Dilma ataca as concessionárias do setor energético dirigidas por tucanos por sabotarem a diminuição de custos para a indústria brasileira. Num debate memorável no Entre Aspas (Globo News), Skaf e Luiz Carlos Mendonça quase se pegam à tapas, disputando a palavra para defender o lado ao qual se alinham.
Aécio Neves contra-ataca e apresenta projeto de lei para zerar alíquota do PIS/Cofins que incidem sobre a conta de luz (afirma que reduziria o valor das contas em mais de 9%). Governo anuncia redução do valor do gás;
Oposição bate bumbo para os casos escabrosos envolvendo Rosemary e Lula e, agora, denúncias feitas por Marcos Valério. Base aliada no Congresso Nacional contra-ataca e convoca Roberto Gurgel e Fernando Henrique Cardoso para prestarem depoimento na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência a respeito das relações do MPF e Polícia Federal (no caso de Gurgel) e gestão de Furnas e Eletrobrás (durante governo FHC). Os dois não são obrigados a comparecer, mas ficará a dúvida a ser explorada.
Este tumulto de final de ano parte de uma reação de tucanos ao resultado das eleições municipais e tentativa de sair das cordas pelos governistas, após duas fortes denúncias envolvendo o nome de Lula. As denúncias contra Lula ainda repercutem mais que o contra-ataque lulista recém programado. Percebe-se que a oposição procura diminuir o impacto da agenda positiva proposta por Dilma nos últimos dias.
Ainda penso que há descompasso da oposição com o tempo político (volto a repetir a proximidade com as festas de final de ano que solapam qualquer irritação política) e com a dinâmica social (e prioridades) dos consumidores emergentes. Sustento, inclusive, que os gastos de final de ano e esta nova dinâmica social engolem a atenção a esta briga de foice entre governistas e oposição.
Mas, por outro lado, nunca a oposição chegou tão perto de reequilibrar o jogo entre os dois pólos. Não chega, ainda, a igualar ao impacto causado pela denúncia de Roberto Jefferson em 2005, mas parece ter mais fôlego que em todo período que sucedeu a reeleição de Lula.
Repiso que estão queimando muita munição neste final de ano. Mas revelam um fôlego que até então parecia ter sumido.
3 comentários:
O debate (embate?) só poderia ter sido melhor se a Paudfogel fosse isenta e tivesse garantido o direito do Skaf, mas tukana roxa que é, deus no que deu!
É meu, é nosso, é deles
(publicado no blog do autor)
Além da coerência administrativa, Dilma Rousseff demonstra habilidade política nas pressões para reduzir os custos da energia elétrica em certos estados.
Não obstante a necessidade de baixar os valores do insumo, entre os mais caros do mundo, a iniciativa representa um constrangimento inédito para a oposição. Esta não pode abrir mão de estruturas gigantescas e milionárias que sustentam exércitos de correligionários, mas tampouco possui argumentos técnicos para simplesmente abortar uma novidade que beneficiaria a população, a indústria, o comércio e o próprio crescimento econômico daquelas regiões.
Cada vez que a imprensa corporativa mexe nesse vespeiro, tentando desqualificar a medida, alimenta a imagem sabotadora das lideranças estaduais demotucanas e força reflexões indigestas sobre a privataria dos governos FHC. Discutir a renovação das concessões elétricas envolve pesar suas vantagens para o consumidor final, o que leva aos desrespeitos e abusos cotidianos praticados pelas outras empresas que receberam as mesmas prerrogativas.
O mínimo questionamento do processo de dilapidação do imenso patrimônio estatal brasileiro geraria armadilhas perigosas, especialmente para certos planos (re)eleitorais do ano que vem. Além disso, a mistura explosiva de oportunidade e interesse público pode abafar a costumeira pauta do temido apagão energético, que o noticiário só aborda quando carrega dimensões federais.
Se o assunto desaparecer de repente, já sabemos o motivo.
Sinceramente, pelas pesquisas e repercussão, não vi nenhuma novidade a favor da oposição. Mesmos temas e mesmas figuras hipócritas.
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