Em meu livro sobre o Lulismo sustentei que o PT mudou de rumo com o "susto" da quase vitória em 1989. Acabo de ler um estudo de Silvana Krause e Pedro Paulo Godoi ("Coligações eleitorais para os executivos estaduais: 1986-2006") que corrobora esta tese.
Os autores demonstram que a partir de 1994, o Partido dos Trabalhadores alterou seu padrão de montagem de coligações, aumentando o arco de alianças para padrões inconsistentes do ponto de vista ideológico. Nas eleições estaduais, a partir de 1986, os índices de coligações consistentes ideologicamente foram: 5% (1986), 74% (1990), 64% (1994), 46% (1998), 28% (2002) e 16% (2006). Percebe-se que a partir de 1994 a coerência ideológica decaiu ininterruptamente.
A definição de consistência ideológica utilizada pelos autores relaciona-se com a definição já consolidada na literatura especializada, tanto acadêmica, quanto jornalística.
Interessante que o PSB acompanha esta curva de inconsistência ideológica das alianças verificada no PT.
PPS, pelo levantamento dos autores, sempre manteve alianças inconsistentes, mas elas são mais acentuadas a partir de 1998. O mesmo em relação ao PDT.
PSDB, considerado partido ao centro do espectro ideológico pelos autores, oscilou permanentemente (o partido mais próximo de sua identidade seria o PMDB), mas em 1998 e 2006, ocorreram coligações mais inconsistentes.
Finalmente, DEM e PMDB saltam para a inconsistência em 2006.
Ao final da leitura deste ensaio, fica a pergunta se o PT não teria capitulado à uma lógica de todo sistema partidário brasileiro ou se teria liderado este movimento. O fato é que 1994 parece ter sido o marco da mudança e deterioração de todo sistema de representação política formal em nosso país.
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