Ainda está para aparecer o discurso mais sólido sobre alternativa ao lulismo. O PSDB esboçou retomar o discurso das privatizações como saída para maior abertura da economia e crescimento sustentável. Cita Chile, Colômbia e outros países do continente para indicar o rumo certo. Mas este discurso não pega. Tenho, cá comigo, uma hipótese explicativa.
A desconfiança popular sobre o tema não se ancora em nenhuma motivação ideológica. Longe disto. Acredito que a grande maioria nem pisca um olho para este tema. Mas há os que se incomodam. Explico a hipótese. Os dados que temos em mãos sugere que grande parte dos pequenos municípios brasileiros (a grande maioria, com menos de 40 mil habitantes) tem no comércio sua principal fonte de energia e movimentação econômica. Nas grandes cidades, o pequeno comércio varejista também faz a festa dos bairros e comunidades. Estou citando, portanto, grande parte da vida dos brasileiros de baixa renda. E de onde vem os recursos para movimentação do comércio? Dos recursos estatais, via bolsa família, crédito popular, pensões e aposentadorias, além de funcionários públicos. Basta consultar os dados das associações comerciais dos pequenos municípios. Não se trata do valor unitário (o governo federal, recentemente, revelou que o valor médio de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS é inferior a dois salários mínimos), mas da massa de recursos que movimenta o pequeno comércio. Mais de 17 milhões de famílias brasileiras são beneficiadas pelos recursos previdenciários.
Pois bem. Acredito que o discurso das privatizações assuste estes comerciantes e beneficiários deste sistema de transferências de renda e recursos federais. Não se trata de nacionalismo ou postura ideológica. Mas de receio do mercado, altamente competitivo e pouco afeito às políticas sociais redistributivas, tomar conta da área.
O receio, enfim, parte do bolso.
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