Não aprovo políticas sociais focalizadas. Do ponto de vista político, não se inspira na lógica republicana, universal. Do ponto de vista social, resvala no populismo, porque atende a demanda no final da carreira estudantil, quando tudo o que poderia ser evitado não foi realizado. Mas não posso ignorar que os governos petistas substituíram as políticas educacionais freireanas pela lógica da focalização com forte conotação popular.
Agora, o Congresso Nacional aprovou 50% de vagas nas universidades federais para alunos oriundos de escolas públicas. O Sindicato de Escolas Particulares de Minas Gerais (SINEP) e outras redes particulares informam que travarão uma batalha judicial. Questionarão o sistema de cotas.
A grande imprensa não consegue esconder a linha editorial, que denominam de "liberal" (neologismo para defesa do mercado como panaceia dos problemas do Planeta). Contudo, gosto desta disputa (seria melhor que fosse aberta e não velada, como a grande imprensa e seus editores que gostam de atalhos) pública, pela imprensa. É parte constitutiva do jogo democrático.
O que não gosto é desta definição apriorística do governo federal a respeito da política educacional. Tem algo de arrogante. Se apoia no silêncio, aquele mesmo que Hannah Arendt afirmava que era irmão gêmeo do fascismo. Porque é como se afirmasse que os outros não valem a pena. Somos muito ignorantes para entendermos que a linha justa é a deles. Prefiro um debate, interditado que seja, que o silêncio arrogante dos governantes.
Um comentário:
há algum tempo um amigo me disse que a questão das cotas era de cunho epistemológico e, apesar de em príncipio ser contra achava sentido nelas dado o contexto brasileiro.Agora a discussão caminha para que as cotas não tem data para acabar e deveriam ter.No fundo é a famosa tese da porta de saída do "bolsa vagabundagem".Do meu ponto de vista amador acho que tanto as cotas quanto o bolsa família se transformaram em instrumentos de ação social que transenderam o aspecto ideológico e adquiriram qualidade própria de transformação dada o tamanho da desigualdade. Você fala em política de foco o que é uma visão interessante e me levou ao seguinte raciocínio:Usando a doença de metáfora o caso era purulento e a ação imediata era de controlar a pus e estancar a Hemorragia e aí solicitou-se uma política focada. Num primeiro momento pode funcionar mas qual a real dimensão do problema ? Definir uma data para o final das cotas chega a ser um trabalho de vidente na atual condição do paciente. Eu vejo assim estas políticas e sim deveriamos ampliar o debate.
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