Divulguei, recentemente, alguns dados do projeto The Learning
Curva (Curva do Aprendizado) que cria um novo índice global de habilidades
cognitivas e desempenho escolar, a
partir do cruzamento de indicadores internacionais, assim como dados educacionais de cada país
sobre alfabetização e as taxas de conclusão de escolas e universidades. As principais fontes de indicadores utilizados são: Programa Internacional
de Avaliação dos Alunos (Pisa), Tendências Internacionais nos Estudos de
Matemática e Ciência (Timms) e avaliações do Progresso no Estudo Internacional
de Alfabetização e Leitura (Pirls). No levantamento divulgado em novembro, o Brasil apareceu em penúltimo lugar. O Brasil foi incluído no grupo das sete nações com a
maior variação negativa em relação à média global, obtendo pontuação
negativa de -1,65 ficando acima somente da Indonésia com -2,03.
Pois bem. A França iniciou um debate nacional a respeito dos resultados de uma dessas avaliações que compõem a Curva do Aprendizado. Trata-se do Pirls. A pesquisa anual PIRLS
(Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura) envolve 45
países. Os dados divulgados indicaram que os alunos franceses com 10 anos de idade têm menos intimidade com a
leitura do que a média dos estudantes europeus da mesma idade. E seu desempenho
piorou na última década. Mais preocupante ainda, o desempenho ruim não se
relaciona às regiões prioritárias de educação, menos favorecidas, que historicamente
apresentam nível global educacional mais baixo, mas todas as escolas. Até mesmo o grupo de alunos com bons registros de desempenho apareceram abaixo da
média europeia. O estudo confirma outras avaliações internacionais (PISA da
OCDE, por exemplo) ou nacionais. Outros indicadores revelam, ainda, que ao redor
de 20% dos alunos que ingressam na faculdade não possuem conhecimento
suficiente do francês para ter sucesso na vida estudantil. O Le Monde publica artigo destacando o problema e a política norte-americana para enfrentar o problema. Desde 1997, recorda o jornal francês, os EUA
adotaram a leitura como uma meta nacional. Naquele ano, o Congresso criou uma
comissão para sintetizar todos estudos científicos a respeito do aprendizado da
leitura, procurando identificar os métodos mais eficazes e desenvolver um plano
nacional. Resultado: estudantes americanos têm melhorado seu desempenho em leitura
por dez anos.
O Brasil nem discute os motivos do desempenho sofrível de nossos estudantes nestas avaliações internacionais. Nem mesmo se são indicadores completos. A educação, simplesmente, não faz parte da agenda nacional.
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