Não consegui postar estes dias como gostaria em função de uma viagem para o interior paulista. A política paulista, nos espaços onde a música sertaneja, o calor, a cerveja, a ausência de leitura e qualquer sofisticação intelectual campeiam, o conceito de "homem cordial" de Sérgio Buarque de Holanda ganha tintas vivas.
Vou postar algumas passagens do texto fundamental do historiador, pai do Chico, mas adianto que o cordial do conceito não se relaciona com bondade ou educação. Pelo contrário, se relaciona com "do coração", com intimidade, com medo da solidão, com falta de rigor. No interior, a compra de voto é algo não só aceito como aguardado neste período, como as chuvas que devem cair no início do ano. O político matreiro não se envergonha de aparecer como tal, distribuindo folhetos luxuosos através de um séquito de cabos eleitorais uniformizados (contrariando a lei que é esquecida pelas autoridades locais). Para piorar, formam-se as equipes de "inteligência" (com perdão do uso indevido da palavra) das campanhas que nada mais são que equipes de sabotagem, de contra-informação e tudo o que se pode imaginar de mais podre que pode ocorrer em política.
Um dos candidatos com campanha nababesca para a Câmara de Vereadores chega a orientar seus cabos eleitorais para falar cobras e lagartos sobre os adversários. Mentir é o mote de sua campanha. Difamar cria aquela intimidade não consentida com o eleitor. Como se confidenciasse algo que poucos sabem. Só para os mais chegados.
O sertão brasileiro, incluindo os rincões caipiras de São Paulo, fazem do Estado uma ficção. Daí porque as redes sociais acolherem, nestas localidades, fakes e "técnicos em comunicação" dos mais desqualificados e ignorantes que esta terra tupiniquim poderia criar. Gente que não deixará nada de bom quando se forem, desta para uma pior.
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