Não é só o PT que tem problemas na capital paulista. O PSDB tinha 42,5 mil filiados em São Paulo em junho de 2008. Hoje, tem apenas 22,8 mil. PTB e PT registraram, respectivamente, aumento de 29% e 44% no período, respectivamente.
Há três fatores que competem para esta situação, no meu entender: a) desgaste natural dos tucanos a partir do ciclo tão longo de governo no Estado; b) a disputa interna entre Serra e Alckmin; c) o cerco do lulismo.
Penso que o desgaste dos partidos deverá ser crescente nos próximos anos. Somente 8% da população brasileira crê nesta forma de organização política. As estruturas partidárias foram criadas no século XVIII. No século XIX tomaram a forma atual, com programas permanentes, militância estável, organização de massa e estrutura burocrática. Vivemos uma outra etapa histórica, com interesses sociais segmentados, grande mobilidade social, crises cíclicas mais constantes, engajamento pontual e, principalmente, o advento das redes sociais. As redes são estruturas inacabadas (minha tradução livre para structural holes), móveis, onde a adesão é individual e nunca subordinada a uma liderança ou hierarquia. Os partidos políticos não conseguem acompanhar esta lógica de engajamento social. Para piorar, se estruturam aceleradamente como empresas eleitorais, departamentalizados, sem enraizamento no cotidiano dos cidadãos. Procuram entender os desejos e fabricar uma linguagem típica de marketing, demonstrando estarem apartados da lógica social. Sem vasos comunicantes com as ruas, só resta gastarem fortunas em pesquisa e marketing. Portanto, não lideram, não alteram a cultura política, mas tentam se orientar por ela. Este divórcio parece ainda mais radical na medida em que há forte promiscuidade dos partidos com o mercado, deixando a dimensão cultural (dos valores, das crenças, dos desejos e aspirações) do outro lado da porteira.
Um comentário:
Concordo com a sua leitura, no entanto não acho que os partidos políticos estão com data de validade.
Postar um comentário