quarta-feira, 18 de julho de 2012

Eleições: PT, PMDB, PSB, PSD e Recife

Abaixo, reproduzo um excerto do Porandubas Políticas, editado por Gaudêncio Torquato. A tese central é que PSD e PMDB (com destaque para este último) se alinharam com o governo federal. E PSB balança.
O fato é que todos sinalizam que qualquer que seja o alinhamento ele não deve persistir em 2018. Talvez, termine em 2014. Se Lula e o PT continuarem errando, não chega a 2014.
Uma segunda observação é sobre Recife. Torquato é o segundo marketeiro que sugere, nesta semana, que a candidatura de Humberto Costa pode naufragar. Dizem que não tem musculatura e não se sustenta aos golpes da frente oposicionista.
Em meados de agosto já teremos um panorama mais claro. Mas os prognósticos deste mês de julho são bem negativos para PT, Lula e Dilma. Quem diria? Esta é a dor e a delícia da política: é feita por humanos e não pelo destino.
Eu mesmo só alertava que uma crise de consumo poderia afetar a popularidade de Dilma. Mas não tinha nenhum vislumbre de erros tão grosseiros por parte de Lula (que, no meu entender, alimentaram o distanciamento com o PSB em virtude de ter aumentado muito o cacife do partido do governador de Pernambuco).



PSB versus PT
Parecia que a querela entre PSB e PT se esgotaria após o jantar que a presidente Dilma ofereceu aos governadores Eduardo Campos, presidente do partido socialista, e a Cid Gomes, que comanda a sigla no Ceará. Campos até se esforçou para limitar a questão, argumentando que os casos de Belo Horizonte, Recife e Fortaleza deveriam ser analisados em sua especificidade, não devendo se estender à aliança nacional entre as duas siglas. Ocorre que a aliança entre PSDB e PSB, em BH, sinaliza um abraço de Márcio Lacerda em Aécio Neves e a abertura de uma portinhola para o futuro. Lacerda e Aécio são carne e unha. Aécio quer ser o tucano candidato contra Dilma. Saiu do Palácio do Planalto sem tirar a limpo a história.
PMDB e PSD marcam posição
O PMDB não teve dúvidas. O vice-presidente da República, Michel Temer, presidente licenciado do partido, ligou imediatamente para Leonardo Quintão e o demoveu da candidatura à prefeitura. E assim o PMDB, em um gesto rápido e radical, fechou parceria com o PT, compondo chapa com o ex-ministro Patrus Ananias. Quis dizer que aquilo era um gesto de fé na aliança para 2014 entre o PMDB e o PT. O mesmo fez o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Mas o 2º vice do PSD, Robert Brant, acusou a guinada do partido em direção a Patrus e deixou a legenda. A 1ª vice-presidente, a senadora Kátia Abreu, também gritou. Ora, Kassab ajudou a quem o amparou na luta para formar seu partido : Lula e Dilma. Ambos deram força para a criação da legenda. O PSDB, por sua vez, posicionou-se contra a formação do partido, impetrando uma Ação de Inconstitucionalidade. Era uma resposta a Aécio Neves, patrocinador do candidato Márcio Lacerda.
PSD na base governista 
A senadora Kátia Abreu parece não ter entendido a jogada do PSD. O partido sinaliza ingresso na base governista. Ora, a senadora tem feito elogios à presidente Dilma. Portanto, estaria confortável com a posição do partido no governismo. Ou acharia ela que o PSD deveria firmar parceria com o PSDB de Aécio Neves ? Como se sabe, a movimentação para unir Aécio e Eduardo Campos é visível. O prefeito de São Paulo pode, até, manter canais abertos com o governador de Pernambuco, mas, ao que se sabe, não toparia juntar-se à banda tucana do senador mineiro. A cota tucana de Kassab limita-se ao bico de José Serra.
Kátia no PMDB
A senadora Kátia Abreu sempre manteve portas abertas no PMDB. Tem boa articulação com o presidente licenciado do partido, o vice-presidente da República Michel Temer. Se sair do PSD para ingressar no PMDB, cumpriria apenas um rito já ensaiado há tempos, desde os tempos do DEM.
Pesquisa em Recife  
O senador Humberto Costa, do PT, acaba de ser contemplado com 40% em pesquisa feita pelo IBOPE sobre a intenção de voto dos candidatos à prefeito. Mendonça Filho, do DEM, registra 20%. Em terceiro lugar, desponta o tucano Daniel Coelho, com 9% e o quarto lugar é ocupado pelo candidato do governador Eduardo Campos, o ex-secretário Geraldo Daniel, com 5%. Pois bem, esse consultor, olhando para as páginas do passado, lembra : resultados das primeiras pesquisas são bem diferentes de resultados das últimas pesquisas. Conclusão : os últimos poderão ser os primeiros. Não seria inimaginável nem impossível divisar Geraldo Daniel subindo o pódio.

3 comentários:

GMaia disse...

Caro Rudá,enumere os erros que você diz ter cometido Lula e Dilma, que deu musculatura ao PSB de Eduardo Campos.

Rudá Ricci disse...

GMaia,
Eu imaginava que Lula estava conseguindo armar um cerco quase fatal para o PSDB paulista e mineiro. Fechava o nordeste com a aliança com Eduardo Campos. Ocorre que no retorno à política, após seu tratamento intensivo contra o câncer, Lula exagerou. A negociação com Campos foi muito ruim. Campos foi apresentando exigências e Lula aceitou todas: Mossoró, Recife, Belo Horizonte, em troca de São Paulo. Assim, o valor político do PSB aumentou muito. Chegou a um ponto que o PSB se antecipou ao que faria em 2018, o que é legítimo. Lula transformou artificialmente o PSB no que o PT foi nos anos 1990 e insuflou um vôo solo do partido que até então era seu aliado. O PMDB ocupou inteligentemente o espaço que Lula queria dar ao PSB, diminuindo a dependência a este "partido omnibus". Conclusão: a dependência, agora, é ainda maior. Eu nunca poderia imaginar que Lula fosse errar tanto em tão pouco tempo.

joao carlos disse...

Rudá, o movimento do PSB em se "distanciar" do PT, não seria uma demonstração de força pra pleitear a vice-presidência em 2014? Nessa lógica, quem mais errou foi Eduardo Campos ao abrir espaço ao PMDB em BH, fortalecendo a aliança com o PT. Principalmente pq uma vitória do Lacerda irá beneficiar o Aécio e uma derrota é prejudicial enfraquece Aécio e tbm PSB, obrigando este a reformular a sua direção estadual.