A UOL apresenta, na edição de hoje, entrevista exclusiva com o deputado Marco Feliciano. Ao ouvir, formei a convicção que já se esboçava sobre a mudança de patamar, que Feliciano representa, na prática político-partidária da bancada evangélica.
Há vários sinais nesta direção.
Em primeiro lugar, a resistência pública. Feliciano faz de sua permanência na presidência da comissão de direitos humanos uma trincheira política. Dá visibilidade pública à uma agenda fundamentalista e, com isto, procura se consolidar como liderança que galvaniza evangélicos e ultraconservadores.
Em segundo lugar, acena com a mobilização de sua base político-religiosa (cita, na entrevista à UOL, o apoio de 24 mil pastores que aportarão em Brasília para defendê-lo). Mobilização política desta natureza tem lastro histórico, como sabemos.
Finalmente, ainda citando a entrevista à UOL, cita explicitamente o deputado Henrique Alves como uma inspiração. Aqui, o deputado evangélico é mais sutil. Pelo acordo entre partidos, o PT levaria quatro comissões da CF. O acordo com Henrique Alves abriu brecha para o PSC e reduziu o espaço do PT. Feliciano cita Henrique Alves neste contexto. Vários parlamentares petistas tentaram convencer o PSC de não indicar Feliciano, sugerindo outros nomes deste partido. Ao final, a relação se esgarçou.
Feliciano procura politizar ao máximo sua situação e imagino que não descarta se transformar em mártir caso seja destronado. Daí que frases de efeito e ameaças sustentam uma tática de alta visibilidade. E procurará sangrar o PT e lembrar constantemente os acordos com Henrique Alves. Sabe que só chegou onde está porque há fissuras na base governista. E é por aí que caminha.
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