André Singer, no seu último livro, apresenta apenas uma discordância em relação à minha análise sobre o lulismo. Discorda (páginas 39 e 40) de minha sugestão que o lulismo é dependente da figura de Lula, como maestro da "conciliação de interesses". Afirma que o governo Dilma demonstra a perenidade da estrutura de poder lulista.
Continuo batendo na mesma tecla. O governo Dilma vem, ainda que lentamente, desmontando parte da motivação dos diversos agentes políticos (os econômicos ainda não parecem oscilar) que ingressaram na composição de governo (na verdade, foi mais que isto). PDT e PSB revelam fissuras graves. As eleições deste ano não parecem apontar disputas meramente regionais ou locais, envolvendo outros partidos. Já o movimento sindical parece pressionado por todos os lados para elevar o tom nas negociações com governo federal. Não se trata de ruptura, evidentemente. Mas não é, nem de longe, o modus operandi do lulismo que forja a concertação pelo estatal-desenvolvimentismo.
No mais, Singer expõe de maneira convincente que a base social do lulismo é a pobreza. E que ela tem base territorial: o nordeste. O que reforça o papel de Eduardo Campos nesta engenharia político-gerencial.
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