Uma outra constatação é que a disputa antecipada das eleições de 2014 estava, até aqui, restrita aos gabinetes e tribunas parlamentares. No máximo, escorriam para as páginas dos jornais ou telejornais. Uma estocada aqui, outra acolá. Alguns gatos pingados utilizavam as redes sociais para alfinetar seu adversário.
A partir de hoje, contudo, a rua passou a ser o palco da disputa. Não sei até quando. Sindicatos e suas centrais, organizações estudantis alinhadas partidariamente, militantes partidários, todos querem tirar uma casquinha das passeatas gigantes, levando suas reivindicações e procurando desgastar o governante de plantão (prefeito, governador ou presidente).
Minha primeira aproximação é que estamos presenciando, portanto, duas disputas.
A primeira, a disputa eleitoral, que se mistura aos manifestantes e tenta politizar as passeatas.
A outra, plural, difusa, sem liderança nítida, envolvendo uma gama enorme de demandas mas, quase sempre, rechaçando todo sistema partidário, todas agremiações. Esta segunda disputa parece mais energizada, mas catalisadora à ponto de impor que bandeiras partidárias sejam rapidamente recolhidas.
Não me parece que exista muito espaço para os partidos em toda esta mobilização social. Mas tentarão. O que será hilário. Depois de tanto tempo, muitos dirigentes partidários terão que limpar a garganta para voltar a falar para o povo. Sem ar condicionado, sem assessor e tendo que justificar o terno que destoa dos seus parceiros de passeata.
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