domingo, 28 de abril de 2013

Cotas e desempenho dos alunos na universidade

Pesquisa da UFF revela que alunos universitários que ingressaram via cotas tiveram desempenho 9% a 10% pior que a média de seus colegas. Não chega a ser uma diferença extrema, o que revela o quanto a propaganda sobre a excelência do ensino privado é enganosa.
Por outro lado, a diferença é mais acentuada na área de exatas, justamente onde há déficit de professores na rede pública. Professores de física, por exemplo, são substituídos por engenheiros, em muitas situações. Ora, como sempre destaquei, quando se contrata um professor de física, não é necessário que este saiba tudo sobre a área, mas que saiba tudo sobre educação.
Sempre fui contra cotas porque me parece uma política populista, além de não universal. Depois de toda uma carreira acadêmica, o pobre será "compensado" no final. Não compreendo ser uma política que enfrenta a essência do problema e que apenas alimenta a discriminação ao longo da vida de uma pessoa que recebe um serviço de qualidade duvidosa.
De qualquer maneira, a pesquisa da UFF indica que talvez o conteúdo não seja assim tão defasado, mas apenas o foco nos exames de ingresso na universidade, como técnicas de memorização baseados na teoria comportamental.

15 comentários:

kivas Arquitetura disse...

Confesso que não sabia e fiquei um pouco surpreendido pela argumentação contra as cotas.
Por princípio as cotas me pareciam um privilégio que realmente trariam algumas das consequências que você citou.
Mas como encarar 400 anos de escravidão e suas consequências no tempo ? Acho as cotas uma questão mais epistemológica do que de princípios e, por aí justificáveis.
Você fala na carga do privilégio e me pergunto e a carga do privilégio de Herdar uma posição sócio econômica privilegiada ? Não vejo essa marca das cotas como negativa.
Já quanto ao rendimento dos cotistas desconheço os critérios da pesquisa mas como você falou a falha pode estar no sistema.

Rudá Ricci disse...

Como encarar? Como se fosse um governo de esquerda:
a) Tolerância zero contra racismo. Prisão e cumprimento da Lei Afonso Arinos;
b) Não criando políticas focalizadas, de tipo neoliberal (com pretensa roupagem de esquerda e pagamento da dívida social), mas políticas universais;
c) Empregando recursos do BNDES e linhas de modernização educacional, ao invés de migrá-las para "campeões por setor" (modelo asiático que já revelou fracasso);
d) desenvolvendo uma profunda reforma curricular com foco na pessoa e na educação para a cidadania.
Enfim, não dá para nos rebaixarmos tanto a estas políticas populistas. O tal afro-brasileiro é uma mera cópia do tal afro-americano dos EUA. Uma bobagem sem tamanho que atraiu várias organizações que pretensamente representam o direito do negro no Brasil. Esta dependência estatal é o fim de todo ideário libertário que se construía nos anos 1980. Uma vergonha.

luciano disse...

Concordo plenamente com o Ruddá. É vergonhoso essa cópia anacronica de politicas sociais importadas. Inegavelmente houve um profundo atraso dos anos 80 prá cá.

C.E.C. disse...

"Não compreendo ser uma política que enfrenta a essência do problema".

Esse é o clichê do pragmatismo insensível às vidas presentes! É com esse mesmo argumento que o liberalismo econômico sente-se suficientemente confortável em sacrificar a dignidade das gerações atuais, em benefício de uma situação econômica ideal no longo prazo. Que as cotas não se voltam à essência do problema é mais do que óbvio, porque ninguém espera que apenas elas possam, estritamente, solucionar o problema educacional brasileiro e a assimetria de oportunidades nacional.

O que merecem os milhões de adolescentes vítimas da falta de qualidade do sistema educacional brasileiro que estão em vias de terminar o ensino médio? Merecem uma revolução no ensino básico? Merecem anos de cursinho? Merecem o caminho do ensino superior pago ou dos cursos de mais fácil acesso do ensino superior público? Merecem, apenas, o caminho da profissionalização técnica? Merecem, apenas, empregos? Se é para lidar com os aspectos do ensino brasileiro, com base no pragmatismo do cálculo de custo de oportunidade geracional, então de que vale toda a teoria alternativa sobre o desenvolvimento econômico?

É com interesse e com prazer que acompanho seu blog, Rudá, mas me surpreendo com o simplismo da opinião externada acerca de assunto tão complexo.

"Não criando políticas focalizadas, de tipo neoliberal (com pretensa roupagem de esquerda e pagamento da dívida social), mas políticas universais". Realmente, as surpresas não param. Penso comigo: se políticas discriminantes são, por definição, antiliberais, como harmonizá-las com isso? Na teoria clássica, liberalismo e universalismo não passam de duas faces da mesma moeda.

Rudá Ricci disse...

CEC,
Agora você apelou. Como toda apelação, você acaba não entendo o que escreve. A proposta de cota é pós-moderna, aquele pensamento frontalmente oposto à qualquer lógica de esquerda porque fragmenta a humanidade me multiculturalismos. O que merecemos é um país digno, que não faz do movimento negro um joguete que se compra com migalhas. Nós, de esquerda, não toleramos esta tutela social. Direito rima com autonomia política, com dignidade, com controle social sobre governos.
Se desejar, aprofundo toda minha argumentação para demonstrar que o sistema de cotas é de um simplismo intelectual e um conservadorismo político dos piores. Será um prazer desmontar esta falácia neoliberal. Mas, para tanto, você tem que parar de apelar emocionalmente.

Anselmo Rocha disse...

Fiquei surpreso com seu posicionamento...O nome do Movimento é Negro e não afrodecendente participo há anos do movimento sempre nos referimos como Negros, sabemos que a questão das reservas de vagas é para dar visibilidade e ocupar espaços negados pelo racismos institucional e pela nossa formação social, a invisibilidade social em profissões considerada de prestígio foi o principal alvo da política, o Racismo só será minimizado através das discussão e educação com a sociedade, em paralelo a isso não poderíamos deixar mais outra geração já formada privada de acesso à universidade. E ainda me parece que no texto o uso da expressão - o pobre será "compensado" no final só reforça a invisibilidade dos negros em seu discurso.

Rudá Ricci disse...

Anselmo,
Fui do Movimento Negro Unificado, lá pelos idos dos anos 1980. A diferença com o nível de discussão e agenda é impressionante. O que se pode dizer (se é que existe) de um movimento negro nos dias atuais é que ele é absolutamente pautado pelo governo federal. E o conteúdo é todo norte-americano: termos, foco, perfil. Eu, para ser sincero, me decepciono a cada dia.
Cota é para dar visibilidade? É muito pobre, não? Era a própria luta contra o racismo e a desigualdade que dava visibilidade e não a política populista de um governo.
O racismo só será eliminado com a aplicação dura da lei. Racista tem que ser preso e ponto final. Tem que ser combatido como um nazista.
Esta historinha de cota é uma migalha e expõe lideranças que estão de joelhos ou deslumbradas.
Sobre o termo "compensado" é exatamente isto: trata-se de política compensatória, de inspiração pós-moderna (aquela que fragmenta tudo como cultura e não como sistema de exploração).
Não tolero tanto recuo ideológico como nesses tempos de conciliação de interesses.

Anselmo Rocha disse...

Concordo com suas posições sobre a pós modernidade sou tributário das críticas proferidas por Ellen Meiksins woods em seu "a origem do capitalismo" que a construção de Burguês sinônimo de Capitalista e capitalismo e cidade é usada para negar a especificidade histórica do capitalismo. Recentemente estive em uma palestra do geógrafo David Harvey em que ele afirmou que a gradação cultural aparece nos resultados dos processos de capital, como no caso da crise das hipotecas em que 70 % dos desapropriados nos EUA eram negros. Contudo dez anos de políticas de cotas o que teríamos se o movimento negro não se manifestasse a favor? foi um momento importante, e não considero a questão da visibilidade uma questão menor, em muitos casos a discussão era se existiria racismo ou não .
A questão da dormência dos movimentos sociais em geral se deve à embriagues provocada pelo consumo e não é exclusiva no Movimento Negro. Lideranças também se desapegaram da tradição da formação intelectual orgânica do casamento entre a prática e reflexão crítica. No campo acadêmico o pós modernismo provocou dentro da universidade uma cultura da falta de rigor metodológico e da leitura fragmentada e superficial.
Entendo sua preocupação em mostrar as raízes dos problemas para avançarmos na discussão, mas entendo o posicionamento do movimento negro.

Juliano Berko disse...

Também fiquei surpreso pela crítica às cotas. Acabei de me formar pela UnB e em 5 anos de curso nunca tinha visto uma crítica às cotas pela esquerda. Minto, agora me lembro de um pessoal, mas que era uma minoria inexpressiva, fazer esta crítica. Quase sempre, ficavam de um lado o choro dos desprivilegiados; e do outro, o "pensamento único" de defesa das cotas a qualquer custo. Sua postagem me fez refletir e gostaria até de pedir um novo texto para aprofundar este debate, se pertinente.

Juliano B.

CARLOS SAMANEZ disse...

Eu sou professor da primeira universidade brasileira em implementar a política de quotas (UERJ), e de um dos cursos (economia) que mais atraiu esse tipo de aluno desde seu início. Desde seu início foi favorável, pois achava que era necessário para democratizar o ensino universitário. Depois de todos esses anos lecionando a esses rapazes e moças, vejo que não me enganei. A UERJ está mais democrática. A universidade agora é um lugar de encontro de todas as raças e estratos da sociedade carioca. O aluno cotista, em geral, é uma pessoa que valoriza o que conseguiu, é motivado para os estudos e respeitoso com seus professores. O único ponto negativo é o incumprimento dos políticos quanto ao apoio que esses estudantes necessitam no início: um curso de nivelamento decente, uma ajuda financeira inicial decente, livros, bibliotecas, orientação acadêmica apropriada etc. Como sempre, os safados dos políticos (Garotinho, Cabral) o usaram como plataforma eleitoral e logo o abandonaram nas costa dos professores. Somos nós que carregamos a cruz.

Rudá Ricci disse...

Tenho a impressão que não acompanham as críticas que parte da esquerda faz às cotas, inclusive de parte do movimento negro. A questão é que esta política virou bandeira por parte de militantes. O nível da discussão é absolutamente emocional e, como quase tudo nos anos atuais aqui no Brasil, o tom aparentemente é engajado, mas o conteúdo é muito conservador.
Há vários problemas envolvendo a política de cotas. A primeira, é filosófica. Ela parte da noção de interdição de todo conceito global ou universal. No Brasil, esta teoria veio sob a chancela anglo-saxônica (que reforça sempre o direito individual e quase nunca o coletivo) do multiculturalismo de Stuart Hall. Habermas, numa entrevista memorável ao Folhetim (Folha de S.Paulo), dizia que acima da cultura está o direito à vida, procurando resistir ao relativismo que acredita que se um país, por tradição, mutila crianças ou agride mulheres, estes atos não podem ser encarados como naturais. Reforçava a noção de direito, que é sempre universal (o interesse é que é grupal). O segundo problema é a forma prática como o pós-modernismo se expressa em política social: pela focalização. Mas o que considero mais grave é o abandono da leitura global e histórica da raiz da exploração e racismo. É evidente que se pensa num atalho político, numa recuperação da velha e carcomida lógica etapista, aquela da Segunda Internacional. A esperança é clara: não entramos em conflito com as classes dominantes, mas criamos um atalho para que mais negros e pobres ingressem na universidade (como se universidade fosse o Olimpo no Brasil, fosse o campo da liberdade e da salvação humana) e, em algum tempo, uma parte imensa dos negros e pobres será.... ??? Aí começa o problema maior. Será o quê? Acadêmico? E aí a questão passa a ser título? Quais os dados sobre emprego e renda relacionado à título universitário? Título dá poder? Muda a realidade social e política?
Enfim, parece um embate absolutamente artificial.
É este o nível que chegamos em relação à elaboração de esquerda no Brasil: falha, superficial, emocional, etapista.

kivas Arquitetura disse...

Rudá
Nesta questão das cotas:
Você não esta querendo fazer da teoria a praxis ?
Não está com um arcabouço de humanidade ideal a ser "encaixado" em algum molde imaginário?
A principio acredito nesta idéia universalista que você sugere. Ampla, abrangente e...Ideal.
A visão das cotas como pós morderna pode ser ok mas e na real ?
Não faz diferença?
Não representa um mudança?
Sei que parece utilitarista quase "lamarquista" assim como quanto se usa um pedaço de pau ou fio para guiar um galho de videira para onde se quer, e isto não é bom ?
Principalmente se a percepção e o resultado é pelo "rumo"..."certo".
Aquele em que todos os seres humanos são "iguais".
Não estamos diante de um caso como dizia Trotsky :
"Os fins podem justificar os meios, contanto que algo justifique os fins."
A moral deles e a nossa ( 1938 )

Rudá Ricci disse...

Kivas,
Vamos por partes:
a) Práxis é a relação entre teoria e prática. No marxismo, se relaciona com a 11a tese sobre Feuerbach;
b) É óbvio que estou me baseando em princípios? Caso contrário, estaria corroborando esta idiotice que tomou conta do Brasil: o pragmatismo (que rima com praga);
c) Universalidade é idealização? Cacilda! Ora, o contrário é o nazismo, ou não percebeu? Toda a República se baseia na noção de universalismo. SE não for assim, resta o privilégio. Veja bem o que está propondo... É extrema direita, meu caro! Sei que não pensa assim, mas este é o problema da redução do pensamento ao pragmatismo: ele é pobre;
d) Na real: combate ao racismo. Fora isto, é dourar a pílula. As cotas não representam mudança, representam domesticação;
e) Finalmente, ao citar Trotsky deve ter conseguido fazer o cadáver do rapaz rodar uma trezentas vezes. Trotsky escreveu sobre o poder dual que era promessa dos sovietes (conselhos populares, antes da tomada do poder pelos bolcheviques) porque eram escolas de autonomia. Ele retomava a base do marxismo que é a emancipação, inclusive do Estado. Ora, as cotas são justamente a dependência do governante (nem mesmo Estado). É a antítese de qualquer pensamento de esquerda.

kivas Arquitetura disse...

Rudá
Com certeza não ao Nazismo ! Ou isto que chamam de "direita", a ideologia do acumulo por ganância.
Estou longe de ter o arcabouço teórico e experiencia política que você tem para contra argumentar na sua área, se exorbitar...entenda.
Sou arquiteto,me chamo alexandre na verdade e Kivas é o nome da empresa e, por curiosidade, a palavra foi tirada de um 'ambiente' das comunidades Hopi do sudeste americano e méxico.Significa para alguns estudiosos um celeiro para outros um "fumódromo" exotérico para rituais.Como você, que ainda não me convenceu totalmente do "pecado" das cotas acho que este lugar pode ser os dois...
Eu realmente sou só um arquiteto, a profissão que traz a esquizofrenia entre o ideal (planejado) e o resultado deste "ideal" no trabalho coletivo na prática como coluna dorsal de existência.
Por isto, fica mais difícil não ver cotas como uma colher de pedreiro meio inadequada para o serviço mas, que ainda assim está cumprindo o papel na prática e realizando algo na 'direção' que interessa. No fundo, o que eu digo é que olhando no microscópio, e considerando as famosas "circunstâncias" como gosta de lembrar o Ciro Gomes...as cotas podem não estar só dourando a pílula, mas desenvolvendo uma outra cultura.E aí, eu me pergunto se sua argumentação principista não é um pouco "espicifísta", ou seja, se não é assim então não é !
Veja, não quero relativizar o universalismo, tão pouco me tornar um alucinado do "pragmatismo".Só me pergunto, correndo o risco de ser insistente, se as cotas não podem mesmo ser "uma das" chaves que represente um dente na engrenagem de mudança da visão no âmbito da percepção social da alienação das minorias.A Engrenagem sim seria o princípio maior e mais radicalmente definido.
Você insiste em uma questão que me parece um pouco uma filigrana teórica esta de as cotas estarem atreladas ao estado.
Oras, temos na constituição que o estado é laico e o Supremo sustenta o crucifixo no Salão de Plenária ?!
O Brasil das leis que "existem" e das leis que "pontuam" mas não sentenciam.
Tá concordo, é sempre bom brigar por mais coerências nas ações, mas eu preciso que o projeto aconteça e, o que acontecer no meio dele, com suas interações seja saudável, ainda que não concorde por princípio...um principio maior vai estar contemplado.
No tempo, os estado e a lei das cotas podem transmutar e muito.Eu conto que a sociedade mude e por mais que se acuse de assistencialista o Bolsa Familia ele provocou uma mudança estrutural pela sua abrangência.Sei que do ponto de vista de distribuição de renda é ínfimo.Mas em relação a dignidade humana é bem mais radical e, embora possamos criticá-lo como "prática", há resultados muito positivos para toda sociedade.
Aqui vale um parênteses. Não sou petista ou filiado a qualquer partido.Frequentei a FauUsp e fui vice presidente de gremio alinhado ao que na época se chamava partidão, é os reformistas(!!!) que ficavam de saco cheio com a lenga lenga manobrista do Demétrio Magnoli(LIBLU) na campanhas do DCE.Já votei em Serra FHC Lula e Dilma. Isto deve fazer de mim um tremendo oportunista talvez aos seus olhos...mas como te disse, O sonho do arquiteto é realização dentro do sonho.
Voltando,Como instrumento, eu te pergunto: As contas vão no sentido de aumentar a desigualdade ? Eu não sei.
Elas impedem que todo aquilo que você acha mais adequado seja incentivado ?
Sei que ser pragmático muitas vezes é chato mas muitas vezes é o que conseguimos e, se for numa direção melhor...paciência que ainda não seja a radical.
Depois do que você argumentou, ficou claro para mim que o caráter "maketeiro" das cotas é sim bem nocivo por que junto com as cotas muitas outras coisas poderiam ter a mesma ênfase, como cadeia para racistas como você bem colocou.

Rudá Ricci disse...

Bom, Kivas, vou destacar duas questões que você apresenta em seu último comentário:
a) As cotas podem estimular uma outra cultura;
b) Qual o problema de se depender do Estado?
Vamos lá. Não há nenhum (não estou afirmando que há pouco, mas nenhum) sinal de mudança de cultura. Ao contrário, com exceção de uma recente pesquisa do DataPopular sobre jovens da classe C, todas pesquisas indicam aumento do conservadorismo no Brasil. Inclusive dos negros e pobres. Portanto, até onde estamos (já são dez anos de sistema de cotas), não há nenhum sinal de melhoria neste sentido.
Sobre a dependência em relação ao Estado, embora já ache ruim, o que disse foi pior: que o sistema de cotas está vinculado a um governo. Não se trata de direito, mas de pressão política de um governo. E é aí que se traduz o tal neoclientelismo. Há uma evidente chantagem política a respeito destas "políticas sociais" (que são efetivamente compensatórias ou assistenciais). O que depõe contra a democracia.
Mas a questão central, no meu modo de entender, é que a tutela estatal desorganiza a sociedade e esteriliza qualquer discussão política mais ampla. Algo que se aproxima do "rouba, mas faz". Meia sola. Até que o governante não segura mais o tranco e aí, meu caro, ficamos órfãos.
Temos um filme em cartaz que vai ilustrar o que digo: Venezuela.