O quarto a apresentar suas propostas no evento organizado pelo SINESP na manhã de ontem foi Celso Russomanno. Foi evidente que sua assessoria o preparou. Estava com textos do SINESP em mãos e os citou. Começou pedindo ajuda ao sindicato para montar seu programa de governo. Disse que iria apresentar o plano geral, mas que precisava ouvir para detalhar o programa. Soltou uma frase de efeito: "político tem que ter o dom de ouvir".
Em seguida falou da sua trajetória como aluno de escola pública. Foi acompanhado pela cabeça pelos presentes quando disse que estudou muito para passar no exame de admissão e que a escola pública, na época em que cursava o ginásio, era muito melhor que a escola particular.
Como já sabia das vaias que Chalita havia recebido, tascou uma segunda frase de efeito: "gostaria que toda administração de creche fosse direta. Não vou aceitar a privatização". Foi muito aplaudido. Ficava claro o preparo do candidato e o senso de oportunidade.
A partir daí, fez um paralelo com a trajetória de um jovem hipotético, da periferia, que não completa seus estudos e tenta um primeiro emprego, escorregando na hora de elaborar sua redação.
E, novamente, intercalou um "causo" com frase encomendada para o público que o ouvia: "o diretor não consegue nem gerir as verbas da escola, tal a burocracia".
Começou a ler cada ponto do seu plano de governo, comentando e dizendo: "no nosso governo faremos isto" ou "isto não vai acontecer no nosso governo".
O fato é que grande parte das propostas são iguais em relação a todos candidatos. A diferença foi a compreensão da proposta, o conhecimento concreto da realidade e a proximidade que cada um criava em seu discurso. Nisto, Russomanno se saiu bem. Comentou os elevadores quebrados em vários CEUs que visitou e disse ser um absurdo porque tolhe os deficientes. Citou professores que não são preparados para atender deficientes. Disse que retirará a entrega de uniformes e vale leite como obrigação das escolas e diretores.
E falou do que pareceu seu grande plano: a instalação de internet gratuita em toda metrópole, começando da periferia. A proposta ousada mereceu explicações. Disse que a manutenção será de 11 milhões de reais, mas que não sangrará o orçamento público porque será paga pelos anunciantes deste "maior provedor do país" que será criado.
O preparo e desenvoltura são realmente impactantes. Mas chega a ser tão evidente que cria uma pequena dúvida: seria o Russomanno real ou a fala do candidato preparado para aquele instante?
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