De um lado, os dados recentes revelando uma queda de produtividade que desaba o PIB para 1% de crescimento em 2012. Alguns analistas afirmam que se trata do crescimento insustentável de 2010, que ainda teria parte das ondas do tsunami do consumo familiar exacerbado batendo nas portas do mercado. Não me parece somente isto. A combinação entre efeito da crise européia e norte-americana com medidas pontuais, anticíclicas, do governo federal, parece um veneno certo.
É perceptível o soluço econômico com a queda de demanda por máquinas em 25%. Desde outubro de 2011, nove mil trabalhadores do setor foram demitidos. São bens de capital, ou seja, demonstra a corrosão da cadeia produtiva. Sem compra de equipamentos e máquinas, podemos crescer até 4% no próximo ano (estimativa de crescimento do PIB pelo governo), mas teremos o tempo todo uma âncora nos jogando para baixo. O IBGE destaca queda de importações, de investimentos na construção civil e produção interna de máquinas. Um cenário de filme de terror.
Recordo que aí está a base da popularidade do lulismo: o consumo interno e o sentimento de segurança e prosperidade.
Na outra ponta, contudo, temos o repique dos tempos de otimismo. A queda do desemprego e interiorização de empresas e shoppings. O Valor Econômico deste final de semana destaca que as regiões do Vale do Paraíba, Ribeirão Preto, Campinas e Sorocaba vivem um momento de expansão de seu mercado consumidor. Forma-se, nestas regiões, um pólo de consumidores vorazes, algo que se intensificou a partir de 1990. Em 2012, o consumo das cidades interioranas de São Paulo deve superar o da região metropolitana, para além de 380 bilhões de reais em gastos com alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário e educação. Incorporadoras e shopping centers estão de olho nestas localidades. Em 2002, foi inaugurado em Campinas o Parque Dom Pedro, um centro de compras que recebe 20 milhões de visitantes por ano. Jundiaí é outro centro de investimentos, este município que será governado pelo PCdoB a partir do próximo ano e que foi vitrine das inovações tucanas no Estado de São Paulo, até então.
Sinais trocados (ou luz de estrelas que já não existem): marca do Brasil.
Um comentário:
Rudá, dos blogs que eu acompanho, o seu é o que mais me dá satisfação em ler. Pontuação equilibrada, ponderada, no ponto. Nem mais nem menos.
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