quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Uma Londres de Virginia Woolf

Acabo de ler Cenas Londrinas. Duas passagens, no final deste livreto, chamaram a atenção. Para quem não conhece o texto, trata-se de uma espécie de guia, um tour muito peculiar e literário, que Virginia Woolf traça pelas ruas de Londres. Mas as passagens que chamaram minha atenção são as seguintes:



Londres, afinal de contas, é uma cidade de túmulos.
A individualidade tinha permissão para desdobrar-se. Agora, nenhum ser humano isolado pode suportar a pressão das relações humanas. Estas passam como uma onda sobre ele, obliterando-o, deixam-no comum, anônimo, meramente o instrumento deles.

Idiossincrasias da autora à parte, estas passagens recochetearam em algo que meu ex-professor Flávio Pierrucci dizia na sala de aula: "as multidões surgiram no século XX". O que faz das relações humanas algo efêmero, a partir deste século.  Porque um século que se inicia pelas multidões é capturado pelo individualismo e pelo anonimato. E, assim, o movimento pendular parece constante a partir de então. Este é o caso das participações nas redes sociais. A quantidade de fakes que pululam na internet não seria uma amostra da solidão em meio ao mundo aberto da internet? Gente que se esconde atrás de um personagem, algo que lembra os jogos de RPG. Tão estranhos que acabam gerando eventos fakes no facebook.
Como o caso do "Fim do Mundo: eu vou" (como o End of Workd Churras Edition 2012). Ou o "Dia do orgulho escroto", "Banho de sal grosso emergencial", "Encontro nacional de retas paralelas" ou "Enterro do Orkut".  Bom, é fato que evento fake tem a ver com humor. Mas ainda acho que personagem fake, que briga, faz comentários e aparece como real, tem a ver com o que Virginia escreveu acima.



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