quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mobilizações e imprensa militante

A imprensa militante brasileira era de esquerda. Ao menos, assim era até os anos 1990. Vários marcaram época: Bondinho, Movimento, Em Tempo até mesmo O Pasquim, para citar os jornais clássicos do final do regime militar. Mas agora começa a emergir uma imprensa militante conservadora, com ideário empresarial, que prefere dizer que milita pela liberdade de expressão (o velho jargão norte-americano).
Escrevo esta notinha porque estou percebendo uma linha editorial que vai tomando corpo em vários meios de comunicação para destacar, dentre a pluralidade de bandeiras apresentadas nas manifestações públicas dos últimos dias, o tema da corrupção. Cá entre nós, este tema é visivelmente secundário nas passeatas. A pauta é bem mais concreta: educação, saúde, transporte público. No mais, não é bem corrupção, mas o uso do dinheiro público que se desvia do investimento em... educação, saúde e transporte público.
Será que é tão difícil de ler os cartazes e ouvir as palavras de ordem?
Fico imaginando aqueles editores carrancudos que pensam que se trata do segundo tempo, já que não conseguiram emplacar o julgamento do mensalão como agenda nacional.
Como antes, a imprensa militante tem seu espaço. Mas se tenta dirigir a vida do leitor, começa a  torrar a paciência.

2 comentários:

Andre disse...

Ruda, achei curioso que você tenha feito esse comentário, e, dois posts posteriores, tenha divulgado as cincos causas que uma parte dos manifestantes elegeu como prioritárias. De uma forma ou de todas as cinco tratam de ... corrupção.

Rudá Ricci disse...

É que você não deve ter acompanhado meus comentários no facebook. Eu achei bem estranha a pauta do Anonymous. Não tem relação alguma com o que vi nas ruas. A outra pauta, parece próxima do que o "Fora Lacerda" sustenta. Mas, veja, este é um movimento normal de qualquer mobilização com características de democracia direta. Haverá muita disputa pela pauta. É legítimo. Eu vou registrar todas as pautas que aparecerem. Quero que meu blog registre este movimento. O que não quer dizer que eu concorde ou tente liderar. Quem lidera é quem está na rua.