sábado, 8 de agosto de 2009

Paula Dip e as lições de Hemingway


Estou terminando o livro de Paula Dip sobre Caio Fernando Abreu. A experiência jornalística da autora salva o livro que logo no começo fica meio repetitivo (logo sobre a vida do agitado Caio F.?). Acho que o livro é um retrato de uma época, mas é muito intimista, no sentido que parece estar conversando com iniciados, com uma tribo. Zuenir Ventura já escreveu sobre uma época que vivenciou (final dos anos 60), mas conseguia ir além do diálogo com aquela tribo. Paula Dip, por vezes, fica numa espécie de pastiche, citando frases de efeito ou alguns clichês literários. Sempre gostei dela, mas acho que algo não fucionou direito.
Aí vem a lição de Hemingway. Uma vez ensinou que para escrever (um conto, é verdade) adotava um método: depois de escrever o texto todo, cortava a última parte. Ficava algo inacabado, instigando o leitor (ou, no mínimo, deixando-o pensativo). A técnica tinha um efeito muito atrativo. Eu mesmo fui vítima. Ao terminar de ler O Velho e o Mar, fiquei com a impressão que não havia motivos para ser considerada uma obra emblemática da literatura mundial. Uma opinião adolescente, obviamente. Mesmo porque, logo depois, fiquei com passagens do livro na minha cabeça durante uns 10 dias. O livro havia colado em mim, por algum motivo.
Aliás, a Folha Ilustrada de hoje cita a polêmica das alterações que o neto de Hemingway teria realizado na redação original do Paris é uma Festa. Veja aqui.

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