Gilberto Costa, da Agência Brasil, divulgou nesta semana o relatório da Secretaria de Direitos Humanos em que se identifica 1.196 casos de trabalhadores rurais assassinados ou desaparecidos por razão ideológica e disputa fundiária entre setembro de 1961 e outubro de 1988. Trata-se de 3,5 vezes acima do total de reconhecidos oficialmente como mortos por perseguição política.
756 foram mortas durante o regime militar e 436 a partir de março de 1985, período da transição ou liberalização política.
Do total, 463 eram lideranças sociais, outros 75 eram sindicalistas, 14 advogados e 7 religiosos. O Pará é o campeão de mortes (342).
A maioria foi morta por milícias e pistoleiros contratados.
Na pesquisa que realizei para produção do meu livro "Terra de Ninguém" (Editora Unicamp, que trata da história do sindicalismo rural brasileiro até início dos anos 1990), descobri uma faceta peculiar da ofensiva do regime militar sobre sindicatos de trabalhadores rurais. A cúpula dos sindicatos era afastada e, em grande parte dos casos, a igreja católica indicava substitutos interventores.
Os dados de desaparecidos e assassinatos eram subnotificados e não havia um levantamento mais extenso sobre o tema.
Começamos a desvendar uma parte importante da vida brasileira, justamente aquela que fica escondida nas matas e grotões e que a academia despreza desde sempre. Com o Bolsa Família, a expansão dos meios de comunicação e acelerada urbanização (ou industrialização de processos produtivos rurais), este mundo rural vai se transfigurando aceleradamente.
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