Marcio Pochmann lançou este ano (antes de se lançar à campanha eleitoral, em Campinas) este instigante livro questionando a tese da emergência de uma nova classe média, baseada na Classe C. Trata-se, entre outros objetivos, de uma disputa política e acadêmica entre o CESIT/Unicamp e a FGV-RJ. Os dois grupos se alternam no comando do IPEA.
Pochmann sustenta uma tese central: não se trata de nova classe social, mas de fortalecimento do mercado de trabalho a partir de 2004, com expansão do setor de serviços, fortalecendo a classe trabalhadora. Em outras palavras, houve aumento da base da pirâmide social e, portanto, aumento de contingente de trabalhadores que seria "equivocadamente identificada como uma nova classe média".
A partir daí, procura demonstrar que houve redução das desigualdades no interior da distribuição pessoal da renda do trabalho. Fato: aumentou a renda per capita dos brasileiros, aumentou a formalização do emprego e houve queda da pobreza absoluta.
A questão é que não houve diminuição da desigualdade social no Brasil. Ao contrário, a participação das classes mais abastadas aumentou no total da renda nacional.
Pochmann, contudo, cria uma periodização interessante sobre a participação da renda do trabalho no Brasil. São elas:
1960-1980: expansão da renda per capita com crescimento anual de 4,6% ao ano. Contudo, a participação do trabalho na renda nacional caiu 11,7%.
1981-2003: estagnação do rendimento do conjunto de ocupados em pífios 0,2% ao ano. A participação do trabalho na renda nacional caiu 23%.
2004-2010: Renda per capita cresceu 3,3% ao ano e aumento do rendimento do trabalho na renda nacional de 14,8%. A desigualdade na distribuição da renda do trabalho teria se reduzido em 10,7%.
Volto a este tema, dos mais importantes para compreender o país, em breve.
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