Li o último livro dele ("Diálogos Impossíveis") meio que de olho nas notícias sobre a sua saúde. Ler acaba sendo uma conversa com o autor, afinal. São crônicas publicadas no Estado de S. Paulo e Zero Hora, entre 1999 e 2011. A ironia e humor finos, como sempre, querendo dizer algo que é mais sério que o que parece.
Como ao reproduzir uma piada, que seria de Steiner, sobre a observação de uma acadêmico a respeito do currículo de Jesus Cristo: "ótimo professor, mas não publicou". Fui pesquisar se a frase era real e descobri um artigo de Clara Pracana ("Lições de um Mestre", o mesmo título do texto de George Steiner) em que cita esta passagem.
Não por coincidência, algumas crônicas adiante, Veríssimo volta a ironizar o mundo acadêmico ao afirmar que uma vez inventou uma epígrafe para um de seus romances: "todo desejo é um desejo de morte". Descobriu, tempos depois, que Nietzsche teria escrito algo similar: "todo desejo busca a eternidade". E termina a crônica com um petardo:
Minha frase não queria dizer nada. A do Nietzsche, claro, é profundíssima.Mas a cartada final é a última crônica. Um diálogo entre Einstein e Mileva, antes de se divorciarem. Um divórcio difícil, aliás. Mas não vou contar a história da crônica. Por ser interessante, vale a pena ler, sem traduções.
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