domingo, 30 de setembro de 2012

Carta Aberta do Arcebispo Emérito de Foggia sugere reforma da Igreja Católica

Uma carta aberta emitida pelo arcebispo Giuseppe Casale (de Foggia, que fica do lado oposto de Nápoles  terra de meu bisavô) quebra a calmaria aparente que antecede a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que ocorrerá em outubro. A carta sugere reformas (esta palavra que faz tremer a igreja católica, desde sempre) para enfrentar várias lacunas e “necessidades espirituais”, entre elas, a redescoberta da alegria da pobreza evangélica, que deveria - segundo Casale - ser dada como exemplo pelo Papa e bispos.Sua Carta Aberta, além de destacar o necessário abandono da pompa e luxo, títulos e privilégios, cita as tentações dos poderes econômicos que gravitam ao redor da igreja.

A renúncia ao luxo é a pedra de toque de sua carta, mas o arcebispo italiano vai além. Destaca que todo Sínodo é consultivo e está sujeito à aprovação do Papa, que ocorre meses depois de seu término, o que coloca por terra toda “urgência” pastoral. E, dá mais um passo: afirma que como sua composição é oficial, marcada por convidados do Papa, nem sempre retrata fielmente a situação real em que vivem as igrejas locais ou suas dificuldades pastorais. A assembleia sinodal, assim, acaba sendo uma maratona de discussões complexas, com falas que não são interrompidas, em latim. Daí não sair destes encontros nenhum resultado significativo, sugere o arcebispo Casale. Crítica que se configura em senha para descortinar outro tema central de sua carta: a democratização da igreja. 
Sugere “a primazia do caminho sinodal” para garantir maior envolvimento das igrejas locais, superando o círculo restrito da Cúria Romana que seria “composta por pessoas excelentes, mas objetivamente longe da realidade concreta em que vivem as comunidades locais”. Finalmente, propõe a abertura urgente do diálogo com as comunidades cristãs de base.
Neste caminho, sugere a ordenação de líderes leigos nas paróquias (viri probati), sustentando que não está citando o celibato, que para o arcebispo é um carisma.
Não há como negar que suas proposições são o avesso de uma ácida crítica que estava no cerne do movimento protestante em sua origem (não a proposição teológica, mas a crítica à burocracia romana). 
Casale é, antes de tudo, corajoso. Recentemente afirmou que a igreja não pode fechar as portas aos casais homossexuais. 


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