quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

França discute decadência da leitura entre seus estudantes


Divulguei, recentemente, alguns dados do projeto The Learning Curva (Curva do Aprendizado) que cria um novo índice global de habilidades cognitivas e desempenho escolar,  a partir do cruzamento de indicadores internacionais,  assim como dados educacionais de cada país sobre alfabetização e as taxas de conclusão de escolas e universidades. As principais fontes de indicadores utilizados são: Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência (Timms) e avaliações do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura (Pirls). No levantamento divulgado em novembro, o Brasil apareceu em penúltimo lugar. O Brasil foi incluído no grupo das sete nações com a maior variação negativa em relação à média global, obtendo pontuação negativa de -1,65 ficando acima somente da Indonésia com -2,03. 
Pois bem. A França iniciou um debate nacional a respeito dos resultados de uma dessas avaliações que compõem a Curva do Aprendizado. Trata-se do Pirls.  A pesquisa anual PIRLS (Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura) envolve 45 países. Os dados divulgados indicaram que os alunos franceses com 10 anos de idade têm menos intimidade com a leitura do que a média dos estudantes europeus da mesma idade. E seu desempenho piorou na última década. Mais preocupante ainda, o desempenho ruim não se relaciona às regiões prioritárias de educação, menos favorecidas, que historicamente apresentam nível global educacional mais baixo, mas todas as escolas. Até mesmo o grupo de alunos com bons registros de desempenho apareceram abaixo da média europeia. O estudo confirma outras avaliações internacionais (PISA da OCDE, por exemplo) ou nacionais. Outros indicadores revelam, ainda, que ao redor de 20% dos alunos que ingressam na faculdade não possuem conhecimento suficiente do francês para ter sucesso na vida estudantil. O Le Monde publica artigo destacando o problema e a política norte-americana para enfrentar o problema. Desde 1997, recorda o jornal francês, os EUA adotaram a leitura como uma meta nacional. Naquele ano, o Congresso criou uma comissão para sintetizar todos estudos científicos a respeito do aprendizado da leitura, procurando identificar os métodos mais eficazes e desenvolver um plano nacional. Resultado: estudantes americanos têm melhorado seu desempenho em leitura por dez anos.
O Brasil nem discute os motivos do desempenho sofrível de nossos estudantes nestas avaliações internacionais. Nem mesmo se são indicadores completos. A educação, simplesmente, não faz parte da agenda nacional. 

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