Já que citei, hoje, a crítica de um bispo italiano à opulência do Vaticano, aproveito para escrever um breve comentário sobre o passado da igreja anglicana, registrada no livro "Em Casa: uma breve história da vida doméstica", de Bill Bryson.
A igreja tem sua matriz ligada à Sé de Canterbury, Inglaterra, que se autodefine como católica reformada. Reformada porque adotou alguns princípios do protestantismo de origem calvinista.
Mas, para aquilo que interessa a esta nota, vale registrar que o reitores das igrejas anglicanas eram mais ricos que os vigários (palavra cuja origem é vicário, substituto) porque recebiam quantias maiores do dízimo (a partir de 1836, ao invés de parcela da colheita, os agricultores foram obrigados a pagar uma quantia fixa à igreja, fizesse sol ou chuva, segundo determinação da Rainha Vitória).
Os clérigos não precisavam ter formação teológica (bastava título acadêmico) para se ordenar e muitos nem sabiam pregar sermões. Sobrava-lhes tempo.
E aí vem a curiosidade.
Um reitor, Thomas John Gordon Marsham, registrou em seu diário o que seria uma refeição frugal de um clérigo anglicano. Vamos à lista de um jantar típico em 1784:
Linguado ao molho de lagosta, galeto, língua de boi, rosbife, sopa, filé de vitela com cogumelos e trufas, torta de pombo, miúdos de carneiro, ganso com ervilhas, geleia de damasco, torta de queijo, compota de cogumelos e pudim de frutas.
domingo, 30 de setembro de 2012
Livraria Floriano
Já era para ter postado esta dica de livraria de BH.
Jeitão de bistrô. Livraria das mais agradáveis (15 mil volumes), café e refeições leves (incluindo café da manhã e um belo croque Floriano, com queijo minas). Funciona de terça à domingo, com parada na segunda, que ninguém é de ferro.
A Veja BH destacou esta criação do livreiro Tarcísio Ferreira - que já possuía outra livraria, a Usina das Letras -, Ingrid Mello e Leandro Araújo.
Para chegar lá:
Av. Consul Antônio Cadar, 147 (em frente ao Shopping São Bento, muito próximo à barragem Santa Lúcia). Telefone: (31) 2526-4180.
Observação:
Toda primeira quarta-feira de cada mês a livraria promove uma discussão aberta sobre um livro (eleito no mês anterior). Vale a pena.
Jeitão de bistrô. Livraria das mais agradáveis (15 mil volumes), café e refeições leves (incluindo café da manhã e um belo croque Floriano, com queijo minas). Funciona de terça à domingo, com parada na segunda, que ninguém é de ferro.
A Veja BH destacou esta criação do livreiro Tarcísio Ferreira - que já possuía outra livraria, a Usina das Letras -, Ingrid Mello e Leandro Araújo.
Para chegar lá:
Av. Consul Antônio Cadar, 147 (em frente ao Shopping São Bento, muito próximo à barragem Santa Lúcia). Telefone: (31) 2526-4180.
Observação:
Toda primeira quarta-feira de cada mês a livraria promove uma discussão aberta sobre um livro (eleito no mês anterior). Vale a pena.
Carta Aberta do Arcebispo Emérito de Foggia sugere reforma da Igreja Católica
Uma carta aberta emitida pelo arcebispo Giuseppe Casale (de
Foggia, que fica do lado oposto de Nápoles terra de meu bisavô) quebra a
calmaria aparente que antecede a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que ocorrerá em outubro. A carta sugere reformas (esta palavra que faz tremer a
igreja católica, desde sempre) para enfrentar várias lacunas e “necessidades
espirituais”, entre elas, a redescoberta da alegria
da pobreza evangélica, que deveria - segundo Casale - ser dada como exemplo pelo Papa e bispos.Sua Carta Aberta, além de destacar o necessário abandono da pompa e luxo, títulos e privilégios, cita as tentações dos poderes econômicos que gravitam ao redor da igreja.
A renúncia ao luxo é a pedra de toque de sua carta, mas o arcebispo italiano vai além. Destaca que todo Sínodo é
consultivo e está sujeito à aprovação do Papa, que ocorre meses depois de seu
término, o que coloca por terra toda “urgência” pastoral. E, dá mais um passo:
afirma que como sua composição é oficial, marcada por convidados do Papa, nem
sempre retrata fielmente a situação real em que vivem as igrejas locais ou suas
dificuldades pastorais. A assembleia sinodal, assim, acaba sendo uma maratona de
discussões complexas, com falas que não são interrompidas, em latim. Daí não
sair destes encontros nenhum resultado significativo, sugere o arcebispo
Casale. Crítica que se configura em senha para descortinar outro tema central de sua carta: a democratização da igreja.
Sugere “a
primazia do caminho sinodal” para garantir maior envolvimento das igrejas
locais, superando o círculo restrito da Cúria Romana que seria “composta por
pessoas excelentes, mas objetivamente longe da realidade concreta em que vivem
as comunidades locais”. Finalmente, propõe a abertura urgente do diálogo com as
comunidades cristãs de base.
Neste caminho, sugere a ordenação de líderes leigos nas
paróquias (viri probati), sustentando que não está citando o celibato, que para
o arcebispo é um carisma.
Não há como negar que suas proposições são o avesso de uma ácida crítica que estava no cerne do movimento protestante em sua origem (não a proposição teológica, mas a crítica à burocracia romana).
Casale é, antes de tudo, corajoso. Recentemente afirmou que a igreja não pode fechar as portas aos casais homossexuais.
sábado, 29 de setembro de 2012
81% dos paulistanos não votam em função do julgamento do mensalão
Não adiantou analistas políticos (como eu e Gaudêncio Torquato, entre outros) afirmar que o julgamento do mensalão não teria efeito significativo nas eleições municipais. Os editores da grande imprensa estão por demais ideologizados, verdadeiros samurais de uma cruzada que se reveste de luta moral ou ética, mas que é alimentada pelo profundo ressentimento de não conseguirem mais formar opinião consistente no país.
A UOL estampa, neste momento, a seguinte nota:
Mensalão não muda o voto de 81% em São Paulo
Apesar da grande repercussão no mundo político, 81% do eleitorado paulistano afirma que não mudou o voto por causa do julgamento do mensalão.De acordo com os números colhidos pelo Datafolha nesta semana, apenas 19% dos eleitores da capital de São Paulo dizem que estão bem informados a respeito do julgamento. Uma parcela quase idêntica de paulistanos, 18%, afirma que sequer tomou conhecimento do assunto.
Outra constatação é que para a maioria dos paulistanos (51%) o julgamento não exerce qualquer influência na definição do voto. Grande influência mesmo só para 22% dos entrevistados.
A UOL estampa, neste momento, a seguinte nota:
Mensalão não muda o voto de 81% em São Paulo
Apesar da grande repercussão no mundo político, 81% do eleitorado paulistano afirma que não mudou o voto por causa do julgamento do mensalão.De acordo com os números colhidos pelo Datafolha nesta semana, apenas 19% dos eleitores da capital de São Paulo dizem que estão bem informados a respeito do julgamento. Uma parcela quase idêntica de paulistanos, 18%, afirma que sequer tomou conhecimento do assunto.
Outra constatação é que para a maioria dos paulistanos (51%) o julgamento não exerce qualquer influência na definição do voto. Grande influência mesmo só para 22% dos entrevistados.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Vermelho Amargo
"Não se chora pelo amanhã"
Acabo de ler o último livro de Bartolomeu Campos de Queirós. Capa áspera, cheiro de livro antigo, páginas com gramatura maior que o convencional. O livro é espesso, nasceu clássico. Um livro dolorido, mas que não gera angústia ao ler. Autobiográfico, trata da perda da mãe, dos tomates (os vermelhos amargos) que o perseguem como memória (fatiados com rispidez por sua madrasta), do pai que "desinfetava o ar" com seu alcoolismo, dos irmãos perdidos.
Algo de existencialista, uma prosa que parece poesia, um texto que fala para si, embora voltado para quem o lê. Um livro enigmático, com sinais trocados, mas delicioso de ler. O diretor teatral Gabriel Vilela afirmou que se trata de uma obra delicada como arame farpado. Mas que não fere, apenas surpreende, esqueceu de completar. Algo que me fez lembrar da poesia cortante de João Cabral de Melo Neto.
O livro recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura.
Melhor reproduzir passagens do livro, como um itinerário de leitura:
"A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros futuros. Não se chora pelo amanhã."
"Tudo perto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se - em lágrimas - do paraíso, é condenar-se à liberdade".
"Aroma é uma amora se espiando no espelho"
"Cortados em cruz [os tomates] eles se transfiguravam em pequenas embarcações ancoradas na baía da travessia. E barqueiros eram as sementes, vestidas em resina de limo e brilho. Pousado sobre a língua, o pequeno barco suscitava um gosto de palavra por dizer-se. Há, sim, outras palavras mais doces que o açúcar."
"Agora, mas desde sempre, não moro bem dentro do meu corpo. (...) Vivo numa casa geminada. Intruso, pareço inquilino em vias de despejo. Não abro janelas ou destranco portas."
"O cheiro do alho frito acordava e impacientava o apetite. A couve, ela cortava mais fina que a ponta da agulha que borda mares em ponto cheio. Depois, mexia o angu para casar com a carne moída, salpicada de salsinha, conversando com o caldo de feijão."
"A irmã miando, abraçada ao gato mudo, me faria crer no efeito colateral causado pelo tomate."
"Minha mãe afirmava que muitos passam pela escola, mas a escola não passa por eles."
"A mãe fazia fantasia virar realidade."
"A culpa é relativa ao tamanho da memória. Esquecer é desexistir, é não ter havido."
Acabo de ler o último livro de Bartolomeu Campos de Queirós. Capa áspera, cheiro de livro antigo, páginas com gramatura maior que o convencional. O livro é espesso, nasceu clássico. Um livro dolorido, mas que não gera angústia ao ler. Autobiográfico, trata da perda da mãe, dos tomates (os vermelhos amargos) que o perseguem como memória (fatiados com rispidez por sua madrasta), do pai que "desinfetava o ar" com seu alcoolismo, dos irmãos perdidos.
Algo de existencialista, uma prosa que parece poesia, um texto que fala para si, embora voltado para quem o lê. Um livro enigmático, com sinais trocados, mas delicioso de ler. O diretor teatral Gabriel Vilela afirmou que se trata de uma obra delicada como arame farpado. Mas que não fere, apenas surpreende, esqueceu de completar. Algo que me fez lembrar da poesia cortante de João Cabral de Melo Neto.
O livro recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura.
Melhor reproduzir passagens do livro, como um itinerário de leitura:
"A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros futuros. Não se chora pelo amanhã."
"Tudo perto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se - em lágrimas - do paraíso, é condenar-se à liberdade".
"Aroma é uma amora se espiando no espelho"
"Cortados em cruz [os tomates] eles se transfiguravam em pequenas embarcações ancoradas na baía da travessia. E barqueiros eram as sementes, vestidas em resina de limo e brilho. Pousado sobre a língua, o pequeno barco suscitava um gosto de palavra por dizer-se. Há, sim, outras palavras mais doces que o açúcar."
"Agora, mas desde sempre, não moro bem dentro do meu corpo. (...) Vivo numa casa geminada. Intruso, pareço inquilino em vias de despejo. Não abro janelas ou destranco portas."
"O cheiro do alho frito acordava e impacientava o apetite. A couve, ela cortava mais fina que a ponta da agulha que borda mares em ponto cheio. Depois, mexia o angu para casar com a carne moída, salpicada de salsinha, conversando com o caldo de feijão."
"A irmã miando, abraçada ao gato mudo, me faria crer no efeito colateral causado pelo tomate."
"Minha mãe afirmava que muitos passam pela escola, mas a escola não passa por eles."
"A mãe fazia fantasia virar realidade."
"A culpa é relativa ao tamanho da memória. Esquecer é desexistir, é não ter havido."
Entrevisa com Edélcio Vigna (INESC) sobre Código Florestal
Em entrevista sobre o Código Florestal, Edélcio Vigna, assessor político do Inesc, revela que a disputa por interesses tumultuou todo o processo do Código Florestal e que o melhor caminho é vetar toda a MP e reiniciar as discussões em 2013.
O Plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (25), a Medida Provisória do Código Florestal (MP 571/2012), o que conclui sua tramitação no Congresso Nacional. A matéria agora retorna ao Executivo e a presidenta Dilma Rousseff decide se sancionará o texto, que foi modificado pelos parlamentares, ou se vai vetá-lo, no todo ou em parte.
A nova proposta que volta à presidenta é menos exigente quanto à proteção de florestas e matas nativas, o que tem motivado a reação daqueles que atuam em defesa do meio ambiente e manifestações de autoridades do governo em favor das regras previstas inicialmente na MP.
Em entrevista, Edélcio Vigna, assessor político do Inesc que acompanhou a tramitação do Código Florestal no Congresso Nacional e a trajetória da Medida Provisória (MP) 571/12, afirma que o processo do Código Florestal foi equivocado desde o princípio, quando o debate não foi aberto à sociedade. “As decisões ficaram restritas a arena legislativa. E, consequentemente, os interesses representados ficaram limitados a essa arena”, afirma. Para ele, a presidenta deve vetar toda a MP e iniciar a discussão em 2013.
Em poucas palavras, como você identifica toda a trajetória do Código Florestal e, depois, de transformação dos vetos da presidente Dilma Rousseff dentro do Congresso Nacional?
O grande problema do processo do Código Florestal é que ele é marcado por uma disputa de interesses setoriais: grandes proprietários, agricultores familiares, ambientalistas sociais, conservacionistas, setor financeiro, setor da indústria de celulose, madeireiros, entre outros, apresentam interesses diversificados. É uma disputa complexa e é muito complicado se chegar a um consenso.
Qual a principal problema desse cenário tumultuado de interesses que permeiam o Código Florestal?
O processo todo foi equivocado porque os benefícios e os prejuízos não foram claramente colocados para a sociedade. Ficou restrito à arena decisória legislativa. E, consequentemente, os debates ficaram limitados a essa arena. Para resolver o problema o debate do Código Florestal deveria ser entendido como uma questão de interesse nacional, já que estamos tratando do patrimônio florestal geracional.
Para você, qual deveria ser o posicionamento da Presidenta?
Vetar tudo e editar uma nova MP no início do ano de 2013, o que reiniciaria as discussões. O Projeto de Lei de Conversão (PLC) aprovado no Congresso altera a proposta original da MP da Dilma. O PLC resgatou artigos anteriormente vetados, que evitavam maior desmatamento, que buscavam preservar as matas ciliares que protegem os rios, as nascentes e os córregos; que obrigavam o reflorestamento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL).
E a sociedade civil, com vai atuar agora?
Continuamos mobilizados através do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável e vamos reivindicar novamente o Veto Total. Agora os setores organizados têm que pedir Veta a MP, Dilma!
Veja abaixo os principais pontos alterados na MP
- O modelo “escadinha”, que significa quanto maior o imóvel, maior a recuperação, os maiores proprietários serão beneficiados, pois poderão diminuir as áreas de mata (beiras de rios).
- O texto aprovado amplia a quantidade de propriedades que vão recompor as áreas de preservação permanente (APP), mas poderão continuar utilizando o que já está desmatado.
- A APP das propriedades familiares (de 1 a 4 módulos fiscais) com até dois módulos fiscais será limitada a 10% do imóvel. Para propriedades de 2 a 4 módulos, o limite será de 20%. Para as propriedades de 4 a 10 módulos, o limite será de 25% do imóvel.
- A Comissão Especial retirou o limite de 25% para a área de pousio em relação a área do imóvel. O termo “área abandonada”, que reforçava a fiscalização de terras improdutivas, foi excluído.
Aécio pode perder em sua terra natal
Pesquisa recém divulgada em São João del Rei sugere dificuldades para Aécio Neves na terra natal de sua família. Tudo leva a crer que o PSDB terá uma performance eleitoral muito melhor que a de 2008. Mas, mesmo assim, a vida ainda não está tão fácil. Em São João, Aécio apoia o atual prefeito, do PMDB, Nivaldo Andrade. Professor Helvécio é o candidato petista. Há outra pesquisa, registrada no TRE sob o número MG-00385/2012 que não foi divulgada, realizada pela CP2 Consultoria, encomendada pelo jornal O Tempo.
Veja a nota, abaixo:
O Instituto Ver divulgou resultado de pesquisa eleitoral com os índices de intenção de voto para a Prefeitura de São João Del-Rei. O Professor Helvécio lidera com 44,7%. O segundo lugar, Nivaldo Andrade, possui 33,2%.
O levantamento foi realizado nos dias 25 e 26 de setembro. Foram entrevistados 400 eleitores. A margem de erro é de 5%.
Candidatos
|
Percentual
|
Professor Helvécio
|
44,7%
|
Nivaldo Andrade
|
33,2%
|
Jordano Metalúrgico
|
1,1%
|
Nulos / Brancos
|
4%
|
Não sabe / Não respondeu
|
16,6%
|
Eleições nas capitais do sudeste: SP destoa
As eleições nas capitais da região sudeste parecem similares, com exceção de São Paulo. Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro parecem seguir uma linha reta, com Lacerda, Luiz Paulo e Eduardo Paes na dianteira desde o início do processo eleitoral. No caso de São Paulo, a instabilidade, em especial em relação ao segundo candidato que disputará o segundo turno das eleições, destoa das demais capitais. E o que motiva tal instabilidade? Essencialmente a entrada das igrejas (católica e evangélicas) no confronto a partir do processo eleitoral. Um fato exógeno, aparentemente, ao processo eleitoral, do ponto de vista estrito, limitado ao jogo entre partidos e candidatos.
Haddad e Serra decidiram atacar Russomanno que cedeu alguma coisa na curva ascendente de sua intenção de votos. Mas não é exatamente o ataque direto entre os candidatos que transforma o campo eleitoral movediço. O fator Lula, também exógeno ao processo eleitoral, parece afetar circunstancialmente este cenário, mas também explica pouco, visto que o candidato petista não atingiu o patamar histórico do PT paulistano (entre 25% e 30% da intenção de votos).
O fato é que a campanha paulistana é muito mais emocionante que as das demais capitais da região sudeste. No resto da região, a campanha se arrasta, com alguma emoção no Rio de Janeiro, por mérito próprio do candidato do PSOL, mas que dificilmente evitará a reeleição no primeiro turno das eleições.
O eleitor da região, de maneira majoritária, não se empolga, não se emociona, não se engaja efetivamente. Conservador (Luiz Paulo já foi prefeito por duas vezes), vota na segurança, na ordem.
Haddad e Serra decidiram atacar Russomanno que cedeu alguma coisa na curva ascendente de sua intenção de votos. Mas não é exatamente o ataque direto entre os candidatos que transforma o campo eleitoral movediço. O fator Lula, também exógeno ao processo eleitoral, parece afetar circunstancialmente este cenário, mas também explica pouco, visto que o candidato petista não atingiu o patamar histórico do PT paulistano (entre 25% e 30% da intenção de votos).
O fato é que a campanha paulistana é muito mais emocionante que as das demais capitais da região sudeste. No resto da região, a campanha se arrasta, com alguma emoção no Rio de Janeiro, por mérito próprio do candidato do PSOL, mas que dificilmente evitará a reeleição no primeiro turno das eleições.
O eleitor da região, de maneira majoritária, não se empolga, não se emociona, não se engaja efetivamente. Conservador (Luiz Paulo já foi prefeito por duas vezes), vota na segurança, na ordem.
Assassinato de agricultores por razões ideológicas ou disputa fundiária
Gilberto Costa, da Agência Brasil, divulgou nesta semana o relatório da Secretaria de Direitos Humanos em que se identifica 1.196 casos de trabalhadores rurais assassinados ou desaparecidos por razão ideológica e disputa fundiária entre setembro de 1961 e outubro de 1988. Trata-se de 3,5 vezes acima do total de reconhecidos oficialmente como mortos por perseguição política.
756 foram mortas durante o regime militar e 436 a partir de março de 1985, período da transição ou liberalização política.
Do total, 463 eram lideranças sociais, outros 75 eram sindicalistas, 14 advogados e 7 religiosos. O Pará é o campeão de mortes (342).
A maioria foi morta por milícias e pistoleiros contratados.
Na pesquisa que realizei para produção do meu livro "Terra de Ninguém" (Editora Unicamp, que trata da história do sindicalismo rural brasileiro até início dos anos 1990), descobri uma faceta peculiar da ofensiva do regime militar sobre sindicatos de trabalhadores rurais. A cúpula dos sindicatos era afastada e, em grande parte dos casos, a igreja católica indicava substitutos interventores.
Os dados de desaparecidos e assassinatos eram subnotificados e não havia um levantamento mais extenso sobre o tema.
Começamos a desvendar uma parte importante da vida brasileira, justamente aquela que fica escondida nas matas e grotões e que a academia despreza desde sempre. Com o Bolsa Família, a expansão dos meios de comunicação e acelerada urbanização (ou industrialização de processos produtivos rurais), este mundo rural vai se transfigurando aceleradamente.
756 foram mortas durante o regime militar e 436 a partir de março de 1985, período da transição ou liberalização política.
Do total, 463 eram lideranças sociais, outros 75 eram sindicalistas, 14 advogados e 7 religiosos. O Pará é o campeão de mortes (342).
A maioria foi morta por milícias e pistoleiros contratados.
Na pesquisa que realizei para produção do meu livro "Terra de Ninguém" (Editora Unicamp, que trata da história do sindicalismo rural brasileiro até início dos anos 1990), descobri uma faceta peculiar da ofensiva do regime militar sobre sindicatos de trabalhadores rurais. A cúpula dos sindicatos era afastada e, em grande parte dos casos, a igreja católica indicava substitutos interventores.
Os dados de desaparecidos e assassinatos eram subnotificados e não havia um levantamento mais extenso sobre o tema.
Começamos a desvendar uma parte importante da vida brasileira, justamente aquela que fica escondida nas matas e grotões e que a academia despreza desde sempre. Com o Bolsa Família, a expansão dos meios de comunicação e acelerada urbanização (ou industrialização de processos produtivos rurais), este mundo rural vai se transfigurando aceleradamente.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
As novelas da Globo
Quando parecia que a Globo começava a afundar e perder seu passado, retoma a dianteira com algumas novelas que colocam empregadas domésticas no centro das tramas. Não gosto de novelas porque se arrastam e são excessivamente apelativas.
Mas pelo que ouço e o pouco que vejo, as tramas são interessantes, instigantes, beirando ao thriller.
De qualquer maneira, acredito que exista algo a mais. Uma profunda empatia que nasce da emergência do mercado consumidor de massas no Brasil. O "ordem e progresso" particular que vem dominando o ideário destes consumidores emergentes se expressa bem nas novelas. Mais em relação às empreguetes que a vingativa Nina, é verdade. Mas trata-se de uma vingança pessoal, que dialoga com a via crucis dos emergentes. Não sei nada sobre o nível de planejamento dos núcleos de produção das novelas globais. Mas acredito que entenderam, ao menos neste segmento, o que faz o lulismo ser popular.
Mas pelo que ouço e o pouco que vejo, as tramas são interessantes, instigantes, beirando ao thriller.
De qualquer maneira, acredito que exista algo a mais. Uma profunda empatia que nasce da emergência do mercado consumidor de massas no Brasil. O "ordem e progresso" particular que vem dominando o ideário destes consumidores emergentes se expressa bem nas novelas. Mais em relação às empreguetes que a vingativa Nina, é verdade. Mas trata-se de uma vingança pessoal, que dialoga com a via crucis dos emergentes. Não sei nada sobre o nível de planejamento dos núcleos de produção das novelas globais. Mas acredito que entenderam, ao menos neste segmento, o que faz o lulismo ser popular.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
GREVES E MUDANÇA NO COMANDO SINDICAL BRASILEIRO
GREVES E MUDANÇA NO COMANDO SINDICAL BRASILEIRO
POR Rudá Ricci
Quando a Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) anunciou que as categorias
que lidera haviam concordado com a proposta de reajuste salarial de 15,8%
oferecida pelo governo federal, não era só o término da greve mais intensa que
um governo federal havia enfrentado em tempos recentes que se anunciava. Naquele
momento ficava patente que o comando do sindicalismo brasileiro estava mudando
de mãos. Não apenas em função das mudanças tecnológicas da base produtiva, que
desidrataram o poderio dos bancários – para citar um exemplo de categoria que
perde o poder que conquistaram nos anos 1980 -, mas em função da mudança de
patamar econômico e renda per capita por que passa o país desde 2004, assim
como mudança do papel do Estado na orientação econômica.
Já se revelava a emergência do
sindicalismo vinculado direta ou indiretamente aos serviços públicos quando da
greve dos canteiros de obra das obras do Plano de Aceleração do Crescimento
(PAC), no início deste ano. Nas obras da usina hidrelétrica de Jirau (RO), 20
mil operários seguiram o itinerário de outros três mil que paralisaram a obra
da Plataforma da Petrobras, em São Roque do Paraguaçu (BA), mesmo feito dos
operários das obras do estádio Arena das Dunas (RN) ou do Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro.
Os dois movimentos grevistas se articulam na mudança das
categorias dominantes no sistema sindical brasileiro.
No caso específico do
funcionalismo público, as diversas categorias que o compõe vivenciam dois
movimentos convergentes. O primeiro é sua projeção no mundo sindical. No
interior da CUT, já se firmam, em muitos Estados, como segunda força, logo
depois dos metalúrgicos. O segundo movimento é a pressão que forças
político-partidárias exercem sobre a CUT, seja porque disputam confederações e
sindicatos nacionais de funcionários públicos, seja porque outra central
sindical, a CONLUTAS, adota um discurso anti-governista que impele à
radicalização dos dirigentes das outras centrais. Assim, a CUT que tem no
funcionalismo púbico uma base cada vez mais importante no seu interior, tenta
sair das cordas na medida em que esta base é assediada por forças que denunciam
um possível alinhamento governista da maior central sindical do país.
A segunda maior central do país
também vive seu momento de mudança na composição interna. Se os metalúrgicos
continuam patronos - assim com na CUT – é visível que na Força Sindical cresce
o poder dos comerciários como categoria cujos sindicatos se projetam nas
manifestações e financiamentos da central. São 12 milhões de comerciários que
se alimentam do crescimento do consumo nacional e conquistam aumentos reais de
sua remuneração nas negociações coletivas dos últimos anos. Não por outro
motivo, os comerciários se apresentam nas articulações para indicação de
secretários estaduais do trabalho, destacam-se nos eventos da Organização
Internacional do Trabalho e são interlocutores privilegiados do Ministério do
Trabalho.
Os metalúrgicos continuam em
destaque no comando do sindicalismo brasileiro. Contudo, o envolvimento
partidário de seus principais expoentes parece abrir espaço para outras categorias
conquistarem mais terreno no mundo sindical. Uma transição relevante que já
repercute em muitas ações sindicais, incluindo a vaga grevista deste ano.
As mudanças recentes na ampliação
do consumo interno e na adoção da lógica estatal-desenvolvimentista pela gestão
Lula conformam esta transição na composição das direções das centrais
sindicais. O Brasil, a partir de agora, conviverá com estas mudanças que terão
forte repercussão não apenas no mundo sindical, mas também no sistema
partidário e na tomada de decisão dos governos.
Artigo de Lincoln Secco sobre Russomanno
O fenômeno Russomanno
A história de São Paulo prova duas coisas. A primeira é que um candidato como Russomanno não é nenhuma novidade. Desde os anos 1940 candidatos como Ademar de Barros e Janio Quadros mantiveram uma corrente que podemos chamar apenas por falta de um conceito melhor como “direita popular”. Esta corrente nunca se expressou numa organização partidária, mas é um “partido” no lato sentido de corrente de opinião permanente. A segunda é que nunca houve uma polarização entre PT e PSDB no município de São Paulo. O artigo é de Lincoln Secco.
Lincoln Secco (*)
Numa reunião de intelectuais em apoio ao então pré-candidato petista Fernando Haddad, um deles disse: “Vamos nos concentrar na classe média porque a periferia já é nossa”. Passados vários meses, parece que só agora petistas e tucanos acordaram para o fato de que a dianteira do Deputado Celso Russomanno nas eleições de 2012 na cidade de São Paulo é mais do que um fogo de palha.
Até recentemente vigorava a ideia de que Russomanno era uma novidade passageira. Depois surgiu a ideia de que ele podia se estabilizar somente porque o eleitor estaria cansado da polarização entre PT e PSDB e apostaria num outsider desvinculado de partidos.
Alguns tentaram explicá-lo pelo fato de que o lulismo teria criado uma base ampla em que petistas e lideranças evangélicas coabitam no governo federal. A nova classe trabalhadora que ascendeu ao mercado poderia ser disputada pelo tradicional discurso petista de melhoria do serviço público ou se voltar para um discurso típico da classe média: a defesa do consumidor. E nisto Russomanno é um mestre pelo histórico de seus programas de televisão.
Nada mais falso. Ainda que uma parte das pessoas que ingressam no mercado possa querer se diferenciar pela compra de serviços privados, não há nenhuma correlação comprovada entre consumo e ideologia política. Pessoas da classe média tradicional consomem mais e se consideram politizadas. Por que no momento em que os pobres ascendem eles não teriam capacidade de consumir e manter suas preferências políticas?
As igrejas evangélicas também foram mostradas como motivo do voto popular. Mas os evangélicos não são mais “alienados” do que ateus ou membros de outras religiões. Se uma parte dos fiéis pode seguir o pastor, uma maioria certamente se define por convicções formadas em vários espaços de sociabilidade como a vizinhança, os parentes mais informados e também as igrejas. Muitas pessoas na periferia frequentam mais de uma ao mesmo tempo.
A história não costuma ser chamada a opinar em processos eleitorais que tem oscilações rápidas e casuais. Uma acusação de corrupção, um escândalo na família e a falta de recursos financeiros podem fazer desabar uma candidatura. Pode ser que o vídeo de Mitt Romney falando maldades dos eleitores de Obama tenha selado a sua derrota. Quem sabe?
Mas deixando de lado as oscilações do tempo curto, a história de São Paulo prova duas coisas. A primeira é que um candidato como Russomanno não é nenhuma novidade, mas a norma. Desde os anos 1940 candidatos como Ademar de Barros e Janio Quadros mantiveram uma corrente que podemos chamar apenas por falta de um conceito melhor como “direita popular”. Ela contrastava com a direita nacional de classe média da UDN que era derrotada nas eleições presidenciais. Decerto muita gente desgosta da expressão porque parece um oximoro. Se é popular não pode ser direita.
Esta corrente política nunca se expressou numa organização partidária, mas é um “partido” no lato sentido de corrente de opinião permanente. O fenômeno de candidatos direitistas com voto não é uma exclusividade paulistana. Mas como São Paulo é uma grande cidade que passou por urbanização intensa em dimensões incomparáveis, as populações recém-chegadas sempre foram alvo de um discurso autoritário que as situavam como clientela e vítima. “Culpadas” pela violência que sofriam e dependentes, elas nem sempre se viam como trabalhadoras responsáveis pelo erguimento da metrópole e sucumbiam à mensagem de ordem, segurança e habitação. Mas ao mesmo tempo se organizavam nas associações de bairro (muitas com sede própria há mais de meio século) e conquistavam loteamentos, asfalto, postos de saúde etc.
Mas a história paulistana nos mostra um segundo fator. Nunca houve uma polarização entre PT e PSDB no município de São Paulo. Em 1985 um velho representante desse “partido de direita” voltou ao poder municipal pelo voto. Era Janio Quadros que derrotou F. H. Cardoso. Mas Eduardo Suplicy (PT) ficou num digno terceiro lugar. Em 1988 o município foi surpreendido pela vitória de Luiza Erundina (então no PT). Mas desde 1992 o malufismo governou São Paulo. Na onda neoliberal a direita apresentou a privatização da saúde como propaganda já em 1992 e não agora. O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) foi uma concessão de serviços públicos que enriqueceu alguns empresários médicos e se parecia a um plano de saúde privado.
Enquanto isso, o PT fincou raízes na periferia extrema da cidade, mas divide o apoio com a direita popular. Na verdade só conseguiu derrotá-la em 1988 numa eleição de um só turno e em 2000 quando o Governo FHC estava em seu momento de mais baixa popularidade e o PT despontava como alternativa nacional de poder. Além disso, a petista Marta Suplicy teve o apoio do Governador Mario Covas do PSDB! A vitória do tucano José Serra em 2004 poderia ser apontada como uma anomalia, pois ele não tem o perfil malufista. Tem um partido estabelecido e outra relação com eleitores de classe média.
Mas a vitória de Serra só foi possível com o apoio de votos que ficaram sem uma liderança na direita popular em 2004, já que ela estava absorvida pelo governo Lula em sua lua de mel com os novos aliados. Maluf já estava em franca decadência e o próprio Serra inclinou o discurso à direita. Ao olhar somente para o tempo curto o analista passa a acreditar que há um fenômeno estrutural: a “direita lulista”. Na verdade, a Direita popular atualiza frequentemente o discurso, pois se apresenta como uma “direita de resultados” e não presa a valores morais. Estes são mais fortes na direita conservadora de classe média. Depois de sua derrota em 1988 a direita popular incorporou temas sociais ao lado das propostas de suas tradicionais grandes obras viárias. O projeto Cingapura (Habitação) e a aparente defesa dos favelados foram vitrines da campanha malufista em 1992.
Entretanto, Serra perdeu a chance de quebrar a polaridade entre PT e a velha direita ao deixar a prefeitura para um antigo malufista que se reelegeu: Kassab. A disputa de 2012 pode reproduzir o duelo entre petistas e a direita popular. Se o PSDB for ao segundo turno isso se deverá mais ao erro estratégico do PT ter demorado a fazer campanha onde ele sempre foi mais forte: a periferia. A geografia do voto em São Paulo mostra há vinte anos que o PT tem apoio maior entre os mais pobres.
O apoio de Maluf ao PT em nada muda a luta política estabelecida porque a sua base social não o acompanhou. É que a periferia não é propriedade de ninguém. O PT tem lá sua força e a direita popular também porque ela é popular de fato. E é de Direita porque visa manter o Status Quo através da canalização das necessidades populares para saídas individualistas ou para organizações limitadas às demandas corporativas.
Decerto um “grande acontecimento” ou uma campanha massiva dos meios de comunicação (no caso de Serra ir ao segundo turno) pode tirar a vitória de Russomanno. Fora disso só o improvável apoio do eleitorado do PSDB ao PT no segundo turno e a recuperação dos votos petistas nos extremos Leste e Sul da cidade alterariam um resultado mais do que previsível, embora não inelutável. É que as eleições são uma composição de quadros dinâmicos e não estáticos. Haddad poderia reorientar sua agenda na reta final do primeiro turno totalmente para o objetivo de desmontar uma parcela do apoio popular à Direita e, depois, usar sua imagem de classe média para atrair os votos que Marta Suplicy teve em 2000. Se ainda há tempo só a campanha petista poderá comprovar depois de tantas desavenças internas e erros estratégicos.
Quanto ao futuro, é a mudança de condição de vida já em curso na periferia que poderá quebrar a hegemonia de Direita em São Paulo. A velocidade da urbanização e o perfil da economia industrial da cidade começaram a mudar nos últimos decênios. Mas para isso a esquerda precisa ver os pobres como sujeitos históricos.
(*) Lincoln Secco é Professor de História Contemporânea na USP e autor de “A História do PT” (Ed. Ateliê, terceira edição, 2012).
Até recentemente vigorava a ideia de que Russomanno era uma novidade passageira. Depois surgiu a ideia de que ele podia se estabilizar somente porque o eleitor estaria cansado da polarização entre PT e PSDB e apostaria num outsider desvinculado de partidos.
Alguns tentaram explicá-lo pelo fato de que o lulismo teria criado uma base ampla em que petistas e lideranças evangélicas coabitam no governo federal. A nova classe trabalhadora que ascendeu ao mercado poderia ser disputada pelo tradicional discurso petista de melhoria do serviço público ou se voltar para um discurso típico da classe média: a defesa do consumidor. E nisto Russomanno é um mestre pelo histórico de seus programas de televisão.
Nada mais falso. Ainda que uma parte das pessoas que ingressam no mercado possa querer se diferenciar pela compra de serviços privados, não há nenhuma correlação comprovada entre consumo e ideologia política. Pessoas da classe média tradicional consomem mais e se consideram politizadas. Por que no momento em que os pobres ascendem eles não teriam capacidade de consumir e manter suas preferências políticas?
As igrejas evangélicas também foram mostradas como motivo do voto popular. Mas os evangélicos não são mais “alienados” do que ateus ou membros de outras religiões. Se uma parte dos fiéis pode seguir o pastor, uma maioria certamente se define por convicções formadas em vários espaços de sociabilidade como a vizinhança, os parentes mais informados e também as igrejas. Muitas pessoas na periferia frequentam mais de uma ao mesmo tempo.
A história não costuma ser chamada a opinar em processos eleitorais que tem oscilações rápidas e casuais. Uma acusação de corrupção, um escândalo na família e a falta de recursos financeiros podem fazer desabar uma candidatura. Pode ser que o vídeo de Mitt Romney falando maldades dos eleitores de Obama tenha selado a sua derrota. Quem sabe?
Mas deixando de lado as oscilações do tempo curto, a história de São Paulo prova duas coisas. A primeira é que um candidato como Russomanno não é nenhuma novidade, mas a norma. Desde os anos 1940 candidatos como Ademar de Barros e Janio Quadros mantiveram uma corrente que podemos chamar apenas por falta de um conceito melhor como “direita popular”. Ela contrastava com a direita nacional de classe média da UDN que era derrotada nas eleições presidenciais. Decerto muita gente desgosta da expressão porque parece um oximoro. Se é popular não pode ser direita.
Esta corrente política nunca se expressou numa organização partidária, mas é um “partido” no lato sentido de corrente de opinião permanente. O fenômeno de candidatos direitistas com voto não é uma exclusividade paulistana. Mas como São Paulo é uma grande cidade que passou por urbanização intensa em dimensões incomparáveis, as populações recém-chegadas sempre foram alvo de um discurso autoritário que as situavam como clientela e vítima. “Culpadas” pela violência que sofriam e dependentes, elas nem sempre se viam como trabalhadoras responsáveis pelo erguimento da metrópole e sucumbiam à mensagem de ordem, segurança e habitação. Mas ao mesmo tempo se organizavam nas associações de bairro (muitas com sede própria há mais de meio século) e conquistavam loteamentos, asfalto, postos de saúde etc.
Mas a história paulistana nos mostra um segundo fator. Nunca houve uma polarização entre PT e PSDB no município de São Paulo. Em 1985 um velho representante desse “partido de direita” voltou ao poder municipal pelo voto. Era Janio Quadros que derrotou F. H. Cardoso. Mas Eduardo Suplicy (PT) ficou num digno terceiro lugar. Em 1988 o município foi surpreendido pela vitória de Luiza Erundina (então no PT). Mas desde 1992 o malufismo governou São Paulo. Na onda neoliberal a direita apresentou a privatização da saúde como propaganda já em 1992 e não agora. O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) foi uma concessão de serviços públicos que enriqueceu alguns empresários médicos e se parecia a um plano de saúde privado.
Enquanto isso, o PT fincou raízes na periferia extrema da cidade, mas divide o apoio com a direita popular. Na verdade só conseguiu derrotá-la em 1988 numa eleição de um só turno e em 2000 quando o Governo FHC estava em seu momento de mais baixa popularidade e o PT despontava como alternativa nacional de poder. Além disso, a petista Marta Suplicy teve o apoio do Governador Mario Covas do PSDB! A vitória do tucano José Serra em 2004 poderia ser apontada como uma anomalia, pois ele não tem o perfil malufista. Tem um partido estabelecido e outra relação com eleitores de classe média.
Mas a vitória de Serra só foi possível com o apoio de votos que ficaram sem uma liderança na direita popular em 2004, já que ela estava absorvida pelo governo Lula em sua lua de mel com os novos aliados. Maluf já estava em franca decadência e o próprio Serra inclinou o discurso à direita. Ao olhar somente para o tempo curto o analista passa a acreditar que há um fenômeno estrutural: a “direita lulista”. Na verdade, a Direita popular atualiza frequentemente o discurso, pois se apresenta como uma “direita de resultados” e não presa a valores morais. Estes são mais fortes na direita conservadora de classe média. Depois de sua derrota em 1988 a direita popular incorporou temas sociais ao lado das propostas de suas tradicionais grandes obras viárias. O projeto Cingapura (Habitação) e a aparente defesa dos favelados foram vitrines da campanha malufista em 1992.
Entretanto, Serra perdeu a chance de quebrar a polaridade entre PT e a velha direita ao deixar a prefeitura para um antigo malufista que se reelegeu: Kassab. A disputa de 2012 pode reproduzir o duelo entre petistas e a direita popular. Se o PSDB for ao segundo turno isso se deverá mais ao erro estratégico do PT ter demorado a fazer campanha onde ele sempre foi mais forte: a periferia. A geografia do voto em São Paulo mostra há vinte anos que o PT tem apoio maior entre os mais pobres.
O apoio de Maluf ao PT em nada muda a luta política estabelecida porque a sua base social não o acompanhou. É que a periferia não é propriedade de ninguém. O PT tem lá sua força e a direita popular também porque ela é popular de fato. E é de Direita porque visa manter o Status Quo através da canalização das necessidades populares para saídas individualistas ou para organizações limitadas às demandas corporativas.
Decerto um “grande acontecimento” ou uma campanha massiva dos meios de comunicação (no caso de Serra ir ao segundo turno) pode tirar a vitória de Russomanno. Fora disso só o improvável apoio do eleitorado do PSDB ao PT no segundo turno e a recuperação dos votos petistas nos extremos Leste e Sul da cidade alterariam um resultado mais do que previsível, embora não inelutável. É que as eleições são uma composição de quadros dinâmicos e não estáticos. Haddad poderia reorientar sua agenda na reta final do primeiro turno totalmente para o objetivo de desmontar uma parcela do apoio popular à Direita e, depois, usar sua imagem de classe média para atrair os votos que Marta Suplicy teve em 2000. Se ainda há tempo só a campanha petista poderá comprovar depois de tantas desavenças internas e erros estratégicos.
Quanto ao futuro, é a mudança de condição de vida já em curso na periferia que poderá quebrar a hegemonia de Direita em São Paulo. A velocidade da urbanização e o perfil da economia industrial da cidade começaram a mudar nos últimos decênios. Mas para isso a esquerda precisa ver os pobres como sujeitos históricos.
(*) Lincoln Secco é Professor de História Contemporânea na USP e autor de “A História do PT” (Ed. Ateliê, terceira edição, 2012).
Desempenho de Dilma (CNI/IBOPE)
Novo recorde de aprovação, atingindo 62% dos brasileiros satisfeitos com sua gestão. Mas o mais importante da pesquisa CNI/IBOPE é o cotejamento em relação ao julgamento do mensalão. Embora 16% tenham citado o julgamento do mensalão como assunto que mais lembravam (percebam que se trata de um índice baixo para a repercussão dada pela grande imprensa), 29% se lembraram de notícias favoráveis ao governo. Mais, as políticas mais relevantes do governo, apontadas pelos entrevistados foram: combate à fome e pobreza (60%), combate ao desemprego (57%) e ação em favor do meio ambiente (54%).
Com exceção do tema do meio ambiente (que os ambientalistas certamente se espantarão), a agenda continua sendo a imposta pelo lulismo. Há, portanto, uma inércia em relação ao impacto das ações da gestão passada, que permanecem na sucessão.
O dístico "ordem e progresso" continua pautando a mente nas avaliações dos brasileiros sobre seus gestores.
Com exceção do tema do meio ambiente (que os ambientalistas certamente se espantarão), a agenda continua sendo a imposta pelo lulismo. Há, portanto, uma inércia em relação ao impacto das ações da gestão passada, que permanecem na sucessão.
O dístico "ordem e progresso" continua pautando a mente nas avaliações dos brasileiros sobre seus gestores.
Os dados sobre real aumento da renda do trabalho (PNAD)
Ao se divulgar os
resultados da PNAD de 2011 pela grande imprensa, o governo sugeriu que houve
aumento do rendimento médio mensal real do trabalho em 30%, nos últimos oito
anos.
Contudo, uma observação
da Auditoria Cidadã da Dívida sugere que o aumento seria de 8%, apenas. A série
histórica indica quem em 1995 o rendimento era 20% maior que o observado em
2004. A partir daí, houve queda na renda dos trabalhadores ocorrida no final do
governo FHC e início do governo Lula. Observado este patamar, o aumento real
nos últimos 16 anos teria sido de 0,5% ao ano.
O fato é que a partir de
2004 houve recuperação real do salário médio do trabalho no Brasil que
despertou este imenso mercado consumidor interno.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Haddad passa Serra (IBOPE)
O fenômeno Russomanno está consolidado. Trata-se de um subproduto da ascensão da nova classe média, Classe C ou emergência da renda das classes trabalhadoras (ou subalternas).
Agora, a despeito dos editores de política dos veículos de comunicação de São Paulo (que se pautam pela lógica da classe média tradicional e não compreendem a movimentação, interesses e valores da nova configuração social brasileira), Haddad demonstra que será o polo (fraco) da disputa paulistana.
Antes que uma eleição, a disputa política paulistana é quase uma narrativa sociológica.
Veja a nota da UOL:
Russomanno lidera com 34%; Haddad tem 18% e Serra, 17%
Do UOL, em São Paulo
O candidato Celso Russomanno (PRB) segue na liderança da corrida eleitoral pela prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa do Ibope publicada nesta terça-feira. Russomanno oscilou para 34%, ante os 35% de levantamento anterior, divulgado no dia 13 deste mês. Os candidatos José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) oscilaram na margem de erro e seguem tecnicamente empatados, com 17% e 18%, respectivamente. A novidade, porém, é que esta é a primeira vez nas pesquisas do Ibope em que o candidato petista aparece à frente do tucano. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nas simulações de segundo turno, o candidato do PRB venceria tanto o tucano quanto o petista se a eleição fosse hoje – por 50% a 29% e 50% a 24%, respectivamente.
O candidato do PMDB, Gabriel Chalita, aparece em quarto lugar, com 7%. Na pesquisa anterior, ele tinha 6%. Já a candidata Soninha (PPS) manteve a mesma pontuação: 4%. Em seguida aparecem empatados Paulinho da Força (PDT) e Carlos Giannazi, com 1%. Os demais candidatos não pontuaram. Brancos e nulos somaram 10%. Ainda disseram estar indecisos 8% dos entrevistados.
O Ibope ouviu 1.001 eleitores entre os dias 22 e 24 de setembro. A pesquisa está registrada no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral sob o número SP-01138/2012.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Vox Populi: Serra e Haddad empatados em 17%
Serra cai 5 pontos, Haddad sobe 3 e os dois estão tecnicamente empatados em 2º
Segundo pesquisa Vox Populi, Russomanno segue líder com 34% das intenções de voto; tucano e petista tem 17%
iG São Paulo |
O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, subiu três pontos, tem 34% das intenções de voto e se mantém na liderança, segundo pesquisa Vox Populi, em parceria com a TV Bandeirantes, divulgada nesta segunda-feira.
O tucano José Serra caiu cinco pontos em relação à sondagem anterior, de 22% para 17%, e aparece tecnicamente empatado com o petista Fernando Haddad, que subiu três pontos, de 14% para 17%, na briga pelo segundo lugar na disputa. A margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos.
Gabriel Chalita, candidato do PMDB, se manteve em 5% e Soninha Francine, candidata do PPS, passou de 4% para 2%. Paulinho da Força, do PDT, e Levy Fidelix, do PRTB, têm 1%. Brancos e nulos somaram 10% e 13% se declararam indecisos.
O Vox Populi entrevistou 2.000 eleitores entre 19 e 2
O tucano José Serra caiu cinco pontos em relação à sondagem anterior, de 22% para 17%, e aparece tecnicamente empatado com o petista Fernando Haddad, que subiu três pontos, de 14% para 17%, na briga pelo segundo lugar na disputa. A margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos.
Gabriel Chalita, candidato do PMDB, se manteve em 5% e Soninha Francine, candidata do PPS, passou de 4% para 2%. Paulinho da Força, do PDT, e Levy Fidelix, do PRTB, têm 1%. Brancos e nulos somaram 10% e 13% se declararam indecisos.
O Vox Populi entrevistou 2.000 eleitores entre 19 e 2
Classe média tradicional se incomoda com Classe C
Matéria do Jornal da Tarde apresentou dados do Data Popular sobre as preferências de consumo da Classe C (a despeito de toda controvérsia sobre o conceito, de classe ou mero estrato de renda e/ou consumo). O padrão de consumo é o de produtos top de linha. Nestlé e Samsung são citadas, ao lado da Adidas, como marcas preferenciais (foram ouvidas 22 mil pessoas em 153 cidades brasileiras).
54% se preocupam com a marca de alimentos na hora de comprá-los; 47% se preocupam com a marca de computadores; 45% com a marca de automóveis e 41% com eletrônicos.
O mesmo instituto de pesquisas acaba de divulgar um outro dado sobre como a nova classe média incomoda gradativamente a velha classe média (ver matéria, abaixo, publicada na Carta Capital).
Eu arriscaria a dizer que não se trata de mero ressentimento da Classe B (que não se vê compensada em relação à contribuição aos tributos que paga, diferentemente aos outros segmentos de classe que recebem bolsa-família, reflexos do aumento real do salário mínimo, crédito para consumo popular ou até mesmo recursos do BNDES). Trata-se de um movimento de aumento do conservadorismo e intolerância à diferença que vem sendo constatada em várias pesquisas sobre perfil do ideário dos brasileiros, em especial, da região centro-sul do país. Os brasileiros são mais conservadores, detestam ataques à ordem e à segurança, projetam-se no consumo e sucesso individual e familiar e são menos afeitos à manifestações públicas.
Mas, vejamos a matéria sobre os dados do Data Popular:
54% se preocupam com a marca de alimentos na hora de comprá-los; 47% se preocupam com a marca de computadores; 45% com a marca de automóveis e 41% com eletrônicos.
O mesmo instituto de pesquisas acaba de divulgar um outro dado sobre como a nova classe média incomoda gradativamente a velha classe média (ver matéria, abaixo, publicada na Carta Capital).
Eu arriscaria a dizer que não se trata de mero ressentimento da Classe B (que não se vê compensada em relação à contribuição aos tributos que paga, diferentemente aos outros segmentos de classe que recebem bolsa-família, reflexos do aumento real do salário mínimo, crédito para consumo popular ou até mesmo recursos do BNDES). Trata-se de um movimento de aumento do conservadorismo e intolerância à diferença que vem sendo constatada em várias pesquisas sobre perfil do ideário dos brasileiros, em especial, da região centro-sul do país. Os brasileiros são mais conservadores, detestam ataques à ordem e à segurança, projetam-se no consumo e sucesso individual e familiar e são menos afeitos à manifestações públicas.
Mas, vejamos a matéria sobre os dados do Data Popular:
Nova classe média incomoda parte da velha classe média, aponta Data Popular
O crescimento da renda e a ampliação do crédito possibilitou aos integrantes da chamada nova classe média acessar espaços e lugares que antes estavam restritos ao público da tradicional classe média. E a nova pesquisa do Data Popular, divulgada nesta sexta-feira (18) e focada na classe C, aponta que boa parte dos antigos integrantes desta faixa social estão incomodados em dividir espaços com os novos.
A análise do Data Popular mostra que 55,3% dos integrantes da integrantes da tradicional classe média pensam que os produtos à venda no mercado deveriam ter versões para ricos e para pobres. Aponta também que a piora em alguns serviços (como o excesso de filas) também é apontada como um desconforto causado pelo acesso da nova classe média para 48,4% dos que responderam à pesquisa.
Para 16,5% da “alta” classe média, as pessoas mal vestidas deveriam ser barradas em certos lugares e, para outros 17,1%, todos os estabelecimentos deveriam ter elevadores separados.
No caso do metrô, que gerou um movimento contra a instalação da estação Angélica no nobre bairro de Higienópolis, em São Paulo, em maio deste ano, a pesquisa revelou que a segregação social se confirma. Para 26,4% dos considerados da elite esse transporte aumenta a circulação de pessoas indesejáveis na região. Na época, os moradores do bairro afirmavam que a estação traria o “aumento de ocorrências indesejáveis” e a criação de um “camelódromo” na avenida.
O estudo do Data Popular foi realizado pela internet com 18.365 pessoas de todo o país no segundo trimestre de 2011.
Consolidação do voto conservador na cidade de SP
A Folha realizou um excelente trabalho nos últimos dias. Revelou o perfil do eleitor paulistano e, hoje, indicando o mapa de votação nos candidatos que polarizaram as eleições municipais desde 1988. Pelos levantamentos que apresentou - que abandonam o sensacionalismo de gosto duvidoso - começamos a ficar cientes que o eleitor paulistano é conservador. Seu ideário é refratário à ampliação dos direitos civis e às diferenças de comportamento. Um "eleitor da ordem", digamos assim, que se pauta pela segurança e sucesso pessoal. Uma tradução individualista do slogan positivista "ordem e progresso".
Também ficamos sabendo que o voto contestador se localiza na zona sul da capital paulista, no extremo da zona leste e em parte da região noroeste. O mapa que ilustra esta nota indica a votação regionalizada de Kassab e Marta Suplicy, nas eleições de 2008. O mapa é muito próximo do que ocorreu em 2004 e ocorre agora. A zona sul aparece como reduto de voto petista em todas eleições, desde 1988. A leste aparece a partir da eleição municipal de 2000. Já o voto declaradamente conservador está cristalizado na região central da capital e avança para a região norte.
Portanto, a região sul sedia o voto contestador (que a Folha denomina de liberal, mais próximo do jargão norte-americano) e a região central o voto conservador.
André Singer publica um breve ensaio, também na Folha de hoje (p. A8), em que sugere que Haddad precisa polarizar com Russomanno. De fato, para conquistar o segundo turno, o candidato petista precisa recuperar a zona leste e parte da noroeste, onde o eleitor informa que oscila entre os dois candidatos da base lulista. A questão é como fazê-lo.
Também ficamos sabendo que o voto contestador se localiza na zona sul da capital paulista, no extremo da zona leste e em parte da região noroeste. O mapa que ilustra esta nota indica a votação regionalizada de Kassab e Marta Suplicy, nas eleições de 2008. O mapa é muito próximo do que ocorreu em 2004 e ocorre agora. A zona sul aparece como reduto de voto petista em todas eleições, desde 1988. A leste aparece a partir da eleição municipal de 2000. Já o voto declaradamente conservador está cristalizado na região central da capital e avança para a região norte.
Portanto, a região sul sedia o voto contestador (que a Folha denomina de liberal, mais próximo do jargão norte-americano) e a região central o voto conservador.
André Singer publica um breve ensaio, também na Folha de hoje (p. A8), em que sugere que Haddad precisa polarizar com Russomanno. De fato, para conquistar o segundo turno, o candidato petista precisa recuperar a zona leste e parte da noroeste, onde o eleitor informa que oscila entre os dois candidatos da base lulista. A questão é como fazê-lo.
domingo, 23 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
Zander Navarro sugere confusão no Encontro dos Trabalhadores e Povos do Campo
Esquerda e direita – onde estão?
Zander Navarro
Examinados os fatos da vida social depois de 1989, sabemos que o significado da antinomia acima foi perdendo seu significado. A esquerda tem sido desafiada a revelar o imperscrutável sentido de sua ação política que, renovado, transformaria a ordem. Já a direita, saboreando os rumos da História, dedica-se
a tertúlias, pois nunca almejou mudar nada.
Não obstante ser uma discussão fascinante, não é meu propósito adentrar o debate e suas nuances infindáveis. Mas ilustro a profunda confusão reinante, sugerindo, com o fato relatado, que aquela antítese, provavelmente, esteja mesmo perdendo a sua relevância.
Em agosto foi realizado em Brasília o Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, reunindo organizações supostamente representativas dos segmentos sociais que habitam tais ambientes. A declaração final do evento é uma das mais vivas evidências do abastardamento de muitos setores da esquerda. Aferida por qualquer ângulo mínimo de sensatez é um texto lunático e produto de primária ideologização, desconhecendo por completo a natureza e as tendências do desenvolvimento
agrário brasileiro. Causa perplexidade que, ao lado de muitas organizações signatárias quase fantasmas, a CUT e a Contag tenham endossado tal despautério verborrágico. Temos assim um segmento autointitulado de esquerda que deseja o progresso social do campo, mas é incapaz de submeter proposições, ainda que minimalistas, com alguma chance de concretização. Por outro lado, pesquisas da Embrapa comandadas pelo lendário economista Eliseu Alves, usando os dados empíricos apurados pelo Censo Agropecuário, vem alertando para a dramática velocidade de concentração da produção agropecuária, sugerindo que tal modelo produz níveis alarmantes de seletividade social, embora ao lado de volumes de produção total inéditos.
Como sua equipe é formada de cientistas e não demagogos, igualmente refratários ao discurso fácil de cartilhas partidárias, demandam uma ação governamental rápida e urgente, a qual possa disseminar o melhor da tecnologia agrícola existente, como a derradeira tentativa de integrar economicamente o maior número de produtores mais pobres. Demonstram, irrefutavelmente, que o fator terra há muito deixou de ser decisivo para elevar a renda rural, pois em nossos dias apenas a ciência e sua materialização em técnicas modernas é que permitirão a um número expressivo de produtores a chance de deixar a pobreza que caracteriza a maior parte do campo brasileiro.
Alves, com os seus 81 anos e extraordinária capacidade analítica, é visto em certos setores da esquerda como um intratável conservador e insensível aos problemas sociais. É estranha a acusação, pois é ele quem mais consistentemente tem revelado a face real da pobreza rural e os caminhos efetivos e únicos para diminuí-la rapidamente. A comparação é reveladora dos tempos bizarros que hoje marcam o país. Quem
portaria o foco progressista, movido pelo sonho de uma sociedade mais igualitária? Qual a via que, de fato, garantirá mais igualdade e inclusão social nas empobrecidas regiões rurais? Como produzir conhecimento, se fingimos entender o que se passa e também situamos os atores sociais em falsas disposições no campo político? Ainda mais crucial: a quem interessa manter tal confusão sobre a realidade?
ZANDER NAVARRO, 61, é sociólogo e professor aposentado na UFRGS (Porto Alegre). Entre
2003 e 2010 foi professor e pesquisador no Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento (IDS).
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Comer um saco de sal
Contardo Caligaris nos brinda com mais uma lição e história na sua coluna de hoje, na Folha. Relata que sua avó (italiana) vivia dizendo (como meu pai me diz até hoje): "prima di vivere insieme, bisogna consumare um sacco de sale" (antes de viver juntos, é preciso consumir um saco de sal). Meu pai sempre deixou claro que um saco de sal se consome lentamente. E é aí que Contardo dá seu pulo do gato. Se pergunta o motivo que ensejaria alguém comer um saco de sal para se viver com outro. Diz que perguntou à sua avó se esta necessidade era para o casal se conhecer melhor. E sua avó, no melhor estilo italiano disse: "Ma vá um po" (não diga bobagem), arrematando: "não é para se conhecer, mas para se acostumar".
Penso que esta lição cabe a quase tudo e não somente à vida conjugal. E cabe, ainda mais, para a relação democrática. Em dias de ações espetaculares e disputas acirradas por algo que não vale muita coisa para a humanidade, os candidatos e partidos poderiam refletir sobre esta lição da avó de Caligaris: para serem adversários democráticos, precisam se acostumar a conviver. Mesmo na disputa.
Penso que esta lição cabe a quase tudo e não somente à vida conjugal. E cabe, ainda mais, para a relação democrática. Em dias de ações espetaculares e disputas acirradas por algo que não vale muita coisa para a humanidade, os candidatos e partidos poderiam refletir sobre esta lição da avó de Caligaris: para serem adversários democráticos, precisam se acostumar a conviver. Mesmo na disputa.
Quem vence a eleição de 7 de outubro?
Esta foi a pergunta que Tadeu Breda, jornalista da Rede Brasil Atual, me fez na manhã de hoje. Não é possível perceber um partido vencedor, mas um bloco político, talvez. A liderança que sai fortalecida das eleições de 7 de outubro é o pernambucano Eduardo Campos. Mais que as possíveis vitórias que seu partido colherá. Demonstrou senso de oportunidade e liderança ao aproveitar o momento para aumentar o cacife de seu partido (e o seu próprio) numa decisão arriscada de se afastar do lulismo, sem romper.
Aécio continua parecendo um personagem regional. Mas é Lula, ou o PT, que parece ter perdido a mão. Maquiavelismo em demasia dá nisto.
Aécio continua parecendo um personagem regional. Mas é Lula, ou o PT, que parece ter perdido a mão. Maquiavelismo em demasia dá nisto.
Falecimento de Carlos Nelson Coutinho
Foi uma das grandes referências para minha geração em relação à formatação de uma concepção de política. Isto porque, para jovens universitários com nítido viés de esquerda, ainda se adjetivava a democracia, diferenciando a burguesa da operária. Coutinho, que chegou a ser influenciado por Lukács, superou o filósofo húngaro em sua maturidade (quando fez parte do grupo de Armênio Guedes) e lançou uma das provocações mais positivas dentro do espectro de reflexão do marxismo italiano ao sustentar que a democracia era um valor universal.
Do PCB para o PCI (esteve exilado em Bolonha nos anos 1970), para PSB, PT e PSOL, era um pensador inquieto com os possíveis rumos da política brasileira. Sempre senti um toque do Jovem Marx nos seus últimos textos, embora a referência maior e explícita tenha sido Gramsci.
Professor emérito da UFRJ, tinha 69 anos e faleceu na manhã de hoje.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Satisfação aos visitantes do blog
Nos últimos dois dias sofri a famosa cólica renal que pensava ser uma lenda. Uma dor insuportável que chegou a empapar de suor umas duas ou três camisetas. Estou medicado mas volto à rotina do blog e do trabalho somente amanhã, no final da tarde. Peço a compreensão de vocês.
Obviamente que a foto que ilustra esta nota é uma mera ilustração o que significa que ainda não consegui reduzir tanto meu peso.
Obviamente que a foto que ilustra esta nota é uma mera ilustração o que significa que ainda não consegui reduzir tanto meu peso.
domingo, 16 de setembro de 2012
Guerra entre igrejas continua
Vai virar lugar-comum? Toda eleição as igrejas se projetam no final do primeiro turno para manifestar seu ódio ou contrariedade? Não estariam deturpando o sentimento mais nobre da identidade brasileira? Após a "guerra santa" esboçada no final do primeiro turno da eleição presidencial passada, agora cúpula de católicos e igreja pentecostal se pegam de pau.
Do Portal TERRA:
Do Portal TERRA:
Igreja Católica pede e padres criticam dirigente da campanha de Russomanno em missas
POR MARINA DIAS
Em nota divulgada na madrugada deste domingo (16), Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, orientou que, durante as missas do dia, os padres da capital paulista façam críticas a Marcos Pereira, presidente do PRB e coordenador-geral da campanha de Celso Russomanno à Prefeitura. Segundo Dom Odilo, o bispo licenciado da Universal vem atacando a Igreja Católica e é necessário que os fiéis estejam conscientes disso.
Essa não é a primeira vez que a Arquidiocese de São Paulo entra em rota de colizão com o pastor. Na quinta-feira (13), o site da entidade divulgou "nota de repúdio" a um artigo de Pereira publicado em maio de 2011 e que voltou a circular nas redes sociais nos últimos dias. O pedido deste domingo é que os padres leiam a nota de repúdio durante as celebrações.
No texto, Pereira associa o "kit anti-homofobia", conhecido como "kit gay", à influência da Igreja Católica. A Arquidiocese diz, na nota de repúdio, que o pastor revela "destempero" e "cheira à intolerância religiosa", ressaltando o fato de Pereira ser "manifestadamente" ligado à Igreja Universal.
Durante missa nesta manhã, Dom Odilo explicou novamente o intuito da nota de repúdio divulgada pela Arquidiocese e disse que não foi a Igreja Católica que levantou a questão religiosa nas eleições municipais de São Paulo. De acordo com o arcebispo, isso foi feito por Pereira, a quem chamou de "falso blogueiro", e, consequentemente, pela campanha de Russomanno.
Na sexta-feira (14), o dirigente da campanha de Russomanno respondeu às críticas e disse em seu blog que manifestou liberdade de pensamento e que a volta do texto à imprensa acontece "de maneira indevida às vésperas da eleição para a Prefeitura de São Paulo".
A discussão do voto religioso, grande responsável por levar as eleições presidenciais de 2010 para o segundo turno, voltou à pauta na campanha municipal em São Paulo.
Russomanno, líder das pesquisas, com mais de 30% das intenções de voto, procura desvincular sua candidatura de dirigentes da Universal. Além dele, outros candidatos à sucessão de Gilberto Kassab (PSD), como Gabriel Chalita (PMDB) e José Serra (PSDB) já participaram da celebração de missas do Padre Marcelo Rossi, uma das principais lideranças da Igreja Católica.
Procurado para comentar o assunto por Terra Magazine, Marcos Pereira não retornou às ligações até o fechamento da reportagem.
Limpeza de escritório é saudosismo
Não tem jeito. Fui capturado para arrumar o escritório em casa. Não sei se fujo porque não quero trabalho braçal em final de semana ou se é para fugir do irrefutável saudosismo que este exercício de purificação acaba convidando para almoçar. Não gosto de fotos por este mesmo motivo. Acho que fui educado - e me eduquei - para olhar continuamente para frente, para o futuro. Quando adolescente, li um daqueles estudos estilo Reader´s Digest sobre padrões de redação e letras que revelariam a personalidade do seu autor. Minha escrita curvava para a direita que, segundo a matéria "científica" indicaria uma personalidade típica de quem olha o tempo todo para o futuro.
O fato é que não gosto de olhar para o passado pessoal, só me interesso pelo passado quando registrado em estudo acadêmico.
Hoje, contudo, achei este crachá e cartão de identificação do último congresso da Democratici di Sinistra, realizado em Florença, em 2007. DS era herança do PCI, de Gramsci e Togliatti, e eu estive no seu congresso final, quando foi anunciada a fusão com um partido liberal, que daria lugar ao PD (Partito Democratico). Dá para ler, no crachá que ilustra esta nota, a assinatura de Piero Fassino, prefeito de Turin, o grande artífice da fusão e criação do PD.
O congresso foi maravilhoso, com debates emocionados e uma produção cultural e artística impressionante. Dentro da melhor tradição dos comunistas italianos, havia uma feira, na parte de fora do centro de convenções onde o congresso se realizava, com cooperativas agrícolas distribuindo queijos e embutidos, venda do café corto (muitas vezes melhor do que o que nos servem no Brasil), paninis e acesso à internet completamente livre.
No começo do congresso as luzes se apagaram e telões em alta definição começaram a mostrar passagens de filmes de diretores filiados ao PCI, filmes sobre o pós-guerra e toda tradição artística que envolveu as várias fases dos comunistas e eurocomunistas. As luzes se acenderam e aparece, lá no centro do local do evento uma "sala" montada pelo Instituto Gramsci, com jovens sentados em círculo, no chão, para ouvir um velho militante relatar as bases do pensamento do mais conhecido dirigente do partido.
Em suma, o partido tinha fortes lastros com a cultura e a lógica social dos italianos. Estava enraizado, se alimentava da comida (que, como na França, é parte integrante da identidade da Itália), da arte, da confusão e contradições daquele povo.
Foi a parte boa do saudosismo levantado pela arrumação no escritório.
Fico me perguntando por qual motivo não conseguimos algo do gênero a partir desta gelatinosa estrutura partidária tupiniquim. E, pior, por qual motivo a política dos rincões do país é tão artificial, parecendo uma rinha de galos, sem qualquer lastro significativo com o cotidiano dos eleitores. Vejo, agora mesmo, o filme da campanha eleitoral se desenrolar em minha cidade natal, Tupã, no oeste paulista, e não consigo entender como é possível transformarem o que deveria ser uma festa cívica, de reforço à identidade cultural dos cidadãos daquela localidade, em pastiche de política. Da forma como se conduz, o final do processo eleitoral revelará uma terra arrasada. De quatro em quatro anos, não é o município que se eleva, mas apenas o vencedor. O derrotado é humilhado. Pior: um séquito de apoiadores se esfalfam por alguém que nem conhecem direito, serão, sempre eternos derrotados. Forma-se, então, uma réstia interminável de frustrações e rancores por parte dos "pequenos personagens das eleições". Algo que não enobrece ou renova a política local, mas apenas alimenta o próximo embate entre grupos ou grupelhos. O que menos conta é a cultura ou a identidade daquela localidade. O que conta é o jogo entre eternos derrotados.
O fato é que não gosto de olhar para o passado pessoal, só me interesso pelo passado quando registrado em estudo acadêmico.
Hoje, contudo, achei este crachá e cartão de identificação do último congresso da Democratici di Sinistra, realizado em Florença, em 2007. DS era herança do PCI, de Gramsci e Togliatti, e eu estive no seu congresso final, quando foi anunciada a fusão com um partido liberal, que daria lugar ao PD (Partito Democratico). Dá para ler, no crachá que ilustra esta nota, a assinatura de Piero Fassino, prefeito de Turin, o grande artífice da fusão e criação do PD.
O congresso foi maravilhoso, com debates emocionados e uma produção cultural e artística impressionante. Dentro da melhor tradição dos comunistas italianos, havia uma feira, na parte de fora do centro de convenções onde o congresso se realizava, com cooperativas agrícolas distribuindo queijos e embutidos, venda do café corto (muitas vezes melhor do que o que nos servem no Brasil), paninis e acesso à internet completamente livre.
No começo do congresso as luzes se apagaram e telões em alta definição começaram a mostrar passagens de filmes de diretores filiados ao PCI, filmes sobre o pós-guerra e toda tradição artística que envolveu as várias fases dos comunistas e eurocomunistas. As luzes se acenderam e aparece, lá no centro do local do evento uma "sala" montada pelo Instituto Gramsci, com jovens sentados em círculo, no chão, para ouvir um velho militante relatar as bases do pensamento do mais conhecido dirigente do partido.
Em suma, o partido tinha fortes lastros com a cultura e a lógica social dos italianos. Estava enraizado, se alimentava da comida (que, como na França, é parte integrante da identidade da Itália), da arte, da confusão e contradições daquele povo.
Foi a parte boa do saudosismo levantado pela arrumação no escritório.
Fico me perguntando por qual motivo não conseguimos algo do gênero a partir desta gelatinosa estrutura partidária tupiniquim. E, pior, por qual motivo a política dos rincões do país é tão artificial, parecendo uma rinha de galos, sem qualquer lastro significativo com o cotidiano dos eleitores. Vejo, agora mesmo, o filme da campanha eleitoral se desenrolar em minha cidade natal, Tupã, no oeste paulista, e não consigo entender como é possível transformarem o que deveria ser uma festa cívica, de reforço à identidade cultural dos cidadãos daquela localidade, em pastiche de política. Da forma como se conduz, o final do processo eleitoral revelará uma terra arrasada. De quatro em quatro anos, não é o município que se eleva, mas apenas o vencedor. O derrotado é humilhado. Pior: um séquito de apoiadores se esfalfam por alguém que nem conhecem direito, serão, sempre eternos derrotados. Forma-se, então, uma réstia interminável de frustrações e rancores por parte dos "pequenos personagens das eleições". Algo que não enobrece ou renova a política local, mas apenas alimenta o próximo embate entre grupos ou grupelhos. O que menos conta é a cultura ou a identidade daquela localidade. O que conta é o jogo entre eternos derrotados.
sábado, 15 de setembro de 2012
Dica de vinho
Fui convidado, outro dia, para uma harmonização organizada pela Decanter e a vinícola chilena Caliterra. O enólogo chileno, Rodrigo, foi extremamente simpático. Serviu um belo Sauvignon Blanc (Tributo, uma escala abaixo do Cenit) e partiu para um Malbec, explicando a diferença entre o Malbec argentino (mais aberto, que harmoniza com uma boa parrilla) e o chileno, mais fechado.
Mas o ponto alto foi o Cenit 2006.
A Caliterra é uma parceria entre chilenos e norte-americanos e está situada no vale Colchagua, no sudoeste em relação à Santiago. O Cenit (ou zênite) é justamente seu ponto mais alto entre os vinhos que produz. Trata-se de um corte com 53% de Cabernet Sauvignon, 27% de Malbec (aquele chileno que citei antes) e 20% de Petit Verdot (um blend), amadurecido em carvalho novo.
O vinho é fantástico. O preço está às alturas (desculpe o trocadilho): vendido a 250 reais a garrafa. Vale.
Mas o ponto alto foi o Cenit 2006.
A Caliterra é uma parceria entre chilenos e norte-americanos e está situada no vale Colchagua, no sudoeste em relação à Santiago. O Cenit (ou zênite) é justamente seu ponto mais alto entre os vinhos que produz. Trata-se de um corte com 53% de Cabernet Sauvignon, 27% de Malbec (aquele chileno que citei antes) e 20% de Petit Verdot (um blend), amadurecido em carvalho novo.
O vinho é fantástico. O preço está às alturas (desculpe o trocadilho): vendido a 250 reais a garrafa. Vale.
Arquidiocese de São Paulo entra na campanha eleitoral
NOTA DE REPÚDIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
NOTA DE REPÚDIO
O “Pastor” Marcos Pereira, presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), do candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russumano, partido que é manifestadamente ligado à Igreja Universal, publicou no seu Blog, em um site vinculado ao portal da Record, uma série de ataques à Igreja Católica (“Qual o futuro da educação no Brasil?” http://noticias.r7.com/blogs/marcos-pereira/2011/05/18/qual-o-futuro-da-educacao-no-brasil/ )
Numa clara demonstração de destempero, ele atribui à Igreja o tal “kit gay” do governo e se coloca totalmente contra o ensino religioso nas escolas, esquecendo-se que o “Acordo Brasil-Santa Sé” poderá ser interpretado a favor de todas as religiões. E não se impõe a ninguém, sendo a matrícula de livre escolha.
Qual seria o motivo para ataques tão gratuitos, infundados e ridículos à Igreja Católica em tempo de Campanha Eleitoral? Lamentavelmente, se já fomentam discórdia, ataques e ofensas, sem o Poder, o que esperar, se o conquistarem, mesmo parcialmente, pelo voto? É pra pensar!
Levou tempo e custou caro o retorno do Brasil à normalidade democrática. Vidas foram ceifadas até que os direitos mais elementares negados pelo regime militar fossem novamente respeitados.
Entre esses direitos, a reconquista do direito de expressão, de manifestação do pensamento, foi a mais festejada. Por isso mesmo, esse direito figura hoje entre os que mais são proclamados e defendidos. Até mesmo quando se ouvem ou se lêem posicionamentos ridículos, confusos, desrespeitosos e sem fundamento algum, como os de Marcos Pereira. Ele se pavoneia gritando um currículo invejável, como se isso lhe desse o direito de falar inverdades, para não dizer bobagens.
Deliciem-se os que gostam de perder tempo com as elocubrações fantasiosas de Marcos Pereira. Atribuir o malfadado “Kit Gay” e os males da educação no Brasil à Igreja Católica não faz nenhum sentido e cheira a intolerância religiosa, que nunca foi e nem deverá ser alimentada ou incentivada. Atribuir esses males à influência do Vaticano é um disparate tão grotesco que, sendo verdade o tão propalado currículo, o dono dele deve ter passado por um devaneio.
No seu destempero, Marcos Pereira vai mais longe, criticando o ensino religioso nas escolas, embora se afirme “Pastor”. Ele se bate contra a ditadura das minorias e nega o direito da maioria católica, que paga impostos e quer uma educação integral para seus filhos, educação intelectual, moral e religiosa.Queira ou não o nobre “jurista”, os católicos somam mais de 60% da população brasileira (dados do IBGE 2010).
Qual seria o motivo para ataques tão gratuitos, infundados e ridículos à Igreja Católica em tempo de Campanha Eleitoral? Lamentavelmente, se já fomentam discórdia, ataques e ofensas, sem o Poder, o que esperar, se o conquistarem, mesmo parcialmente, pelo voto? É pra pensar!
Levou tempo e custou caro o retorno do Brasil à normalidade democrática. Vidas foram ceifadas até que os direitos mais elementares negados pelo regime militar fossem novamente respeitados.
Entre esses direitos, a reconquista do direito de expressão, de manifestação do pensamento, foi a mais festejada. Por isso mesmo, esse direito figura hoje entre os que mais são proclamados e defendidos. Até mesmo quando se ouvem ou se lêem posicionamentos ridículos, confusos, desrespeitosos e sem fundamento algum, como os de Marcos Pereira. Ele se pavoneia gritando um currículo invejável, como se isso lhe desse o direito de falar inverdades, para não dizer bobagens.
Deliciem-se os que gostam de perder tempo com as elocubrações fantasiosas de Marcos Pereira. Atribuir o malfadado “Kit Gay” e os males da educação no Brasil à Igreja Católica não faz nenhum sentido e cheira a intolerância religiosa, que nunca foi e nem deverá ser alimentada ou incentivada. Atribuir esses males à influência do Vaticano é um disparate tão grotesco que, sendo verdade o tão propalado currículo, o dono dele deve ter passado por um devaneio.
No seu destempero, Marcos Pereira vai mais longe, criticando o ensino religioso nas escolas, embora se afirme “Pastor”. Ele se bate contra a ditadura das minorias e nega o direito da maioria católica, que paga impostos e quer uma educação integral para seus filhos, educação intelectual, moral e religiosa.Queira ou não o nobre “jurista”, os católicos somam mais de 60% da população brasileira (dados do IBGE 2010).
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