A última pesquisa CNI/IBOPE revela popularidade em alta da Presidente Dilma Rousseff. Sua forma de governar é avaliada como positiva por 78% dos brasileiros. Seria reeleita em primeiro turno se as eleições fossem hoje. A avaliação sobre seu governo tem mais de 60% de aprovação. Os indicadores econômicos frearam um índice ainda melhor, que a aproximaria dos índices de Lula no final de sua segunda gestão (80%). Inflação e juros diminuíram sensivelmente seus índices de aprovação (queda de 5% e 8%, respectivamente, em relação ao levantamento realizado em setembro). Esta é a temática que pode abalar sua gestão. Até aqui, parece que nada mais.
O julgamento do mensalão foi citado, assim como o caso Rosemary.
Enfim, toda munição utilizada pela oposição - com exceção das denúncias de Marcos Valério, que a ministra Carmen Lúcia já desqualificou - não serviu para muita coisa. E, em minha opinião, foi o melhor momento da oposição desde 2005. Mais unida, com alvo nítico e discurso claro.
O que teria ocorrido?
Vou propor três hipóteses explicativas:
1) Falta de enraizamento no cotidiano dos brasileiros
A oposição se ressente de não estar sintonizada com as ruas. Não fala do que mais alimenta as esperanças dos brasileiros: consumo de produtos de alta tecnologia, em especial, às vésperas das festas natalinas. Reforça o discurso moralista, mas não diz como será melhor com ela no goverrno. Ora, para que mudar o que não está ruim? Qual a segurança de mudar seis por meia dúzia?
Ao estar divorciada das ruas, a oposição não consegue perceber o que passa pela cabeça da maioria dos brasileiros, os consumidores de massa emergentes. Ao falar das privatizações (que alguns tucanos sugeriram, dias atrás, ser o grande mote programático) não percebe que é o Estado que infla os recursos e empregos desta massa emergente. Não se trata de nacionalismo, mas de garantia de recursos e empregos. Privatizar significa, no imaginário popular, a sana desenfreada das grandes empresas. As que sempre viraram as costas para quando eram absolutamente pobres e miseráveis.
2) Ressonância exclusiva da grande imprensa
Sem presença nas ruas e no imaginário popular, os ataques da oposição se restringem à repercussão que a grande imprensa dá para sua pauta de momento. Sua ofensiva é mais ou menos eficaz em função das manchetes. Vide a manchete de vários jornais sobre a declaração de Joaquim Barbosa sobre a necessária investigação sobre Lula a partir das denúncias de Marcos Valério. Quem viu a fala do ministro do STF percebeu que ele deu uma resposta às pressas, sem olhar para o jornalista, de maneira lacônica, sem respirar, como se estivesse se livrando do tema. Não mereceria uma manchete, mas a insistência do jornalista e, talvez, uma entrevista programada para o ministro discorrer sobre o tema. As manchetes foram desproporcionais. O que revela ausência de pauta quente. A pesquisa CNI/IBOPE dá a medida certa: as manchetes, para azar da oposição, não fazem mais a cabeça da maioria dos brasileiros. Afetam, mas não chegam a fazer a posição do lulismo deixar de ser a de antes. É a velha novidade da falta de leitura e desconfiança dos brasileiros emergentes (maioria absoluta dos eleitores) em relação às revistas e jornais da grande imprensa. Os editores parecem não aprender. E a oposição festeja cada manchete para cair em depressão logo após a divulgação de nova pesquisa de opinião. Uma oposição ciclotímica.
3) Ansiedade e ataques contínuos
Ao se pautar pela ressonância da grande imprensa, as oposições não percebem que precisam ser menos ansiosas, menos presas à notícia do dia. Precisam trabalhar e firmar uma acusação ou ataque. Mergulhadas na ansiedade de sempre, pulam de galho em galho e acabam dando impressão de oportunismo (assim como os editores da grande imprensa). Por qual motivo não aporfundaram a crítica do affair Rosemary? Muito pessoal e íntimo? Ou por que não reforçaram a má gestão de Dilma? Mudam o tempo todo de tema e acusação porque não estão nas ruas, mas nos gabinetes, lendo várias revistas e jornais, conversando com editores que se descolaram do mundo real. Falam para si. Neste caso, o melhor seria divulgarem pesquisas entre seus pares. Seria um resultado mais positivo, imagino.
E, volto a dizer, estão no seu melhor momento desde 2005.
Mas se a situação permanecer como nos últimos anos, a esperança das oposições será o PSB. O que será algo extremamente grave para Aécio Neves. Não resta outra opção para Aécio que a de ser candidato à sucessão de Dilma. Mas uma derrota humilhante pode tirar-lhe o cetro que conquistou por poucos meses, voltando o símbolo do poder tucano para as mãos dos paulistas.
As ruas, como venho destacando, são a fonte de todo poder político. E, parece, nesta seara, o lulismo continua nadando de braçada.
2 comentários:
Ótima crítica, parabéns!
Mostrou o mapa da mina à oposição-PSDB, faço votos de que eles não entendam nada, não os quero de volta.
Prezado:
Essa avaliação excelente do governo só tem ao meu ver um aspecto negativo: a relação governo-m´dia. O governo e o PT vão continuar apanhando do PIG impiedosamente sem praticamente reagir. O grupo palaciano deve ter certeza que sua política de nao enfretamento e financiamento do adversário é a mais correta.
Para todos que lutam pela democratização da midia no Brasil essa postura covarde do governo não é positiva.
Atenciosamente
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