sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quando a liderança é no feminino

Já que citei, na postagem anterior, Joseph Nye, reproduzo, abaixo, um dos seus artigos mais recentes. Também um dos mais instigantes. O tema deste artigo (não o reproduzo na íntegra) me atrai a tempos, quando comecei a estudar as características femininas da política mineira. Vale a pena ler:


Quando a liderança é no feminino
Por Joseph Nye
O mundo seria mais pacífico se fosse liderado por mulheres? O novo e desafiante livro de Steven Pinker, psicólogo da Universidade de Harvard, diz que a resposta é "sim". Em The Better Angels of Our Nature, Pinker (...) diz "ao longo de toda a história, as mulheres têm sido e continuarão a ser uma força pacificadora. A guerra tradicional é um jogo de homens: as mulheres tribais nunca se uniram para atacar aldeias vizinhas".
Os céticos respondem imediatamente que as mulheres não fizeram guerra, pela simples razão de que raras foram as vezes em que estiveram no poder. (...)  Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi eram mulheres poderosas, todas elas conduziram os seus países à guerra. Mas também é verdade que essas mulheres chegaram à liderança, agindo de acordo com as regras políticas de "um mundo masculino".
(...) Em termos de estereótipos, vários estudos de Psicologia mostram que os homens tendem a escolher a força dura de comando, enquanto as mulheres são mais cooperantes e percebem intuitivamente o poder sutil da atração e persuasão.
(...) Em muitas organizações a gestão está a encaminhar-se na direção de uma “liderança partilhada" e "liderança distribuída", posicionando-se os líderes no centro de um círculo, em vez de estarem no topo de uma pirâmide.
(...) Os líderes modernos devem ser capazes de usar redes, colaborar e incentivar à participação. O estilo não hierárquico das mulheres e as suas competências relacionais respondem a uma necessidade de liderança do novo mundo de organizações e grupos baseados no conhecimento à qual os homens, regra geral, estão menos preparados para dar resposta.

(...) As mulheres ainda ficam para trás no que diz respeito a posições de liderança, detendo apenas 5% dos cargos mais altos das empresas e uma minoria dos cargos escolhidos através de atos eleitorais (apenas 16% nos EUA, por exemplo, em comparação com 45% na Suécia). Um estudo sobre os 1941 líderes de países independentes do século XX contou apenas 27 mulheres, das quais cerca de metade subiram ao poder por serem viúvas ou filhas de um líder do sexo masculino. As mulheres que chegaram ao poder por si próprias representam menos de 1% dos líderes do século XX.

(...) As escolhas chave acerca da guerra e da paz no nosso futuro não dependem de questões de gênero, mas sim da forma como os líderes combinam as suas competências de poder firme e sutil de forma a produzir estratégias inteligentes. Tanto homens como mulheres terão de tomar essas decisões. Mas é provável que Pinker esteja certo quando sugere que os lugare do mundo onde existe um atraso no declínio da violência são também os pontos onde existe um atraso na atribuição de poder às mulheres.

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