sexta-feira, 29 de março de 2013

Marco Feliciano aumenta a percepção de despreparo

Não há como negar que o vídeo divulgado, anos atrás, pela TV Globo, em que o bispo Edir Macedo aparecia num treinamento ou encontro de pastores de sua igreja, gerou grande desconfiança sobre o preparo político de alguns expoentes evangélicos. 
O deputado Marco Feliciano aumenta esta percepção. Parece ter gostado de fazer da tensão diária na Comissão de Direitos Humanos da CF uma tribuna para esquentar o clima político, radicalizar o conflito e tentar angariar espaço e projeção. Não contente em mandar prender, resolveu chantagear o governo federal. Segundo a UOL (vou reproduzir a passagem da matéria):
Insinuou que a resistência do PT ao seu nome afugenta o eleitor evangélico da candidatura reeleitoral de Dilma Rousseff. Fez isso numa entrevista ao humorista Danilo Gentili. Gentili perguntou a Feliciano se o PT não estaria fazendo dele um “bode expiatório” para evitar que os holofotes se voltem para José Genoino e João Paulo Cunha, os dois condenados do mensalão que integram a Comissão de Constituição e Justiça. “Isso é um jogo político”, aquiesceu o polêmico mandachuva da Comissão de Direitos Humanos. Em timbre ameaçador, Feliciano prosseguiu: “Eu penso que, nesse momento, o PT começa a repensar. Afinal de contas, se isso estiver acontecendo de fato, a presidenta Dilma e o governo devem estar jogando fora o apoio dos evangélicos, que não é pequeno, para uma eleição do ano que vem. São quase 70 milhões de evangélicos.” (...) Como que decidido a potencializar a contradição de seus antagonistas, Feliciano disse que o PSC não escolheu a Comissão de Direitos Humanos. Ficou com ela porque foi “a comissão que sobrou”. Criado há 18 anos a partir de uma proposta do PT, o colegiado sempre foi presidido por petistas ou aliados ditos de esquerda.Agora, ironizou Feliciano, “o partido que cuida dessa comissão desde que ela foi fundada parece ter aberto mão dela porque nesse momento não é prioridade.” Por isso, “caiu no colo do meu partido.” A alturas tantas, o deputado-pastor afirmou que a comissão é “secundária e quase inexpressiva”. Feliciano exagerou: “Ninguem nunca ouviu falar dessa comissão.” Mais um pouco e jactou-se: “Era secundária até a minha chegada.” Dando corda a si próprio, acabou soando anedótico: “Acho que eu coloquei a Comissão de Direitos Humanos no lugar devido dela.”

Constrangedor seria pouco para descrever este nível de "ataque político" (entre aspas, dado o infantilismo da reação do deputado). Ameaça é a arma dos fracos. Aliás, aqui cabe a frase do ex-ministro da Fazenda (1823), Marquês de Maricá: "o medo é a arma dos fracos, como a bravura é dos fortes". Empolado, mas que dá o tom deste embate desigual. Quem tem força não ameaça, apenas age. 

2 comentários:

César Felício disse...

O PT e o PSB relegaram esta comissão a segundo plano. O PSC se mobilizou para tê-la. Agora, não adianta chorar. Feliciano na CDDHH é um retrato de como os partidos de esquerda no Brasil mudaram seu foco. Pagaremos todos as consequências disso. Tentar destituir Feliciano agora é somar mais um erro a tantos outros.

Rudá Ricci disse...

Fato. Infelizmente