Estou lendo dois livros interessantes. O primeiro, a tese de doutorado de Flávio Limoncic, "Os inventores do New Deal: Estado e sindicatos no combate à Grande Depressão" (civilização brasileira), que comentarei mais adiante. O segundo é "Para sempre teu, Caio F.", de Paula Dip (record).
Pelas notas neste blog, já fica nítido que venho pensando no legado dos anos 80. E resolvi ler este livro por vários motivos. Acabo me deparando com uma faceta dos anos 80 que havia esquecido: o desbunde. Eu vivi muito as lutas políticas e me esqueci deste outro lado da moeda da onda libertária daqueles anos. Sem este lado, pouco se explica de muitos vínculos (ou vincos) que temos até hoje. Vou ler uma passagem, um depoimento de Nirlando Beirão (IstoÉ), que dá o tom da época:
"Na verdade, os anos 70 forma uma décad muito dura e politizada, pois vínhamos do estabelecimento da ditadura, de uma enorme repressão, e os 80 se anunciavam com alguns ventos de renovação, mas também com momentos sombrios como o episódio Herzog. Mas havia uma abertura se insinuando, o Gabeira de tanga em Ipanema, os exilados voltando, agente queria ser feliz e nada melhor que um final de década para assumir que tínhamos direito ao prazer. A esquerda esbravejava, mas a gente decidiu que ia dançar, transar, tomar umas droguinhas e ver o que rolava. Na hora de fazer a lista dos "melhores da década" e definir culturalmento os anos 70, escolhi, entre outros, o filme Saturday Night Fever (Os embalos de sábado à noite), com o John Travolta, por pura provocação, foi uma ironia que muita gente não entendeu. (...) A vaidade masculina, o despertar do lado mais sensível nos homens, não era uma coisa aceita como é hoje (...)"
Eu era desta esquerda que Beirão cita. Mas obviamente não éramos postes. Esta onda nos atingia. Principalmente quando estávamos nos bares.
Vale a pena ler.
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