Estou em Teófilo Otoni, nordeste de Minas Gerais, finalizando um diagnóstico sobre as condições das crianças e adolescentes do município, solicitação do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente daqui. No jantar, fiquei sabendo, por um dos membros de minha equipe, de mais um assassinato em massa de crianças realizado por um ex-aluno, nos EUA. Desta vez, em Connecticut. 20 crianças e seis adultos mortos. Adam Lanza foi o assassino da vez. Teria assassinado sua mãe antes de cometer o massacre e se matar. Seus conhecidos dizem que era um gênio e muito reservado.
Assim que soube, fiquei me perguntando o que ocorre nos EUA. Logo fui lembrado daquele caso brasileiro, recente, de ex-aluno que entra na escola subindo as escadas e atirando em tudo que se movia. Também citaram a divisão, em quase todas escolas dos EUA, entre "looser" e os jogadores de futebol americano. Há até um programa de TV, um reality show, envolvendo gostosas e nerds. As gostosas aparecem como burras, mas os nerds como anti-sociais, uns ETs sem solução aparente.
Ser gênio e reservado é padrão de comportamento, pelo visto. Reservado como medida da exclusão. Não um sintoma de autismo social, mas resultado de gozações e humilhações seguidas.
A visão romântica da infância e juventude precisa ser urgentemente revista. As faculdades precisam colocar o pé no mundo real e começar a ajudar futuros professores e agentes sociais a enfrentar esta realidade concreta ao invés de focar exclusivamente em pesquisas genéricas e leitura escolástica que ilustra o currículo... e só.
Aqui em Teófilo Otoni ficamos sabendo da situação histórica de caminhoneiros que oferecem 50 reais para crianças que estão nas imediações de uma região conhecida como Mucuri, em troca de um programa de abuso sexual infantil. Citam casos e casos. Casos que não são estudados, que não geram uma ação coletiva definitiva. Passam-se anos e anos e estas crianças se tornam adolescentes, jovens, adultos. Até que um deles, marcado pela loucura do seu passado e do abandono e desprezo social, resolve explodir. Aí, dirão que é um caso isolado, de alguém que nunca se adaptou ao mundo real. Um looser.
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