segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Classe média tradicional se incomoda com Classe C

Matéria do Jornal da Tarde apresentou dados do Data Popular sobre as preferências de consumo da Classe C (a despeito de toda controvérsia sobre o conceito, de classe ou mero estrato de renda e/ou consumo). O padrão de consumo é o de produtos top de linha. Nestlé e Samsung são citadas, ao lado da Adidas, como marcas preferenciais (foram ouvidas 22 mil pessoas em 153 cidades brasileiras).
54% se preocupam com a marca de alimentos na hora de comprá-los; 47% se preocupam com a marca de computadores; 45% com a marca de automóveis e 41% com eletrônicos.
O mesmo instituto de pesquisas acaba de divulgar um outro dado sobre como a nova classe média incomoda gradativamente a velha classe média (ver matéria, abaixo, publicada na Carta Capital).
Eu arriscaria a dizer que não se trata de mero ressentimento da Classe B (que não se vê compensada em relação à contribuição aos tributos que paga, diferentemente aos outros segmentos de classe que recebem bolsa-família, reflexos do aumento real do salário mínimo, crédito para consumo popular ou até mesmo recursos do BNDES). Trata-se de um movimento de aumento do conservadorismo e intolerância à diferença que vem sendo constatada em várias pesquisas sobre perfil do ideário dos brasileiros, em especial, da região centro-sul do país. Os brasileiros são mais conservadores, detestam ataques à ordem e à segurança, projetam-se no consumo e sucesso individual e familiar e são menos afeitos à manifestações públicas.
Mas, vejamos a matéria sobre os dados do Data Popular:


Nova classe média incomoda parte da velha classe média, aponta Data Popular

O crescimento da renda e a ampliação do crédito possibilitou aos integrantes da chamada nova classe média acessar espaços e lugares que antes estavam restritos ao público da tradicional classe média. E a nova pesquisa do Data Popular, divulgada nesta sexta-feira (18) e focada na classe C, aponta que boa parte dos antigos integrantes desta faixa social estão incomodados em dividir espaços com os novos.
A análise do Data Popular mostra que 55,3% dos integrantes da integrantes da tradicional classe média pensam que os produtos à venda no mercado deveriam ter versões para ricos e para pobres. Aponta também que a piora em alguns serviços (como o excesso de filas) também é apontada como um desconforto causado pelo acesso da nova classe média para 48,4% dos que responderam à pesquisa.
Para 16,5% da “alta” classe média, as pessoas mal vestidas deveriam ser barradas em certos lugares e, para outros 17,1%, todos os estabelecimentos deveriam ter elevadores separados.
No caso do metrô, que gerou um movimento contra a instalação da estação Angélica no nobre bairro de Higienópolis, em São Paulo, em maio deste ano, a pesquisa revelou que a segregação social se confirma. Para 26,4% dos considerados da elite esse transporte aumenta a circulação de pessoas indesejáveis na região. Na época, os moradores do bairro afirmavam que a estação traria o “aumento de ocorrências indesejáveis” e a criação de um “camelódromo” na avenida.
O estudo do Data Popular foi realizado pela internet com 18.365 pessoas de todo o país no segundo trimestre de 2011.

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