domingo, 23 de junho de 2013

"Na quarta, vamos evitar o Mineirão"

Acabo de chegar da assembléia ampliada dos organizadores das manifestações em BH, que ocorreu embaixo do viaduto Santa Tereza, na capital mineira. Conversei com várias lideranças de movimentos que estão inseridos na coordenação aberta das manifestações. Todos afirmam que evitarão conduzir a passeata, na quarta, para o Mineirão. Alguns afirmaram que tentaram ocupar várias ruas no entorno, respeitando os limites impostos, e organizarão "peladas". Me disseram: "enquanto o Brasil jogar lá no estádio, nós jogaremos na rua".
É emocionante ver o amadurecimento político dos jovens, nesses dias de tensão e disputa. Todos relatam que há evidente disputa para conduzir as pautas e passeatas. Daí, nas diversas falas que se sucederam, o consenso era fechar as demandas em três itens. Até o momento que presenciei as discussões, a municipalização do transporte pública, a desmilitarização da polícia e a revogação da Lei Geral da Copa figuravam como centro das propostas. Também se falou em apresentar uma lei de iniciativa popular pelo Passe Livre. Um jovem informou que a OAB se dispõe a apoiar a formatação do projeto.
Muitos lamentaram o uso do espaço da UFMG como base de apoio da PM. Muitas propostas para contornar esta situação foram se apresentando ao longo da assembléia.
Vários líderes me informaram que há duas grandes preocupações a partir de agora:
a) trazer as mobilizações para agendas mais populares e concisas, evitando críticas genéricas como fim da corrupção e reforma política (sem nenhum foco nítido e claro, disseram) e b) criar sistemas de autodefesa que coíba atos de violência durante as manifestações.

3 comentários:

Ovelheiro Gaúcho disse...

Eu moro na rua Conceição do Mato Dentro, em frente a UFMG e da minha janela eu visualizei diversas viaturas da PM nas vias internas da universidade. Os PMs portavam armas e andavam pendurados ao lado de fora das viaturas. Cena de cinema do Stalone.

Rudá Ricci disse...

Ovelheiro,
Foi comentada, na assembléia de ontem, esta situação.

Graziele Zahara disse...

Obviamente não dava pra esperar menos do que tática de guerra por parte do exercito e da PM, onde ao anoitecer apenas poucas pessoas viam o movimento deles sob as árvores, atrás da cerca e do mato da UFMG por causa reflexo do capacete. Claro, até começarem a lançar as bombas de efeito desmoralizante e o gás.

Até que enfim alguém resolveu escrever um pouco mais sobre o que está acontecendo nas ruas, sobre o "amadurecimento político dos jovens, nesses dias de tensão e disputa". O efeito "papagaio" de quem está apenas nas redes sociais, muitas vezes perdidos (e não os culpo) podem desanimar e prejudicar aqueles que ainda estão no início desse processo de amadurecimento.