Vou dar um pitaco impertinente. Este é um tema dos organizadores das mobilizações, os jovens.
Mesmo assim, talvez tenha alguma serventia.
Este é um momento crucial de toda mobilização social dos últimos dias. Há duas ou três situações que merecem alguma reflexão.
A primeira, o novo patamar político que se atingiu após a reunião da Presidente com governadores e prefeitos das capitais. A reforma política entrou no centro das discussões, observando algum instrumento de consulta e controle dos cidadãos sobre sua formulação. Ora, tal situação exige algo mais que cartazes. E também não seria coerente apenas as organizações que lideram formular propostas a partir de assembléias que envolvem uns 10% dos manifestantes, quando muito.
A segunda, é o sinal de certo esgotamento físico de muitos manifestantes marinheiros de primeira viagem. Leiam os relatos nas redes sociais. Até o momento, contabilizamos manifestações em BH (50 mil, contra 200 mil previstos), São Paulo, Brasília, Recife. Porto Alegre e Maceió. Até o momento, as informações dão conta que o número de manifestantes foi inferior ao esperado. Quinta-feira passada teria sido o ápice.
A terceira, diz respeito aos atos de vandalismo. Os organizadores precisam, urgentemente, se diferenciar deste pequeno grupo. A violência será um veneno poderoso para quem quer construir uma ponte para a mudança do sistema político no Brasil.
Assim, talvez seja o caso de se pensar em outra forma de mobilização, menos móvel. Tomada de ruas, com atividades culturais, debates, shows, teatro, dança, música. Todas, focadas em algum momento na reforma política e controle dos parlamentos e executivos. Alguém recordou do Cavalete Parade (na foto; ver AQUI ). Lembrei de uma experiência recente de jovens europeus, que começaram a organizar debates em bares, cada um em sua mesa, discutindo em voz alta ou assistindo um ou outro vídeo. Ainda me lembro do bar montado pelo Sintell, acho que em Fortaleza. Ou as rodas de prosa (com tira-gosto e cachaça) organizadas pelo Fernando Leite. Ou as aulas ao ar livre que ocorreram em maio de 68 (as aulas de Foucault ficaram famosas).
Enfim, agora é hora de repensar esta mobilização, dando condições de continuar a festa mas com menos andanças e mais reflexão (ainda que leve).
Pronto. Este é meu pitaco.
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