A renúncia ao luxo é a pedra de toque de sua carta, mas o arcebispo italiano vai além. Destaca que todo Sínodo é
consultivo e está sujeito à aprovação do Papa, que ocorre meses depois de seu
término, o que coloca por terra toda “urgência” pastoral. E, dá mais um passo:
afirma que como sua composição é oficial, marcada por convidados do Papa, nem
sempre retrata fielmente a situação real em que vivem as igrejas locais ou suas
dificuldades pastorais. A assembleia sinodal, assim, acaba sendo uma maratona de
discussões complexas, com falas que não são interrompidas, em latim. Daí não
sair destes encontros nenhum resultado significativo, sugere o arcebispo
Casale. Crítica que se configura em senha para descortinar outro tema central de sua carta: a democratização da igreja.
Sugere “a
primazia do caminho sinodal” para garantir maior envolvimento das igrejas
locais, superando o círculo restrito da Cúria Romana que seria “composta por
pessoas excelentes, mas objetivamente longe da realidade concreta em que vivem
as comunidades locais”. Finalmente, propõe a abertura urgente do diálogo com as
comunidades cristãs de base.
Neste caminho, sugere a ordenação de líderes leigos nas
paróquias (viri probati), sustentando que não está citando o celibato, que para
o arcebispo é um carisma.
Não há como negar que suas proposições são o avesso de uma ácida crítica que estava no cerne do movimento protestante em sua origem (não a proposição teológica, mas a crítica à burocracia romana).
Casale é, antes de tudo, corajoso. Recentemente afirmou que a igreja não pode fechar as portas aos casais homossexuais.
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