sexta-feira, 1 de junho de 2012

A volta de Lula

Lula voltou com o velho estilo. Já desorganizou toda arrumação da casa, embaralhou tudo e se tornou, mais uma vez, o maior personagem da política tupiniquim. Confesso que já havia esquecido como é o estilo metalúrgico do rapaz.
Comprou a briga com o Gilmar Mendes. Vamos ver se o ministro do STF tem peito para aguentar.
Ontem o ex-Presidente foi ao programa do Ratinho. Campanha explícita, no já conhecido estilo campanha de Dilma Rousseff. Vai ser advertido, multado, e ele continuará do mesmo jeito. É impressionante como vai peitando todos móveis da casa, arrastando tudo enquanto anda. Não há outro político como ele na atualidade. O Brasil já teve vários com este dom. Carlos Lacerda, para citar um, era genial nesta performance. Jânio Quadros também tinha este charme natural de elefante com dor de dente. Tem algo de  humor sádico nesta  história toda.
O fato é que alguns dirão que torço pelo Lula. Toda vez que posto algum comentário deste gênero, vários amigos me alertam, revelando uma ponta de irritação. Mas como são amigos, me toleram.
Eu não sou lulista e passei da fase de cultivar ídolos. Minha leitura é sociológica. E como gosto de humor, me divirto com esta ruptura com o script. A oposição fica ensandecida. Não sabe como lidar e quase sempre cai na arapuca, repercutindo e polarizando com alguém que é muito popular. Um erro de iniciante. Mas a emoção fala mais alto, quase desespero, e impede uma jogada mais inteligente.
Como filho de italianos, chego a dar gargalhadas com Lula.
Lula é o bem e o mal da política tupiniquim contemporânea.

5 comentários:

AnoZeroNove disse...

Talvez, como sugestão sociológica, devessemos rever a figura do Palhaço.

O palhaço é a mais pura forma de manifestação artística.Quando ele atua,nos transmite uma energia intensa e duradoura que nenhum outro artista poderia transmitir.Ele é uma obra de arte viva!


Quem Pode ser PALHAÇO!?
por Palhaço Picolino


Eu quero explicar a vocês
O que é ser um Palhaço
O que é ser o que eu sou
E fazer isso que eu faço.

Ser Palhaço é saber distribuir
Alegria e bom humor
E com esforço contentar
O público espectador

Muita gente diz "Palhaço"
Quando quer xingar alguém
E esse nome pronunciam
Com escárnio e desdém

E ao ouvir esta palavra
Outros sentem até pavor
Como se Palhaço fosse
criatura inferior

Mas de uma coisa fiquem certos
Para ser um bom Palhaço
É preciso alma forte
E também nervos de aço

E além de tudo é preciso
Ter um grande coração
Pra sentir isso que eu sinto
Grande amor à profissão

O Palhaço também tem
Suas noites de vigília
Pois lá na sua barraca
Ele tem a sua família.

Palhaço, meus amigos,
Não é nenhum repelente
Palhaço não é bicho,
Palhaço também é gente

Falo isso em meu nome
E em nome de outros Palhaços
Que muitas vezes trabalham
Com a alma em pedaços.

Ser Palhaço é saber disfarçar
A própria dor
É saber sempre esconder
Que também é sofredor

Porque se o Palhaço está sofrendo
Ninguém deve perceber
Pois o Palhaço nem tem
O direito de sofrer...

Palhaço Picolino ( Roger Avanzi, São Paulo - 1922)

Abç
AndreB

gimenes disse...

Da vontade de rir mesmo, Rudá. Não sei se é conveniente para o seu blog, mas essa notícia aqui de outro blog dá o ar da graça:

http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/06/01/psdb-ve-desequilibrio-em-provocacao-de-lula/

AnoZeroNove disse...

"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria."

— Charles Chaplin

gimenes disse...

Rudá, não faço parte dessa oposição desesperada, mas confesso que fiquei um pouco aflito com o que você escreveu da forma como escreveu. Você dá a entender que a oposição faz a pior escolha, ao enfrentar o "estilo lula de fazer política", e que existiria algo melhor a ser feito por agora. Estou de acordo que a oposição erra ao ir de encontro a Lula. (Na verdade, como é feito, eles vão ao encontro de Lula). Mas confesso que não consigo vislumbrar outra estratégia para a política brasileira na atualidade. Para o bem e para o mal, parece que o Lulismo é a melhor possibilidade, do ponto de vista do realismo político, para o Brasil nos dias de hoje. Por isso fiquei aflito, pois não consigo ver alguma possibilidade real e concreta que faria melhor do que temos por agora. Acho, por isso, que a oposição é tão caricata: erra mais por falta de opção do que por escolhas erradas. Tudo bem, seria possível dizer que o projeto do PT não é de manter a ordem, mas transformá-la. Que a cidadania pelo consumo dos anos Lula é muito menos do que foi concebido nos anos 80 etc e tal. Mas argumentos desse tipo abrem espaço para tucanos dizerem que possuem um projeto pioneiro de socialdemocracia para o Brasil, que o PDT é o trabalhismo genuíno, que os Democratas são originariamente os maiores defensores da liberdade de mercado como instrumento de progresso do país e por aí vai. Todavia, sem saudosismo, com normatividade e positividade juntas, ou seja, com os olhos nos limites e nas circunstâncias do tempo atual, haveria algo melhor a ser feito no Brasil por agora? No meu juízo, essa pergunta representa o ceticismo e a aposta dos nossos tempos.

Rudá Ricci disse...

Gimenes,
Vou expor o que acho da oposição:
1) Ela faz escolhas mais que equivocadas porque não consegue ler as ruas;
2) É inábil e pensa que o ataque constante e o denuncismo são as únicas armas, quando na verdade só consegue angariar apoio marginal. A grande massa de cidadãos brasileiros não segue seu pensamento ou orientação;
3) Em sociologia, aprendemos que o que sustenta politicamente uma liderança é o fator que a derruba. Um líder carismático não é derrubado por uma questão tradicional, mas pela falta de poder mágico em fazer acontecer o que promete. E, assim, sucessivamente;
4) O que sustenta o lulismo? O consumo e ascensão social de milhões de brasileiros que encontravam-se na pobreza. Nenhuma empatia em relação ao tema da corrupção. Pelo contrário: 75% dos brasileiros afirmam que também seriam corruptos se fossem governo;
5) Assim, o tema central, para a oposição, é trabalhar com a Classe C. Mas ela se acantona na Classe B. Até a classe A, que distancia seu poder aquisitivo das outras classes, ano a ano, não ouve mais a oposição;
6) Assim, a oposição só tem, de fato, os governos paulista e mineiro para ainda ter força. Se perder um desses, será do tamanho de uma castanha de caju. É, de longe, a oposição mais tímida, errática, insignificante, que o país acompanha desde a redemocratização do Brasil