Estou lendo o livro "Coligações Partidárias na Nova Democracia Brasileira" e vai ficando consistente, na medida em que a leitura avança, a hipótese das trajetórias das coligações brasileiras no período pós-ditadura militar emergirem como fator decisivo da formatação do lulismo.
O artigo escrito por Silvana Krause e Pedro Paulo Godoi ("Coligações eleitorais para os executivos estaduas [1986/2006]: padrões e tendências"), sugere que as coligações eleitorais se tornaram padrão político no país. E que este padrão não segue, de maneira alguma, uma identidade ideológica.
Poderia sugerir (o que os autores não fazem), como hipóteses, as dimensões territoriais e a fragilidade do sistema partidário brasileiro, para tal. As profundas clivagens que a Questão Meridional impõe ao Brasil (mesmo com o crescimento acelerado, acima da média nacional, a porção nordeste do país continua mantendo um padrão eleitoral distinto da porção centro-sul) refletem nesta busca de composição, mesmo não tão evidentes do ponto de vista ideológico. O lulismo, na ânsia de ser popular, otimizou este padrão ou foi envolvido e formatado por ele.
Os autores, vale destacar, retomam a tese de Downs sobre a formação de coligações (no caso brasileiro) estimuladas pela economia de esforços e maximação de ganhos. Portanto, estão no campo das teorias da racionalidade instrumental (embora façam digressões críticas). Outros artigos também caminham nesta direção, como o que inaugura o livro (de Luis Felipe Miguel, sobre a validade da polarização descritiva entre esquerda e direita), o que me incomoda, porque, por vezes, tomam as partes pelo todo em suas justificativas. Mas trata-se de um esforço relevante.
A hipótese que levanto vai aparecer mais vezes neste blog. Vou escrever enquanto penso e formulo esta hipótese com mais acuidade. Se desejar, entre nesta conversa.
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