Ontem, Mariana Godoy foi, como sempre, espontânea. No jornal da Globo News, entrevistava o professor de direito constitucional da UERJ, Luis Roberto Barroso, sobre o primeiro dia de julgamento do mensalão. Em determinado momento, o advogado afirma que se alguém espera que muitos sejam condenados neste julgamento, será frustrado. Disse que haverá revisões, condenações baixas, absolvições por falta de prova, numa espécie de anti-clímax em relação ao rufar dos tambores da grande imprensa.
Mariana Godoy, revelando sua perplexidade (esta passagem da entrevista não está nos arquivos da Globo News disponibilizados em seu site), perguntou, então, se os ministros do STF não lavariam a alma do povo brasileiro. A resposta de Barroso foi taxativa: "não é no Supremo que se lava a alma do povo brasileiro, mas nas urnas".
Volto a afirmar que grande parte dos editores dos grandes jornais brasileiros está se politizando (a palavra correta seria partidarizando) em demasia, num movimento perigoso. Mariana, que é uma jornalista transparente, revelou a linha que deseja dar voz à "alma" do povo brasileiro. Além disto ser impossível, vai aí um grande toque de populismo jornalístico (com perdão para esta contradição em termos).
Se o professor Barroso tem razão, os editores serão os maiores derrotados ao cabo do julgamento do mensalão. Seria prudente, e mais profissional, se não se jogassem com tanta sede ao pote. O que não eliminaria um espaço para expor a opinião do jornal, um editorial. Esta confusão conceitual entre notícia, análise e editorial é que parece um erro grosseiro do ponto de vista profissional e um perigoso jogo de cartas marcadas, do ponto de vista político.
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