Conversei com vários amigos e jornalistas argentinos para saber como avaliam o impacto da eleição do Papa Francisco por lá.
Vou resumir o que colhi:
1) As maiores resistências vem dos montoneros e organizações de defesa dos direitos humanos, com algo relacionado à área de cultura. Mães e Avós da Praça de Maio se juntam ao coro. O expoente desta vertente é o jornalista Horacio Verbitsky, ex-montonero;
2) A crítica maior foi o engajamento do agora Papa (e toda igreja católica argentina) no golpe militar. A igreja pediu perdão público, o que não aplacou o ódio e revolta dos militantes perseguidos e familiares que tiveram seus entes torturados e assassinados no período;
3) Todos que consultei relativizaram o poder da igreja católica na Argentina, país com forte cultura secular. Porém, neste ano ocorrerão eleições por lá que podem ser definitivas para as ambições da Presidente Cristina Kirchner. E o Papa deve visitar, ainda este ano, a Argentina. Assim, o discurso oficial da Presidência está o mais ameno possível. Esta postura diplomática acabou por dividir o kichnerismo (esta vertente peculiar do peronismo, tão centralizador quanto) em relação a este tema.
A confusão está estampada nos cartazes, espalhados por Buenos Aires, que ilustram esta nota. O vice-governador da província de Buenos Aires, o kirchnerista Gabriel Mariotto, levantou esta lebre, por inocência ou excesso de malícia.
Um comentário:
A sua amostragem estava viciada ou de fato isto é uma realidade? Acompanhei cá e lá alguns depoimentos, mas não tenho como me manisfestar nem como levantar qualquer suspeita sobre este acobertamento reducionista que diz que toda a igreja foi conivente com o que ocorria por lá. V. teria algo a acrescentar, depois das declarações de Esquivel?
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