domingo, 30 de agosto de 2009

Susan Sontag


Os Diários de Susan Sontag colaram na minha mente. O livro é recheado de provocações inteligentes e muita angústia.
Por exemplo (retomando uma máxima da sociologia, embora menos sofisticada):

"A moralidade conforma a experiência, não o contrário".

Ou ainda quando faz uma diferenciação entre diário (como ato narcisista) e fala (como social). Um estaria voltada para o desejo do outro (mais um paralelo com ação social, conceito da sociologia, também menos sofisticado que o apresentado por Sontag).

Mas é demolidora com o mundo universitário. Afirma:
"a educação universitária é uma variedade de cultura popular; as universidades são um meio de comunicação de massa dirigido de forma precária".

Também faz o mesmo com a religião: "a religião não aplaca a ansiedade, mas desperta a ansiedade". Ou "a religião de modo duro [a autora utiliza William James para distinguir filosofia dura de branda] permite a disjunção, ou mesmo oposição, entre as demandas reiligiosas e éticas".

Sobre a diferença da maneira de julgar masculina e feminina:
"Mulheres tendem a julgar com base no comportamento generoso (...). Homens tendem a ser desconfiados do comportamento generoso (tido como homossexual?), julgam com base na prova de um acordo".
Ela está correta. Tal vaticínio reforça minha crença que a cultura mineira é fundada na lógica feminina (inclusive a política). Os mineiros se preocupam com a forma, mais que com o conteúdo. O gesto e a generosidade são valores morais. O acordo é mais racional. É coisa de paulista e sulinos.

Finalizo com uma reflexão de Sontag, de 1957, sobre o satanismo como vertente da literatura moderna (cita Sade e Genet, como inversão dos valores kantianos). De fato, os anos 60 foram marcados por este sinal. Mas, e hoje? O pós-modernismo se impôs e fragmentou qualquer sinal ou vertente? Ou a literatura atual é uma busca desesperada por uma nova (ou velha) moral?

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