Recebo a mensagem de Emilia Robles, coordenadora do Proconcil, que reproduzo a seguir. Destaco esta mensagem por revelar o cuidado na leitura do momento que vive a igreja católica no mundo. Percebam a tentativa de equilíbrio entre a necessidade de mudança e a garantia de unidade da igreja e da comunidade cristã. Reproduzo como informação ou documento de análise que, entre cristãos, se denomina de "revelação":
Caro amigo:
Ontem, 13/03/2013, à tarde, finalmente, vimos a fumaça branca que que indicou que os cardeais tinham chegado a acordo sobre a escolha de um novo papa. Este tem sido um Conclave muito especial em virtude das complexas circunstâncias eclesiais que o rodeava. (...)
[Sobre Papa Francisco] sabemos que é uma pessoa humilde, austero e ouve, também os que não pensam como ele. Sabemos que não tolera a corrupção (...). Não duvidamos que o que estiver em seu poder para mudar o que afeta a Igreja nesse sentido e que a afasta da Mensagem do Evangelho. Acreditamos que a partir de sua própria sensibilidade e da escuta do clamor da nossa sociedade e dos diferentes setores da Igreja ecoarão diferentes problemas que afetam atualmente a missão evangelizadora da Igreja e sua capacidade de promover e estimular a reflexão conjunta na busca de um consenso, abraçando o pluralismo e a paridade estimulante entre clero e leigos, homens e mulheres.
(...) Tanto quanto se sabe, sei que ele é um homem de fé e oração.
Ele expressou repetidamente sensibilidade à Misericórdia e refúgio para aqueles que permanecem nas margens, e, em geral, desenvolveu sentimentos e laços de fraternidade, para além das diferenças.
Temos visto nos últimos anos, muitos gestos de sua parte no avanço da Unidade dos cristãos e interesse no diálogo inter-religioso. Sem dúvida, por formação e disposição, pode (...) ajudar a abrir novos caminhos.
Pode combinar uma liderança forte com respeito e promoção da colegialidade dos bispos, e que é extremamente sensível para o desenvolvimento e implementação da subsidiariedade.
(...) A partir da coordenação do Proconcil, temos a sorte de conhecê-lo pessoalmente e ter compartilhado alguns sonhos, preocupações e esperanças.
Agora queremos apontar alguns aspectos ou tentações de nós, como cristãos, pensamos que podem jogar contra o avanço da Igreja neste pontificado:
1. Desistir de nossa responsabilidade como cristãos, deixando tudo o peso do progresso da Igreja nas mãos do Papa, esquecendo o princípio da subsidiariedade e da importância de desenvolver a colegialidade do
Bispos, de acordo com a orientação do Concílio Vaticano II
2. Deixar de reconhecer que o primado do trabalho de Pedro tem a ver com a gestão de mudanças e, ao mesmo tempo, cuidar da governança Igreja e da sua coesão interna.
3. Gerar expectativas impossíveis quanto ao ritmo que pode produzir processos que ajudam a nossa igreja para ser uma fonte, juntamente com outras, de luz e sal no mundo de hoje, a partir da perspectiva do Evangelho.
4. Preconceituosamente levar por impressões e comentários, sem o contraditório, refletindo alguns meios de comunicação que são orientados a desacreditar a liderança que este novo Papa, Francisco, pode trazer para a nossa igreja.
5. Classificar o Papa, mas também outros membros da Igreja categorias, como conservador-progressista. O caminho é o de conciliação em nossa Igreja (...).
6. Cair em qualquer tipo de papolatría, magnificando esta figura, que, tendo sua importância em nossa tradição, não pode e nem deve liderar sozinho o caminho e a vida da Igreja.
7. Deixar de promover proativamente o debate e reflexão sobre questões que são de todos e afetam a todos, sempre animados por um espírito de fraternidade/irmandade em Cristo e buscar um amplo consenso no compromisso pela Paz, a Justiça e a Vida com dignidade para todos, e em particular com os pobres e excluídos.
Cardeal Bergoglio, agora Papa Francisco, (...) afastou-se da ostentação de símbolos (tal como sugerer o Pacto das Catacumbas) pediu muitas vezes para rezar por ele.
Vamos, portanto, como diz o ditado popular "Deus ajuda aqueles que se ajudam", construir e vivenciar uma Igreja que somos todos, à qual teremos que encontrar, ao final, com o Nazareno como última razão. Ore para o novo Papa, irmão e companheiro de caminhada, para que possa ser fiel ao Espírito; que ele também nos tenha presentes em suas orações.
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