O filósofo alemão faleceu no último dia 18. Tinha 69 anos e havia se submetido a uma cirurgia nos rins. Seu livro mais conhecido no Brasil é O Colapso da Modernização. Foi um dos fundadores da revista Krisis . O grupo que gravitava ao redor desta revista chegou a publicar, em 1999, um manifesto contra o trabalho. Mais tarde, Kurz formou outro grupo, que teve na revista Exit! ("Crítica e Crise da Sociedade da Mercadoria") seu ponto de referência (ver publicação dos artigos, em português, AQUI ).
Kurz participava de um esforço de um grupo de intelectuais alemães que tinha na teoria do valor marxista sua referência de análise da crise da sociedade moderna. Evoluíram gradativamente para a reflexão sobre o trabalho, na virada do século XX para XXI, até que aportaram nas reflexões sobre a crise da sociedade da mercadoria, evolução que provocou a cisão do grupo original. Um dos pontos de tensão foi a tentativa de superação da teoria da crise capitalista por superacumulação para algo mais amplo, envolvendo a crise da política, Estado Nacional e trabalho. O fundamento central era a noção de valor como forma social. Interessante como a noção de fetiche foi retomada, assim como ocorreu com a Escola de Frankfurt, pelos colaboradores da Krisis, para fundamentar a ausência de sujeitos (já que submetidos ao circuito da mercadoria fetichizada). Daí a crítica à noção da classe operária como classe emancipadora.
Recentemente, vários dos colaboradores da Krisis passaram a criticar a insuficiência dos movimentos antiglobalização da Europa e EUA. Afirmam que tais movimentos criam uma polêmica muitas vezes falsamente anticapitalista (como ocorreu com o discurso fascista, chegam a alertar), já que a mobilização se limita ao setor financeiro. Além disto, sugerem que as mobilizações recentes desconsideram a reflexão teórica, o que pode aumentar o risco dos protestos jogarem água no moinho do keynesianismo ou mesmo de alguns elementos de populismo de direita.
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