Gerais. A clareza de Ciço é desconcertante. Sem mais delon</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">gas, decidi reproduzir um excerto do prefácio aqui. Acredito que possa contribuir nas discussões sobre o tema.<br />Vai lá, Ciço:<br /><br />... Agora, o senhor chega e pergunta: “Ciço, o que que é educação?” Tá certo. Tá bom. O que que eu penso, eu digo. Então veja, o senhor fala: “Educação”; daí eu falo: “educação”. A palavra é a mesma, não é? A pronúncia, eu quero dizer. É uma só: “Educação”. Mas então eu pergunto pro senhor: É a mesma coisa? É do mesmo que a gente fala quando diz essa palavra?” Aí eu digo: “Não”. Eu digo pro senhor desse jeito: “Não , não é”. Eu penso que não. Educação... quando o senhor chega e diz “educação”, vem do seu mundo, o mesmo, um outro. Quando eu sou quem fala vem dum outro lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar da vida dum pobre, como tem gente que diz. Comparação, no seu essa palavra vem junto com quê? Com escola, não vem? Com aquele professor fino, de roupa boa, estudado; livro novo, bom, caderno, caneta, tudo muito separado, cada coisa do seu jeito, como deve ser. Um estudo que cresce e que vai muito longe de um saberzinho só de alfabeto, uma conta aqui e outra ali. Do seu mundo vem um estudo de escola que muda gente em doutor. É fato? Penso que é, mas eu penso de longe, porque eu nunca vi isso por aqui. Então, quando o senhor vem e fala a pronúncia “educação”, na sua educação tem disso. Quando o senhor fala a palavra conforme eu sei pronunciar também, ela vem misturada no pensamento com isso tudo; recursos que no seu mundo tem. Uma coisa assim como aquilo que a gente conversava outro dia, lembra? Dos evangelhos: “Semente que caiu na terra boa e deu fruto bom”. (...)Quando eu falo o pensamento vem dum outro mundo. Um que pode até ser vizinho do seu, vizinho assim, de confrontante, mas não é o mesmo. A escolinha cai-não-cai ali num canto da roça, a professorinha dali mesmo, os recursos tudo como é o resto da regra de pobre. Estudo? Um ano, dois nem três. Comigo não foi nem três. Então eu digo “educação” e penso “enxada”, o que foi pra mim.<br />Porque é assim desse jeito que eu queria explicar pro senhor. Tem uma educação que vira o destino do homem, não vira? Ele entra ali com um destino e sai com outro. Quem fez? Estudo, foi estudo regular: um saber completo. Ele entra dum tamanho e sai do outro. Parece que essa educação que foi a sua tem uma força que tá nela e não tá. Como é que um menino como eu fui mudá num doutor, num professor, num sujeito de muita valia? Agora, se eu quero lembrar da minha: “enxada”. Se eu quero lembrar: “trabalho”. E eu hoje só dou conta de um lembrarzinho: a escolinha, um ano, dois, um caderninho, um livro, cartilha? Eu nem sei, eu não lembro. Aquilo de um bê-a-bá, de uma alfabetozinho. Deu pra aprender? Não deu. Deu pra saber escrever um nome, pra ler uma letrinha, outra. Foi só. (...)<br />O senhor faz pergunta com um jeito de quem sabe já a resposta. Mas eu explico assim. A educação que chega pro senhor é a sua, da sua gente, é pros usos do seu mundo. Agora, a minha educação é a sua. Ela tem o saber de sua gente e ela serve pra que mundo? Não é assim mesmo? A professora da escola dos seus meninos pode até ser uma vizinha sua, uma parente, até uma irmã, não pode? Agora, e a dos meus meninos? Porque mesmo nessas escolinhas de roça, de beira de caminho, conforme é a deles, mesmo quando a professorinha é uma gente daqui, o saber dela, o saberzinho dos meninos, não é. Os livros, eu digo, as idéias que tem ali. Menino aqui aprende na ilusão dos pais; aquele ilusão de mudar com estudo, um dia. Mas acaba saindo como eu, como tantos, com umas continhas, uma leitura. Isso ninguém não vai dizer que não é bom, vai? Mas pra nós é uma coisa que ajuda e não desenvolve. Então, “educação”. É por isso que eu lhe digo que a sua é a sua e a minha é a sua. Só que a sua lhe fez. E a minha? Que a gente aprende mesmo, pros usos da roça, é na roça. É ali mesmo: um filho com o pai, uma filha com a mãe, com uma avó. Os meninos vendo os mais velhos trabalhando. Inda ontem o senhor me perguntava da Folia de Santos Reis que a gente vimos em Caldas: “Ciço, como é que um menino aprende o cantorio? As respostas?” Pois o senhor mesmo viu o costume. Eu precisei lhe ensinar? Menino tão ali, vai vendo um, outro, acompanha o pai, um tio. Olha, aprende. Tem inclinação prum cantorio? Prum instrumento? Canta, tá aprendendo; pega, toca, tá aprendendo. Toca uma caixa (tambor da Folia de Reis), tá aprendendo a caixa; faz um tipe (tipo de voz do cantorio), tá aprendendo cantar. Vai assim, no ato, no seguir do acontecido. Agora, nisso tudo tem uma educação dentro, não tem? Pode não ter um estudo. Um tipo dum estudo pode ser que não tenha. Mas se ele não sabia e ficou sabendo é porque no acontecido tinha uma lição escondida. Não é uma escola; não tem um professor assim na frente, com o nome “professor”. Não tem... Você vai juntando, vai juntando e no fim dá o saber do roceiro, que é um tudo que a gente precisa pra viver a vida conforme Deus é servido. (...) Agora, o senhor chega e diz que até podia ser diferente, não é assim? Que não é só pra ensinar aquele ensininho apressado, pra ver se velho aprende o que menino não aprendeu. Então que podia ser um tipo duma educação até fora da escola, sala. Que fosse assim dum jeito misturado com o-de-todo-dia da vida da gente daqui. Que podia ser um modo desses de juntar saber com saber e clarear os assuntos que a gente sente, mas não sabe. Isso? (...)Exemplo assim, como a gente falava, de começar pelas coisas que o povo já sabe, já faz de seu: as idéias, os assuntos.Eu entendo pouco de tudo isso, não aprendi, mas ponho fé e vou lhe dizer mais, professor – como é que eu devo chamar o senhor? – eu penso que muita gente vinha ajudar, desde que a gente tivesse como acreditar que era uma coisa que tivesse valia mesmo. Uma que a gente junto pudesse fazer e tirar todo o proveito. Pra toda gente saber de novo o que já sabe, mas pensa que não. Parece que nisso tem se segredo que a escola não conhece.</span></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-31398782834634064392014-02-23T19:27:00.001-03:002014-02-23T19:27:55.080-03:00Depoimento de um manifestante preso, ontem, em São Paulo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYV9kXDqR-HJf5kvp75_5pbxzFoyjRofeime3v2xbcYPzW9__TBdAz3oJtvVajcxHAVM3IY_b5bmy8wh9lGzMC6wGyzHpkcrAtV4JE8NGZRIrRn-Ve3qXzRiaUL1GdwP2Y-MkiVzYBWHMp/s1600/manifestante.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYV9kXDqR-HJf5kvp75_5pbxzFoyjRofeime3v2xbcYPzW9__TBdAz3oJtvVajcxHAVM3IY_b5bmy8wh9lGzMC6wGyzHpkcrAtV4JE8NGZRIrRn-Ve3qXzRiaUL1GdwP2Y-MkiVzYBWHMp/s1600/manifestante.jpg" height="188" width="320" /></a></div>
Depoimento de Vinicius Moraes, do PSOL, que estava na
manifestação de Contra a Copa, em São Paulo, no dia 22/02/2014, detido pela PM
paulista (recebi neste momento de uma amiga, via Facebook):<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
COPA, PM E DETENÇÃO<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ontem, em SP, ocorreu o segundo ato de contestação à Copa do
Mundo no Brasil. Protesto muito justo, afinal se gasta montanhas com obras
faraônicas sem retorno social, enquanto os direitos sociais são parcos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A manifestação contou com um contingente enorme de
policiais, incluindo a “tropa do braço”. Saímos pacificamente da Praça da
República em direção da Praça Roosevelt, viramos à esquerda na Consolação,
sentido o Theatro Municipal. Quando chegamos à altura do metrô Anhangabaú,
ainda não sei explicar o porquê, começou um empurra-empurra mais ou menos no
meio da passeata. Eu e outros grandes amigos estávamos à frente, quando ao
percebermos que a confusão iria se alastrar rapidamente. Não fomos rápidos o
suficiente. Ao corrermos, entramos em um corredor polonês sem saída formado por
duas colunas de policiais militares, que de modo mais do que violento,
comprimiram dezenas de manifestantes (lembremos: estes manifestantes sequer
souberam a razão do conflito) à base de cacetadas, escudadas e spray de
pimenta. Um verdadeiro show de democracia e civilização. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sob berros ameaçadores, fomos obrigados a sentar no meio da
Xavier de Toledo, um em cima dos outros devido à falta de espaço físico. Quem
levantasse, era lembrado de que deveria ficar sentado com sutis cacetadas, que
foi o meu e o caso de muitos outros. Questionar? Fora de cogitação. Um
policial, no auge da sinceridade, bradou “aqui não há democracia por que vocês
estão detidos”. Claro. Democracia e detenção são termos necessariamente
opostos, pelo na visão da Polícia Militar de São Paulo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ficamos ali sentados por duas horas e pouco, de baixo de
chuva. Alguns foram liberados, em especial os que não pareciam “ameaçadores”.
Um oficial falou com todas as letras: “quem tiver referência a movimento
social, será levado para a DP”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Imagino que o tal oficial levou bem o manual das forças
armadas, que demonstra como lidar com as ‘forças oponentes do Estado’. Médici
deu três mortais para trás de felicidade quando ouviu o policial bem treinado.
Durante todo o tempo na rua, não fomos informados do que se passava, quanto
tempo ficaríamos ali e qual seria o procedimento. Pode o Estado Brasileiro
sequestrar cidadãos por duas horas sob chuva sem ao menos dizer o que estava
acontecendo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Dei azar e fui levado à delegacia. No ônibus, que horror! Os
policiais são inacreditavelmente mal formados. Reproduzem valores e frases
consolidados na ditadura militar. Provocavam os manifestantes. Insinuavam
abertamente forjar prova contra manifestantes que os irritassem. E isso o tempo
todo e não só no ônibus. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Cantavam as palavras de ordem das manifestações. Um lembrou
de uma: “gambé cuzão, larga a arma e vem na mão”. E em seguida disse “e aí? Não
é isso que vocês cantam? Vem pro pau agora, seus pau no cú? Não aguentam nem um
tapa na cara?”. Ligaram o rádio do ônibus e disseram inaugurar a ‘balada black
bloc’. Tocou Rita Lee. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fui preso ao som da Rita Lee. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na delegacia, mais chá de cadeira. Perguntávamos aos
policiais civis qual seria o procedimento e nos respondiam com ironia. As
provocações não cessavam. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O ponto mais inacreditável foi quando uma voz, que não sei
da onde partiu, disse “esse folgado devemos mandar para a sala do choque”. Me
senti muito mal por ouvir isso. Não por acreditar que alguém seria torturado
ali, mas por ter claro naquele momento que o Estado Brasileiro ainda tortura
seres humanos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por volta das 23 e 30, chegou um advogado que me tirou da
detenção para averiguação. Não sabia se era o Horácio Neto ou a Virgem Maria.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fui detido com outros grandes amigos, que absolutamente nada
fizeram. Yuri Scardino, Izaque Jacob e Samuel Jacob, saibam que eu tenho muito
orgulho de ter vocês ao meu lado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo isso ocorreu porque ousamos questionar a Copa. De fato,
a questão social no Brasil ainda é vista como caso de polícia. Aliás, uma
polícia que age por fora da lei, que é imoral, ilegal e ilegítima. Mais
importante: uma polícia que não pode existir. Uma polícia que promove mais
violência e atentados contra os direitos humanos. Fora PM do mundo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A melhor resposta que podemos dar é continuar nas ruas. Não
devemos nos intimidar. Não devemos aceitar o atual estado de coisas. “É preciso
não ter medo. É preciso ter coragem dizer”.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Aos amigos que se preocuparam, muito obrigado. A
solidariedade das pessoas foi muito grande. Nos solidarizemos cada vez mais com
as causas de todas pessoas.<o:p></o:p></div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4208575773499504588.post-60641086352076308432014-02-23T18:47:00.001-03:002014-02-23T18:47:29.753-03:00Um exemplo para a imprensa brasileiraDepois de tanta confusão entre opinião e reportagem dos últimos seis meses, finalmente uma matéria de fundo. A Agência Pública tentou levantar de onde veio palavra de ordem "Não vai ter Copa", suas motivações e forma de organização. Ufa! Existe vida inteligente na imprensa tupiniquim.<br />
<br />
<h1 class="entry-title single-entry-title" style="border: 0px; color: #2e3192; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 28px; font-weight: normal; line-height: 30px; margin: 0px 0px 10px; outline: 0px; padding: 10px 0px; vertical-align: baseline;">
Quem grita “não vai ter Copa” nas manifestações?</h1>
<div style="border: 0px; font-size: 14px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Reportagem da Agência Pública mostra quem são os ativistas que estão por trás dos primeiros protestos contra o mundial de futebol no Brasil. Grupo é heterogêneo, abrigando jovens e mais velhos, estudantes e trabalhadores</div>
<span class="description" style="border: 0px; color: #666666; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px;"></span><span style="color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px;"></span><br />
<div class="clearfix" id="single-columns" style="border: 0px; color: #333333; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div id="single-column-left" style="background-image: url(http://congressoemfoco.uol.com.br/wp-content/themes/congresso/images/bg-widget-title.gif); background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat no-repeat; border: 0px; float: left; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 620px;">
<div class="entry-meta entry-header" style="background-image: url(http://congressoemfoco.uol.com.br/wp-content/themes/congresso/images/bg-dots.png); background-position: 0% 100%; background-repeat: repeat no-repeat; border: 0px; color: #999999; font-size: 10px; margin: 0px 0px 10px; outline: 0px; padding: 20px 0px 15px; text-transform: uppercase; vertical-align: baseline;">
<table class="table_meta" style="border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; border: none; font-size: 10px; line-height: 18px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 613px;"><tbody style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<tr style="border: none; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><td class="tm_meta" style="border: none; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: middle; width: 613px;"><span class="author" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">POR <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/author/admin/" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="Posts de Congresso em Foco">CONGRESSO EM FOCO</a></span> | <span class="published" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">23/02/2014 08:00</span><br />CATEGORIA(S): <span class="entry-categories" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/copa-do-mundo-de-2014/" rel="category tag" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="Ver todos os posts em Copa do Mundo de 2014">COPA DO MUNDO DE 2014</a>, <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/noticias/manchetes-anteriores/" rel="category tag" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="Ver todos os posts em Manchetes">MANCHETES</a>, <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/noticias/" rel="category tag" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="Ver todos os posts em Notícias">NOTÍCIAS</a>, <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/o-brasil-nas-ruas/" rel="category tag" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" title="Ver todos os posts em O Brasil nas ruas">O BRASIL NAS RUAS</a></span></td></tr>
<tr style="border: none; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><td class="tm_tools" style="border: none; float: left; margin: 15px 0px 0px -30px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: right; vertical-align: middle;"><div class="toolbox" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 620px !important;">
<iframe allowtransparency="true" class="twitter-share-button twitter-tweet-button twitter-count-horizontal" data-twttr-rendered="true" frameborder="0" id="twitter-widget-0" scrolling="no" src="http://platform.twitter.com/widgets/tweet_button.1392079123.html#_=1393191671961&count=horizontal&id=twitter-widget-0&lang=pt&original_referer=http%3A%2F%2Fcongressoemfoco.uol.com.br%2Fnoticias%2Fquem-grita-nao-vai-ter-copa%2F&size=m&text=Quem%20grita%20%E2%80%9Cn%C3%A3o%20vai%20ter%20Copa%E2%80%9D%20nas%20manifesta%C3%A7%C3%B5es%3F%20%7C%20Congresso%20em%20Foco&url=http%3A%2F%2Fcongressoemfoco.uol.com.br%2Fnoticias%2Fquem-grita-nao-vai-ter-copa%2F" style="border-width: 0px; height: 20px; margin: 0px 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 123px;" title="Twitter Tweet Button"></iframe> </div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="entry-content" style="border: 0px; font-size: 14px; line-height: 21px; margin: 0px 0px 40px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
<div class="wp-caption alignleft" id="attachment_144438" style="background-color: #f8f8f8; border-bottom-left-radius: 3px; border-bottom-right-radius: 3px; border-top-left-radius: 3px; border-top-right-radius: 3px; border: 1px solid rgb(216, 216, 216); float: left; font-family: Georgia, serif; font-style: italic; margin: 0px 20px 10px 0px; outline: 0px; padding: 5px 0px 0px; text-align: center; vertical-align: baseline; width: 300px;">
<a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/quem-grita-nao-vai-ter-copa/attachment/copamarcellocasaljrabr/" rel="attachment wp-att-144438" style="background-color: transparent; border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><img alt="" class="size-full wp-image-144438" height="280" src="http://static.congressoemfoco.uol.com.br/2014/02/copaMarcelloCasalJrABr.jpg" style="background-color: transparent; border: 0px none; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" title="Marcello Casal Jr/Agência Brasil" width="290" /></a><div class="fotografo" style="background-color: #2e3192; border: 0px; color: white; float: right; font-size: 10px; font-style: normal; margin: -28px 6px 0px 0px; outline: 0px; padding: 1px 7px; position: relative; vertical-align: baseline;">
Marcello Casal Jr/Agência Brasil</div>
<div class="wp-caption-text" style="background-color: transparent; border: 0px; float: right; outline: 0px; padding: 5px; vertical-align: baseline;">
Nos protestos de junho e julho do ano passado, já aparecia a insatisfação com a copa</div>
</div>
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ciro Barros/Agência Pública</strong><div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O cenário é um centro acadêmico de uma universidade na zona oeste de São Paulo, num início de noite de um final de janeiro surpreendentemente seco. Sentadas em roda estão cerca de 20 pessoas. Enquanto a reunião não começa, as pessoas conversam em voz baixa, fazendo críticas à polícia, à <a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/copa-do-mundo-de-2014/" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Copa do Mundo de 2014</strong></a>, ao governo federal, ao governo do Estado de São Paulo. O grupo é heterogêneo: homens mais velhos, adolescentes de ambos os sexos, mulheres, trabalhadores, estudantes. Em comum, eles têm o fato de pertencer a movimentos sociais – dos mais tradicionais, experientes em protestos de rua, aos mais recentes, que ganharam notoriedade a partir da onda de manifestações de junho do ano passado.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Eles estão ali para organizar o segundo ato do ano sob um lema polêmico: “Se não tiver direitos, não vai ter copa”. O primeiro ocorreu no dia 25 de janeiro.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Nas redes sociais, as quatro últimas palavras do lema do grupo causaram furor nesse início de ano, embora o “Não Vai Ter Copa” tenha surgido nas ruas, em junho, durante algumas manifestações. Também foi agora que o PT e o governo federal reagiram nas redes sociais, preocupados com a possibilidade de que as manifestações empanem o brilho da copa no Brasil em ano de eleições – e tenham o mesmo efeito devastador de popularidade que a presidenta Dilma (como todos os governantes) enfrentou em junho do ano passado.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
No domingo, dia 12 de janeiro, a 13 dias da primeira manifestação chamada pelo coletivo, a reação do PT veio em um post na página oficial do partido no Facebook: “Tá combinado. Uma boa semana para todos que torcem pelo Brasil”. Acompanhada da frase, havia uma foto com a hashtag <a href="https://twitter.com/search?q=%23VaiTerCopa&src=hash" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">#VaiterCopa</strong></a>. Na página oficial da presidenta Dilma, o mesmo tom: “LÍQUIDO E CERTO. Uma boa semana para todos que torcem pelo Brasil” e mais uma vez uma foto com a mesma hashtag. Hoje, a hashtag usada pelo governo e o PT é <a href="https://twitter.com/search?q=%23CopaDasCopas&src=hash" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">#CopadasCopas</strong></a>, o mote oficial.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Nos blogs e redes sociais, houve quem tratasse o movimento como “terrorista” e “caso de polícia”. Críticos mais moderadas afirmam que os protestos da copa, se tivessem o mesmo efeito devastador na popularidade da presidenta Dilma, estariam abrindo caminho para os partidos de direita.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Mas afinal, o que é esse novo movimento? O que pretende? Como eles responderiam às críticas das quais têm sido alvo? Foram essas perguntas que me <a href="http://www.apublica.org/2014/02/quem-grita-nao-vai-ter-copa/" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">levaram</strong></a> àquela reunião.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Manifesto e o crescimento da articulação</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
No dia 10 de dezembro do ano passado, Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi lançado um manifesto do movimento com o título “Se não tiver direitos, não vai ter Copa”. “(…) Junho de 2013 foi só o começo! As pessoas, os movimentos e os coletivos indignados que querem transformar a realidade afirmam através das diversas lutas que sem a consolidação dos direitos sociais (saúde, educação, moradia, transporte e tantos outros) não há possibilidade do povo brasileiro admitir megaeventos como a Copa do Mundo ou as Olimpíadas. Isso significa que as palavras de ordem no combate a esses governos que só servem às empresas e ao lucro devem ser: ‘Se não tiver direitos, não vai ter Copa!’”, dizia um trecho do manifesto.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
E seguia adiante: “Nossa proposta é barrar a copa! Mostrar nacionalmente e internacionalmente que o poder popular não quer a copa!”. Depois, o manifesto se referia às manifestações contra o aumento da tarifa de transportes que detonaram a onda de protestos em junho: “Os dirigentes políticos disseram que era impossível atender a pauta das manifestações pela revogação do aumento, entretanto o poder popular nas ruas nos mostrou que realidades impossíveis podem ser transformadas, reivindicadas e conquistadas pelo povo. E mesmo assim dirão: ‘mas isso é impossível!’ Então nós diremos: ‘o impossível acontece!’”.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Cinco movimentos assinam o manifesto. O mais conhecido deles talvez seja o Movimento Passe Livre (MPL), um dos principais catalisadores dos protestos políticos em junho com a pauta do modelo de transporte público. Os outros são o Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo, articulação que reúne diversos coletivos em defesa das melhorias na saúde pública; o Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais, que reúne, principalmente, assistentes sociais que atuam em São Paulo; o Periferia Ativa, fundado por comunidades da zona sul e da região metropolitana da capital paulista; e o Comitê Contra o Genocídio da População Preta, Pobre e Periférica, que combate a violência da polícia e dos grupos de extermínio ligados a ela que atuam nas periferias.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Não sou filiado a nada”</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Os focos das organizações, como se vê, são diferentes, mas o que as une é a luta pelos direitos humanos da população excluída, que consideram ainda mais ameaçados pela realização da Copa. Sérgio Lima, do Fórum Popular de Saúde, descreve assim os integrantes do movimento: “É um pessoal que já participou de muita luta, pessoal de movimento social mesmo, que tá cansado de gabinete e tudo mais. Eu sou um caso que postulei muito tempo luta de gabinete. Mas hoje não sou filiado a nada”, afirma. E explica os objetivos do grupo: “Ao meu ver, é dizer que a gente não precisava da Copa nesse momento, diante de tantas mazelas em transporte, educação, saúde. Acredito que é nesse sentido”.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Quando lembro as críticas, expressas principalmente nas redes sociais, de que o “Não vai ter Copa” serve aos partidos de direita, ele dá risada. Conta que, inclusive, já foi filiado ao PT. “Eles sempre dizem isso”, desdenha.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Pergunto então se eles realmente pretendem barrar a Copa, e de que maneira. “É um objetivo sim. De enfrentamento mesmo, a gente sabe que é uma luta desleal e cruel, mas a gente tem isso como pauta, sim. Queremos ganhar a massa, ganhar corpo e fazer o enfrentamento com os protestos nas ruas. Não queremos nenhum ato violento, nem se cogita isso. Queremos barrar com os protestos mesmo”, afirma.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Anticapitalistas</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Além das organizações citadas, o movimento também atraiu ativistas que militavam em partidos políticos à esquerda do PT, como o PSTU e o PSOL. O movimento Juntos!, por exemplo, que surgiu no início de 2011 a partir da juventude do PSOL, também forma a base de apoio.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“A gente entende a Copa do Mundo como parte de um aspecto crítico do crescimento capitalista. Com o crescimento, ao invés de termos investimentos nos setores públicos, em saúde, educação, transporte, moradia, o que temos é um processo de subserviência ao projeto tradicional de acumulação, que é esse megaevento comandado por uma entidade absolutamente corrupta como a Fifa. O único objetivo da Copa é enriquecer os parceiros comerciais da Fifa e as grandes empresas no Brasil. E isso tem sido feito com a produção de cidades de exceção”, afirma Maurício Costa Carvalho, do Juntos!.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Para Maurício, os protestos de agora fazem parte de uma sequência de manifestações que vem ocorrendo nos últimos anos no mundo todo – dos indignados na Espanha ao Occupy Wall Street nos Estados Unidos. Foram esses protestos, ele diz, que motivaram a criação do Juntos!: “Todos os governantes tiveram a sua popularidade bastante desgastada depois das jornadas de junho. Isso mostra que não é um problema de um partido ou de outro, só. É um problema da estrutura da velha política partidária no país. As manifestações mostraram que é necessário ter mudanças estruturais. E essas mudanças passam por ter uma política que é completamente distinta dessa política que vem sendo feita. É necessário que se ouça a voz das ruas e que a política não se resuma a passar um cheque em branco a um candidato a cada dois anos”.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Pergunto se a ligação do Juntos! com o Psol, que vai lançar o senador amapaense Randolfe Rodrigues como candidato à presidência neste ano, compromete a independência partidária do grupo. “O Juntos! é um grupo que têm militantes do Psol, mas que tem muitos militantes que não são do Psol, tem seus fóruns próprios, seus próprios grupos de discussão. Existem militantes do Psol que participam de vários grupos diferentes. Então não tem nada ligado à estrutura do Psol”, diz.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ciberativismo</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Desde a redação do manifesto, a articulação se define como horizontal, sem que ninguém chame para si o papel de líder ou organizador do movimento. Todos participam da discussão das pautas e estratégias dos atos. E o coletivo continua a atrair novos atores, como integrantes do Sindicato de Metroviários de São Paulo, membros de movimentos de moradia como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), representantes do movimento estudantil, do GAPP (Grupo de Apoio ao Protesto Popular), um coletivo que presta primeiros socorros aos manifestantes atingidos, entre outros. Um caldo bem heterogêneo, basicamente formado por movimentos urbanos de esquerda com pautas clássicas (moradia, saúde, educação, transporte…) e outros de ciberativismo, como demonstram as páginas do Facebook “Contra a Copa 2014” e “Operation World Cup”, do grupo Anonymous.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“Houve uma junção [com os grupos de ciberativismo]. Tinha uma rapaziada que já tinha criado um evento no Facebook chamando protestos contra a Copa e a gente se articulou com eles e chegamos com uma pauta mais concreta”, conta Sérgio Lima, do Fórum Popular.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Segundo os ativistas ouvidos pela reportagem da <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pública</em>, os grupos que atuam <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">online</em> têm duas funções básicas: ajudar a divulgar os protestos e veicular a versão dos manifestantes para episódios controversos. O ato do dia 25 de janeiro, por exemplo, era focado em São Paulo, já que tinha como gancho o aniversário da capital paulista. Mas a divulgação e articulação nas redes acabou multiplicando os protestos em outras cidades do país.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O grupo <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">online</em> também se articulou para rebater as informações de que adeptos do <em style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">black bloc</em>teriam incendiado o Fusca do serralheiro Itamar Santos, de 55 anos. As primeiras informações da imprensa davam conta de que o carro tinha sido incendiado pelos adeptos da tática, mas a página “Contra a Copa 2014” divulgou um vídeo, três dias depois, mostrando imagens de Itamar tentando passar com o Fusca por cima de um colchão em chamas, que ficou preso no carro e o incendiou.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Há muitos membros de movimentos sociais, porém, que associam o Anonymous e outros grupos ciberativistas a setores conservadores, até mesmo à própria polícia. Eles se declaram apartidários.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Bandeiras clássicas</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“Se tem alguém de direita ali, está muito bem escondido”, afirma categoricamente Sérgio Lima. Maurício Carvalho, do Juntos!, concorda: “Nós estamos elaborando uma lista de reivindicações de direitos básicos de algumas bandeiras que estão envolvidas em seis eixos: saúde, educação, transporte, moradia, contra a ingerência da Fifa e contra a repressão. E todas essas bandeiras são históricas que a esquerda e os movimentos sociais construíram”.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Outro membro da articulação é o ativista Vitor Araújo, o “Vitinho”, que perdeu um olho em uma manifestação do último dia 7 de setembro, em São Paulo, enquanto cobria a manifestação pelo Basta TV, um canal independente. Vitor afirma que perdeu o olho depois de uma bomba da Polícia Militar estourar perto do seu rosto – episódio que o motivou a seguir nas ruas. “Nosso movimento é horizontal e não partidário, nem ideológico. Existe muita discussão, muita gente com ideologia diferente, mas temos um único cunho que é ‘Se não tiver direitos, não vai ter Copa’: direito à saúde, à educação, à moradia, à segurança pública. São por esses méritos que cada uma das pessoas luta por um objetivo final”, afirma.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A fala de Vitor parece ilustrar a crise de representação política tão citada pelos sociólogos no momento em que vivemos. Ele diz não acreditar nos métodos da política clássica, apesar de não se opor à participação de ativistas que militam nos partidos. “Nossa luta é por direitos básicos, que estão na Constituição e não acontecem. Não tem vinculação a partidos, a ideologias”, realça, acrescentando que também já fez manifestações contra o chamado “<a href="http://congressoemfoco.uol.com.br/category/trensalao-2/" style="border: 0px; color: #2e3192; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;"><strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Propinoduto Tucano</strong></a>” (denúncia de corrupção nos contratos do metrô e trens de São Paulo) e que não há motivos partidários nas manifestações contra a copa.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“É simples: havia um acordo, que era o do governo montar toda uma estrutura em volta da copa, dos estádios. Isso não aconteceu e é por isso que a gente luta. São sete anos e eles não cumpriram esse acordo”, explica.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Vitor também nega a presença tanto de “pessoas assumidamente de direita” como de adeptos da tática black bloc na concepção e organização dos movimentos contra a Copa. “Os protestos são convocados na internet, nas redes sociais, são abertos. Eles veem e se organizam para ir lá”, diz. Também diz entender a atitude black bloc como uma reação à violência policial. “Posso te dizer, já fui em muita manifestação aqui em São Paulo e quem começa a reprimir é sempre a PM”, afirma.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Vários protestos sob o lema “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” estão previstos para acontecer nesse semestre. Cada protesto levantará a bandeira de um direito que, na visão dos ativistas, é negado à população, ou então problemas concretos acarretados pela Copa. No dia 22 de fevereiro está marcado um ato na Praça da República, centro de São Paulo. O mote do protesto é a educação.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Com cautela</strong></div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) apoia os atos realizados pelos coletivos, mas não participa de sua articulação. Cada comitê popular em cada cidade-sede tem independência para aderir ou não aos atos. “O lema ‘Não vai ter Copa’ veio das ruas, das manifestações, não foi imposto por nenhum grupo político. A gente claro que aceita. Não temos a pretensão de ser vanguarda ou monopolizar a resistência à copa. Mas no entendimento que a gente tem discutido bastante, o ‘Não Vai Ter Copa’ é muito mais uma palavra de ordem do que um objetivo concreto. Dentre os nossos objetivos não está não acontecer a copa. Temos objetivos concretos, como reparações às vítimas da Copa”, diz Marina Mattar, do Comitê Popular de São Paulo.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“Dá para perceber que são movimentos bem heterogêneos, tem de tudo nessa proposta. Ela vem com pouco debate político e alguns comitês não conseguem contato com quem tá propondo, organizando. Aqui em Porto Alegre a gente não conhece as pessoas que estão propondo isso”, diz Claudia Favaro, do Comitê Popular de Porto Alegre. “Quando chamaram o ato do dia 25, não foi conversado com o Bloco de Lutas pelo Transporte Público e nem com o Comitê, que são os espaços onde os coletivos estão organizados. Aqui a gente não tem essa posição de que mobilização só se chama pela internet. E existe uma preocupação por parte da esquerda em geral da apropriação da pauta por setores mais conservadores. A gente se soma ao grito de ‘Não vai ter Copa’ entendendo que é uma amarra na garganta de um povo que já está oprimido há um tempo, mas ainda vemos com cautela”, diz ela.</div>
<div style="border: 0px; margin-bottom: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
“Em todos os debates que a gente teve a gente acha até ruim que o debate fique polarizado entre ‘Vai ter Copa’ e ‘Não Vai Ter Copa’. Fica então uma discussão superficial, a gente não discute as violações. E o que a gente quer discutir são as violações”, opina Renato Cosentino, do Comitê Popular do Rio de Janeiro. “Tanto as violações diretas em decorrência da copa como as de modelo de cidade que a Copa do Mundo faz parte. É isso que a gente vem tentando dar destaque. Mas é claro que a gente apoia o lema e as mobilizações contra a copa”, completa.</div>
</div>
</div>
</div>
Rudá Riccihttp://www.blogger.com/profile/13441906686757365725noreply@blogger.com2