sábado, 22 de agosto de 2009
Diários de Susan Sontag, 1947-1963
Estou lendo os Diários de Susan Sontag, que seu filho publicou. Antes de comprar, achei uma espécie de oportunismo e amoralidade de seu filho. Mas eu gosto muito de biografias. Há algo que cria uma aproximação do leitor com o biografado.
Não imaginava o quanto Sontag era genial, já na adolescência.
Com 14 anos (Sontag nasceu em 1933) escreve:
"um Estado ideal deveria ser um Estado forte e centralizado, com o controle governamental dos serviços públicos, bancos, minas, + transporte e subsídios às artes, um salário mínimo confortável, apio aos incapacitados e idosos. Atendimento publico para mulheres grávidas, sem distinção de filhos legítimos e ilgetímos."
Impressionante. É verdade que muitos de minha geração começaram a militar muito cedo (como eu, com 15 anos). Mas, então, leia o que ela escreveu com 15 anos:
"As ideias pertubam a regularidade da vida"
"... E o que é ser jovem durante anos e de repente despertar para a angústia, a premência da vida?"
"Como eu desejo me render! Como seria fácil convencer-me de que a vida de meus pais é digna de elogios!"
"Isto eu sei! A Montanha Mágica é o melhor romance que já li. A doçura da renovada e incessante familiaridade com essa obra e o prazer sereno e meditativo que sinto são incomparáveis".
Este último comentário é desconcertante. Qualquer jovem, imagino, que lesse o livro de Thomas Mann ficaria entendiado. Páginas e páginas relatando a reclusão de Hans Castorp, que visita seu primo num sanatório em Davos (a esposa de Mann foi internada neste sanatório, quando ele decidiu iniciar a obra, em 1912). A obra cria um micro-mundo, refletindo as turbulências pessoais e políticas (da Europa). Como uma jovem de 15 anos percebe esta lentidão e meditação melancólica como "prazer sereno e meditativo"?
Para completar, ainda com 15 anos, escreve (não sei se citando ou refletindo sobre Gerard Hopkins (padre jesuíta, gay e poeta inglês) : "a arte, portanto, está sempre lutando para ser indepedente da mera inteligência"
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