Pode ser a idade. Mas arriei neste final de ano. Além do calor insuportável. Passei por aqui para justificar a ausência dos últimos dias. Vou postar uma ou outra nota até a virada do ano, quando retomo os comentários de sempre, com regularidade.
Confesso que estou desanimado com a lógica política que tomou conta do Brasil. Tenho a impressão que já se cristalizou a ordem montada nos últimos dez anos. As inovações, que pareciam a pedra de toque nos anos 1990, cessaram. Aécio, por mais que os tucanos procurem dar algum fôlego a esta candidatura, parece mais um blefe que uma promessa. Dificilmente vai decolar. Aécio parece cada vez mais um personagem mineiro, sem repercussão nacional. Não tem muito o que dizer ao país. Não empolga. Parece algo fabricado. E cercado, como uma ilha, por todos os lados. Cercado por Lula e Eduardo Campos. Cercado pelos tucanos paulistas. Aliás, se fracassar em 2014, seu partido volta para os paulistas. Cairá no colo envelhecido, sem ânimo e alma dos que foram derrotados sucessivamente pelo lulismo.
Petistas parecem cada vez mais com os partidos socialdemocratas europeus. O que resta de charme está os álbuns de fotografia. Anos atrás, quando conversei com socialistas franceses, senti este sorriso amarelo que sinto em petistas que raciocinam. Os socialistas admitiam que não tinham nada de diferente a dizer que os partidos mais à direita. Agora, são governo e continuo vendo o sorriso amarelo. Não é o caso de chorarem, é verdade, mas também não conseguem dar gargalhadas. Vencer por vencer, só para almas pobres, como as dos políticos da terra onde estou, cidade onde nasci, que exageram em tudo para dar algum sentido à sua vida. Mas todos são miniaturas de carros reais, muitos deles, fora de linha, mas que um dia projetavam glamour e poder. Obviamente que num município de 60 mil habitantes, tudo é liliputiano. Até um carrinho em miniatura, se for importado, já vira sinal de poder e sofisticação. Protótipo do socialismo europeu e do envelhecimento precoce de petistas e tucanos. De volta para o futuro.
O resto, neste momento, é o resto. Incluindo a grande imprensa, que serve como o "Outro" para quem está no poder. Sempre haverá um "Outro" para quem não tem mais do que se orgulhar do presente. A alteridade como única fonte de adrenalina. As campanhas eleitorais, cada vez mais nacionalizadas, bilionárias e definidas pelos deputados federais que comandam o feudo regional, dizem pouco aos eleitores. O que as torna ainda mais caras porque somente o marketing pode ainda criar alguma emoção plástica, a despeito de tudo o que assistimos ganhar aquela identidade visual de sempre, da música ao locutor jovem, da imagem HD aos gráficos com estatísticas ou reproduções de matérias de revistas e jornais. Tudo igual, marketeiros passando de mão em mão como os jogadores de futebol.
Não sei, não. O Brasil de hoje motiva muito pouco. E as artes, como para-raios do mundo real, não deixam dúvida de como tudo parece bem feito, mas sem sabor.
Seria quase impossível não arriar.
3 comentários:
Compreensível. Tudo sempre se encaminhando para governos e governabiidades, nunca para um Estado. Não se posicionar pró situação é ser reacionário, mesmo diante de totais e absolutas variantes, relegadas ao complô. O minimo bom senso foi proibido: não se pode dar nada para os reaças e sua mídia serviçal. Está cansativo, oneroso, pedante. Da vontade de tomar os mais franciscanos valores e abolir qualquer outra esfera. Triste.
O país já não esteve pior? É só isso que penso. Poderia estar melhor, os petistas, principalmente a bancada petista, poderiam esta melhores, mas já esteve pior, não?
Pensar assim, que se está avançando, é ser reacionário também.
Dá a impressão, Rudá, que você desejaria que o tucanato estivesse de vento em popa, que o Aécio estivesse convencendo e vencendo.
Bem, desculpe, mas depois de tudo, do espetáculo do STF, da mídia tupiniquim, você nada, nem uma crítica, nem uma palavra de indignação!
Concordo com relação às críticas ao PT, tem razão na maioria de seus argumentos, mas, para mim, é falta de vontade de ver o que está avançando.
Dulcinéa,
Você insiste em ver o mundo como uma dicotomia. Não existe apenas tucanos e lulistas, nem mesmo a política é definida apenas por partidos. Assim, não existe saída humana, mas apenas destino. Tente se libertar desta amarra mental. A idolatria é a anulação da pessoa e da autonomia. Sobre o papel da imprensa, leia melhor meu blog. Eu critico o tempo todo. Minha opção, desde muito tempo atrás, é pelo aumento do poder político dos cidadãos, não dos partidos e muito menos do Estado. Sou de esquerda, como percebe.
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