domingo, 16 de junho de 2013

Moradores de BH se unem e fazem o serviço do poder público


Obra_moradores_Tupi_Carlos Roberto_Hoje em Dia
No Tupi, obra improvisada por moradores, melhorou o acesso à não asfaltada avenida Pixinguinha
Carlos Roberto/Hoje em Dia

Ernesto Braga - Hoje em Dia

Há 15 anos, o lustrador Nelson Barbosa de Carvalho, de 49, faz parte de um grupo de moradores do bairro Tupi, na região Norte de Belo Horizonte, que luta pela abertura e pavimentação da avenida Pixinguinha. Cansados de esperar a intervenção do poder público, ele e os vizinhos decidiram colocar a mão na massa.
 
“Havia apenas uma trilha, o que impossibilitava a passagem de ambulância e, várias vezes, pedimos ajuda da prefeitura. Decidimos fazer um mutirão para abrir a avenida e melhorar o acesso”, diz Nelson.
 
Longe da periferia, os moradores do Belvedere, na região Centro-Sul, um dos bairros com metro quadrado construído mais caro da capital, também decidiram se mobilizar diante da lentidão do poder público.
 
“Tentamos junto à prefeitura a construção da praça da Criança (o nome oficial é Ney Werneck). Como não foi possível, conseguimos um patrocínio com a iniciativa privada e o espaço foi criado”, afirma o presidente da Associação dos Moradores do Belvedere, Ricardo Jeha.
 
O líder comunitário, que coordenou a construção da praça, cita outra obra feita no bairro após a mobilização popular. “A rotatória da rua Haiti com a avenida Presidente Eurico Dutra era um projeto antigo do poder público e importantíssimo para o trânsito. Mas ele só saiu do papel pela parceria dos moradores com empresas privadas”.
 
Desespero
 
Para Rudá Ricci, doutor em ciências sociais, a mobilização dos moradores é resultado da desorganização do poder público na execução de projetos considerados prioritários pela população. “Pagamos impostos para a manutenção dos serviços públicos e essa situação demonstra a frustração e o desespero dos contribuintes”, afirma o sociólogo. Na edição deste sábado (15), o Hoje em Dia mostrou a alta inadim-plência com o IPTU, reflexo da insatisfação dos moradores com a má aplicação do recurso.
 
O especialista defende o modelo de gestão adotado no Japão. “Criaram a figura do koban, servidor público que bate na porta dos domicílios, toma um chá e conversa com as pessoas sobre o que consideram prioridade, apresentando um diagnóstico às prefeituras”, explica.
 
Também por meio de um mutirão, formado por moradores incomodados com a lentidão da administração pública, foram feitas obras na rua Maria da Consolação Lima (antiga 12), no bairro Nova York, em Venda Nova. “O esgoto corria a céu aberto e nós mesmos acabamos com o problema na porta de nossas casas”, diz o comerciante Geraldo José Dias, de 51 anos.
 
O mutirão teve a participação até de mulheres e crianças. “Cada morador deu uma coisa: areia, cimento, brita e foram três dias de obras”, lembra o presidente da Associação Comunitária do Nova York e região, Antônio de Oliveira.
 
Espera
 
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, as demandas de moradores são recebidas pelas secretarias regionais, que executam pequenas obras. As de maior porte são feitas pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
 
A Regional Venda Nova informou que o bairro Nova York e outros vizinhos foram contemplados em várias edições do Orçamento Participativo (OP). 
 
Sobre o bairro Tupi, a Regional Norte orientou o Hoje em Dia a procurar a Sudecap, que não respondeu os questionamentos até o fechamento desta edição.

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