Hoje assisti a apresentação dos candidatos a prefeito na cidade de São Paulo no que tange ao seu programa para a área educacional. Foi um evento organizado pelo SINESP, sindicato dos especialistas e diretores de escolas municipais paulistanas, para quem o Instituto Cultiva presta consultoria há anos.
Vou postar, aos poucos, um resumo e comentários sobre cada fala.
Começo com Haddad, porque foi o primeiro a falar.
Metade do tempo que tinha para exposição dedicou a resumir o que fez à frente do MEC. Afirmou que rompeu com a lógica focalizada imposta pelos órgãos internacionais. Que o FUNDEB impôs uma lógica sistêmica, envolvendo todas etapas de ensino. Neste sentido, criticou a separação da educação básica do ensino superior. Para exemplificar o motivo para não haver separação, citou a relação entre escolaridade da mãe e desempenho escolar de seus filhos. De fato, esta relação é fundamental e absolutamente comprovada. Mas, qual a relação com São Paulo?
A partir daí, começou a listar pontos do seu programa.
Destacou a criação de Centros de Formação dos Trabalhadores da Educação em cada subprefeitura. Citou o modelo dos 600 centros já existentes no país e apoiados pelo MEC. Aproveitou para reforçar que é preciso trazer a rede federal para São Paulo: universidades e escolas técnicas federais, levando-as para todas regionais da capital paulista.
Em seguida, falou sobre educação em tempo integral. Ressaltou que o único turno está sobrecarregado. Que um segundo turno deveria se dedicar à recuperação, mas também à ampliação do horizonte educacional, envolvendo parques, centros culturais, bibliotecas num único projeto. Citou, de relance, Anísio Teixeira (que, mais tarde, também seria citado por Chalita), mas não expôs as Escolas-Parque, seu principal projeto no início do século XX.
Finalmente, destacou a importância de São Paulo retornar ao esforço de se tornar uma Cidade Educadora.
Minha opinião:
Não senti grande preparação para este evento. Fez um discurso geral, de princípios, reafirmando o que fez no MEC e o alinhamento da educação municipal com o projeto geral federal para a educação.
São Paulo tem problemas graves e específicos, que o SINESP vem se esforçando para sistematizar e dimensionar. Se este sindicato convidou os candidatos a expor suas propostas para a área educacional, parece razoável que os assessores analisassem ao menos o que o site da entidade informa a respeito da rede. Haddad não dialogou a respeito. Reafirmou seu passado recente. Não se projetou como prefeito.
Um detalhe: ao entrar e sair, foi pouco afetivo com os presentes. Ouvi vários presentes afirmarem que nem se aproximou. Parece tímido em excesso. Ou formal. Ou os dois. Ora, uma das marcas dos educadores brasileiros é justamente certa necessidade de aproximação, algo próximo do "homem cordial" de Sérgio Buarque de Holanda. Trata-se de uma marca básica dos servidores deste serviço público. Alícia Fernandez detalhou os componentes deste traço. Mas Haddad parece desconhecer. Ou desconsiderou. Não sei se é uma boa estratégia ser tão pouco empático numa campanha.
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