quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O quebra-cabeça da política mineira


A política mineira não é dada a arroubos e ações de massas. Tudo é feito nos bastidores e os resultados concretos, quando visíveis, são quase sempre surpreendentes.
O cenário para 2010 é ainda mais complexo. Destaco as seguintes situações:

1) Aécio Neves tem como provável candidato seu vice, Antonio Anastasia. Contudo, é um candidato ainda mais postiço que Dilma Rousseff. Um técnico, sem nenhum teste de urna efetivo (foi apenas vice de Aécio). E enfrentará feras;
2) Para piorar, Aécio já é famoso por cristianizar candidatos que apóia. Desde João Leite, passando por Alckmin. Minas Gerais enfrenta uma penúria orçamentária gravíssima. Pipocam denúncias de irregularidades e erros numa gestão que se dizia austera (o tal "choque de gestão), como o gasto de 1,2 bilhão de reais na construção do novo centro administrativo do governo (60% já construído e previsto para estar concluído em dezembro deste ano);
3) Há, ainda, a possível traição política que ocorreu no interior mineio nas eleições de outubro do ano passado, quando os candidatos apoiados por Aécio perderam em praticamente todas cidades-polo do Estado (Montes Claros, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Ipatinga, dificuldades em Juiz de Fora e Belo Horizonte, Betim, Contagem, Varginha, entre outras);
4) Por seu turno, três candidatos da base lulista disputam violentamente sua candidatura. No PT, Fernando Pimentel e Patrus Ananias. Pimentel errou o cálculo. Deveria ter ingressado no final do ano no PSB. Seria a bola da vez. Ficou no PT a partir de algumas promessas vagas de Lula (incluindo coordenar a campanha de Dilma ou dirigir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Agora, tenta fazer acordos de bastidor com o PMDB e tenta jogar Patrus na lona;
5) Por jogar na lona significa forçar uma postura agressiva de Patrus, algo que o ministro abomina. Como não haverá prévia, a disputa real será na PED, quando serão eleitas as direções estaduais e municipais do partido. O que os apoiadores de Pimentel desejam é um acordo "porteira fechada", ou seja, quem ganhar a PED leva tudo, inclusive a candidatura petista ao governo estadual. Tal proposição, embora dificilmente aceita pelos apoiadores de Patrus, vem acelerando a disputa no interior de Minas;
6) Há boatos, ainda, que Pimentel poderia se aproximar de Hélio Costa, pelas bordas, confirmando sua candidatura como agregadora da base lulista em Minas Gerais;
7) O fato é que tanto Aécio quanto Lula terão seu teste de transferência de popularidade em Minas Gerais. Nenhum dos dois teve este teste nítido até o momento. No ano passado, Aécio e Pimentel amargaram o fiasco da eleição em segundo turno na capital mineira (os dois, que tinham mais de 70% de índices de aprovação).

A disputa em Minas será cruzada (a eleição presidencial cruzará com a disputa estadual e uma votação poderá impactar fortemente a outra).

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