Desde os anos 1970, o Partido Republicano tem sido cada vez mais
influenciado por ideólogos radicais, cujo objetivo é nada mais, nada menos do
que eliminar o estado de bem-estar social – isto é, todo o legado do “New Deal”
e da “Great Society”. Desde o começo, no entanto, esses ideólogos se viram
diante de um grande problema: os programas que eles querem eliminar são muito
populares. Os norte-americanos podem concordar com a cabeça quando alguém ataca
o governo gigante e tentacular na teoria. Mas eles apóiam totalmente a
Previdência Social, o Medicar e até mesmo o Medicaid. Então, o que os radicais
podem fazer? A resposta, durante muito tempo, envolveu duas estratégias. Uma
delas consiste no plano que visa “matar a besta de fome”, que é a idéia de usar
cortes de impostos para reduzir a receita do governo e, em seguida, usar a conseqüente
escassez de recursos para obrigar a realização de cortes em programas sociais
populares. Quando vemos algum político republicano denunciar piedosamente as
contas federais que estão no vermelho, devemos sempre nos lembrar que, durante
décadas, o Partido Republicano tem visto os déficits orçamentários como um
recurso, e não como um defeito. No entanto, sem dúvida mais importante no
pensamento conservador era a noção de que o Partido Republicano poderia
explorar outras fontes de força – como o ressentimento dos norte-americanos
brancos, a aversão da classe trabalhadora a mudanças sociais, as conversas
duras sobre a segurança nacional – para construir um domínio político esmagador
e, a partir de então, permitir que o desmantelamento do estado de bem-social
prosseguisse livremente. Apenas oito anos atrás, o ativista anti-impostos
Grover Norquist olhava para o futuro alegremente, vislumbrando os dias em que
os democratas seriam politicamente neutralizados: “qualquer fazendeiro pode lhe
dizer que certos animais são ariscos, não param de correr e são desagradáveis.
Mas, após serem corrigidos, eles ficam felizes e calmos”. OK, você consegue
perceber o problema: os democratas não apoiaram o programa e se recusaram a
desistir. Pior ainda: do ponto de vista republicano, todas as fontes de força
do partido se transformaram em fraquezas. O domínio democrata entre os
hispânicos tem ofuscado o domínio republicano entre os brancos do sul do país e
os direitos das mulheres triunfaram sobre as políticas relacionadas ao aborto e
ao sentimento anti-gay. E olha onde estamos agora em termos do estado de
bem-estar social: longe de acabar com ele e, atualmente, os republicanos têm
que assistir enquanto Obama implementa a maior expansão do seguro social desde
a criação do Medicare.Então, os republicanos sofreram mais do que uma derrota
eleitoral. Eles têm testemunhado o colapso de um projeto de décadas. E, com
seus objetivos grandiosos agora fora de alcance, eles literalmente não têm idéia
do que querem – daí a sua incapacidade de fazer exigências específicas.
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