sexta-feira, 22 de junho de 2012

A possível queda de Lugo

Muito ruim para a América Latina esta história do possível impeachment de Lugo, no Paraguai. Lugo vem errando muito, mas o Congresso está sendo oportunista. Não dá para pensar num ritual democrático quando quem será deposto tem apenas 2h30 para se defender, tendo um dia de preparação.
Arriscamos voltar a vender a velha imagem de golpistas justamente quando o mundo começa a olhar nossa região com outros olhos.

4 comentários:

Gustavo disse...

Para além das aparências mais palatáveis, o que realmente os chanceleres vão fazer no Paraguai?
Se conseguirem esfriar a situação, isso provavelmente significará que o pragmatismo brasileiro venceu, ou seja, o agronegócio e os brasiguaios latifundiários, que detém aproximadamente 60% do território (ver http://matutacoes.wordpress.com/2011/03/30/bolivia-mais-de-um-milhao-de-hectares-em-maos-de-estrangeiros/).
Às vezes chego a pensar que seria melhor uma derrota de Lugo, se fôr esse o preço a pagar para que ele não abra mão da defesa dos sem-terra paraguaios, ou seja, da defesa de ideais que nada têm de utópico.
Chega de pragmatismo!

Unknown disse...

Essa história do quanto pior melhor é muito perigosa e tem-se demonstrado uma teoria que não mede a sua consequência reacionária na política. Mesmo parecendo uma ideia "mais radical", para o acirramento da luta de classes, na prática colabora com um discurso da direita, que tem o poder (econômico e militar)e assim pode ficar tranquila em um eventual confronto com as forças populares.

Peroratio disse...

Não é que temos aparência de golpistas - elite golpista, mídia golpista, o poder na AL é golpista.

Gustavo disse...

Como assim "o quanto pior"?
É apenas a destituição do "diferente" em prol do "mesmo".
A única diferença é que este "mesmo" não se pretende "diferente" sendo o "mesmo".
Senão, porque o discurso conciliatório do novo presidente em relação ao Brasil aponta exatamente na direção da proteção dos brasiguaios do agronegócio? Ele poderia muito bem dizer que os sem-terra também serão ouvidos no seu governo, mas aparentemente optou por dizer exatamente o que o Brasil parece - afinal, e de fato - querer ouvir:

"Además expresó que los ciudadanos brasileros nacionalizados paraguayos tendrán siempre un trato preferencial, que se agilizarán los trámites de cedulación y tramitación para la nacionalización de los mismos."