A morte de Thatcher tem relação direta com o fim de uma Era. No final dos anos 1970, a matriz energética do ocidente entrou em crise em função do aumento brutal do preço do barril do petróleo. Exacerbou os sinais de desgaste do Welfare State. O nível de financiamento do Estado despencou e as bases tecnológicas de produção industrial foram profundamente alteradas. As indústrias se anteciparam e procuraram novos padrões gerenciais e de produção. Voltaram-se para os modelos asiáticos, produzindo com menos trabalhadores, diminuindo estoques e reduzindo as hierarquias. Emergiu o perfil do trabalhador polivalente, que possui multiespecializações, toma iniciativa, é criativo e trabalha em equipe.
O Reino Unido, juntamente com a Nova Zelândia, se aprofundou no rearranjo das estruturas estatais. É aí que emerge a figura de Margaret Thatcher. O thatcherismo ficou conhecido como redução da carga fiscal, redução de gasto público, desregulamentação, privatização de empresas estatais e precarização dos direitos trabalhistas. Também centrou ações na profissionalização gerencial do serviço público (muitos médicos passaram a cursar MBA para poder gerenciar setores do serviço de saúde público). O thatcherismo foi sucedido por um conjunto de proposições de nova lógica e organização estatal, incorporando os conceitos de clientela (ao invés de cidadania), spin off (estruturas de serviço fragmentadas, oriundas de uma macroestrutura), downsizing, entre outros. Tais proposições, muito superiores em formulação teórica ao neoliberalismo, recebeu o nome de Nova Gestão Pública, que no Brasil ganhou a alcunha de Estado Gerencial.
Esta quadra da história mundial terminou, principalmente com a crise norte-americana de 2008. De lá para cá, o papel do Estado como orientador e regulador da economia ressurgiu e alimentou discussões neokeynesianas de várias linhagens.
Um comentário:
Ruddá, onde encontro uma discussão sobre estado gerencial e neoliberalismo, não haveria em comum em ambos o fato da utilização de mecanismos de mercado para resolução de questões públicas? o que torna complicado uma separação total dos conceitos?
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