A Folha realizou um excelente trabalho nos últimos dias. Revelou o perfil do eleitor paulistano e, hoje, indicando o mapa de votação nos candidatos que polarizaram as eleições municipais desde 1988. Pelos levantamentos que apresentou - que abandonam o sensacionalismo de gosto duvidoso - começamos a ficar cientes que o eleitor paulistano é conservador. Seu ideário é refratário à ampliação dos direitos civis e às diferenças de comportamento. Um "eleitor da ordem", digamos assim, que se pauta pela segurança e sucesso pessoal. Uma tradução individualista do slogan positivista "ordem e progresso".
Também ficamos sabendo que o voto contestador se localiza na zona sul da capital paulista, no extremo da zona leste e em parte da região noroeste. O mapa que ilustra esta nota indica a votação regionalizada de Kassab e Marta Suplicy, nas eleições de 2008. O mapa é muito próximo do que ocorreu em 2004 e ocorre agora. A zona sul aparece como reduto de voto petista em todas eleições, desde 1988. A leste aparece a partir da eleição municipal de 2000. Já o voto declaradamente conservador está cristalizado na região central da capital e avança para a região norte.
Portanto, a região sul sedia o voto contestador (que a Folha denomina de liberal, mais próximo do jargão norte-americano) e a região central o voto conservador.
André Singer publica um breve ensaio, também na Folha de hoje (p. A8), em que sugere que Haddad precisa polarizar com Russomanno. De fato, para conquistar o segundo turno, o candidato petista precisa recuperar a zona leste e parte da noroeste, onde o eleitor informa que oscila entre os dois candidatos da base lulista. A questão é como fazê-lo.
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